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CHRISTINE DELORY-MOMBERGER
––––––– –––––––
A fotografia [...] espelho sem estanho de uma realidade transformada por quem a
vive, imaginada por quem descobre as imagens
(JEANLOUP SIEFF).
Tradução de Zuleide Cavalcante Cardoso – Faculdades Integradas Olga Mettig, Salvador – Brasil.
Universidade de Paris 13/Nord - França.
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não é tampouco o indício de um referente ao qual está ligada. Nada se oculta sob a
imagem, tudo está lá, é suficiente ler. E cada um faz isso à sua maneira. A fotografia é
um processo em curso “que coloca o objeto em contato e em variações com outros
elementos materiais e imateriais”(26).
Le “ça a été” de Roland Barthes(27), sempre citado como referência, limitou por
muito, a empresa fotográfica. O “culto do referente”(28) imobiliza a fotografia, destinando o
operador a um papel de puro operador, invalidando toda idéia de escrita pessoal e
autônoma. “A fotografia não inventa, ela é a autentificação de si mesma, os artifícios
raros que ela permite não são comprobatórios. São, ao contrário, artifícios”, afirma
Roland Barthes(29), enquanto que Hans Belting vai mais longe: «A imagem fotográfica não
é uma invenção, mas um objeto encontrado, que copia um corpo com uma fidelidade que
só a técnica pode garantir» (30).
Não se percebe nestas duas posições a idéia sempre tenaz da fotografia como
arte menor, da fotografia redutível a sua única técnica de reprodução, no sentido mais
literal do termo, da realidade?
O “ça a été” de Barthes não é contestável quando designa o aqui e agora
originário do fotografado: ele desconhece, ele oculta o fotográfico. É inegável que para
poder fotografar, é necessário que exista o fotografável. O fotógrafo se encontrou em um
lugar, em um determinado momento, diante de alguma coisa ou de alguém, que ele
fotografou. A mesma situação não se reproduzirá uma segunda vez: “ça a été”, e isto
não é mais. O que existe agora, é o que o espectador vê quando olha a fotografia. Se o
“ça a été” está presente, não é dominante na percepção da imagem. O movimento
perceptível leva em conta esse momento passado, mas ele o atualiza inventando-o no
presente. Mesmo procurando reencontrar o momento perdido da fotografia, o espectador
vive este momento no presente. E os “presentes” se renovam a cada vez que ele se
reencontra diante da fotografia, que é, por sua vez, a mesma, e sempre uma outra. A
imagem fotográfica está sempre por vir.
O “TERRITÓRIO EPIFÂNICO” DA FOTOBIOGRAFIA
A idéia defendida por Gilles Mora e Claude Nori no primeiro manifesto de um
“território epifânico” da fotobiografia, me parece ter conservado toda sua força. Nós não
associaremos contudo “vida” e “fotografia”, neste sentido, a fotografia não é uma
representação da vida. Ela a coloca de acordo com o fotográfico, ela a escreve.
O território epifânico é uma espaço performático(31), um espaço que se realiza no
próprio ato da fotografia e nas leituras posteriores que fazemos. Isto nos afasta da
fotografia como reconstituição de acontecimentos que deveriam, para se tornarem
visíveis, ser objeto de uma série de fotografias, em si ampliadas de textos, reescrevendo-
os em um momento, em um espaço originário, dos quais elas teriam a marca. A
fotografia não “representa” senão a si mesma, o que o olhar que a contempla faz chegar
até ela. O “momento epifãnico” estaria próximo de uma performance biográfica e
artística, produzindo efeitos de conhecimento no operador e no espectador.
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gênero aos únicos instantâneos realizados com um retardador automático. Desde que
nós nos afastássemos desta posição, nós encontraríamos uma variedade de práticas
singulares, que escapam à categorização. Cabe então ao fotógrafo reconhecer a
dimensão fotobiográfica em seu trabalho, ou ao espectador, na leitura que faz. O
território epifânico diurno da fotografia permite acolher as produções mais diversas, quer
sejam essencialmente fotográficas, quer estejam também, associadas à escrita gráfica, a
dispositivos, às instalações, às experimentações. É sob este ângulo que nós
examinaremos, na seqüência, a obra de alguns fotógrafos, onde nós reconhecemos uma
dimensão fotobiográfica em alguns de seus trabalhos.
Mas antes nós podemos arrolar categorias menos incertas, como o auto-retrato,
as fotos de família, de reuniões de amigos, de acontecimentos ou de viagem. Os clichês
atestam uma presença em uma situação ou um espaço, eles se apresentam como
narrações identitárias, uma escrita de si em uma linha genealógica ou a apropriação de
um lugar, numa referência a si. O diário fotográfico supõe poucos auto-retratos.
