Você está na página 1de 5

Susan Sontag

Sobre Fotografia - Em seis ensaios estabelecendo um diálogo entre a fotografia e a


filosofia, mostra a forma como a prática fotográfica foi mudando a sociedade, desde
seu surgimento, no século 19 até os anos 70. É uma leitura a partir do modo como
lidamos com a fotografia, como a usamos e como nos relacionamos com ela.

Eixo argumentativo – o que é a fotografia? Como os fotógrafos vêm a fotografia?

Na caverna de Platão

Ponto de partida. Fotografia como registro da verdade. Como possibilidade do real.


Fora da caverna.

Foto fornece testemunho. Fiel a realidade?

Recria histórias. Contexto social. Fotografar na viagem, álbum de família aprisiona.

 Um paralelo entre o mito da caverna e a maneira como a exploração da


imagem tem impactado a sociedade. De acordo com o filósofo grego, a
realidade está no mundo das ideias e não no mundo das coisas sensíveis, tais
como, por exemplo, as imagens. Utilizando-se dessa metáfora, a autora
principia afirmando que, ainda que a sociedade esteja constantemente sendo
bombardeada com meras imagens da verdade.
 Embora pareça que estamos a ter uma visão clara do mundo, as fotografias
apenas nos mostram o que nos rodeia de certo ponto de vista.
 Susan enfatiza que entre o fotógrafo e seu tema tem de haver distância.
 As imagens fotográficas possuem um importante papel de nos tirar da
ignorância, pois elas nos mostram algo novo e podem desenvolver uma posição
moral naqueles que as observam.
 A escritora menciona que, por serem fatias do tempo e não um fluxo, as fotos
são mais memoráveis, diferentemente da televisão, onde cada imagem nova
cancela a precedente.
 O ato de fotografar acaba por ser sedativo e ameniza a desorientação que
podemos sentir quando viajamos, funcionado, dessa forma, como uma
ferramenta capaz de acalmar a ansiedade em vários cenários propícios de
serem capturados através de uma câmara.

 A dependência dos registros fotográficos do século XXI como fiéis


representações de pessoas e acontecimentos.
 As sociedades industriais converteram-nos em sujeitos alienados por imagens,
mesmo que essas imagens não sejam mais que meros simulacros.
 Hoje tudo existe para terminar numa fotografia, exprime Sontag.
 As fotografias tornaram-se ferramentas tão vigorosas na sua faculdade de
manipular, que sentimos que “o mundo é mais acessível do que na verdade é”
(p. 14).
 As fotografias fornecem somente uma versão da verdade.

Uma ética no ato de fotografar.

2º ensaio – Estados Unidos visto em fotos

Whitman – poeta norte americano. Contesta através das fotos da Diana Airbus

Discute a autoria da foto

Whitman – igual - Walker Evans – n buscava expressar a si mesmo. Fotografia


como arte.

Whitman – mensagem humanista

Steichen – fotógrafos do mundo todo

Diana Airbus – artista – registrava a América – faz exposição sozinha –


mensagem antihumanista - obra autoral. – busca elo grotesco

”nivelamento das discriminações entre o belo e o feio, entre o importante e o trivial

Objetos de melancolia

No ensaio “Objetos de melancolia”, a escritora aborda o lado surrealista da


fotografia, caracterizado, por exemplo, nas radiografias de Man Ray, nas
fotomontagens de Alexander Rodchenko ou na múltipla exposição de
Bragaglia. Salienta, também, o fato de que houve uma cooperação acidental ou
quase mágica entre o fotógrafo e o assunto, nesses casos.

 Sobre o livro da fotógrafa norte-americana Berenice Abbott – O fotógrafo não é a


pessoa que registra o passado, ele o inventa.

“O fotógrafo é o ser contemporâneo por excelência: através dos seus olhos, o agora se torna
passado”.

 Fala sobre a referência da morte e cita o filme “Pessoas aos domingos”, de Robert
Siodmak, cineasta norte-americano nascido na Alemanha.

Em Berlim, pessoas se fazem fotografar no fim de um passeio de domingo. E depois de várias


expressões que antecedem o registro, se vê os rostos congelados em sua última expressão,
embalsamados em uma imagem parada.

 Fala sobre o tempo das fotografias.


As fotos quando ficam manchadas, rachadas, empalidecidas têm um aspecto ás vezes melhor
do que quando foram feitas. Guardam uma história assim como as ruínas do Parthenon.

 Fala da sedução das fotos – O poder sobre os homens graças a uma aceitação
promíscua do mundo.
 Proliferação das Fotos - GOSTO KITSCH – objeto que simula obra de arte é uma
imitação de MAU GOSTO para desfrute do público que alimenta a indústria cultural.

“O Heroismo da Visão – reconhecimento do comum com seu valor

O heroísmo da visão – fotografar algo peculiar, desconhecido, busca pela singularidade –


cotidiano.

