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1750 – (o Tratado de Madri reconhece a presença luso-brasileira na ocupação dos novos territórios)
Surge até então o mais importante gênero musical – a modinha –, criado em Portugal, e responsável pelos aspectos
melódicos e românticos na música brasileira, de grande influência até a Nova República, no início do século XIX.
Detalhe: em 1755, Salvador tinha 37.543 habitantes.
1840 – (Regência: a Revolta dos Farrapos, do Rio Grande do Sul à Santa Catarina)
Primeiro baile de máscaras, no Rio de Janeiro, no dia 22 de janeiro, no baile do Hotel Itália, na posterior Praça
Tiradentes, numa bem-sucedida tentativa da alta sociedade da época, de D. Pedro II, de importar o estilo do carnaval
de salão de Veneza.
1875 – (Império: primeiro choque entre a maçonaria e a hierarquia católica pelo poder)
Diretamente da então Cidade Nova e dos lendários cabarés da Lapa, no Rio de Janeiro, nasce o maxixe – a primeira
dança de par e gênero musical modernos genuinamente brasileiros. Ele surge da mistura do lundu com o tango
argentino, a habanera cubana e a polca. O maxixe foi considerado tão escandaloso e polêmico quanto o lundu há quase
100 anos atrás pela extrema sensualidade de sua dança e pelo uso freqüente da gíria carioca quando cantado. A
complexidade de seus passos parafusos, quedas, saca-rolha, balão, corta-capim, carrapeta (etc.), marcaria o fim do
gênero musical em meados do século seguinte. Detalhe: as quadrilhas se transformam em exclusivas e pitorescas
danças folclóricas de São João.
Antecedendo o surgimento das orquestras, é a época do apogeu das bandas e fanfarras da República Velha como a
Banda do Corpo Policial da Província do Rio de Janeiro, a Banda do Corpo de Marinheiros, a Banda da Guarda
Nacional, a Banda do Batalhão Municipal, a popular e sempre simpática Banda do Corpo de Bombeiros (dirigida por
Anacleto de Medeiros [1866-1907]) e a Banda do Batalhão Municipal.
1914 – Embora tenha surgido desde meados do século passado, é somente neste ano que as chamadas canções
sertanejas se popularizam entre as classes média e alta, a partir da toada "Cabocla di Caxanga", de João
Pernambuco (1883-1947) e Catulo da Paixão Cearense (1886-1946), dois dos maiores nomes na história do gênero. A
partir de 1920, o termo é designado por compositores profissionais urbanos para identificar as estilizações de ritmos
rurais que abrangiam modas, toadas, cateretês, chulas, batuques e emboladas. De acordo com os primeiros estudiosos
do estilo, música sertaneja poderia também compreender o xaxado, o baião e toda manifestação musical das regiões
Norte-Nordeste, produzida no sertão e longe da cultura das grandes cidades. O gênero ficaria fortemente associado ao
estilo caipira das modas de viola. Dos pioneiros da música sertaneja de raiz, ou música caipira, destacam-se Tonico e
Tinoco, Cascatinha & Inhana ("Índia"), Inezita Barroso, Pena Branca e Xavantinho, Alvarenga e Ranchinho,
Matogrosso e Matias, Irmãs Galvão, os comediantes Jararaca e Ratinho, Cornélio Pires, Ariovaldo Pires, Raul Torres,
Teixeirinha ("Churrasquinho de Mãe") e outros.
1920 – No Rio de Janeiro, quase no final da década, surgem as primeiras escolas de samba, que já haviam
sido esboçadas desde o surgimento dos entrudos, dos ranchos carnavalescos e dos cordões fantasiados. A primeira
escola de samba – a Deixa Falar – surgiu no Largo do Estácio, no antigo Rio. Surgem também os primeiros moradores
das favelas cariocas e do assim chamado 'samba do morro'.
