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CENTRO PAULA SOUZA

ETEC PROFESSOR ALFREDO DE BARROS SANTOS


ADMINISTRAÇÃO

Isabelle de Paula Fernandes

LITERATURA - MODERNISMO

GUARATINGUETÁ - SP
2023
Sumário:
1. Introdução;
2. Modernismo em Portugal;
3. Heterônimos Fernando Pessoa;
4. Manifesto antropófago;
5. A poética de Oswald de Andrade;
6. Revistas e Manifestos Modernistas;
7. Conclusão.
1. Introdução:
Nesta pesquisa, irei retratar sobre o movimento literário Modernismo e sobre
alguns autores. O Modernismo tomou lugar num período que permeia a
Primeira (1914-1918) e a Segunda (1939-1945) Guerras Mundiais. Na mesma
altura, surgia a Teoria da Relatividade de Einstein e a Psicanálise de Freud,
bem como transformações tecnológicas (eletricidade, telefone, avião, cinema).
Todas essas situações influenciam os pensamentos da época e,
consequentemente o estilo deste novo movimento literário. Em Portugal, em
1910 era proclamada a república e surgem dois partidos políticos. O
Situacionista, numa proposta saudosista, pretendia resgatar os anos de glória
vividos por Portugal. Os Inconformados, por sua vez, almejavam uma ruptura
de padrão e estilo, e propunham a inovação. Assim, com o lançamento da
Revista Águia, os Situacionistas tentam reviver o passado numa pretensão de
incutir nas pessoas o orgulho português oriundo das suas conquistas.

