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Ora, a partir do momento que me sinto olhado pela objetiva tudo muda: ponho-me a
“posar”, fabrico-me instantaneamente em outro corpo, metamorfoseio-me
antecipadamente em imagem. Essa transformação é ativa: sinto que a Fotografia cria meu
corpo ou o mortifica a seu bel-prazer. (BARTHES, 1980, p. 22)
As ideias que dizem respeito ao fotógrafo, e seus objetivos com a captura das
imagens através da câmera fotográfica, não foram muito bem exploradas pelo autor.
Ele mesmo deixa claro que não tem experiência no papel de fotógrafo e, por isso,
não tem precisão no que diz respeito ao olhar do mesmo.
Enquanto obra “viva” (e por viva entende-se uma obra em movimento, não estática
como a fotografia, por exemplo), o cinema retém fora do enquadramento de sua tela
uma continuidade da vida dos personagens, porém em um “campo cego”, como
Barthes classifica esse espaço ilusório. Já na fotografia, tudo o que acontece com
seu objeto, morre dentro do enquadramento fotográfico. Não existe uma
continuidade na cena fotografada, ela é-o-que-é e isso implica em ela não ser
absolutamente mais nada além disso. O imaginário formado pela interpretação de
uma obra fotográfica está, como comentado anteriormente, na questão da
aprendizagem através da fotografia (biografemas), ou seja, como a obra é-o-que-é,
dela só podem ser gerados pensamentos como “quem foi esse cidadão fotografado”,
“a que tempo pertenceu”, “onde viveu” etc. Percebe-se ainda que as reflexões acerca
da obra dizem respeito ao passado, fortalecendo o argumento da morte como
consequência da prática fotográfica.
[…] A imobilidade da foto é como o resultado de uma confusão perversa entre dois
conceitos: o Real e o Vivo: ao atestar que o objeto foi real, ela induz
dub-repticiamente a acreditar que ele está vivo, por causa de logro que nos faz retribuir ao
Real um valor absolutamente superior, como que eterno; mas ao deportar esse real para o
passado (“isso foi”), ela sugere que ele já está morto. (BARTHES, 1980, p.118)
Photo by Kelly Sikkema on Unsplash
Ao início do segundo capítulo, Barthes traz a tona a relação sentimental com uma
fotografia de sua falecida mãe enquanto criança. Junto ao apelo sentimental com o
qual a fotografia pode ser percebida pelo espectador — o que não diz respeito à
fotografia como biografema e sim como lembrança do ser amado –, o autor retoma
a questão da inautenticidade do objeto da fotografia. A relação amorosa entre
Barthes e a fotografia de sua mãe é dilacerada pela incompletude da certeza com
relação à imagem da mãe, em outras palavras, como a pessoa fotografada posa para
a objetiva e, sendo assim, ela veste uma imagem irreal de sua identidade, ao
observar sua mãe — já falecida — em um fotografia, o autor vê algo que sua mãe não
era, mas que foi tão somente no momento da captura da imagem pela câmera.
Photography Philosophy
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