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dos Anjos.
01) Em Eu e outras poesias podem ser encontrados alguns dos temas mais presentes na obra
de Augusto dos Anjos, tais como o amor ingênuo e platônico (fruto da influência da
segunda geração romântica) e a exaltação de elementos nacionais que, não obstante, é
feita de maneira crítica e mordaz.
02) Um dos aspectos mais chamativos nos poemas de Augusto dos Anjos – verificável em Eu e
outras poesias – é sua negação da ciência, que é vista como um elemento capaz de reduzir
as possibilidades de aprimoramento humano presentes na intuição de cunho sentimental.
04) Apesar do título, o volume Eu e outras poesias apresenta exemplos de produções pouco
recorrentes na obra de Augusto dos Anjos: o conto O alienista, que se configura como uma
narrativa poética, e a tragédia “Profissão de fé”, fortemente marcada pelo Simbolismo.
08) A produção literária de Augusto dos Anjos, embora habitualmente situada no
contexto do Pré-Modernismo brasileiro, representa um problema de classificação
estética, de modo que sua obra – na qual se encontram influências do Naturalismo e
do Simbolismo – constitui fenômeno particular e original.
16) No poema “Psicologia de um vencido”, os versos – “Eu, filho do carbono e do
amoníaco, / Monstro de escuridão e rutilância, / Sofro, desde a epigênesis da
infância, / A influência má dos signos do zodíaco” – revelam uma visão sofredora do
mundo, da vida. O “eu” lírico angustia-se diante da previsão da própria morte e do
destino reservado ao cadáver, conforme o verso “Na frialdade inorgânica da terra”
(ANJOS, Augusto. Eu e outras poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 38).
2) Psicologia de um vencido
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como
pré-modernista.
Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas
dessa literatura de transição, como
a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário requintado,
além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como
“Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”.
c) a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”,
“epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do
Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto
existencial.
e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica,
que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.
Psicologia de um vencido
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Augusto dos Anjos, "Eu", Rio de Janeiro, Livr. São José, 1965.
Está(ão) correta(s)
a) apenas II.
b) apenas III.
c) apenas I e II.
d) apenas I e III.
e) apenas II e III.
6) Sobre Augusto dos Anjos e sua obra, assinale o que for correto.
01) Em seus poemas, o eu poético interroga constantemente o mistério da existência e o modo como
os seres se colocam no mundo, especialmente sob a ótica científica da biologia e da química.
02) Há no poeta uma valorização da objetividade e da razão. Porém, o emprego de vocábulos de origem
científica – “moléculas”, “psicogenética” – impossibilita a criação de imagens poéticas capazes de
transcender o sentido literal e de ganhar essência de mistério, comprovando a carência de elementos
próprios da arte literária na poesia de Augusto dos Anjos.
04) Augusto dos Anjos foi o poeta do amor e da volúpia. Cantou a paixão e o desejo erótico em versos
que revelam intensa compulsão sexual.
08) O tema da morte e da consequente decomposição da matéria, presente nos versos de “Budismo
moderno” – “Dissolva-se, portanto, minha vida/ Igualmente a uma célula caída/ Na aberração de um
óvulo infecundo” (Eu e outras poesias, São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 59) –, pode ser associado
tanto à angústia gerada por problemas pessoais quanto às dúvidas e às incertezas frente a um mundo
que se desintegrava diante da ameaça de um conflito mundial.
16) Os versos do soneto “O deus-verme” – “Ah! Para ele é que a carne podre fica,/ E no inventário da
matéria rica/ Cabe aos seus filhos a maior porção – refletem a postura pessimista do poeta, para
quem os elementos vitais – carne, sangue, órgãos – conduzem o homem implacavelmente à morte, ao
Mal e ao Nada.
“ Solilóquio de um visionário”
8) Leia o poema abaixo, de Augusto dos Anjos, e assinale o que for correto sobre o
texto, sobre seu autor e sobre sua obra.
Soneto
Ao meu primeiro filho nascido
morto com 7 meses incompletos
2 fevereiro 1911.
Vocabulário
Noumenalidade: referente a númeno, a realidade tal como existe em si mesma, de forma
independente da perspectiva necessariamente parcial em que se dá todo o conhecimento
humano.
01) A temática da morte do filho, tratada de maneira sentimental quando faz referência ao
natimorto, é um dos elementos caracterizadores de Augusto dos Anjos como
representante da terceira geração romântica brasileira, cujos autores produziram a maior
parte de suas obras na passagem do século XIX para o XX.
02) A utilização de termos como “neuronial”, “morfogênese” e “plásmica” aponta para
uma das características mais marcantes da obra de Augusto dos Anjos: o uso de
termos de cunho científico em seus poemas, procedimento que traz ecos da escola
naturalista.
04) A liberdade formal apresentada no poema, elemento recorrente em um primeiro momento
da obra de Augusto dos Anjos, fez o autor ser tomado como modelo pela geração da
Semana de Arte Moderna de 1922, uma vez que antecipava muitas de suas tendências
formais.
08) Em sua obra, Augusto dos Anjos não se furtou a utilizar vocábulos que destoassem
do padrão oficial de sua época. Ao mesmo tempo, sua obra apresenta termos
filosóficos, frutos de uma visão de mundo pessimista e angustiada, traduzida em
versos que marcam a originalidade do poeta no quadro da poesia brasileira de
então.
16) Embora tenha sido valorizado apenas em momento posterior, Augusto dos Anjos foi
reconhecido por alguns poucos e significativos representantes da literatura de sua época,
como Olavo Bilac, que o aclamou como “príncipe desconhecido dos poetas brasileiros”.
9) Sobre Augusto dos Anjos e sua obra, assinale o que for correto.
10) Assinale o que for correto sobre o poema abaixo e seu autor, Augusto dos Anjos.
A um carneiro morto
Misericordiosíssimo carneiro
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!