1920 – Popularizam-se no Rio, e em São Paulo, o gramofone, as vitrolas, as orquestras de cinema mudo,
posteriormente o próprio cinema falado e – principalmente – as primeiras gafieiras que tocavam sambas, maxixes,
marchas, jazz e valsas. Logo surgiriam as jazz-bands brasileiras como a Orquestra Pan-Americana, American Jazz-
Band, de Silvio de Sousa, Jazz-Band Sul-Americana, de Romeu Silva e outras mais. Tudo isso impulsiona em muito a
divulgação da música brasileira.
1938-45 – (o mais famoso cangaceiro, Lampião (Capitão Virgulino) e sua companheira Maria
Bonita são mortos, em 1938, entre Bahia e Sergipe)
Período em que o compositor e regente Heitor Villa-Lobos (1887-1959) compõe a Bachiana no. 5 – da célebre série
de 9 – para canto e orquestra de violoncelos, sendo esta a mais admirada e tocada de todas, tendo sido, por vários anos,
um dos discos mais vendidos nos Estados Unidos. Na época, porém, foi muito atacado pelos críticos brasileiros por
este conjunto de obras inspiradas na atmosfera musical de Johann Sebastian Bach (1685-1750), considerado pelo autor
um manancial folclórico universal, intermediário de todos os povos. Os críticos consideraram As Bachianas um recuo
na obra de quem havia escrito os famosos 14 Choros – escritos de 1920 a 1929 –, obras compostas na inspiração de
suas longas viagens por quase todo o Brasil (e seus sertões), durante anos, e por sua paixão e convivência prolongada
com os "chorões" cariocas. Ainda que As Bachianas representassem uma valiosa experiência de justaposição de certos
ambientes harmônicos e de contrapontos de algumas regiões do Brasil ao estilo de Bach, os Choros foram tidos como
um rico material inato para a criação da música autenticamente brasileira. Mas, por toda sua gigantesca obra deixada e
seus empreendimentos didáticos sociais, Villa-Lobos é considerado o mais importante gênio musical do
continente, no século XX, dotado de uma chama criadora extraordinária que atravessou fronteiras, empolgou críticos
e multidões, superando todos os preconceitos.
1939 – (Getúlio Vargas cria a Justiça do Trabalho e o Departamento de Imprensa e Propaganda, DPI)
A primeira e mais importante música exportada aos Estados Unidos e Europa é "Aquarela do Brasil", de Ary
Barroso (1903-1964), e que inaugura o gênero samba-exaltação. A música foi gravada por Araci Cortes e depois por
Cândido Botelho e Francisco Alves. O Estado Novo ditatorial e nacionalista de Getúlio Vargas, que muito apreciou
esse novo tipo de samba, por motivos óbvios e pelo alcance internacional, passa a recomendar aos compositores
populares que abandonem o tema da malandragem carioca em suas músicas. Inspirado na típica figura do Rio de
Janeiro, e a partir da 'política de boa vizinhança americana', o desenhista Walt Disney viria ao Brasil criar o
personagem Zé Carioca.
1955 – A indústria fonográfica brasileira já representa um dos mais importantes segmentos econômicos do país
– começa-se a instituir a pesquisa de mercado para aferição do gosto público
1965 – (época da União Democrática Nacional, UDN, e Partido Social Democrático, PSD)
O cantor e compositor carioca Jorge Ben (atualmente, Jorge Ben Jor) atinge grande sucesso nos Estados Unidos.
Ele é convidado pelo Ministério das Relações Exteriores a se apresentar nos Estados Unidos, durante três meses, em
clubes e universidades. Lançadas por Sérgio Mendes, as músicas "Mas Que Nada" e "Chove Chuva" chegam às
paradas de sucesso americanas. Em seguida, suas músicas "Nena Naná" e "Zazueira" são gravadas por Jose Feliciano e
Herp Albert, respectivamente – enquanto, no Brasil, sua carreira enfrentava certas dificuldades. Em 1970, no Midem,
em Cannes, Jorge Ben Jor seria muito aplaudido por sua música "Domingas". Em 1972, realizaria temporadas em
Portugal, Itália e Japão, onde gravaria um disco ao vivo. Em 1975, realizaria uma única apresentação no Teatro
Sistina, em Roma, Itália, transmitida ao vivo pela televisão italiana. Ainda nos anos 80, se tornaria muito popular no
exterior.
