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Raphael Haussman
PÓS-MODERNISMO Abaporu é uma das principais obras
de Tarsila do Amaral (1886-1973). A
(1930 – 1945) Poesia intenção de Tarsila era presentear
seu marido, o escritor Oswald de
Andrade. Acabou sendo o marco
inicial de sua fase antropofágica. Em
tupi-guarani, abaporu significa
"homem que come" e a obra inspirou
não apenas seu marido na época,
mas toda uma geração de
modernistas preocupados em
absorver as novas tendências
européias, transformando-as em algo
bem brasileiro. O movimento queria
"modernizar" a cultura, transpor
novos horizontes e apresentar novas
formas em todas as artes.
Influenciados por uma nova estética
européia, buscaram seus temas em
Abaporu, Tarsila do Amaral, 1928.
nossas raízes, em nosso clima e no
Óleo sobre tela.
estilo de vida dos brasileiros.
No período entre guerras as
DISTRIBUIÇÃO DE PORÇÕES moradores dos Estados Unidos
DE SOPA EM NOVA YORK passaram por uma de suas
APÓS A CRISE DE 1929. maiores crises após a queda da
bolsa de Nova York em 1929. A
crise financeira alastrou-se para o
restante do mundo, inclusive no
Brasil, onde, o governo de
Washington Luis se viu obrigado a
comprar sacas de café para que
os fazendeiros não perdessem
seus investimentos. No mesmo
ano, Washington Luis seria
deposto por Getulio Vargas,
apoiado por grande parte da
população brasileira.
CENÁRIO NACIONAL
• 1939: Hitler abandona a Liga das Nações, invade a Polônia dando início a II
Guerra Mundial.
Discurso de Mussolini, Il Duce,
na praça da Catedral de Milão.
Líder do fascismo italiano, Benito
Mussolini (1883-1945) comandou
o governo do país entre 1922 e
1943.
CABE LEMBRAR
É importante lembrar que os autores vanguardistas da Geração anterior
continuavam vivos e atuantes, cada um deles seguindo seu próprio
trajeto literário, comungando ou não com os novos rumos da poesia. Os
novatos, por meios e caminhos diferentes, deram continuidade ao
trabalho de seus antecessores, fortalecendo a poesia brasileira tanto no
que ela tem de próprio, quanta no de universal.
CARLOS DRUMMOND
DE ANDRADE (1902-1987) Aos 18 anos mudou-se/ para Belo Horizonte com a família e,
no ano seguinte, fez amizade com jovens boêmios: Pedro Nava,
Abgar Renault,Emílio Moura, Alberto Campos, João Alphonsus,
entre outros, com os quais lançou o Modernismo em Minas
Gerais, três anos depois. Em 1924, escreveu uma carta a Manuel
Bandeira, confessando admiração pela obra do poeta. No mesmo
ano, com o grupo de intelectuais mineiros, recebeu os
modernistas de São Paulo e Rio de Janeiro: Mário e Oswald de
Andrade, Tarsila do Amaral e o francês Blaise Cendras. A partir
desse episódio, manteve correspondência com Mário até a morte
deste.
No ano seguinte, casou-se com Dolores Dutra de Morais e
concluiu o curso de Farmácia. Como não se adaptava na
profissão, nem às atividades como fazendeiro, passou a lecionar
Português e Geografia. Mais tarde retornou a Belo Horizonte e
chegou a redator-chefe do jornal Diário de Minas. Em 1928, ano
do nascimento de sua filha Maria Julieta, publicou na Revista de
Antropofagia o poema “No Meio do Caminho”, que causou muita
E o hábito de sofrer, que polêmica, por causa das inovações formais e da técnica de
tanto me diverte, é doce reiteração.
herança itabirana. Aos 32 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde
trabalhou como chefe de gabinete do ministro da Educação e
Nascido em Itabira do Mto Dentro, Saúde Pública Gustavo Capanema. Aposentou-se do
estado de Minas Gerais, no ano de funcionalismo aos 60 anos, da crônica aos 82, mas jamais
1902, Carlos Drummond de Andrade, abandonou a poesia.
filho de pequeno fazendeiro, cursou o
Em 5 de agosto de 1987, sua única filha morreu em
primário na cidade natal, o ginásio e o decorrência de um câncer, e o poeta, não suportando a perda,
colégio, entre Itabira, Belo Horizonte e faleceu no Rio de Janeiro, 12 dias depois, deixando algumas
Nova Friburgo. obras inéditas.
