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ACONSELHAMENTO PSICOLOGICO II

O Eu Pessoal, o Eu Social e a Emergência da Auto-afirmação.

Introdução

As descrições da personalidade, que variam de acordo com autor, nem sempre são apoiadas em
pesquisas mas em objectivos teóricos.

Todavia, segundo os Hall e Lindsey, (1966); Al lport, (1969), tais objectivos não nascem do
nada; têm origem em observações e na experiência quotidiana.

A experiência de cada teórico da personalidade pode nos levar a novos enfoques que, por sua
vez, produzem novas interpretações e, possivelmente, novas aproximações da verdade.

Nossa experiência com pessoas ansiosas, jovens ou adultos, que procuram enfrentar conflitos e
frustrações leva-nos a afirmar a existência de bipolaridade comportamental:
 a área individual ou pessoal e ;
 a área extra-individual ou social.
Essas duas áreas embora coexistam na pessoa, sendo até mesmo indistinguíveis em muitos
comportamentos, podem, porém, revelar dois conjuntos de agentes os quais, uma vez ou outra,
assumem acções independentes.
Esquema de dois conjuntos no desenvolvimento personalidade

O esquema a seguir poderia demonstrar o que ocorre nos dois conjuntos e na personalidade à
medida que o indivíduo se desenvolve ou se socializa:

• Na primeira infância geralmente até os 3 anos de idade o EU PESSOAL e o EU


SOCIAL estão separados.
• A partir do terceiro ano de vida, em geral, o EU PESSOAL e o EU SOCIAL se juntam
formando uma área de conexão entre os dois EU, com áreas de interpenetração pessoal e
social extremamente variadas.
Definição dos Conceitos: EU Pessoal e EU Social

• O EU Pessoal pode ser definido como o repositório de todo o património genético,

inclusive temperamento, inteligência e outras aptidões, estrutura física, características


sexuais, estrutura e dinâmica sensorial e motora, necessidades biológicas e, ainda, as

experiências e seus efeitos intrometidos e já incorporados ao funcionamento do

organismo.

• O EU Social seria a figura resultante do conjunto das expectativas, das direcções,


imposições e pressões sociais que atuam sobre o Eu Pessoal; é, sobretudo, um produto da
Educação que elegendo valores manipula o indivíduo modelando-o nas ideologias, hábito
s e costumes de uma dada sociedade, nos seus conteúdos políticos, religiosos,
económicos ou de qualquer outra natureza.

Tipos de pressões que indivíduo está sujeito no Meio

O indivíduo estaria sob duas ordens de pressões:

1) Primeiramente, as que provêm de seu estado natural, orgânico, constitucional,


predominantemente genético, que traça direcções e limites de sua acção.

É todo um comportamento natural, simples, de sobrevivência e de adaptação ao ambiente.

A criança alimenta-se, excreta resíduos, chora, repousa, responde a estímulos sensoriais; mais
tarde, anda, fala, explora o meio e o cultiva; percebe-se, pouco a pouco, como um ente vivo,
actuante, consciente de certas características suas, inerentes a seu funcionamento como pessoa;

2) Progressivamente passa a sentir uma manipulação externa que provém de outros seres,
iguais a ele, e que, isoladamente ou em grupo, o influenciam e passam a dirigir suas
acções.

Sente-se levado a comer, a dormir, a colocar-se em posturas ditadas por outros. É levado a falar,
a vestir-se, a interagir com seus semelhantes da maneira pela qual estes agem ou estabelecem
normas de conduta. Precisa ir à escola, aprender uma profissão, orientar sua actividade sexual de
certas maneiras, participar de acções comunitárias de acordo com padrões grupais e assim por
diante.

A sociedade impõe normas e exige conformismo a seus estilos de pensar, de agir e de sentir.

Para não ser marginalizado, punido ou destruído, o indivíduo obedece a essas imposições;
conforma-se.
O processo de acomodação faz-se, às vezes, às custas da perda de seu EU Pessoal; de
concessões.

O estilo pessoal, primitivo, natural, cede lugar aos gabaritos sociais e à alienação de si mesmo,
com graus variados de aceitação ou de repulsa às imposições e referenciais externos.

A pessoa passa a sentir-se invadida no seu território, a perder o que é seu e que lhe dá segurança
existencial.

Quando as pressões sociais assumem formas traumáticas, a pessoa vê-se aniquilada, sem ser
alguém.

Busca, então, recompor-se; mostrar que existe; afirmar-se.

Quanto mais profunda e traumática a imposição, maior é o sentimento de não-ser e maior a


necessidade de auto-afirmação.

O fenómeno exposto ocorre todos os dias, todas as horas, em pequenas ou grandes dimensões.

