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Fernando Pessoa
O que é um ortónimo?
Características:
Expoente modernista
• É quando o autor da obra assina com seu próprio nome
– o autor teve a experiência real daquela criação Grupo de Orpheu (1915)
literária. Criticava o conservadorismo
• Na revista Presença de 1928 (Nº17), Pessoa explicou Possui um nacionalismo crítico
na sua própria tábua bibliográfica que ortónimo é o
termo usado para referir a autoria dos poemas, textos, Saudosismo
obras publicadas e assinadas por Pessoa.
Fernando Pessoa 2
Livros publicados por ortónimo (nome próprio)
Fernando Pessoa 3
Poema ortónimo: Impressões do Crepúsculo – I» (1914)
Fernando Pessoa 4
Poema ortónimo: Passos da Cruz – II» (1916)
Eu sou um rei
Que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Parte I - Brasão: os poemas tratam das personagens míticas e históricas da origem, fundação e constituição de
Portugal. Figuras como a de Ulisses (presente na Ilíada e na Odisseia que teria fundado Lisboa), Viriato, d. Henrique, d.
Afonso I, entre outros nobres e monarcas que fazem parte da história estão presentes no enredo. Os poemas da
primeira parte foram edificados tendo como referência o Brasão de Armas de Portugal e é a partir dessa figura que o
poeta recria a história portuguesa.
Parte II - Mar Português. Há na segunda parte da obra, Mar Português, uma diferença entre a primeira e a terceira, já
que nesta os 12 poemas não são divididos. O autor traz o momento da expansão marítima, tempo do apogeu do
império Português, refazendo a cronologia das navegações e de suas conquistas ao decorrer do tempo. Personagens
importantes também aparecem aqui, como é o caso de Vasco da Gama. Nessa seção também se encontra o poema
mais conhecido de Mensagem: Mar Português.
Parte III- O Encoberto: Na terceira parte da obra, o autor dá enfoque aos mitos do sebastianismo e do Quinto império
nas três seções: Os símbolos, Os Avisos e Os Tempos. O mito do retorno de d. Sebastião faz referência ao momento
em que Portugal irá novamente se reestabelecer e voltar aos tempos de apogeu, já o Quinto Império refaz a ideia de
um império universal, cultural e captaneado pela influência de uma língua, e não pela ação bélica.
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Fernando Pessoa
Obras publicadas com ortónimo
Antinous
35 Sonnets
English poems I-II
English poems III
Mensagem
Quadras
Canções de beber
Poesia do cancioneiro
E cerca de 200 poemas avulsos
Fernando Pessoa 6
AUTOPSICOGRAFIA
(Criador – O poeta cria uma realidade outra, advinda do pensamento, ou seja, finge a realidade ao escrever o
que pensa ou sentiu.)
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor → Dor fingida - pensamento
A dor que deveras sente. → Dor sentida - sentimento
E os que lêem o que escreve → Leitores
Na dor lida sentem bem → Dor lida – pensamento (interpretação que o(s)
Não as duas que ele teve leitores faz(em) do poeta que leu(ram)
Mas só a que eles não têm
E assim nas calhas de roda → Vida (metáfora)
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda → Coração
Que se chama coração → Sentimento
Fernando Pessoa
ü Faustino Antunes
Alberto Caeiro
ü Frederico Reis
Álvaro de Campos
ü Frederick Wyatt
Ricardo Reis
ü Henry More
António Mora
ü I. I. Crosse
Charles James Search
ü Jean Seul
Alexander Search
ü Joaquim Moura Costa
António Seabra
ü Maria José
Barão de Teive
ü Pantaleão
Bernardo Soares
ü Pêro Botelho
Carlos Otto
ü Raphael Baldaya
Charles Robert Anon
ü Thomas Crosse
Coelho Pacheco
ü Vicente Guedes
Heteronímia
Antes de Nós
Antes de nós nos mesmos arvoredos
Passou o vento, quando havia vento,
E as folhas não falavam
De outro modo do que hoje.
Passamos e agitamo-nos debalde.
Não fazemos mais ruído no que existe
Do que as folhas das árvores
Ou os passos do vento.
TABACARIA
IX
• Ele reflete sobre a sensação de ser menos do que humano ou ser tão pouco sendo humano:
Era a ocasião de estar alegre. Mas pesava-me qualquer coisa, uma ânsia desconhecida, um desejo sem definição, nem até reles.
Tardava-me, talvez, a sensação de estar vivo. E quando me debrucei da janela altíssima, sobre a rua para onde olhei sem vê-la,
senti-me de repente um daqueles trapos úmidos de limpar coisas sujas, que se levam para a janela para secar, mas se esquecem,
enrodilhados, no parapeito que mancham lentamente.
• A saudade é um tema recorrente no diário do ajudante de guarda-livros. Saudade do patrão Vasques, da mãe, “do outro que
eu poderia ter sido”, “de não ser filho”, “dos tanques das quintas alheias”, “do futuro”, “do que nunca houve”, “da infância
de que não tenho saudades”, “do exílio impossível”, “do normal que nunca fui” e, por fim:
Saudades! Tenho-as até do que me não foi nada, por uma angústia de fuga do tempo e uma doença do mistério da vida. Caras que via
habitualmente nas minhas ruas habituais — se deixo de vê-las entristeço; e não me foram nada, a não ser o símbolo de toda a vida
resumos
Livro do Desassossego