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Texto 4

Inês Contente a22202872 | Margarida Tomásio a22204505 | Ana Pimentel a22204573


| Metodologias de Análise da Imagem | CA | janeiro 2023
[texto 4] Phillippe Dubois, “Da verosimilitude ao Índice” in Pequena
retrospetiva histórica sobre a questão do realismo na fotografia, (pág.17-
50).

Resumo:
O texto da autoria de Philippe Dubois, analisa as várias perspetivas do realismo na
fotografia, este divide-se em três partes.

Inicialmente, é analisada a fotografia como espelho do real, que realiza uma reflexão
e argumentação relativa às posições e oposições da fotografia como arte.

Em segundo lugar, é analisada a fotografia como transformação do real, onde é


contrariada a ideia de que a fotografia é apenas uma representação fiel da realidade
através da desconstrução do conceito de realismo e realismo fotográfico.
Em terceiro e último lugar, é analisada a fotografia como vestígio do real,
debatendo-se sobre o realismo e a presença de códigos na fotografia. O autor recorre a
Rolan Barthes e a Charle Peirce para avaliar a fotografia e as suas teorias.

Concluindo que a fotografia é inicialmente índice e apenas depois pode tornar-se ícone e
adquirir símbolos.
Esta teoria perspetiva a imagem fotográfica como uma representação do real e com
diversas simbologias e interpretações possíveis.

Conceitos:
Fotografia de imprensa → é uma mensagem, essa mensagem é constituída por: uma
fonte emissora (redação do jornal- quem tira fotografia, quem escolhe, quem edita e
quem dá o título, legenda e comentário); um canal de transmissão (jornal, em que a
fotografia é o centro, constituídos pelo texto, título, legenda e nome do jornal) e um meio
recetor (leitores do jornal).

Denotação → é o objeto a que o termo se refere. A palavra ou imagem tem valor


referência ou denotativo quando é tomada no seu sentido visual ou literal, ela designa
ou denota determinado objeto. (É a forma de linguagem que lemos em jornais, bulas de
remédios, num manual de instruções, etc)
Conotação → (obtuso – parte mais complexa) É o conjunto de características
compreendidas na significação de um dado termo, conceito, etc. Remete a inúmeros
outros sentidos que são apenas sugeridos quando se evocam ideias associadas (de ordem
abstrata e subjetiva), exemplo disso são os provérbios e ditados populares.
É necessário fazer a denotação antes da conotação.
Códigos Visuais → São modos de representação convencionados das imagens que
produzimos. Convenções que regulam a produção e a estrutura formal das imagens e
que as dotam de determinados significados. Os códigos visuais contribuem para
viabilizar as imagens como fenómenos comunicacionais. São códigos de representação
que são específicos a cada sistema de representação (pintura, desenho, sinalética,
fotografia, cinema, etc..) mas tendem a deixar-se contaminar e alterar.

Temas:

1º tema: A fotografia como espelho do real


A fotografia foi primeiramente entendida como um analogon objetivo do real.
No séc. XIX o aparecimento da fotografia dividiu muitas opiniões, mas chegando a
uma conceção geral, quer se fosse contra ou a favor, estava estipulado que a fotografia é
uma imitação perfeita da realidade. Possui uma capacidade mimética, que permite fazer
aparecer uma imagem de maneira automática, objetiva e quase natural sem que haja
intervenção por parte do artista. É aqui que se distingue a fotografia da arte, que
provém do trabalho e do talento de um artista.

Baudelaire acredita que a arte é a reprodução da natureza e como tal, com o


aparecimento da fotografia que nos traz uma imagem perfeita e exata, considera-a arte
absoluta. Crê que o fotógrafo é apenas um assistente da máquina.
Hippolyte Taine, um contemporâneo da Baudelaire acredita que a fotografia em nada se
pode equiparar à pintura.

É necessário separar as coisas, arte (a pintura), da fotografia e dito isto Baudelaire é


ainda mais explícito, afirma que os progressos mal aplicados da fotografia contribuíram
para o empobrecimento da arte, no sentido em que a confusão das funções impede que
nenhuma das duas seja bem desempenhada.

A fotografia é vista como um simples instrumento, como uma memória documental


do real, com o papel de conservar o vestígio do passado ou ajudar as ciências na sua
evolução de uma apreensão da realidade do mundo. É vista como uma “serva” da
memória.

Já a arte é vista como pura criação imaginária, é livre de qualquer ancoragem com a
realidade, como algo que tem a capacidade de escapar ao real.