1974 – (depois de Emílio Garrastazu Medici, o general Ernesto Geisel assume a presidência da
república)
Época áurea de uma nova geração de grupos de rock brasileiros de variadas tendências como O Terço, de
influências do rock progressivo com o guitarrista Sérgio Hinds como seu líder – que desembocaria no 14 Bis; do
Joelho de Porco, com o seu som pré-punk anarquista cômico formado pelo popular baixista Tico Terpins; o Moto
Perpétuo, formado pelo cantor e compositor Guilherme Arantes; o Casa das Máquinas, formado por Netinho, ex-
Incríveis, o Som Nosso de Cada Dia; e o lendário Made In Brasil, formado por Oswaldo Vecchione e seu irmão
Celso Vecchione, talvez o mais popular e roqueiro da época, dentre outros mais. Destaque para os Secos & Molhados
(com Ney Matogrosso), o mais criativo grupo da década a misturar pop-rock com música brasileira, portuguesa e
outras influências – sua curta duração (1971-74) atingiu grande sucesso nacional.
1980-87 – (início da época da presidência do general carioca João Baptista de Oliveira Figueiredo)
Em busca de novas alternativas musicais como resposta à já institucionalizada MPB, parte da elite da juventude
brasileira de classe média provoca uma nova onda de rock e pop apoiada no movimento pós-punk new wave, que
domina totalmente o cenário musical nacional com um forte movimento underground central deflagrado a partir de
São Paulo. Os pioneiros paulistanos desse importante movimento de negação pura da tradicional música popular
brasileira foram Júlio Barroso e sua Gang 90, a primeira banda new wave brasileira Agentss, Verminose (de Kid Vinil)
e Azul 29. Daí, surgem Titãs, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana (Renato Russo), Barão Vermelho (Cazuza e
Frejat), RPM (Paulo Ricardo), Ultraje a Rigor, Kid Abelha, Engenheiros do Hawaii, Lobão, Biquini Cavadão, Ratos
de Porão (João Gordo), Inocentes e outros. A proposta do movimento se esgotaria coincidindo com a projeção
internacional da banda brasileira de hardcore Sepultura.
1984-90 – (cresce o movimento pelas eleições diretas para Presidência da República, em 84)
Antecedendo o surgimento da axé music, a lambada baiana torna-se um dos mais populares estilos de dança
brasileira atual a misturar samba, maxixe e dança erótica. O maior sucesso é do grupo Kaoma com "Lambada", uma
versão do tema latino "Llorando Se Fue", do grupo Los Kjarkas. Por falta de substância musical e limitação
coreográfica, o gênero tem breve período, mas provoca uma onda de escolas temporárias da dança por todo o país. O
sucesso internacional, quase que exclusivamente na Europa, é quase maior do que o atingido no próprio Brasil devido
ao seu apelo exótico tipo-exportação. Tanto assim que dois filmes norte-americanos foram realizados, em 1990, mas
muito mal recebidos pela crítica internacional – foram eles "A Dança Proibida" (The Forbidden Dance, de Greydon
Clark) e "Lambada", de Joel Silberg.
1990 – (o presidente Fernando Collor de Mello, eleito pelo povo, lança o terrível Plano Collor, de
confisco de poupanças populares)
7 de julho. Morre Cazuza, um dos maiores ídolos pop da atualidade e um dos melhores cantores, compositores e
letristas da história da música pop brasileira. Nascido em 4 de abril de 1958, Agenor de Miranda Araujo Neto adotou o
apelido Cazuza em homenagem ao avô paterno – em Pernambuco, 'cazuza' significa molequinho. Trabalhou como ator
no grupo Asdrubal Trouxe o Trombone, e foi apresentado por Leo Jaime ao grupo Barão Vermelho, que procurava um
vocalista. Em 1985, deixou o grupo para seguir uma bem-sucedida carreira-solo. Seus maiores sucessos são
"Exagerado", "Codinome Beija-Flor", "Faz Parte do Meu Show", "Bete Balanço", "O Tempo Não Pára", "Ideologia",
"Brasil", "Só As Mães São Felizes" e outros mais. Foi o primeiro artista brasileira a tornar público que estava com
AIDS.