Ocasionalmente, uma fotografia mostra o fotógrafo tirando uma foto com seu aparelho,
bem visível em um espelho. Em “1999, um jornal fotográfico”, de Frank Horvat(36), o
fotógrafo assume o compromisso de tirar uma foto a cada dia do último ano do século
XX. Ele registra, em negrito, esta frase de Luís Borges
um homem se dá a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, ele
povoa um espaço de imagens, de presenças, de reinos, de montanhas,
de golfos, de barcos, de casas, de instrumentos, de astros, de cavalos e
de pessoas. Pouco antes de morrer ele descobre que este paciente
labirinto traça a imagem de sua própria figura(37).
O “Jornal Paris”, de Raymond Depardon(38), se torna um diário somente no
momento em que o fotógrafo dá este nome a uma mostra de fotos, não-classificadas,
realizadas ao longo dos últimos 30 anos. Antoine d’Ágata (39). rotula seu trabalho como
um diário íntimo, onde ele atribui ao ato fotográfico a necessidade de dar conta de
experiências comuns ou extremas na referência de si. Andy Warhol tirou centenas de
Polaroids, durante os anos 1960-1970, que ele colava no seu Red Book(40).
Paralelamente, ele redigia listas para seus diários, os “Diaries”. Cada Red Book é
um pequeno álbum com capa vermelha, reunindo, de maneira sistemática, cerca de vinte
Polaroides. Entre 1969 e 1975, Andy Warhol realizou mais de duzentas, cuja
apresentação era cuidadosa; ele tinha estabelecido um sistema de classificação de
imagens das quais algumas eram, em seguida, organizadas em seqüências. Certos
carnets fotográficos são consagrados aos retratos de uma só personalidade, como
Paloma Picasso, Mick Jaegger. Em outros livretos, cruza-se no restaurante ou na
Factory, personalidades do mundo do espetáculo ou da arte, tais como John Lennon e
Yoko Ono, David Bowie, William Burronghes, ou ainda De Chirico, Michel Simon, Roger
Vadim. Percebe-se também os filhos de Kennedy e os de Radziwell durante o verão de
1972, em sua casa em Montank. Enfim, a nova geração de diários que os blogs
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representam(41), com dimensão fotográfica, onde cada um pode comunicar “on line”, sua
vida íntima ao mundo inteiro.
SOPHIE COLLE, ROBERT FRANK, FRANÇOISE HUGUIER
O exemplo de algumas obras significativas nos permitirá precisar a dimensão
fotobiográfica ligada a certas empresas fotográficas de nossa época. O nome de Sophie
Colle é um dos primeiros que nos vêm à mente. Que fotobiógrafa é Sophie Colle? A
narração autobiográfica que dá acesso à sua intimidade é mínima. Sua obra resulta de
uma acumulação de “provas da existência”(42) que ela resgata a partir de cenários e de
protocolos com vistas a representar sua presença no mundo, em uma ficção elaborada
em torno da intromissão na vida de outrem. Existe uma certa violência nestas invenções
biográficas. Em um de seus primeiros trabalhos, ecomendado pelo quotidiano
Liberátion(43), Sophie Colle imagina um folhetim de verão de um gênero particular. Ela
encontrou, fortuitamente, algumas semanas antes, a caderneta de endereços de um
desconhecido e ela parte em busca das pessoas listadas, pedindo-lhes para falar do
proprietário da caderneta. Ela deseja assim esboçar a personalidade deste homem “sem
jamais encontrá-lo e fazer dele um retrato de duração aleatória, porque ela dependeria
da vontade de seus próximos e do perfil que tomarão os acontecimentos”(44). Ao longo do
verão os textos, as fotografias, os relatos se sucederam. Sophie Colle se torna célebre
em um mês. O procedimento surpreende os leitores e os torna cúmplices do
voyeurismo(45) que acompanha a vontade da fotógrafa de aproximar ao máximo, uma
pessoa, sem jamais tê-la conhecido. Ver sem ser vista, conhecer sem se fazer conhecer
e estar, assim, no comando de um sistema de controle e de dominação das relações
humanas.
