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A TEORIA HUMANISTA E

SUAS IMPLICAÇÕES PARA A


EDUCAÇÃO

Roberta R. Forgiarini
rforgiarini@yahoo.com.br
Terceira Força - Psicologia Humanista

Surgiu entre as décadas de 1950 e 1960, como reação e crítica às


duas forças anteriores.

Abraham Harold Maslow - articulador e organizador do


movimento - pai da Psicologia Humanista

Maslow dizia que o Behaviorismo e a Psicanálise não se preocupavam


com o tema da saúde psicológica e propôs-se a trabalhar nesse sentido.
Suas teorias foram construídas pela observação não de pessoas
doentes, mas de pessoas com saúde mental acima da média, ou
pessoas auto-realizadas, como ele as denominou.
Uma breve biografia de
Abraham Harold Maslow
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Abraham Harold Maslow
Nasceu no dia 1 de abril de 1908, no Brooklin, NY. Foi o primeiro dos 7
filhos de seus pais, que eram judeus imigrantes da Rússia e possuíam pouca
educação. Sua infância parece ter sido muito infeliz, de acordo com seus
próprios relatos:

“Fui um garoto tremendamente infeliz... Minha família era miserável e


minha mãe era uma criatura horrível... Cresci dentro de bibliotecas e sem
amigos... Com a infância que tive, é de se surpreender que eu não tenha
me tornado um psicótico.” (Maslow apud Hoffman, 1999, p. 1)

Terminou sua graduação em 1930, seu mestrado em 1931 e seu doutorado em


1934, todos em psicologia, todos na Universidade de Wisconsin.

Lecionou em tempo integral no Brooklin College. Coordenou o curso de


psicologia em Brandeis de 1951 a 1969, onde iniciou sua cruzada pela
psicologia humanista – algo que se tornou muito mais importante para ele do
que suas próprias teorias.

Morreu na Califórnia, em 8 de junho de 1970, de ataque cardíaco, após anos


de problemas de saúde.
Conceitos base da
teoria
Motivação
Estado interior que estimula, dirige e mantém
um comportamento. Um indivíduo sente-se
motivado mediante:
 Necessidades;
 Impulsos;
 Medos;
 Objetivos;
 Pressão social;
 Crenças;
 Valores;
 Expectativas.
Esforço autorrealizador
 Atingimos um nível superior de motivação se as
necessidades do nível anterior estiverem satisfeitas;

 O ser humano se diferencia de outros animais à


medida em que sobem na escala hierárquica de
necessidades e valores;

 As necessidades dos níveis mais inferiores são


sentidas por todos os homens; por outro lado as
necessidades de nível mais elevado são apenas
sentidas por um número cada vez mais reduzido de
pessoas.
PIRÂMIDE DE MASLOW
Moralidade, criatividade, espontaneidade,
solução de problemas, ausência de
preconceito, aceitação dos fatos.

Autoestima, confiança, conquista, respeito


dos/aos outros.

Amizade, família, intimidade sexual.

Segurança do corpo, do emprego, de


recursos, da moralidade, da família, da
saúde, da propriedade.

Respiração, comida, água, sexo, sono,


excreção.
A dinâmica da pirâmide
Necessidades
de realização
pessoal
Necessidades
psicológicas

Necessidades
básicas

A necessidade satisfeita deixa de motivar.

As necessidades de nível mais baixo precisam ser


satisfeitas para que as de nível mais alto passem a ser
objetivo da pessoa.
À medida em que o ser humano sobe na hierarquia de
necessidades, mais esforço e mais refinamento de
competências é exigido para o êxito e realização
pessoal:
Força de vontade;
Tolerância;
Aptidão para resolver problemas;
Desejo de enfrentar situações novas;
Poder de iniciativa;
Capacidades criativas;
Espírito aberto;
Coragem para assumir riscos;
Firmeza de caráter;
Compreensão dos problemas;
Autocrítica;
Aptidão para escolher o que é importante e
oportuno.
O que significa ser uma pessoa
autorrealizadora?
 Centrada na realidade;
 Centrada na solução de problemas;
 Percepção diferenciada de meios e fins;
 Relacionamento interpessoal diferenciado;
 Relações pessoais profundas;
 Apreciam a solidão;
 Autonomia;
 Resistência à pressão social;
 Senso de humor;
 Aceitação de si e dos outros;
 Simplicidade, humildade e respeito (por si e pelos outros);
 Criatividade;
 Encantamento diante do mundo;
 Tendência a ter mais experiências culminantes.
IMPLICAÇÕES
PARA A
EDUCAÇÃO
O humanismo propõe uma
aprendizagem intrínseca e pessoal
 Centrada nas experiências significativas da vida do
aluno;
 Com elas, ele aprende quem é realmente, o que quer, o
que detesta, o que valoriza e com o que está
comprometido.

