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“LEANDRO FRANCESCHINI”
Ensino Médio com Habilitações Profissionais
Sumaré
2010
E. M. DR. “LEANDRO FRANCESCHINI”
Ensino Médio com Habilitações Profissionais
Sumaré
2010
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SUMÁRIO
1. FERNANDO PESSOA 3
1.1. Biografia 3
1.2. Poesia de Pessoa 4
1.2.1. Poesia em Inglês 4
1.2.2. Poesia Lírica 4
1.2.3. Poesia Histórico-nacionalista 5
1.3. Estilo Literário 6
1.3.1. Sentimentos e temáticas 6
1.3.2. Características Estilísticas 7
1.4. Poema: Identidade 8
1.5. Heteronímia 9
2. ÁLVARO DE CAMPOS 10
2.1. Temas 10
2.2. Estilo 11
2.3. Poema: Ode Triunfal (Fragmento) 11
3. RICARDO REIS 12
3.1. Temas 12
3.2. Estilo 13
3.3. Poema: Consciência 13
4. ALBERTO CAEIRO 14
4.1. Características: 14
4.2. Características Estilísticas 15
4.3. Poema: Acho tão natural que não se pense 16
5. BIBLIOGRAFIA 17
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1. FERNANDO PESSOA
1.1. BIOGRAFIA
As obras e a poesia produzida por Fernando Pessoa (ele mesmo), pode ser
dividida em três grupos: poesias em inglês, lírica e histórico-nacionalista.
Grande parte desse tipo de poesia, escrita por Fernando Pessoa, está reunida
nos livros “Cancioneiro” e “Quadras”. Cancioneiro é o nome dado ao conjunto de
cantigas trovadorescas espanholas ou portuguesas. Neste livro, estão reunidas
poesias com características de antigos textos literários, forte influência do
Simbolismo e reflexões sobre a criação artística. Essa reflexão é clara em
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“Autopsicografia”, em que, segundo ele, “O poeta é um fingidor (...) [que cria] um
mundo fictício para representar o mundo real”.
Outra característica importantíssima em Cancioneiro é o interseccionismo,
teoria elaborada por Pessoa. Nela, ele une dois mundos – o exterior e o interior – e
trabalha com a união de ambos para expressar um sentimento ou realidade. Em
“Hora Absurda”, ele diz: “Hoje o céu é pesado como a ideia de nunca chegar a um
porto...”. Ele constrói a descrição de uma situação através da mistura de percepções
externas e internas. Para compreender todo o contexto, essas duas paisagens não
podem ser interpretadas separadamente.
Poucos anos antes de morrer, Fernando Pessoa também produziu quadras
portuguesas. A principal característica dessa quadra é a métrica composta por
redondilhas maiores. Esses versos de sete sílabas eram muito usados por poetas
medievais (Trovadorismo e Humanismo), antes da introdução da medida nova.
Há registros de mais de 400 quadras escritas por Pessoa, muitas não datadas.
É cogitado que esses versos seriam usados em um livro. Em 1965, muitos desses
versos foram organizados e publicados sob o título “Quadras ao Gosto Popular”. Em
1997, a edição foi incrementada com mais de 100 quadras, e republicada sob o título
de “Quadras”.
Fernando Pessoa, ao utilizar a medida velha, mostrou a capacidade de
renovação de conceitos e a ligação com o povo, pois tal medida remete às tradições
lusitanas e foi criada pelo povo na era medieval. Assim, a poesia lírica de Pessoa
tem um caráter saudosista, pois tenta trazer de volta as antigas tradições do povo
português.
Fernando Pessoa era, de fato, um grande poeta. No entanto, sua fama não se
deve apenas às suas obras: Pessoa foi o único poeta até o presente a criar diversas
identidades, chamadas heterônimos. Heterônimo é o nome dado a personalidades
complexas, criadas pela mente de outra pessoa e coexistindo nesta. O talento do
escritor ao criar personalidades pode ser considerado natural. Aos 6 anos de idade,
ele já havia criado seu primeiro heterônimo, chamado Chevaller de Pas.
O conceito mais conhecido – pseudônimo – não é sequer semelhante aos
heterônimos. Neste primeiro, o autor do pseudônimo apenas cria um nome, uma
assinatura para suas publicações, enquanto no último, há todo um processo de
criação, resultando numa personagem com nome, família, história, infância,
características físicas, literárias e pessoais.