A obra de Sophie Colle ficou fiel aos seus primeiros temas, que ela declina em
variações sempre novas. Em 1980, ela já havia seguido um desconhecido em Veneza(46);
em 1981, sempre em Veneza, se engajou num hotel como arrumadeira(47). Ela fotografou
os quartos, as roupas e os objetos dos clientes que ela descreveu, do mesmo modo,
cuidadosamente. Ela decidiu, em seguida, aparecer pessoalmente nas fotos. Em 1981 e
em 2001, sua mãe visitou um detetive particular e lhe pediu para seguir sua filha, fazer o
relatório de suas atividades e fotografá-la(48).
A obra, a quatro mãos, resultou na formação de um duplo olhar; de um lado, o
emprego do tempo das jornadas vividas por Sophie Colle e pelo detetive, cada um
descrevendo em um texto lapidar os não-acontecidos sob seu próprio ponto de vista, e,
por outro lado, as fotografias do detetive, tiradas, freqüentemente, às escondidas. No
“Hotel”, Sophie Colle disse: “Eu observava vidas que me eram estranhas”(49), na
“Transgressão” é ela que, por sua vez, se faz observar. As duas experiências seguem
um movimento transgressor, mas uma vez realizada esta ultrapassagem de limites, o
que é que se descobre? Pouca coisa, tudo resulta em uma intimidade exterior, o
resultado é uma espécie de sinalização para uma história futura. E, é talvez este o
interesse do trabalho artístico de Sophie Colle. Ele nos mostra que a tomada biográfica é
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A última obra de Françoise Huguier, “J´avais huit ans”(50), é uma bela fotobiografia
de uma viagem de volta ao Camboja, onde outrora ela tinha sido prisioneira. Cinquenta
anos após ter deixado o país onde vivia com sua família, Françoise Huguier parte «ao
encontro da criança que outrora havia experimentado a despreocupação da vida, no
centro das plantações [......], esta menina de 8 anos [.....], prisioneira do Viet-Minh e dos
Issarak»(51). Ela ficou 8 meses no cativeiro em companhia de seu irmão mais velho, de
doze anos. Curtos textos introdutórios situam o contexto histórico e biográfico de cada
uma das quatro seqüências fotográficas que traçam o percurso efetuado na floresta
cambojana, a partir do lugar do seu seqüestro. No fim da obra foram colocados
documentos anexos: a carta oficial que os comissários políticos vietnamitas e
cambojanos remetem aos pais, pedindo para acusar a “recepção das crianças”, algumas
páginas de um álbum de família mostrando fotos das crianças e de seus pais, rodeados
pelo pessoal da plantação, assim como uma cronologia histórica dos acontecimentos da
época.
A presença desses anexos me parece justificada pelo fato de que estes
documentos não substituem jamais as fotografias. Eles as colocam num contexto político
no qual se desenrolaram estes acontecimentos, e que hoje não é mais necessariamente
conhecido(52). Mas situar, no fim da obra, o diálogo entre a fotógrafa e Raymond
Depardon me parece ir ao encontro desse temor de que as imagens não sejam bastante
explícitas. A história nos é, portanto, legível, graças ao talento da escrita fotográfica de
Françoise Huguier. Assim, a maneira pela qual ela adota o ponto de vista visual de uma
criança: ela fotografa o solo na altura do olhar de uma criança e as pessoas que ela
encontra, adultas e crianças, são fotografadas em leve mergulho. Esta técnica fotográfica
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nos faz compreender como o olhar do adulto que procura sua história, encontra o olhar
da menina que ela foi, enquanto que o espectador tem a impressão de se mover neste
universo, a partir da perspectiva de uma menina de 8 anos. Ao fim da viagem, quando
ela se acha na cabana onde aconteceu sua liberação, Françoise Huguier coloca lado a
lado, sobre a mesma página dupla, retratos em preto e branco e em cores, das pessoas
que aí vivem atualmente. Tradicionalmente, o preto e o branco simbolizam o passado, e
a cor o presente; as fotografias apresentam pouca diferença nas expressões dos rostos.
O traço é assim ultrapassado: os reencontros com o passado (em preto e branco) se faz
Na última imagem, uma mulher entrega à Françoise Huguier uma boneca, como
possuíam outrora as pequenas ocidentais, dizendo-lhe que era dela. A boneca está suja
e estragada e a fotógrafa não a reconhece. Ela a fotografa, apesar de tudo, e junta a sua
fotobiografia. Mas de que nós nos lembramos, de fato? As recordações de infância não
são também, freqüentemente construídas pelos adultos? A fotobiografia “J’avais huit
ans” permitiu a Françoise Hughier reatar os laços com o episódio do seqüestro, para
desembaraçar alguns dos fios até chegar à mulher e à fotógrafa em que ela se tornou.