Contrariando as crenças de Baudelaire, mesmo os otimistas e entusiastas que


proclamavam a libertação da arte pela fotografia, defendem a separação entre os dois, ou
seja, muda a conotação dos valores, mas a lógica permanece a mesma. Afirmavam que a
fotografia deveria tomar o lugar da arte em todas as suas funções, tornando vários
retratistas antigos em fotógrafos profissionais.
A divisão é clara, trata-se da oposição entre a técnica e o respeito à atividade
humana. Uma diz respeito a uma máquina, trata-se de expandir as possibilidades do
olhar humano e outra à sensibilidade de um artista e do seu talento. A pintura passa
inevitavelmente por uma individualidade, por uma visão e por uma interpretação.
Os fotógrafos quiseram fazer da fotografia uma arte dando origem ao pictorialismo.
Os pictorialistas propunham tratar a fotografia como uma pintura, manipulando a
imagem de várias maneiras, como por exemplo efeitos sistemáticos de esbatimento,
como num desenho e mais tarde intervenções, com a ajuda de pincéis, lápis, etc.

Para Bazin a semelhança que a fotografia nos traz, não é proposta pelo resultado,
mas sim pelas modalidades de constituição, isto é, na proximidade imediata entre a
imagem e a sua referência, na transmissão das aparências do real para a película
invisível. Dá-nos a ideia de que a fotografia é o primeiro índice antes de ser ícone.
Para R. Barthes do objeto à imagem há uma redução de proporção, de perspetiva e
de cor, mas esta redução não é de todo uma transformação. E é assim que surge o
estatuto de que a imagem fotográfica é uma mensagem sem código. Ressaltando que o
importante é o facto da imagem fotográfica ser uma mensagem sem código e não uma
perfeição
analógica.

2ºtema- A fotografia como transformação do real

No século X existe a ideia da transformação do real pela fotografia.


A grande vaga estruturalista constitui uma espécie de ponto culminante de todo este
vasto movimento crítico da denúncia do "efeito de real"
Nos textos sobre a teoria da imagem que se inspiram na psicologia dá perceção que
são muito anteriores ao estruturalismo francês dos anos 65 e que têm um carácter
explicitamente ideológica nos discursos que dizem respeito aos usos antropológicos da
fotografia.
Segundo, Lady Elizabeth Eastlake, publicado em 1857 “A Natureza não é apenas
feita de luzes e sombras verdadeiras, por detrás destas massas elementares possui
inúmeras luzes e meias tintas refletidas, deslocando-se em torno de cada objeto.” Ou
seja, por mais que pareça idêntica, a fotografia não conseguiria copiá-las corretamente.
No século XIX, existiam polémicas sobre a questão da fotografia como arte, os
defensores da sua vocação "artística", em particular os picturalistas, não deixaram de
destacar as lacunas (as falhas e fraquezas do "espelho" fotográfico).
Arnheim afirma que: “a fotografia oferece ao mundo uma imagem determinada pelo
ângulo de vista escolhido, pela sua distância em relação ao objeto e pelo enquadramento;
reduz, por um lado, a tridimensionalidade do objeto a uma imagem bidimensional e, por
outro lado, todo o campo de variações cromáticas a um contraste entre preto e branco;
isola um ponto preciso no espaço-tempo e é puramente visual”. A câmara escura não é
neutra e inocente, a conceção do espaço que ela implica é convencional e guiada pelos
princípios da perspetiva renascentista.
A imagem que os primeiros fotógrafos pretenderam captar, e a própria imagem
latente (que souberam revelar e desenvolver), não têm nada de natural.
Os princípios que presidem à construção de um aparelho fotográfico estão ligados a
uma noção convencional do espaço e da objetividade.
A câmara escura fotográfica não é um agente reprodutor neutro, mas uma máquina
com efeitos deliberados. Bergala denuncia estas imagens, a dimensão ideológica dos seus
dispositivos, destaca os modos de integração do fotógrafo na ação, o efeito de paragem
em imagem.

É no próprio artifício que a fotografia se vai fazer verdadeira e atingir a sua própria
realidade interna. A ficção reúne, mesmo supera, a realidade. A conceção de uma forte
dicotomia entre realidade aparente e realidade interna, ou
verdade, que é expressa por estes textos.

3ºtema- A fotografia como vestígio de um real


Observa-se a ideia de duas conceções fotográficas: a fotografia como espelho do
mundo e a fotografia como operação de codificação das aparências. Estas duas conceções
têm em comum a consideração da fotografia como “portadora de um valor absoluto”,
tanto por semelhança como por convenção.