1992 – (Pedro Collor, irmão do presidente Fernando Collor denuncia o 'esquema PC' de tráfico de
influências e irregularidades financeiras)
Com o enfraquecimento e desarticulação do movimento pop-rock brasileiro e internacional do fim dos anos 80,
surgem renovadas categorias musicais de forte apelo popular que predominam por toda a década no Brasil –
como o dolente samba-pagode, a carnavalesca axé music e a nova música sertaneja de sotaque country americano –
nessa ordem. Do pagode destacam-se os grupos Fundo de Quintal (tido como o criador do novo gênero), Raça Negra,
Só Pra Contrariar, Art Popular, Katinguele, Negritude Jr. e centenas de outros. Da axé music, os mencionados no
verbete aqui citado de 1985. Da nova música sertaneja, Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano, Leandro
e Leonardo, Daniel, Sandy & Junior, Gian & Giovanni, Christian & Ralf, e outros.
1993 – (Fernando Collor é afastado da presidência por impeachment e Itamar Franco assume
interinamente)
Surge uma nova geração de bandas de rock dos anos 90 como o Pato Fu, Skank, Raimundos, O Rappa, Jota Quest,
o polêmico Planet Hemp, o grupo soul Fat Family, a dupla carioca Claudinho & Buchecha e demais. Há espaço para
ritmos africanos, latinos e jamaicanos – como o reggae e o ska, que dão a base para grupos como Cidade Negra, Tribo
de Jah, ex-Nativus e outros.
1995 – (surge o PPB (Partido Progressista Brasileiro), criado com a fusão do PPR (Partido Progressista
Reformador)
Uma geração intermediária mais jovem de cantoras de MPB vive o seu momento máximo de afirmação, como
Marisa Monte, Zizi Possi, Cássia Eller, Fernanda Abreu, Marina Lima, Leila Pinheiro, Paula Toller, Zélia Duncan, Ná
Ozzetti, Vânia Bastos, Mônica Salmaso e outras.
1997 – (campanha para aprovação da emenda que permite reeleição de cargos executivos)
Afirma-se mais uma brilhante geração intermediária de novos nomes na música popular brasileira, de diferentes
regiões e com algumas novas propostas de fusões da música Nordestina e folclórica, com a do Sul-Sudeste e a do
mundo pop internacional. Nomes como Carlinhos Brown (BA), Arnaldo Antunes (SP), Chico César (PB), Zeca
Baleiro (MA), Lenine (PE), Rita Ribeiro (MA), Paulinho Moska (RJ), Pedro Luís e A Parede (RJ), e outros.
1999 – (o país é tomado por escândalos de corrupção dos altos escalões executivos e aberturas de CPIs)
Através de David Byrne, seu selo Luaka Bop, e o músico pop norte-americano Beck, os Estados Unidos interessam-
se pela Tropicália através da coletânea The Best of Os Mutantes – Everything is Possible, com grande repercussão na
imprensa internacional. Byrne afirma que a música brasileira deve crescer nos Estados Unidos. A imprensa americana
e inglesa dedicam extensas matérias sobre um dos mais importantes movimentos musicais do Brasil, ocorrido há mais
de 30 anos atrás. Com isso, recobra-se também o interesse pelo músico Arnaldo Dias Baptista – o mais importante dos
Mutantes – com muitas matérias a seu respeito e um CD intitulado 'Arnaldo Dias Baptista – Revisitado Novamente',
lançado pelo selo Dabliu.