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Fernando Pessoa foi um poeta, escritor e filósofo português, considerado um dos mais
importantes poetas do século XX. Nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa, Portugal, e
cresceu em Durban, África do Sul, onde o seu pai era cônsul português. Aos 17 anos, Pessoa
voltou a Lisboa e continuou os estudos, mostrando desde cedo um interesse pela literatura e
pela escrita.
A vida de Fernando Pessoa foi marcada por uma intensa produção literária e pela criação de
múltiplos heterônimos, personagens fictícios com estilos e vozes literárias distintas, com os
quais ele escrevia suas obras. Os principais heterônimos de Pessoa incluem Álvaro de Campos,
Ricardo Reis e Alberto Caeiro, cada um com sua própria maneira de escrever e visão do mundo
que os rodeava.
Ao longo de sua vida, Pessoa trabalhou como correspondente comercial, tradutor, crítico
literário e publicitário. Ele também fundou diversas revistas literárias e teve uma intensa troca
de correspondência com outros escritores e intelectuais da época. No entanto, durante a sua
vida, Pessoa não publicou muitas obras no seu nome próprio e foi apenas reconhecido como
um grande escritor após sua morte.
Apesar de seu talento literário, Pessoa teve uma vida pessoal conturbada e solitária. Era
conhecido por ser introvertido, melancólico e ter problemas de saúde, incluindo problemas
mentais. Pessoa nunca se casou e não teve filhos. Ele também enfrentou dificuldades
financeiras ao longo de sua vida, o que o levou a trabalhar em diferentes empregos para se
sustentar.
Fernando Pessoa faleceu em 30 de novembro de 1935, aos 47 anos, em Lisboa, devido a uma
cólica hepática aguda. Apesar de ter vivido uma vida curta, o seu legado literário é imenso. A
obra continua a ser estudada e admirada em todo o mundo, e ele é considerado uma figura
seminal da literatura moderna e do movimento literário conhecido como "Modernismo" em
Portugal.
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Obras póstumas
Ricardo Reis é um dos principais heterônimos criados por Fernando Pessoa. As suas obras são
conhecidas pelas suas características temáticas e formais distintas
Características Temáticas:
Classicismo: Ricardo Reis é conhecido por seu estilo clássico, inspirado na poesia lírica
renascentista e neoclássica. Suas obras apresentam uma visão estoica e serena da vida, com
ênfase na aceitação do destino e na busca da sabedoria.
Epicurismo: Ricardo Reis é influenciado pela filosofia epicurista, que prega a busca do prazer
moderado e a serenidade como forma de alcançar a felicidade. Suas obras frequentemente
abordam a temática do prazer sensível, da fugacidade da vida e da necessidade de aproveitar o
momento presente.
Universalismo: Ricardo Reis tende a tratar de temas universais e atemporais, como o amor, a
morte, a natureza e a passagem do tempo. Suas obras são marcadas por uma visão estoica e
transcendental da existência humana, que busca compreender a natureza efêmera e transitória
da vida.
Características Formais:
Forma fixa: As obras de Ricardo Reis são frequentemente escritas em forma fixa, como as odes,
seguindo uma estrutura clássica de estrofes e versos regulares. Ele utiliza um vocabulário culto
e uma linguagem cuidada, com métrica e ritmo elaborados, inspirados na poesia clássica.
Referências mitológicas: Ricardo Reis faz uso frequente de referências mitológicas em suas
obras, evocando figuras e temas da mitologia greco-romana, como deuses, musas e heróis,
para expressar suas ideias e emoções.
Génese da het
eronímia
A génese da heteronímia, um dos aspetos mais distintivos da obra de Fernando Pessoa, pode
ser atribuída a diversos fatores e influências em sua vida e trajetória literária.
Natureza multifacetada de Pessoa: Desde cedo, Fernando Pessoa mostrou ter uma
personalidade complexa e multifacetada, com diferentes personas e vozes literárias. Ele tinha
uma capacidade única de se desdobrar em diferentes identidades, experimentando diversos
estilos e perspetivas literárias. Essa natureza multifacetada pode ter contribuído para a sua
criação de heterônimos, como uma forma de expressar plenamente sua rica vida interior e sua
diversidade criativa.