Philippe Dubois recorre a Rolan Barthes e a Charle Peirce para avaliar a fotografia e
as suas teorias, realçando o ícone, o símbolo e o índice.
Segundo Barthes, para que haja foto é necessário que o objeto tenha estado
presente num determinado momento. A fotografia é marcada como uma inscrição
referencia e é através da sua origem automática que a considera “sem códigos”.
Segundo Pierce o processo de como é originada a fotografia dita o uso de códigos: a
técnica do processo fotográfico. A fotografia é um “traço do real”, ou seja, ausência de
códigos, compreendida entre dois momentos: O momento de preparação antes da
captura da fotografia (a reflecção sobre o angulo, enquadramento, luz e sombra, …) e a
revelação da fotografia.

O Homem intervém apenas no disparo da fotografia. Em comparação com as duas outras


teorias referidas, esta é a mais conceptual e moderna, não desvalorizando as outras.
Deste modo, esta teoria perspetiva a imagem fotográfica como uma representação do
real e com diversas simbologias possíveis. Neste conceito existe uma transcendência no
que diz respeito à referência no sentido em que a referência é a imagem fotográfica e
cada pessoa que a visualiza pode fazer a sua própria interpretação da fotografia. Deste
modo, a fotografia é considerada um traço do real, de acordo com o discurso
do índice e da referência.

Este ponto de vista, defende que apesar da consciência dos códigos presentes na
fotografia, está ainda assim, transmite o sentimento de real. A fotografia é
primeiramente índice, apenas depois pode tornar-se ícone e adquirir símbolo.
Excerto do texto:
«A repartição é clara: a fotografia, a função documental, a referência, o concreto, o
conteúdo, a pintura, a pesquisa formal, a arte, o imaginário. Esta bipartição diz
claramente respeito a uma oposição entre a técnica, por um lado, e a actividade
humana, por outro. Nesta perspectiva, a fotografia seria o resultado objectivo da
neutralidade duma máquina, enquanto a pintura seria o produto subjectivo da
sensibilidade de um artista e do seu talento.» (25/26)

Neste excerto, Philippe Dubois explicita quais as diferenças e semelhanças entre os dois
conceitos principais, a pintura e a fotografia. No texto é também possível observar que
ele descreve a fotografia como uma imagem sem código, ou seja, não é preciso uma
relação entre o objeto representado e a imagem. Desde que surgiu a fotografia deixou de
ser responsabilidade dos pintores e dos artistas na altura de representar a realidade.

A fotografia é uma mensagem


sem código, ou seja, não é
necessária uma ligação entre o
objeto e a sua imag
A fotografia é uma mensagem
sem código, ou seja, não é
necessária uma ligação entre o
objeto e a sua imagem
A fotografia é uma mensagem
sem código, ou seja, não é
necessária uma ligação entre o
objeto e a sua imagem
A fotografia é uma mensagem
sem código, ou seja, não é
necessária uma ligação entre o
objeto e a sua imagem
Conclusão:

Ao interpretar o texto retiramos a conclusão que, relativamente à fotografia, que Barthes,


como índice, esta é dotada de uma dimensão essencialmente pragmática onde se
considera que a fotografia não tem significação em si mesma e que o seu sentido é
determinado pela relação efetiva com o objeto.

Fotografia- “método acheiropoiete” (método feito sem mãos), com função científica e
documental; necessita de uma referência, é concreta e verdadeira relativamente ao
conteúdo que representa no seu método; operando assim sem a necessidade da
presença de um sujeito, dado que esta não é uma atividade somente humana, dai ter um
caráter científico e documental.

Pintura- denominada obra de arte, esta passa por uma individualidade humana, e precisa
de uma procura constante do imaginário,
ou seja, de uma perspetiva distinta do real.

Barthes faz nos observar que as fotografias expostas não nos dizem nada de realmente
sério a respeito desses homens supostamente iguais que expõem. Dada a supressão,
justamente, do caráter histórico, o que fica é algo vago, vazio; logo, uma ilusão. Trata-
se então de um mundo de sentimentalidades baratas. São imagens que, por serem
completamente preenchidas de sentimentalidades e moralismos da sociedade e dos
intretertantes, por vezes ao muito falam sem nada dizerem.
São fotografias ou imagens que não emocionam, ao contrário, anestesiam. Quem as
vemos, já as recebemos modificadas pelo fotógrafo.

Dificuldades:
Encontrámos algumas dificuldades perante a vasta extensão do texto
dificultando a sintetização dos temas.

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