2. Modernismo em Portugal:
O modernismo em Portugal teve início no início do século XX, seguindo o
movimento europeu que buscava romper com as tradições estabelecidas. No
contexto português, o modernismo foi uma resposta à estagnação cultural e
social do país, marcado pelo conservadorismo e pela influência da tradição
literária. Um dos principais marcos do modernismo em Portugal foi a publicação
da revista Orpheu, em 1915. Essa revista literária, liderada por escritores como
Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, apresentou uma
nova estética e trouxe para o país as ideias vanguardistas que estavam em
voga na Europa. Na literatura, o modernismo português se destacou por trazer
uma linguagem mais experimental, rompendo com as formas tradicionais de
escrita. Autores como Fernando Pessoa, considerado um dos maiores
expoentes do modernismo, exploraram a heteronímia, criando diferentes vozes
literárias para expressar diferentes facetas do seu próprio eu. Além da
literatura, o modernismo em Portugal também influenciou outras formas de
arte, como a pintura, a música e a arquitetura. Na pintura, destacaram-se
artistas como Amadeo de Souza-Cardoso e Almada Negreiros, que
experimentaram novas técnicas e estilos. Na música, o modernismo foi
representado por compositores como Fernando Lopes-Graça e Joly Braga
Santos, que trouxeram uma abordagem mais contemporânea e inovadora. No
campo da arquitetura, destacou-se a figura de Álvaro Siza Vieira, que
desenvolveu uma abordagem modernista que combinava o racionalismo com
a sensibilidade para o contexto histórico e cultural de Portugal. O modernismo
em Portugal foi um movimento de grande importância, que trouxe uma
renovação artística e cultural ao país. Contribuiu para a quebra de paradigmas
e para a afirmação de uma identidade cultural mais contemporânea,
influenciando gerações futuras de artistas e intelectuais.
3. Heterônimos de Fernando Pessoa:
Fernando Pessoa, um dos mais renomados poetas da língua portuguesa, é
conhecido não apenas por sua própria poesia, mas também por seus
heterônimos. Os heterônimos são personalidades literárias distintas criadas
por Pessoa, cada uma com sua própria voz, estilo e visão de mundo. Eles são
considerados personagens literários completos, com biografias fictícias e obras
publicadas. Os principais heterônimos de Fernando Pessoa são Alberto
Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares. Cada um deles
representa uma perspectiva diferente sobre a vida e a arte.
Alberto Caeiro é um dos heterônimos mais célebres e influentes de Fernando
Pessoa. Ele é conhecido por sua abordagem poética simples e direta,
caracterizada por uma visão de mundo naturalista e uma conexão profunda
com a natureza. Diferentemente de Pessoa, que explorava múltiplas
personalidades literárias, Caeiro é retratado como um pastor de ovelhas do
campo, sem grandes pretensões intelectuais ou filosóficas. Sua poesia busca
capturar a essência das coisas tal como são, sem a interferência do
pensamento ou da imaginação. A filosofia de Alberto Caeiro é conhecida como
"sensacionismo", que valoriza a experiência sensorial direta e a observação
atenta do mundo natural. Ele acredita que a verdadeira sabedoria está em viver
o momento presente e apreciar a simplicidade e a beleza da natureza,
desprezando qualquer tipo de especulação metafísica. A obra mais conhecida
de Caeiro é intitulada "O Guardador de Rebanhos", uma série de poemas que
retratam suas observações da natureza e sua visão de mundo. Nesses
poemas, ele descreve a relação entre o homem e a natureza de forma íntima
e sensorial, revelando uma profunda conexão com o mundo natural. A poesia
de Alberto Caeiro é marcada por uma linguagem clara e despojada, sem
floreios poéticos ou metáforas complexas. Ele busca transmitir suas
experiências e percepções de forma direta, sem a interferência do intelecto ou
da imaginação. Sua poesia é elogiada por sua simplicidade e capacidade de
despertar uma conexão emocional com o leitor.
Álvaro de Campos é outro dos famosos heterônimos de Fernando Pessoa.
Diferente de Alberto Caeiro, Campos representa uma personalidade mais
complexa e multifacetada. Ele é retratado como um engenheiro naval, viajante
e um indivíduo inquieto em busca de experiências intensas e novas sensações.
A poesia de Álvaro de Campos é marcada por um tom mais vanguardista e
modernista, refletindo a agitação e a turbulência do século XX. Seus poemas
exploram temas como a máquina, o progresso, a velocidade, a angústia
existencial e a alienação, refletindo a influência das correntes artísticas e
filosóficas da época. Ao contrário de Caeiro, Campos é conhecido por sua
linguagem mais experimental e imagética, utilizando metáforas ousadas e
jogos de palavras para expressar suas emoções e reflexões. Sua poesia é
carregada de intensidade e pensamento profundo, muitas vezes abordando
questões existenciais e a busca por significado em um mundo em constante
transformação. Álvaro de Campos é considerado um dos heterônimos mais
complexos e enigmáticos de Pessoa. Sua poesia reflete a busca incessante
por novas experiências e a tentativa de capturar a essência da modernidade.
Ele nos convida a refletir sobre a condição humana diante das mudanças
rápidas e da fragmentação do mundo moderno.
Ricardo Reis é outro dos famosos heterônimos de Fernando Pessoa.
Diferentemente de Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, Reis é retratado como
um médico clássico e conservador, com uma visão de mundo mais estável e
equilibrada. A poesia de Ricardo Reis é fortemente influenciada pela filosofia
estoica, que valoriza a serenidade, a aceitação do destino e o aproveitamento
do momento presente. Seus poemas são caracterizados por uma linguagem
clássica, uso de métricas tradicionais, como o soneto, e referências à mitologia
greco-romana. Reis aborda temas como a fugacidade da vida, a
transitoriedade das coisas e a busca pelo equilíbrio emocional. Sua poesia é
marcada por uma serenidade melancólica e uma contemplação tranquila do
mundo. Ele nos convida a aceitar o fluxo da vida e a encontrar a beleza nas
coisas simples e efêmeras. Ao contrário de Campos, Reis não busca a
inovação ou a experimentação na poesia. Sua abordagem é mais tradicional e
clássica, seguindo os padrões estéticos estabelecidos. No entanto, isso não
diminui a profundidade e a qualidade de sua escrita, que é caracterizada por
um domínio técnico e uma reflexão cuidadosa sobre os temas abordados.
Ricardo Reis é um heterônimo que nos leva a refletir sobre a serenidade e a
aceitação do destino. Sua poesia clássica e contemplativa nos convida a
encontrar a beleza nas coisas simples e efêmeras da vida. Ele nos ensina a
buscar o equilíbrio emocional e a aceitar o fluxo da existência, inspirando-nos
com sua visão serena do mundo.
Bernardo Soares é um dos heterônimos mais conhecidos de Fernando Pessoa.
Diferente de outros heterônimos, como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro
de Campos, Bernardo Soares é considerado um semi-heterônimo, pois
compartilha muitas semelhanças biográficas com Pessoa. Bernardo Soares é
o autor do famoso "Livro do Desassossego", uma obra fragmentária e
introspectiva que reflete as reflexões e angústias do próprio Pessoa. Nessa
obra, Soares se apresenta como um ajudante de guarda-livros, um observador
solitário da vida urbana e um escritor em busca do sentido da existência. Ao
contrário dos outros heterônimos, que têm uma personalidade mais definida,
Bernardo Soares é uma figura mais melancólica e contemplativa. Sua escrita
é marcada por uma profunda introspecção, questionamentos filosóficos e uma
visão pessimista da vida. Soares explora temas como a solidão, a passagem
do tempo, a fugacidade da existência e a incapacidade de encontrar um
propósito definitivo. O "Livro do Desassossego" é uma obra fragmentada e
inacabada, composta por diversos textos, reflexões e pensamentos dispersos.
Isso reflete a própria natureza de Pessoa, um escritor que explorava diferentes
facetas de sua personalidade e buscava expressar todas as suas angústias e
reflexões sobre a vida. Bernardo Soares representa, assim, o lado mais
introspectivo e filosófico de Fernando Pessoa. Sua escrita é densa, poética e
carregada de sentimentos existenciais. O "Livro do Desassossego" é
considerado uma das mais importantes obras da literatura portuguesa e uma
das expressões mais marcantes da genialidade de Pessoa.
4. Movimento Antropófago:
O Movimento Antropofágico foi um importante movimento artístico e cultural
que surgiu no Brasil na década de 1920. Foi liderado por artistas e intelectuais
como Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Raul Bopp, entre outros. O
termo "antropofagia" utilizado pelo movimento fazia referência à prática
indígena de comer carne humana. No entanto, no contexto artístico, o conceito
foi reinterpretado como uma metáfora para a incorporação e transformação de
influências estrangeiras pela cultura brasileira. Os artistas do Movimento
Antropofágico acreditavam na ideia de que o Brasil deveria "devorar" e
assimilar as influências estrangeiras, principalmente europeias, mas de uma
maneira seletiva e transformadora. Eles defendiam a criação de uma cultura
brasileira autêntica, que incorporasse elementos de diferentes culturas, mas os
reinterpretasse de acordo com a realidade e as tradições locais. No campo da
literatura, o Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade em 1928,
foi uma das principais manifestações do movimento. Nele, Andrade propunha
uma poesia que devorasse as influências estrangeiras e criasse uma nova
forma de expressão literária, enraizada na cultura e nas tradições brasileiras.
No campo das artes visuais, Tarsila do Amaral foi uma das principais
representantes do movimento, com suas pinturas que retratavam a realidade
brasileira de forma única e original, combinando elementos do modernismo
europeu com características da cultura brasileira. O Movimento Antropofágico
foi uma importante manifestação cultural que contribuiu para a valorização da
cultura brasileira e para a busca de uma identidade nacional autêntica. Sua
proposta de devorar e transformar influências estrangeiras continua a ser uma
inspiração para artistas e intelectuais até os dias de hoje.