Influências literárias e filosóficas: Pessoa foi influenciado por diversas correntes literárias e
filosóficas ao longo de sua vida, como o simbolismo, o esoterismo, o classicismo e o
modernismo. Essas influências podem ter alimentado sua imaginação e levado à criação de
heterônimos como formas de explorar diferentes estilos literários e expressar diferentes visões
de mundo.
Busca pela identidade e autenticidade: Pessoa lutou ao longo de sua vida para compreender
sua própria identidade e encontrar sua verdadeira voz literária. A criação de heterônimos pode
ter sido uma forma de Pessoa explorar diferentes personas literárias como uma tentativa de
encontrar sua autenticidade e expressar sua verdade interior de maneiras variadas.
Busca pela liberdade criativa: A criação de heterônimos pode ter sido uma forma de Pessoa
explorar a liberdade criativa de se expressar através de diferentes vozes literárias, sem
restrições ou limitações. Os heterônimos permitiram a Pessoa experimentar e desafiar as
convenções literárias de sua época, explorando uma ampla gama de estilos e temas.
Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares são três dos heterônimos mais conhecidos
de Fernando Pessoa. Cada um deles possui características temáticas e formais distintas:
Ricardo Reis: É um heterônimo que se apresenta como um médico e poeta clássico, com uma
forte influência da poesia greco-latina. Sua poesia é marcada pela busca da serenidade, da
ordem e da harmonia, e frequentemente lida com temas como a fugacidade da vida, a
natureza efêmera do tempo e a aceitação estoica do destino.
Bernardo Soares: É um semi-heterônimo, ou seja, uma figura que representa uma espécie de
alter ego do próprio Fernando Pessoa. Bernardo Soares é um ajudante de guarda-livros que
escreve prosa poética em forma de diário, expressando uma visão introspectiva e melancólica
do mundo, com reflexões sobre a solidão, a existência e a natureza da escrita.
Essas são algumas das características temáticas e formais associadas a Ricardo Reis, Álvaro de
Campos e Bernardo Soares, três dos heterônimos mais distintos e complexos criados por
Fernando Pessoa. Cada um deles representa uma voz poética única, com seu próprio estilo e
perspetiva de mundo
O poema "Uns, com os olhos postos no passado" é um soneto escrito por Fernando Pessoa,
mais especificamente por seu heterônimo Ricardo Reis. É um poema que reflete sobre a
passagem do tempo e a importância de viver plenamente o momento presente, em contraste
com aqueles que se voltam excessivamente para o passado ou para o futuro.
Estrutura: O poema é um soneto, uma forma fixa de poesia composta por quatro estrofes de
quatro versos cada, com esquema de rima ABAB CDCD EFEF GHGH. A estrutura formal do
soneto confere uma sensação de equilíbrio e harmonia ao poema, o que é condizente com o
estilo clássico de Ricardo Reis.
Anáfora: a repetição do pronome "uns" no início dos versos 1 e 2 cria uma anáfora que enfatiza
a dualidade de perspectivas sobre o tempo, destacando aqueles que se voltam para o passado
e aqueles que se voltam para o futuro.
Metáfora: a expressão "colher o dia" no último verso é uma metáfora que representa a ideia de
aproveitar o momento presente como se fosse uma colheita, sugerindo a importância de viver
plenamente o presente.
Estilo: O estilo do poema é clássico, com linguagem elaborada e uso de formas fixas, como o
soneto. É marcado pela objetividade e pela visão estoica de Ricardo Reis, característica desse
heterônimo de Fernando Pessoa.
Em resumo, o poema "Uns, com os olhos postos no passado" de Ricardo Reis aborda a
importância de viver plenamente o presente, destacando a efemeridade do tempo e a
necessidade de aproveitar o momento atual, em contraste com aqueles que se fixam no
passado ou no futuro. É uma reflexão sobre a transitoriedade da vida humana e a importância
de valorizar o presente como o único momento real e concreto que temos.