Aqui o aluno aprende a ser pessoa


O Professor humanista...

 ... é mais receptivo do que impositivo;


 ... aceita o estilo natural do aluno;
 ... constrói com os próprios talentos do aluno;
 ... É um orientador e guia.
 Aceita o aluno e o ajuda a compreender a si mesmo,
que tipo de pessoa está sendo nesse momento:

Qual o seu estilo?


Quais as suas aptidões?
Quais os seus talentos inatos?
Quais as suas potencialidades?
 Proporciona uma atmosfera de aceitação, reduzindo o
nível de ansiedade;
 Desfruta com o aluno o seu crescimento e sua
autorrealização;
 Partilha os momentos de encantamento com o seu aluno.
Tarefas do Professor
 Ajudar o aluno a encontrar o que tem em si mesmo, sem
tentar pré formá-lo de antemão;
 Ajudar a cada aluno a descobrir a sua própria identidade
profunda.

Matéria prima individualizada em sua constituição,


temperamento, biologia, composição química e processos
endócrinos.

Cada um vem com marcas diferentes.

 Descobrir o que cada aluno tem de único (singularidade)


e de comum (pluralidade);
Tarefas do Professor...

 Promover o autodescobrimento do aluno como


pertencente a uma espécie e a um nível de
identidade profunda, o que envolve a
autodescoberta de sua identidade.
Em síntese, o educador humanista
olha a pessoa como um todo:
 Os estudantes que chegam à escola têm uma história de vida que poderá ser
propulsora à vida, ou não: se estão alimentados, agasalhados, protegidos; com
sentimentos de segurança e pertencimento a uma família ou grupo familiar;
 Se a escola é um espaço assustador e os estudantes raramente sabem onde se
situar, podem sentir falta de segurança e bloqueios na aprendizagem.
 Os desejos dos estudantes de satisfazer necessidades de nível mais básico podem,
às vezes, entrar em conflito com o desejo do professor de fazê-los atingir objetivos
de nível mais alto.
 Por exemplo, pertencer a um grupo social e manter a autoestima dentro do grupo é
importante para os estudantes: se fizerem o que o professor solicita entram em
conflito com as regras do grupo, os estudantes podem preferir ignorar os desejos do
professor ou até desafiá-lo frente aos colegas.
 Compreender e ajudar o estudante a encontrar o que tem em si mesmo, sem tentar
pré formá-lo de antemão: este é um caminho de muitas possibilidades e inúmeras
significações para que o professor cumpra seu papel de facilitador.
Se o professor compreende e valoriza os
momentos de encantamento diante das
situações, o aluno aprende a valorizar
estes momentos de iluminação que
podem dar significado e interesse a
outros momentos, rotineiros de esforço,
fadiga e trabalho duro que exige a
educação.
Carl Ransom Rogers
(08/01/1902 – 04/02/1987)
Um dos precursores da psicologia humanista e
criador da linha teórica conhecida como
Abordagem Centrada na Pessoa. Formado em
História e Psicologia, aplicou à Educação
princípios da Psicologia Clínica, foi psicoterapeuta
por mais de 30 anos. No Brasil suas ideias foram
difundidas na década de 70, em confronto direto
com as ideias behavioristas.
É considerado um representante da corrente
humanista, não diretiva em educação e concebe o
ser humano como fundamentalmente bom e
curioso, sendo que não precisa de diretividade
para poder evoluir. Eis a razão da necessidade de
técnicas de intervenção facilitadoras. O não
diretivismo na educação aparece como um
movimento complexo que implica uma filosofia da
educação, uma teoria da aprendizagem, uma
prática baseada em pesquisas, uma tecnologia
educacional e uma ação política.
Ao experienciar, o homem conhece.