5. Poética de Oswald de Andrade:


A poética de Oswald de Andrade, um dos principais representantes do
modernismo brasileiro, é marcada por sua originalidade, experimentalismo e
engajamento social. Sua obra abrange diferentes formas de expressão,
incluindo poesia, prosa, ensaios e peças de teatro. Oswald de Andrade foi um
escritor que buscou romper com as convenções literárias tradicionais,
explorando novas formas de linguagem e experimentando com a estrutura e o
ritmo de seus textos. Sua escrita é caracterizada por uma linguagem dinâmica,
rica em metáforas e neologismos, que refletem a miscigenação cultural e a
diversidade linguística do Brasil. Um dos pontos centrais da poética de Oswald
de Andrade é a valorização da cultura brasileira e a busca por uma identidade
nacional autêntica. Ele defendia a incorporação de elementos da cultura
popular, indígena e afro-brasileira na literatura brasileira, rompendo com a
influência excessiva da cultura europeia. O Manifesto Antropófago, escrito por
Oswald de Andrade em 1928, é uma das obras mais conhecidas do autor e
representa um marco importante em sua poética. Nesse manifesto, ele propõe
a ideia de que a cultura brasileira deve "devorar" e assimilar as influências
estrangeiras, transformando-as em algo genuinamente brasileiro. Além disso,
a poética de Oswald de Andrade também apresenta um forte engajamento
social e político. Ele abordou temas como a desigualdade social, a exploração
do trabalhador e a luta por justiça social em suas obras. Seus escritos também
refletiram seu posicionamento político, como sua participação no movimento
tenentista e seu apoio ao comunismo. Diante disso, a poética de Oswald de
Andrade é marcada por sua originalidade, experimentalismo linguístico,
valorização da cultura brasileira e engajamento social. Sua obra continua a ser
uma referência importante na literatura brasileira, influenciando gerações de
escritores e artistas.