Em “O Heroismo da Visão”, Sontag tece considerações a


respeito da ligação entre a foto e o belo. A respeito do
posicionamento do fotógrafo “entre o esforço para
embelezar o mundo e o contra-esforço para rasgar-lhe a
máscara”, ela chega a afirmar que não há diferença de
valor. Na opinião do signatário isso pode ser realmente um
dilema para o fotógrafo, muito embora, dependendo do seu
estado de espírito e da situação que envolve a obtenção da
fotografia, a vantagem do atendimento de cada objetivo
possa ser óbvia. Após dirigir a discussão a outras
questões, como por exemplo, a do “realismo” das fotos e
seu relacionamento com o tempo, a escritora estabelece
que o fotógrafo se identificou no humanismo porque ele
mascara as confusões sobre a verdade e a beleza”

 O Belo está diante das câmeras e é registrado.


 Normalidade do realismo registrado nas fotografias.
Declarou (Emile) Zola: “não se pode afirmar ter visto uma coisa antes de ter
fotografado essa coisa”.
 O fotógrafo era um observador isento, mas com o passar do tempo a imagem objetiva
e impessoal passou a ser vista como indícios daquilo que se vê no obturador. Mais que
um registro, uma avaliação do mundo.
Para além de ver simplesmente e objetivamente, surge a visão fotográfica.
 Cita Walter Benjamin (1934)
“Ela (a fotografia) conseguiu tornar abjeta (desprezível) a própria pobreza ao tratá-la
de um modo elegante, tecnicamente perfeito, e transformá-la em objeto de prazer”.

o ensaio “Evangelhos Fotográficos”, discorre-se a


respeito dos questionamentos que a fotografia tem sofrido
desde sua criação, quando o problema de uma possível
concorrência com a pintura foi levantado, mas não se
configurou. Por sua vez a escritora também questiona a
atitude dos fotógrafos, muitas vezes defensivista, ao
escrever manifestos sobre as virtudes da fotografia.
Entretanto, de certa forma, a intelectual faz o mesmo ao
vaticinar que “Hoje, toda a arte aspira a condição de
fotografia.”

O mundo imagem
 Cita o filósofo alemão Ludwig Feuerbach (a essência do cristianismo – 1843): Nossa era
prefere “a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a
aparência ao ser”.
 Mundo-imagem está tomando o lugar do mundo real.
 “uma foto não é apenas uma imagem (como uma pintura é uma imagem), uma
interpretação do real; é também um vestígio, algo diretamente decalcado do real,
como uma pegada ou uma máscara mortuária”.
 Imagem fotográfica – verdadeira na medida em que se assemelha a algo real, falsa pq
não passa de uma semelhança.
 ”Ninguém supõe que uma pintura de cavalete seja, em nenhum sentido,
cossubstancial a seu objeto; ela somente representa ou alude. Mas uma foto não é
apenas semelhante a seu tema, uma homenagem a seu tema”
 A fotografia é, de várias maneiras, uma aquisição. Em sua forma mais simples, temos
numa foto uma posse vicária de uma pessoa ou de uma coisa querida. Por meio das
fotos, temos também uma relação de consumidores com os eventos, tanto com os
eventos que fazem parte de nossa experiência como com aqueles que dela não fazem
parte. Uma terceira forma de aquisição é que, mediante máquinas que criam imagens
e duplicam imagens, podemos adquirir algo como informação.
 Quando algo é fotografado passa a ser um sistema de informações e serve para estudo
de várias áreas: astronomia, polícia, história da arte, diagnóstico médico...
 A realidade como tal é redefinida – uma peça em exposição para ser examinada, como
algo a ser vigiado.
 Balzac tinha um tipo semelhante de “pavor vago” de ser fotografado. Todo corpo, em
seu estado natural, era feito de uma série camadas — qualquer operação daguerriana,
por conseguinte, havia de se apoderar de uma das camadas do corpo que tinha em
foco, destacá-la e usá-la.
 Feuerbach - entre “original” e “cópia” - ele supunha que o real persistia, intacto e
sem alterações, ao passo que só as imagens mudavam: escoradas pelas mais frouxas
exigências de credibilidade, elas de algum modo se tornavam mais sedutoras. Mas as
noções de imagem e de realidade são complementares. Quando a noção de realidade
muda, o mesmo ocorre com a noção de imagem, e vice-versa.
 Fotos são um meio de aprisionar a realidade.
 No mundo real, algo está acontecendo e ninguém sabe o que vai acontecer. No
mundo-imagem, aquilo aconteceu e sempre acontecerá daquela maneira.
 Imagens não são um tesouro em cujo benefício o mundo tem de ser saqueado; são
exatamente aquilo que está à mão onde quer que o olhar recaia.

 A razão final para a necessidade de fotografar tudo repousa na própria lógica do


consumo em si. Consumir significa queimar, esgotar — e, portanto, ter de se
reabastecer. À medida que produzimos imagens e as consumimos, precisamos de
ainda mais imagens; e mais ainda.
 No Jornalismo - banalização do sofrimento do outro como consequência do
mundo-imagem - a morte de uma pessoa é rapidamente esquecida e dá espaço
para outra notícia.

Você também pode gostar