Desta forma, uma biografia de Fernando Pessoa necessitaria de diversos
desdobramentos para que fosse efetivamente completa. Ao total, contam-se 72
nomes diferentes, todos criados por Pessoa, entre heterônimos e semi-heterônimos.
Dentre eles, destacam-se os principais: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo
Reis. Cada um destes possuía uma linguagem própria, além das outras
características distintas.
Devido ao fato de ter criado tantas versões de si mesmo, Fernando Pessoa
passou a ser chamado de ortônimo quando escrevia usando a personalidade que
todos acreditavam ser a real. Nos demais casos, seus heterônimos era definidos por
seus próprios nomes. Houve casos, inclusive, em que Fernando Pessoa se passou
por um de seus heterônimos.
Muito provavelmente, Pessoa sofria de algum distúrbio de personalidade. No
entanto, em uma mente brilhante, esse distúrbio pôde se transformar em arte. O que
geralmente seria chamado insanidade, é reverenciado, estudado e admirado. O que
fez de Pessoa um poeta tão especial foi sua doença, sua deficiência, que foi
controlada por ele de modo a dar vida a outros escritores que nunca existiram.
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2. ÁLVARO DE CAMPOS
2.1. TEMAS
Nível fônico
o Poemas muito extensos e poemas curtos;
o Versos brancos e versos rimados;
o Assonâncias, onomatopéias exageradas, aliterações ousadas;
o Ritmo crescente/decrescente ou lento nos poemas pessimistas.
Nível morfo-sintático
o Na fase futurista, excesso de expressão: enumerações exageradas,
exclamações, interjeições variadas, versos formados apenas com
verbos, mistura de níveis de língua, estrangeirismos, neologismos,
desvios sintáticos;
o Na fase intimista, modera o nível de expressão, mas não abandona a
tendência para o exagero.
Nível semântico
o Apóstrofes, anáforas, personificações, hipérboles, oximoros, metáforas
ousadas, polissíndetos.
3.1. TEMAS
Tirem-me os deuses
Seus fundamentos
Em seu arbítrio
São todo o mundo,
Superior e urdido às escondidas
Seu amor é o plácido Universo.
O Amor, gloria e riqueza.
Sua riqueza a vida.
Tirem, mas deixem-me, A sua glória
Deixem-me apenas É a suprema
A consciência lúcida e solene Certeza da solene e clara posse
Das coisas e dos seres. Das formas dos objectos.
"Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem
educação quase alguma, só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-
se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia avó.
Morreu tuberculoso."
Nasceu em 1889, em Lisboa, e morreu em 1915, mas viveu quase toda a sua
vida no campo. Não teve profissão, e educação quase nenhuma: apenas a instrução
primária. Era de estatura média, frágil, mas não o aparentava. Era louro, de olhos
azuis. Ficou órfão de pai e mãe muito cedo e deixou-se ficar em casa a viver dos
rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Escrevia mal o Português. É o
pretenso mestre de A. de Campos e de R. Reis. É anti-metafísico; é menos culto e
complicado do que R. Reis, mas mais alegre e franco. É sensacionista.
Mestre de Pessoa e dos outros heterônimos, Caeiro dá especial importância ao
ato de ver, mas é sobretudo inteligência que discorre sobre as sensações, num
discurso em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo. Passando a observar o
mundo, personifica o sonho da reconciliação com o universo, com a harmonia pagã
e primitiva da Natureza.
Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive no
presente, não querendo saber de outros tempos, e de impressões, sobretudo
visuais, e porque recusa a introspecção, a subjetividade, sendo o poeta do real
objetivo.
Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem
desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vício de pensar, o ser
um ser uno, e não fragmentado.
4.1. CARACTERÍSTICAS:
Objetivismo:
o apagamento do sujeito, atitude antilírica;
o atenção à “eterna novidade do mundo”;
o integração e comunhão com a Natureza.
Sensacionismo:
o poeta das sensações tal como elas são;
o poeta do olhar;
o predomínio das sensações visuais e das auditivas;
o o “Argonauta das sensações verdadeiras”;
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Anti-metafísico
o “Há metafísica bastante em não pensar em nada.”;
o recusa do pensamento (“Pensar é estar doente dos olhos”);
o recusa do mistério;
o recusa do misticismo.
Panteísmo Naturalista
o tudo é Deus, as coisas são divinas (“Deus é as árvores e as flores / E
os montes e o luar e o sol...”);
o paganismo;
o desvalorização do tempo enquanto categoria conceptual (“Não quero
incluir o tempo no meu esquema”);
o contradição entre “teoria” e “prática”.