6. Revistas e Manifestos Modernistas:


As revistas e manifestos modernistas desempenharam um papel fundamental
no movimento modernista, que ocorreu no Brasil entre as décadas de 1920 e
1930. Essas publicações foram espaços de debates, divulgação de ideias e
manifestos artísticos e literários que buscavam romper com as formas
tradicionais de expressão. Uma das revistas mais importantes desse período
foi a Revista Klaxon, lançada em 1922. Editada por Di Cavalcanti, Menotti del
Picchia e Plínio Salgado, a Klaxon foi uma publicação vanguardista que teve
um papel fundamental na disseminação das ideias modernistas no Brasil. Ela
abordava temas como a valorização da cultura brasileira, a experimentação
artística e a crítica à sociedade conservadora da época. Outra revista de
destaque foi a Revista de Antropofagia, criada por Oswald de Andrade em
1928. A Antropofagia propunha a ideia de "devorar" e assimilar as influências
estrangeiras, transformando-as em algo genuinamente brasileiro. A revista
defendia a valorização da cultura popular e indígena, além de uma postura
crítica em relação à sociedade burguesa. Além das revistas, os manifestos
também desempenharam um papel importante no movimento modernista. O
Manifesto Pau-Brasil, escrito por Oswald de Andrade em 1924, propunha uma
literatura brasileira voltada para a realidade do país, valorizando a cultura e a
língua portuguesa. Já o Manifesto Antropófago, também de Oswald de
Andrade, defendia a ideia de "devorar" as influências estrangeiras,
assimilando-as e transformando-as em algo próprio. Essas revistas e
manifestos modernistas foram importantes para a disseminação das ideias do
movimento, que buscava uma ruptura com as formas artísticas e literárias
tradicionais. Eles permitiram a divulgação das ideias de artistas e escritores,
além de promover o debate e a reflexão sobre a cultura e a identidade
brasileira. O impacto dessas publicações foi significativo, influenciando a
produção literária e artística do Brasil nas décadas seguintes.

7.Conclusão:
Em conclusão, o modernismo em Portugal foi um movimento artístico e literário
que teve um impacto significativo na cultura do país. Surgido no início do século
XX, o modernismo português foi marcado por uma forte vontade de renovação,
quebrando com as tradições estabelecidas e buscando uma expressão mais
livre e autêntica. Um dos principais expoentes do modernismo em Portugal foi
Fernando Pessoa, considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa.
Com sua multiplicidade de heterônimos, Pessoa explorou a fragmentação da
identidade e a subjetividade, criando uma linguagem poética única e inovadora.
Além de Pessoa, outros artistas e escritores como Mário de Sá-Carneiro,
Almada Negreiros e Amadeo de Souza-Cardoso também contribuíram para o
movimento modernista em Portugal. Eles buscaram romper com a estética
tradicional, experimentando novas formas de expressão e explorando temas
como o cosmopolitismo, a crítica social e a consciência individual. O
modernismo português também teve um papel importante na renovação da
prosa e do teatro, com autores como José de Almada Negreiros e Luís de Sttau
Monteiro. Suas obras refletiam a agitação e as transformações do período,
questionando as estruturas sociais e políticas vigentes. Apesar das críticas e
resistências que o modernismo enfrentou, seu legado perdura na cultura
portuguesa. Sua influência pode ser percebida até os dias de hoje, tanto na
literatura quanto nas artes visuais e no pensamento crítico. O modernismo em
Portugal foi um movimento de ruptura e renovação, que contribuiu para a
diversidade e a riqueza da cultura do país.

8. Bibliografia:
https://www.todamateria.com.br/modernismo-em-portugal/
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/modernismo-em-portugal
https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/heteronimos-fernando-
pessoa.htm#:~:text=Os%20principais%20heter%C3%B4nimos%20de%20Pes
soa,Ricardo%20Reis%20e%20Bernardo%20Soares.
https://querobolsa.com.br/enem/literatura/movimento-antropofagico
https://jornal.unesp.br/2022/06/21/no-ano-do-centenario-da-semana-de-1922-
registros-de-memorias-de-revistas-modernistas-brasileiras-em-portal-
portugues-expandem-fronteiras-de-pesquisa/
https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2823128
https://www.todamateria.com.br/oswald-de-andrade/

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