Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO-UFMA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS-CCH


DEPARTAMENTO DE LETRAS
DISCIPLINA:TEORIA DA LITERATURA II
DOCENTE: JOSÉ DINO COSTA CAVALCANTE
DISCENTE: NOEMY PRAZERES SOUSA

Resenha
Filosofia e Literatura

As relações entre Literatura e Filosofia remontam de muito tempo. É possível


perceber evidências filosóficas em diversas obras literárias antigas, que figuram
uma interlocução constante entre essas duas fontes de conhecimento. Diversas
correntes filosóficas estão presentes na produção literária, como o Existencialismo
de Jean Paul Sartre, um filósofo francês que tem grande destaque tanto em
produções de filosofia, quanto literárias. Outra influente corrente é o Pessimismo de
Schopenhauer, conhecido como o “Filósofo da Vontade” que serviu de grande
influência para Machado de Assis. Essas interlocuções entre conhecimentos
resultam em importante questões.

A Filosofia é a busca e o amor pela sabedoria, os filósofos através de suas


reflexões buscam a “verdade universal”. Diversas questões podem ser objeto da
indagação filosófica, por isso a Filosofia tem importantes contribuições para muitas
áreas, sem confundir-se com elas. Dessa forma, pela sua própria natureza, pode
oferecer conceitos importantes para o desenvolvimento das obras literárias.

A busca pela “verdade universal” dialoga com as questões literárias. A


Literatura representa uma reflexão entre a linguagem, a sociedade e o mundo,
através do literário é possível conhecer as ações humanas e sua própria natureza.
Com isso, em variadas produções literárias há fundamentações filosóficas. A
Literatura reflete em diversas produções a sociedade, em seu texto Direitos
Humanos e Literatura, Antonio Candido afirma: “talvez não haja equilíbrio social sem
a literatura” (1989, p.112), assim é possível afirmar que a formação literária é um
fator indispensável para a humanidade e como a Filosofia, também apresenta
conceitos e reflexões de extrema importância para o ser humano.
O literário e o filosófico são conhecimentos precisamente relacionados,
portanto há diversos casos em que filósofos utilizaram-se da Literatura com o fim de
ilustrar seus conceitos. Numerosas correntes filosóficas serviram de influência para
as concepções literárias, o Determinismo, o Positivismo apresentado por Comte e
também o Experimentalismo. Os pressupostos filosóficos mais presentes nas obras
de Literatura são o Existencialismo e o Pessimismo, que apresentaram diversos
conceitos para as produções artísticas.

O Existencialismo tem como tema central a reflexão sobre a existência


humana. O principal teórico existencial é Sartre, o autor utilizou-se da Literatura
para conceituar suas ideias existenciais. A ideia de que a “existência precede a
essência” é um ponto importante na teoria existencialista.

Jean-Paul Sartre escreveu tratados filosóficos, mas também expressou suas


ideias através dos textos literários. A obra “A Náusea” é uma narrativa que tem
como protagonista Antoine Roquentin, um historiador que conta todos os seus
sentimentos e percepções sobre a vida. Apesar de ser um romance, a obra retrata
de forma clara conceitos da filosofia existencialista de Sartre. Essa obra mostra a
relação entre Literatura e Filosofia, onde Sartre procura, através de um romance,
mostrar a busca da consciência sobre a verdadeira natureza da existência, que é o
objeto do existencialismo.

É possível identificar ideias da filosofia que influenciaram a produção de


diversas obras mundialmente conhecidas. As obras da Literatura Brasileira também
possuem traços filosóficos, os ideais filosóficos contemporâneos marcaram
diretamente os processos literários nacionais. A filosofia pessimista, que tem como
principal representante Arthur Schopenhauer, serviu de grande exemplo para os
personagens de Machado de Assis.
A criação literária de Machado é repleta de metáforas, ironias, referências e
momentos mascarados ou revelados, a partir dos quais a percepção filosófica é
possível. Sua escrita é totalmente influenciada por Schopenhauer e a “Filosofia da
Vontade”, onde é perceptível o pensamento pessimista e negativo apresentado na
obra “Memorias Póstumas de Brás Cubas”, o pessimismo se reflete na figura de
Brás Cubas.

O pessimismo na obra de Machado começa em Brás, o protagonista ao


afirmar que não teve filhos para não passar a miséria que é viver, se relaciona
totalmente com a ideia negativa e pessimista da vida. Ele se intitula alguém que não
venceu, que não foi e que perdeu, assim fica claro que Brás considera a vida dor e
sofrimento.

Com tanto desprezo pela existência e tanto pessimismo diante das


circunstâncias da vida, é possível recordar Schopenhauer e sua filosofia da vontade,
onde a vida é determinada por uma vontade insaciável, o homem deseja, mas
nunca se satisfaz. Portanto, é importante ler a narrativa de Machado sob a luz da
influência de Schopenhauer.

O reconhecimento da importância da relação da Literatura e Filosofia é


necessário. Através do estudo dessas relações é possível perceber o
enriquecimento tanto das produções literárias quanto filosóficas. O conhecimento
filosófico e sua busca pela verdade oferece diálogos produtivos das visões de
mundo. Do outro lado, a Literatura com seu âmbito humano também tem
compromisso com a busca da verdade. Além dos conceitos existenciais e
pessimistas, a Literatura também se utilizou dos conceitos filósofos ontológicos, da
liberdade, da miséria e dos fenômenos. As produções literárias necessitam das
produções filosóficas. Essa linha de relação oferece uma melhor compreensão da
sociedade, das ideias, das reflexões, da vida e da humanidade.
Referências Bibliográficas

GAGNEBIN, Jean e Marie. Filosofia e Literatura. Limiar, São Paulo, vol. 3, nº 5 - 1º semestre de
2016. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/limiar/article/view/9243. Acesso em: 18
de janeiro de 2022.

DONIZETI, Pessi; RUSCHEL, Ana Luiza. UMA INTERLOCUÇÃO ENTRE MACHADO DE ASSIS E
SCHOPENHAUER. In: CADERNO DE RESUMOS – IXCICLO DE ESTUDOS DE LINGUAGEM E II
CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESTUDOS DE LINGUAGEM, 2017, Ponta Grossa. Anais
eletrônicos,Campinas, Galoá, 2017. Disponível em: <https://proceedings.science/ciel-caderno-de-
resumos/trabalhos/uma-interlocucao-entre-machado-de-assis-e-schopenhauer>. Acesso em: 18 de
janeiro de 2022.

SANTOS MOUTINHO, Luiz Damon. A lógica do engajamento: literatura e metafísica em Sartre.


Discurso 39, Brcrll-Discurso 39-miolo.indd.p291, 2009. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/discurso/article/download/68271/70983. Acesso em: 18 de janeiro de
2022.

Você também pode gostar