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Soluções às questões para estudo de preparação 3º teste – 10ºE

Temas:

A ação humana — análise e compreensão do agir:

A rede conceptual da ação - Filosofia da Ação

Determinismo e liberdade na ação humana

A dimensão ético-política; análise e compreensão da experiência convivencial Ética:

A necessidade de fundamentação da moral

Análise comparativa de duas perspetivas filosóficas

Clarificar os conceitos nucleares, as teses e os argumentos da ética de Kant

Soluções:

1. O que se entende por subjetivismo moral?

O subjetivismo moral é a teoria segundo a qual o valor de verdade dos juízos morais depende
das crenças, sentimentos e opiniões dos sujeitos que os emitem. Os juízos morais exprimem
sentimentos de aprovação e de desaprovação e dependem desses sentimentos. Não há
verdades morais objetivas e universais.

2. O subjetivismo moral afirma que nenhuma perspetiva moral é mais verdadeira ou melhor do
que outra. Tente formar um contra-argumento.

Como o subjetivismo é também uma perspetiva moral, então não é melhor do que qualquer
outra. Contudo, os subjetivistas acreditam que o absolutismo moral e a crença na existência de
verdades objetivas em ética são perspetivas erradas. Trata-
-se de uma contradição.

3. O subjetivismo moral torna impossível uma genuína discussão de questões morais. Está de
acordo? Justifique a sua posição.

Imaginemos que João defende que o aborto é errado e que Maria argumenta que o aborto é
moralmente aceitável. Segundo o subjetivista, eles não estão realmente em desacordo sobre se
o aborto é ou não moralmente legítimo. Estão simplesmente a exprimir os seus sentimentos
sobre a moralidade do aborto. Será perda de tempo que um tente convencer o outro de que
está enganado. Se o seu ponto de vista corresponde ao que sente, então é subjetivamente
certo. O mesmo se passa com Maria. Não faz sentido debater ou discutir porque será uma
conversa de surdos. Cada qual exprime gostos diferentes e julga que gostos não se discutem. O
que é verdade para ti é verdadeiro e o que é verdade para mim é verdadeiro e ponto final.

4. O que é o objetivismo moral?

O objetivismo moral é a teoria defendida por quem acredita na existência de verdades morais
objetivas. Essas verdades não dependem, de modo algum, do ponto de vista de cada indivíduo
ou cultura.
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5. Imaginemos que Joaquim defende que a pena de morte é moralmente errada e que Joana
defende que a pena de morte é moralmente correta. O que diria o objetivista sobre esta
situação?

O objetivista diria que, havendo verdades morais objetivas, há práticas morais objetivamente
erradas. Por isso mesmo, um destes juízos de valor tem de ser objetivamente falso. Um dos
dois – ou o João ou a Joana – tem de estar errado. Uma das práticas é errada em si mesma e
por isso não se pode admitir que as duas opiniões sejam verdadeiras como pretenderia o
subjetivista.

6. Carateriza o determinismo moderado.

O determinismo moderado é a teoria segundo a qual, embora o determinismo seja verdadeiro,


isso não implica a negação da liberdade e da responsabilidade. As nossas ações são
determinadas e contudo livres na condição de sermos a causa das nossas ações. A ação livre
significa sermos capazes de fazer o que queremos fazer sem coerção externa ou interferência
de fatores externos.

7. Distingue determinismo moderado de determinismo radical.

O determinismo moderado é a perspetiva segundo a qual o livre-arbítrio e a responsabilidade


pelo que fazemos não são incompatíveis com o determinismo. O determinismo radical considera
que, sendo verdade que as nossas ações são completamente determinadas, não podemos
conciliar esta crença ou ideia com a crença no livre-arbítrio e na responsabilidade moral.

O que, segundo o determinismo moderado, distingue ações livres de ações não livres é a
natureza das causas que estão na sua origem: as ações livres têm causas internas ou
psicológicas (desejos, crenças), ao passo que as ações não livres têm causas externas. O
determinismo radical considera que há uma ligação causal entre a nossa vontade e as nossas
ações. Contudo, essa ligação não é controlada pela nossa vontade, mas sim pelo nosso
património genético e pela herança cultural e educativa que recebemos e fez de nós o que
somos.

8. Considera as seguintes situações:

a) Um homem sai de casa e dirige-se à esquadra da polícia porque quer confessar a sua
participação num crime.

b) Um homem sai de casa e dirige-se à esquadra da polícia porque alguém lhe apontou uma
arma à cabeça e o aconselhou a confessar o crime dizendo-lhe, que se não o fizesse, as
consequências seriam gravíssimas para a sua família, entretanto refém.