LEANDRO BERRA
Autoportraits-Robots(53) é um trabalho sobre a representação da auto-imagem,
realizada pelo fotógrafo argentino Leandro Berra, onde, conforme o protocolo pré-
estabelecido, cada participante estabelece de memória, com a ajuda de um programa de
computador, um auto-retrato, sem apelar para um espelho ou para uma fotografia. Berra
coloca à disposição dos candidatos voluntários, um programa de informática
habitualmente destinado à realização de retratos – robots que a polícia utiliza, militares
ou a Interpol. E cada participante tenta, com a assistência do fotógrafo, a partir de uma
base de dados constituída de milhares de elementos, encontrar aqueles que ele pensa
que parecem consigo, através de uma escolha de olhos, nariz, boca, etc. Ele compõe
assim, pouco a pouco, seu rosto, tal qual ele se vê. Em seguida, Leandro Berra fotografa
o rosto da pessoa e expõe, lado a lado, as duas imagens construídas.
Se o projeto artístico de Leandro Berra visa desviar as finalidades policiais do
retrato-robot, a fim de colocar em evidência os limites de suas técnicas, ele questiona
igualmente as possibilidades de realização do auto-retrato. Aplicada como um
procedimento de trabalho sobre a auto-representação, sua técnica permite fazer
aparecer o movimento de procura de sua imagem. A distância entre as duas fotografias
investiga a memória de si mesmo e a complexidade da representação da imagem de si.
O fato de apelar para elementos padrão e elementos informatizados, facilita ao mesmo
tempo, a elaboração da imagem, mas reforça igualmente a dificuldade de fazer surgir
uma realidade física singular. O candidato se esforça para conciliar os elementos que
estão à sua disposição e a representação interior que ele tem de seu rosto, em uma
realização aproximativa codificada. Este exercício abre, ao mesmo tempo, um espaço
particular de criatividade na invenção de si.
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Ce texte est paru pour la première fois dans RITM N°20, Récits et médias.
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(2)Bazin André (1985), « Ontologie de l’image photographique » (1945), Qu’est-ce que le cinéma?, Paris, Cerf.
(3)Barthes R. (1980), La Chambre claire. Note sur la photographie, Paris, Cahiers du cinéma/Gallimard/Seuil.
(4)Peirce C. S. (1978), Écrits sur le signe, trad. Gérard Deledalle, Paris, Seuil.
(5)Mora G., Nori Claude (1983), L’Été dernier. Manifeste photobiographique, Paris, Éditions de l’Étoile, Écrit sur
l’image, p. 10-13.
(6)Mora G., Nori C. (1983), Opus cité, p. 10.
(7)Mora G. (2005), « Pour en finir avec la photobiographie », In Méaux D., Vray J.-B. (2005), Traces photographiques,
traces autobiographiques, Saint-Étienne, Publications de l’Université de Saint-Étienne.
(8)Mora G., Nori C. (1983), Opus cité, p. 13
(9)Rouillé A. (2005), La Photographie, Paris, Gallimard/Folio Essais, p. 14.
(10)Rouillé A. (2005), Op. cité, p. 15.
(11)Cf. Delory-Momberger Chr. (1ère éd. 2000, 2ème éd. 2004), Les Histoires de vie. De l’invention de soi au projet de
formation, Paris, Anthropos.
(12))Terme introduit par le philosophe américain Richard Rorty in Rorty Richard (1ère éd. 1967), “Metaphilosophical
difficulties of linguistic Philosophy”, In Rorty Richard (dir.), The linguistic turn, Chicago and London, p..1-39,
(13)Mitchell W. T. J. (1992), « The pictorial turn » , in Artforum , mars 1992, p. 89-94.
(14)Panofsky E. (1969), L’OEuvre d’art et ses significations, Paris, Gallimard.
(15)L’intérêt pour l’iconographie touchera la plupart des disciplines : archéologie, histoire de l’art, philosophie,
littérature, histoire, droit, mathématique, biologie. Cf. Horst Bredekamp « Drehmomente, Mermale and Ansprüche des
iconic turn », in Marr Christa, Burda Hubert (dir.) (2004), Die neue Macht der Bilder, Köln, Du Mont.
(16)Mora G., Nori C. (1983), Art. cité, p. 10.
(17)Mora G., Nori C. (1983), Art .cité, p. 11.
(18)Mora G., Nori C. (1983), Art .cité, p. 13.
(19)Mora G., Nori C. (1983), Art. cité, p. 13.
(20)Mora G. (1983), « Photobiographies », in Méaux D., Vray J. B.(2005), In Opus cité, p. 107-113. Ce texte est paru
pour la première fois dans RITM N°20, Récits et médias, p. 183-189.