O POETA GAUCHE
Carlos Drummond de Andrade foi essencialmente
um poeta. Como cronista, há outros que a ele se
equiparam; mas como poeta, além de João Cabral de
Melo Neto e Manuel Bandeira, nenhum há em terras
brasileiras.
Começou a publicar aos 28 anos, num total de 56
de atividade poética. O melhor de sua produção
concentra-se em seus dez primeiros livros. Era um
autor com rara consciência do ofício, mestre
inequívoco na forma e no conteúdo
PRINCIPAIS OBRAS
• Alguma Poesia (1930) • As Impurezas do Branco (1973)
• Brejo das Almas (1934) • Menino Antigo (Boitempo II) (1973)
• Sentimento do Mundo (1940) • Discurso de Primavera e Algumas
• José, publicado em Poesias (1942), Sombras (1977)
e em José & Outros (1967) • A Paixão Medida (1980)
• A Rosa do Povo (1945) • Nova Reunião, (1983 – reune 19 livros)
• Novos Poemas (1948) • Corpo (1984)
Capa do livro alguma Poesia, Carlos • Claro Enigma (1951) • Amar se Aprende Amando (1985)
Drummond de Andrade, 1930. • Fazendeiro do Ar (1954) • Poesia Errante (1988)
• A Vida Passada a Limpo (1955) • O Amor Natural (1992)
A primeira publicação de Drummond • Lição de Coisas (1962) • Farewell (1996)
é um dos marcos iniciais da segunda • Boitempo & A Falta que Ama (1968)
fase do Modernismo brasileiro. • Reunião (1969 - compilação de dez livros acima)
O FAZER POÉTICA NA OPINIÃO DO AUTOR
Quando solicitaram a Carlos Drummond de Andrade uma autobiografia para prefaciar
um de seus livros, afirmou: Entendo que poesia e negócio de grande responsabilidade, e
não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje par dor-de-cotovelo, falta
de dinheiro ou momentânea tomada de cantata com as forças líricas do mundo, sem se
entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e
mesmo da ação. Até as poetas se armam, e um poeta desarmado e, mesmo, um ser a
mercê de inspirações fáceis, dócil as modas e compromissos.
MARCUS VINITIUS?
O pai do poeta, que tinha gosto pelas línguas clássicas, o registrou
com o nome "Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes", porém, aos
nove anos, Vinicius pediu retificação do registro e passou a ser
oficialmente "Vinicius de Moraes".
Placa da esquina da
Mulata. Emiliano Di Cavalcanti, 1938.
Avenida Tom Jobim com a Óleo sabre tela.
Rua Vinicius de Moraes, Não sabemos se Di Cavalcanti pintou
Vinicius em suas cores tão brasileiras
em Ipanema, Rio de ou se Vinicius cantou em versos, em
Janeiro. 1963, a amigo pintar: " ...Que bom
existas, pintor Enamorado das ruas
Que bom vivas, que bom sejas ... "
Cabe lembrar que, alem de poeta e
Poética
dramaturgo foi excelente cronista,
retratando com originalidade o
De manhã escureço
mundo de seu tempo.
De dia tardo
De tarde anoiteço
PRINCIPAIS OBRAS De noite ardo.
A oeste a morte
• Caminho Para a Distância (1933)
Contra quem vivo
• Forma e Exegese (1935) Do sul cativo
• Ariana, a Mulher (1936)
• Novas Poemas (1938) Oeste e meu norte.
• Cinco Elegias (1943) Outros que contem
Passo por passo:
• Poemas, Sonetos e Baladas (1946)
Eu morro ontem
• Pátria Minha (1949)
Nasço amanhã
• Livro de Sonetos (1957)
Ando onde há espaço:
• Novas Poemas, II (1959) - Meu tempo e quando.
• Para Viver um Grande Amor
(1962 - poemas e cronicas) (MORAES, Vinicius de. Antologia Poética.
Rio de Janeiro: Jose Olympia, 1980.)
A AUSENTE
(Idem, Ibidem)
lmagem da explosão
de Nagasaki
no Japão,
9 de agosto de 1945,
efetuada pela armada
norte-americana.
A Bomba Atômica
(...)
II
A bomba atômica e triste Pomba tonta, bomba atômica
Coisa mais triste não há Tristeza, consolação
Quando cai, cai sem vontade Flor puríssima do urânio
Vem caindo devagar Desabrochada no chão
Tão devagar vem caindo Da cor pálida do helium
Que da tempo a um passarinho E odor de rádium fatal
De pousar neta e voar... Loelia mineral carnívora
Coitada da bomba atômica Radiosa rosa radical.