8.1. Como avaliaria um determinista moderado as duas ações?

Alguma delas seria considerada uma ação livre?

Tenta encontrar forma de criticar a tese do determinista moderado.

Lembre-te de que, para um determinista moderado, uma ação é:

a) Livre quando a sua causa imediata são estados internos do agente e b) Não livre quando a
sua causa imediata são estados ou fatores externos que o agente não controla.
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No caso a), a ação é claramente causada por um estado interno: o desejo de confessar o que
fez. A sua ação seria então, de acordo com os deterministas moderados, uma ação livre, sem
constrangimentos externos. Mas será mesmo assim? Imaginemos que o que o faz sair de casa
não é exatamente apenas uma causa interna − o seu desejo de confessar – como também o
facto externo relevante de que a polícia está a caminho de sua casa. A ação parece derivar de
uma combinação complexa de fatores externos e internos.

No caso b), o determinista moderado ou compatibilista diria que a ação não é livre porque a
causa da ação é externa: a arma que alguém aponta à sua cabeça. Trata-se na sua perspetiva
de uma ação compelida. Mas é esta conclusão incontestável? Podemos dizer que não. Podemos
imaginar outra reação. Vejamos: o homem tem uma arma apontada à cabeça, mas também
pode acreditar – causa interna – que a sua vida não tem valor e que, ao morrer, pode
assegurar uma situação financeira estável à sua família – ele acredita que, se morrer, a sua
família terá uma compensação monetária relativa ao seu seguro de vida. Poderia acontecer que
tivesse optado por não obedecer à ordem ameaçadora. Nesse caso, a causa imediata da sua
ação seria interna − o seu desejo de não viver. Mas, nesse caso, a causa imediata da sua ação
seria não a arma apontada à cabeça − causa externa −, mas sim o seu desejo de não viver,
que é uma causa interna. Como, de acordo com o determinismo moderado, ações livres são
ações cuja causa imediata é interna – desejos e crenças –, não teremos de concluir que, apesar
da arma, a ação do homem foi livre?

O problema do determinismo moderado é este: em qualquer ação a causa imediata é sempre


um estado interno – um desejo, seja o de viver ou de confessar, de almoçar ou de jejuar e
assim por diante. O que implica isto? Que o determinista moderado não pode traçar claramente
a distinção entre ações livres e não livres com base na diferença entre causalidade interna e
causalidade externa.

9. O determinismo moderado opõe causalidade interna e externa. A segunda representa a


negação do livre-arbítrio. Mas será que realmente basta que uma ação tenha uma causa interna
− os meus desejos, inclinações e crenças – para que a liberdade da vontade esteja
salvaguardada?

Uma crítica que se faz ao determinismo moderado é a de não explicar o comportamento


compulsivo. Quando alguém age compulsivamente, age de acordo com os seus próprios desejos
e crenças. Contudo, dificilmente se pode dizer que quem o faz é livre. É o caso do
cleptomaníaco. Parece também difícil acreditar que uma pessoa que, por exemplo, seja uma
compradora ou jogadora compulsiva e que, por causa disso, contraia muitas dívidas e destrua o
casamento, seja livre. No entanto, ela ao agir compulsivamente, respeita completamente o
critério do determinismo moderado, segundo o qual uma ação é livre se resultar dos desejos e
crenças da pessoa que a realiza. Isto é claramente contraditório.

10. Apresenta algumas críticas ao determinismo moderado.

1º - Dizer que somos livres exceto quando somos compelidos por forças externas − ameaças,
por exemplo – desvaloriza o facto de que fatores internos como as compulsões e forças
inconscientes podem determinar as nossas ações.

2º - O facto de escolhermos agir de uma certa forma não garante que a nossa escolha seja livre
porque não fomos nós a determinar o nosso caráter e a nossa personalidade. Forças internas e
externas que não controlámos foram a causa da personalidade ou maneira de ser que
apresentamos e determinam o que fazemos.
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3º - Assim, é muito discutível que sejamos realmente livres ou que possamos ter agido de outra
maneira. Não podemos falar de livre-arbítrio, no sentido em que algo poderia ter acontecido de
modo diferente do que aconteceu. As nossas escolhas até podem ser nossas, mas são
determinadas pelo modo como fomos educados ou «construídos».

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