(21)Mora G. (1983), Art. cité, p. 107.
(22)Mora G. (1983), Art. cité, p. 107.
(23)Mora G. (2005), Art. cité, p. 113
(24)Mora G. (2005), « Pour en finir avec la photobiographie », In Opus cité, p. 115-117. Ce texte est paru une
première fois dans Les Cahiers de la Photographie, 1er semestre 1984.
(25)La prise de vue et le tirage ne sont pas forcément réalisés par la même personne. De nombreux grands
photographes travaillent avec un laboratoire professionnel et ont leur(s) tireur(s) de prédilection qui ont acquis une
expérience interprétative de leurs photos.
(26) Rouillé A. (2005), Opus cité, p. 88.
(27) Cf. Barthes R. (1980), Opus cité.
(28) Rouillé A. (2005), Opus cité, p. 88.
(29) Barthes R. (1980), Opus cité, p.134-135.
(30) Belting H. (2004), Pour une anthropologie des images, Paris, Gallimard, p. 235.
(31)Cf. Wulf Chr. (2004), « Anthropologie historique et culturelle. Nouvelles perspectives sur les fondements et les
conditions de l’éducation », In OSP Travail biographique, construction de soi et formation, n° 4, vol. 33, décembre
2004.
(32)“… nous ne vivons notre vie qu’autant que nous la biographions, que nous lui donnons, au sens étymologique du
terme, la forme d’une écriture », in Delory-Momberger Ch. (2003), Biographie et éducation. Figures de l’individu-
projet, Paris, Anthropos.
(33)Berengo Gardin G. (2005), Catalogue de photographies, texte de Sandro Fusina, Paris, Éditions de la Martinière,
p. 151.
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(34)En référence à André Rouillé qui voulait d’abord appeler son dernier ouvrage La Photographie : « La Photographie
à l’endroit ».
(35)Elles ont été définies par Philippe Lejeune dans Le Pacte autobiographique, Paris, Le Seuil, 1975.
(36)Horvat F. (2000), 1999 Un journal photographique, Paris, Actes Sud,/Arte Éditions.
(37)Horvak F. (2000), Opus cité, p. 7.
(38)Depardon R. (2004), Journal Paris, Paris, Hazan.
(39)D’Agata A. (2005), Stigma, Paris, Images Les Manœuvres Éditions.
(40)Warhol A. (2004), Red Books, Steidl Publishers, 12 carnets sous coffret.
(41)Blog, consacré « mot de l’année 2005 » par le dictionnaire américian Merriam Webster, le mot « blog » est la
contraction de « weblog », « log » désigne le journal de bord dans l’aviation ou la marine.
(42)Guichard J.-P. (2004), « Poker menteur : de la photographie comme preuve de l’existence de Sophie Calle », p.
34, in Méaud D. et Vray J.-B. (2004), Traces photographiques, traces autobiographiques, Saint-Étienne, Publications
de l’Université de Saint-Étienne.
(43)Le premier texte accompagné de photos paraît le mardi 2 août 1983.
(44)Calle S. (1998), Le Carnet d’adresses (Livre VI), p. 9, in Doubles-Jeux, Arles, Actes Sud
(45)Un voyeurisme quelque peu précurseur de l’intérêt suscité aujourd’hui par la vague des téléréalités.
(46)Calle S. (1998), Suite vénitienne. À suivre… (Livre IV), in Doubles-jeux, Arles, Actes Sud.
(47)Calle S. (1998), L’Hôtel (Livre V), in Doubles-jeux, Arles, Actes Sud.
(48)Calle S. (1998), La Filature. À suivre… (Livre IV), in Doubles-jeux, Arles, Actes Sud.
(49)Calle S. (1998), L’Hôtel (Livre V), in Doubles-jeux, Arles, Actes Sud, p. 9.
(50)Hughier F. (2005), J’avais huit ans, Arles, Actes Sud.
(51)Hughier F. (2005), Opus cité, p. 11.
(52)Le projet de Françoise Huguier s’inscrit dans le travail Retour en Indochine, photographies du Viet Nâm et du
Cambodge, avec le soutien de ministère des Anciens combattants, des éditions Actes-Sud et de Paris-Match.
(53)Leandro Berra est né à Buenos Aires, Argentine, en 1956. Il vit et travaille à Paris depuis 1981. Il est représenté
par la galerie Claude Samuel à Paris. Il participe aux Rencontres d’Arles en 2005.
(54)Delory-Momberger Ch. (2003), Opus cité, p. 120.