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O Simbolismo no Brasil, oficialmente, durou de 1893 a 1902. Seus principais autores são Cruz e Souza e
Alphonsus de Guimaraens.
O Simbolismo no Brasil (1893-1902) é representado, principalmente, pelos autores Cruz e Sousa (1861-
1898) e Alphonsus de Guimaraens (1870-1921). Cruz e Sousa, um dos poucos autores negros do século
XIX, é identificado pela sua profundidade filosófica, angústia metafísica e obsessão pela cor branca. Já
Alphonsus de Guimaraens possui uma poesia marcada pela forte religiosidade e morbidez.
O Simbolismo surgiu na França, com a publicação do livro As flores do mal (1857), de Charles Baudelaire
(1821-1867). De maneira geral, possui as seguintes características: misticismo, musicalidade, rigor formal,
uso de reticências, valorização do mistério, maiúscula alegorizante e sinestesia. Seus autores duvidavam da
razão e da realidade concreta; por isso, buscavam, por meio dos sentidos, atingir o plano das essências.
Na segunda metade do século XIX, o capitalismo europeu deixava evidente a disparidade social entre a elite
econômica e o proletariado. Se, de um lado, a burguesia enriquecia, de outro, os trabalhadores viviam uma
realidade de miséria. Diante dessa situação, o movimento operário ganhou força e o conflito de classes
tornou-se mais evidente, enquanto as grandes potências realizavam a expansão imperialista, na Ásia e na
África, e empreendiam, estimuladas pelo progresso científico, uma corrida armamentista.
Assim, os artistas recorreram novamente à fuga da realidade. A vida como ela é já não interessava mais a
esses artistas, nem a um povo cansado de tão dura realidade. Assim sendo, as obras de caráter realista,
segundo aqueles mais sensíveis, deveriam ser substituídas pela fantasia.
Cruz e Sousa é o nome mais significativo da poesia simbolista brasileira, até porque esse estilo foi
inaugurado no Brasil quando o autor publicou, em 1893, nos seus livros “Missal e Broquéis”. Além disso,
sua poesia apresenta uma profundidade filosófica, em meio a imagens etéreas (às vezes sombrias), com forte
apelo sensorial, como podemos observar no soneto “Siderações”, do livro Broquéis:
Siderações
Na segunda estrofe, o eu lírico diz que arcanjos tocam cítaras e cantam, enquanto vão abrindo as asas
douradas, estas passam em suas vestes prateadas. A figura do arcanjo é um elemento místico envolto em
elementos sensoriais: “cânticos”, “cítaras”, “prateados” e “ouro”. Aqui, é necessário lembrar que, na
primeira estrofe, as ânsias e os desejos estavam subindo rumo à amplidão, onde estão esses arcanjos.
Na terceira estrofe, o eu lírico fala que um claro incenso sai de turíbulos etéreos, e esse incenso levanta
ondas nevoentas de Visões. Nessa parte do soneto, o caráter impalpável das coisas é evidente: “etéreos”,
“incenso”, “nevoentas”, “Visões”. Mais uma vez, é apresentada uma maiúscula alegorizante, indicando o
poder simbólico da palavra “Visões”, além da presença de mais elementos sinestésicos: “neve”, “aromal”,
“límpido” e “leve”.
E, enfim, na quarta estrofe, o eu lírico fala que as ânsias e os desejos são infinitos e estão ao lado dos
arcanjos, enquanto estes vão expondo os rituais da Eternidade, personificada, que canta nos Astros. Nessa
parte, temos duas maiúsculas alegorizantes, nas palavras “Eternidade” e “Astros”.
Numa perspectiva mais ampla, é possível interpretar o poema de duas formas. Uma delas é entender que,
quando as ânsias e os desejos se vão, o indivíduo encontra a paz. Outra possibilidade é ler esse poema como
uma metáfora para a morte, já que o que caracteriza a existência é justamente as ânsias e os desejos que nela
estão; afinal, viver é desejar, e, sem desejo, não há vida.
E, finalmente, devemos apontar o rigor formal da poesia, metrificada e com rimas, e ressaltar que, segundo a
perspectiva simbolista, não deveríamos analisar esse poema, já que essa é uma atitude racional, mas apenas
nos entregar às sensações que ele provoca, para, assim, atingirmos o plano das essências, que, segundo os
simbolistas, é a verdadeira realidade, pois, no plano concreto, vivemos uma ilusão apenas.
Exercícios
Questão 01 (Enem)
Questão 03 (PUC-RS)
Questão 4