Que não gosta de matar!
Nunca mais, oh bomba atômica
Coitada da bomba atômica Nunca, em tempo algum, jamais
Que não gosta de matar! Seja preciso que mates
Mas que ao matar mata tudo Onde houve morte demais:
Animal e vegetal Pique apenas tua imagem
Que mata a vida da terra Aterradora miragem
E mata a vida do ar Sobre as grandes catedrais:
Mas que também mata a guerra ... Guarda de uma nova era
Bomba atômica que aterra! Arcanjo insigne da paz!
Pomba atônita da paz! (...)
JORGE DE LIMA (1895 – 1953)
“Era daltônico o anjo que o coseu,
e se era anjo, senhores, não se sabe,
que muita coisa a um anjo se assemelha.”
(Jorge Lima)
Jorge Mateus de Lima e alagoano de União dos Palmares. Aos nove anos transferiu-se
para Maceió, onde concluiu seus estudos scenarios no Colégio Diocesano. Mudou-se para
Salvador e, com apenas 15 anos, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia,
transferindo-se para o Rio de Janeiro onde se diplomou e iniciou a sua carreira literária.
Poesia
• XIV Alexandrinos (1914)
• O Mundo do Menino Impossível (1925)
• Poemas (1927)
• Tempo e Eternidade (1935 – em
parceria com Murilo Mendes)
• A Túnica Inconsútil (1938)
• Poemas Negros (1947)
• Invenção de Orpheu (1952)
Romance
• Salomão e as Mulheres (1927) Capa dos Poemas Negros,
• O Anjo (1934) Jorge de Lima, 1947. Com
• Calunga (1935) ilustrações de Lasar Segall.
Manequim de Mulher sem Rosto. Jorge de Lima, s.d.
Fotomontagem.
Senhor Jesus, o século está pobre. Eu quero uma voz mais forte que o poema,
Onde é que vou buscar poesia? mais forte que o inferno, mais dura que a morte:
Devo despir-me de todos os mantos, eu quero uma força mais perto de Vós.
os belos mantos que o mundo me deu. Eu quero despir-me da voz e dos olhos,
Devo despir o manto da poesia. dos outros sentidos, das outras prisões,
Devo despir o manto mais puro. não posso Senhor: o tempo está doente.
Senhor Jesus, o século está doente,
o século está rico, o século está gordo. Os gritos da terra, dos homens sofrendo
me prendem, me puxam - me dai Vossa mão.
Devo despir-me do que e belo,
devo despir-me da poesia,
devo despir-me do manto mais puro (LIMA, Jorge de. Poesia Completa. Rio de Janeiro:
que o tempo me deu, que a vida me dá. Nova Fronteira, 1980.)
(Murilo Mendes)
Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro, em 1901, três meses após a morte de seu pai. Perdeu
a mãe aos dois anos e foi criada pela avó materna, Jacinta Garcia Benevides. Cursou o primário em
escola públi-ca e formou-se professora primária aos 16 anos.
Alma sofisticada, tinha verdadeira paixão pelos livros, pelo saber e pelas artes: estudou vários
idiomas, canto e violino. Em suas aulas usava os versinhos e cantigas compostos desde o primário.
Na adolescência, começou a escrever de maneira mais disciplinada, publicando seu primeiro livro,
Espectros, aos 16 anos.
Aos 21 anos casou-se com o artista plástico português Fernando Correa Dias, que passou a
ilustrar suas obras. Dessa união nasceram três filhas.
Com a publicação de Viagem, em 1939, premiado pela Academia Brasileira de Letras ela retoma
sua atividade poética. Casou-se novamente no ano se-guinte e foi convidada a lecionar Cultura
Brasileira na Universidade do Texas; tornou-se também conferencista internacional. A década de
1950 foi de pros-peridade e de reconhecimento. Intensificou suas pesquisas sobre História e
Folclore brasileiros e suas viagens ao exterior. Recebeu em Nova Delhi o título de doutor honoris
causa. Faleceu no Rio de Janeiro em 1964.
Em 1934, Cecília Meireles e o
marido inauguraram a
primeira biblioteca infantil do
país: O Centro de Cultura
Infantil do Pavilhão Mourisco,
no Rio de Janeiro. Hoje,
Fundação Oswaldo Cruz em
Manguinhos, na zona norte do
Rio de Janeiro.
PRINCIPAIS OBRAS