A experiência constitui, um conjunto de realidades vividas pelo


homem, realidades essas que possuem significados reais e
concretos para ele e que funciona, ao mesmo tempo, como
ponto de partida para mudança e crescimento, já que nada é
acabado e o conhecimento possui uma característica dinâmica.

O conhecimento é inerente à atividade humana. O ser humano


tem curiosidade natural para o conhecimento.
Educação
 A educação assume significado amplo.
Trata-se da educação do homem e não
apenas da pessoa em situação escolar,
numa instituição de ensino. Trata-se da
educação centrada na pessoa, já que
essa abordagem é caracterizada pelo
primado do sujeito. No ensino, será o
“ensino centrado no estudante”.
 A filosofia da educação subjacente ao humanismo rogeriano,
denominada de filosofia da educação democrática, consiste em deixar a
responsabilidade da educação fundamentalmente no próprio estudante.

 A educação tem como finalidade primeira a criação de condições que


facilitem a aprendizagem do estudante e como objetivo básico liberar a
sua capacidade de autoaprendizagem, de forma que seja possível seu
desenvolvimento intelectual e emocional.

 Sugere a criação de condições nas quais os estudantes possam tornar-


se pró ativos, demonstrando responsabilidade, autodeterminação,
discernimento, que apliquem-se a aprender estratégias que lhes
servirão para a solução de seus problemas e que tais conhecimentos os
capacitem a adaptar- se com flexibilidade às novas situações, aos novos
problemas, servindo-se da própria experiência, com espírito livre e
criativo.
O processo da educação centrada no sujeito
leva à valorização da busca progressiva de
autonomia (dar regras a si mesmo, assumir
na sua existência as regras que propõe ao
próprio grupo e a si mesmo) em oposição à
anomia (ausência de regras) e à
heteronomia (normas dadas por outros).
Escola

A escola decorrente de tal posicionamento


será uma escola que respeite o indivíduo
como é e que ofereça condições para que
ele possa desenvolver-se em seu processo
de vir a ser.
Ensino - aprendizagem

 Como decorrente das proposições rogerianas


sobre o homem e o mundo, está um ensino
centrado na pessoa, o que implica técnicas de
dirigir sem dirigir, ou seja, dirigir a pessoa à sua
própria experiência para que, dessa forma, ela
possa estruturar-se e agir. Esta é a finalidade do
método não diretivo. A não diretividade,
portanto, consiste num conjunto de técnicas que
implementa a atitude básica de confiança e
respeito pelo estudante.
Professor - estudante
 O professor, nessa abordagem, assume a função de facilitador da
aprendizagem.

 Nesse clima facilitador, o estudante entrará em contato com


problemas vitais que tenham repercussão na sua existência.

 Daí o professor ser compreendido como facilitador da


aprendizagem, devendo, para isso, ser autêntico (aberto às
experiências) e congruente, ou seja, integrado. Isso igualmente
implica que o professor deve aceitar o estudante tal como é e
compreender os sentimentos que ele possui, propiciando um clima
favorável para a aprendizagem.

 O estudante deve ser compreendido como um ser que se


autodesenvolve e cujo processo de aprendizagem deve-se
facilitar.
Metodologia
• As estratégias instrucionais, nessa proposta, assumem importância
secundária.

• Não se enfatiza técnica ou método para se facilitar a aprendizagem. Rogers


(1972, p.130) parte do pressuposto de que o ensino é uma “atividade sem
importância enormemente supervalorizada”. Cada educador eficiente, por
sua vez, deve desenvolver um estilo próprio para “facilitar” a aprendizagem
dos estudantes.

• A característica básica dessa abordagem, no que se refere ao que ocorre em


sala de aula, é a ênfase atribuída à relação pedagógica e ao clima favorável
ao desenvolvimento das pessoas, que possibilite liberdade para aprender.
Isso é decorrência de uma atitude de respeito incondicional pela pessoa do
outro, considerada como capaz de autodirigir. Os objetivos educacionais,
nessa abordagem, não são tratados em seus aspectos formais.
Apesar de criticar a transmissão de conteúdos, essa proposta
não defende a supressão do fornecimento de informações.
Estas, no entanto, devem ser significativas para os estudantes
e percebidas como mutáveis. A pesquisa dos conteúdos será
feita pelos estudantes, que deverão, por sua vez, ser capazes
de criticá-los, aperfeiçoá-los ou até mesmo de substituí-los.
Avaliação

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