• É a criança que vê o novo irmão tomar-lhe o lugar e as preferências dos pais e dos
parentes; é o menino ou menina que, deixado de lado pelos seus amigos em um jogo ou
brinquedo, sente-se rejeitado e, portanto, não-sendo; é o empregado que vê seu colega
promovido e ele não; é o exemplo clássico de alguém que está em uma fila e vê um outro
passar-lhe à frente.
• Esses exemplos banais servem para indicar a ocorrência de formas muito mais
complexas emergentes em outras circunstâncias, tais como:
 a busca do poder, do prestígio, do renome;
 a liderança;
 a publicidade em torno de seu nome;
 a luta pelo dinheiro ou pelos títulos e pelo status cuja essência nada mais é do que a auto-
afirmação, tanto mais sensível quanto maior a pressão que destruiu o EU Pessoal.
• Por outro lado, há pessoas que, embora queiram aparecer ou auto-afirmar-se, o fazem em
escala moderada; não foram aniquiladas ao ponto de procurarem constante evidência de
si mesmos; conservam grande parte de seu EU individual e com isso se satisfazem.
Definição do Conceito: "SELF"

O "self" seria, de acordo com Chein (1944) e outros autores, o conjunto de conteúdo auto

referentes, relativos a si mesmo; é aquilo que percebemos como sendo nosso.

• A consequência é a percepção de uma identidade que, no dizer de Erikson (1971) seria a

reflexão e a observação do indivíduo sobre si mesmo.

• Essa percepção de si pode incluir dimensões no tempo e no espaço com noções de


contiguidade, de igualdade e de comparabilidade, que permite m responder à pergunta"
quem sou eu"? Inerente à identificação de si mesmo, surge o processo avaliativo no
plano consciente ou inconsciente das acções do "self" como respostas ao EU Pessoal e ao
EU Social, isto é, aos impulsos naturais da pessoa e às pressões ambientais e sociais.

• Tem início um julgamento do EU na sua totalidade e em aspectos particulares da


existência.

• A simples imagem de espelho que caracteriza sua identidade é completada pela


autocrítica, dando lugar a mudanças adaptativas que a pessoa tenta operar no sentido de
impor-se a si mesma com respeito e admiração; procura satisfazer seus impulsos e
considera as pressões sociais.

• Com o processo adaptativo, seu Ego se instala (Hartman, 1957); passa a conhecer se
melhor e sua identidade, antes fluida e superficial, passa a estabelecer-se e a definir-se,
embora em constante mudança.

Definição dos Conceitos: Auto-estima e o Autoconceito

• Do conhecimento de si (o self) surgem a Auto-estima e o Autoconceito e, em

consequência, o sentimento de inadequação, impotência, incapacidade ou, por outro lado,

o sentimento de valor pessoal e de poder.

No primeiro caso (Auto-estima), sufocado e humilhado pelo quadro de incapacidade,

revolta-se, exibindo comportamentos anti-sociais ou ingressa no campo das

descompensações psicológicas.
Baixa auto-estima

A baixa auto-estima pode ser considerada um sintoma de depressão, quando o indivíduo


depressivo apresenta um comportamento inseguro, negativista, de constante insatisfação e pouco
confiante de suas acções.

A baixa auto-estima também se manifesta em pessoas naturalmente inseguras e ansiosas,


provavelmente devido situações pontuais que ocorreram ao longo de suas vidas e contribuíram
para impedir o saudável desenvolvimento da sua auto-estima.

A auto-estima é a qualidade de quem se valoriza e está contente com o seu modo de ser, se
expressar e viver. Consequentemente, transmite confiança em suas acções, decisões e
julgamentos.

Cada pessoa faz uma avaliação subjectiva de si mesma, enumerando as suas qualidades e
defeitos.A qualidade dessa avaliação é muito importante, pois revela como uma pessoa se vê.A
partir da sua opinião acerca de si mesma, ela busca oportunidades as quais acredita merecer.

Por exemplo, uma pessoa que possui uma opinião positiva sobre si mesma toma decisões que
elevam a sua qualidade de vida, como praticar exercícios físicos, firmar laços afectivos
acolhedores, colocar as suas necessidades e vontades acima das dos outros, etc.

Quando cuidam do cabelo no salão de beleza, compram roupas novas ou emagrecem, acreditam
estar cuidando da sua auto-estima.

Esse conceito, no entanto, é mais complexo do que isso, embora ele também tenha relação com a
satisfação proveniente da boa aparência. A auto-estima está directamente ligada às nossas
emoções, pensamentos, comportamentos e decisões. Sendo assim, precisamos cuidar da
qualidade dela diariamente para construímos uma vida satisfatória.
Auto-estima alta

Auto-estima alta é o termo utilizado para descrever as pessoas que se sentem bem consigo
mesmas. Elas podem almejar por modificações na sua aparência, hábitos, jeito de ser e modo de
vida, mas o fazem pensando em enriquecer a sua vivência, ignorando pressões sociais.

Essas pessoas também costumam ter uma conexão mais profunda com as suas emoções e
alimentar pensamentos saudáveis sobre si mesmas e as situações da vida, pendendo para o
otimismo. Dessa maneira, conseguem superar dificuldades e desafios com resiliência. Pessoas
com auto-estima alta transitam pela vida com visível autoconfiança. Elas sabem o que querem e
o que precisam fazer para atingir os seus objectivos, além de não ter medo de recalcular as suas
acções quando necessário.

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