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Fernando Pessoa

João Torres

Funchal, 22 de Outubro de 2022

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Conteúdo
Fernando Pessoa - vida, obra, e contextualização histórico-literária 3
Pseudónimo V.S. Heterónimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Linguagem e estilo 5
Ortónimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Alberto Caeiro (heterónimo) para comparação . . . . . . . . . . . . . 5

Fases/Teses literárias de Fernando Pessoa ortónimo 6


Fingimento artístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Dor de Pensar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Sonho e realidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Nostalgia da infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Analise, interna e externa, de Não sei se é sonho, se realidade 8

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Fernando Pessoa - vida, obra, e contextualização
histórico-literária
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu
a 13 de Junho de 1888, no Largo de São Carlos,
em Lisboa, Portugal. Foi poeta, crítico literário,
tradutor, filósofo, entre outras coisas. É hoje o
nome da literatura portuguesa mais reconhecido
no mundo e foi uma das pessoas mais importantes
para a literatura portuguesa no séc. XX.
Escrevia desde muito pequeno em português es-
pecialmente, mas também o fazia em inglês e
francês.
Aos 7 anos mudou-se para África do Sul onde
aprendeu a língua inglesa o que permitiu com que
ele escrevesse e traduzisse de inglês para portu-
guês.
Aos 18 anos voltou para Lisboa.
Em 1915 juntamente com vários poetas como Má-
rio de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, criaram Figure 1: Fernando Pessoa,
a revista Orpheu. Álvaro de Campos também foto tirada em 1915
esteve presente nesta revista. Esta revista intro-
duziu o modernismo em Portugal e fez parte do
«legado cultural da chamada Geração d’Orpheu».
Foram apenas publicados dois números desta re-
vista.
A época do Modernismo começou no final do séc. XIX até o final da Segunda
Guerra Mundial. Era uma época de «convulsões sociais, de conflitos armados,
de regimes políticos autoritários, [. . . ]».
Em 1934 Fernando Pessoa publicou o seu primeiro livro. Chama-se Mensagem e
é composto por 44 poemas.
Este é o único livro completo publicado pelo autor já que 1 ano depois a 30 de
novembro de 1935, com 47 anos, Pessoa morreu.
Além de escrever em seu nome próprio, escreveu também no corpo de outras
personagem, fictícias, mas com personalidade. Chamamos eles de heterónimos.
Algumas destas figuras tinham opiniões impopulares e controversas.
Pessoa criou vários deles, sendo os mais conhecidos:
• Alberto Caeiro;
• Ricardo Reis;
• Álvaro de Campos.

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Também é bastante conhecido o semi-heterónimo Bernardo Soares, semi-
heterónimo por teres algumas parecenças com Fernando Pessoa o próprio.

Pseudónimo V.S. Heterónimo


A diferença entre os dois é que os pseudónimos são apenas “pseudo nomes”
para uma pessoa real enquanto um heterónimo é uma pessoa fictícia com uma
personalidade diferente do autor, o que faz ser uma pessoa totalmente diferente.
No caso dos heterónimos de Pessoa muitos deles tinham até biografia.

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Linguagem e estilo
Ortónimo
Normalmente são quadras ou quadrilhas, com versos curtos de cinco ou sete
sílabas (redondilhas). Conseguimos ver uma regularidade rimática, métrica e
estrófica.
O vocabulário é simples.
Usa bastantes recursos expressivos como metáforas, comparações. . .

Alberto Caeiro (heterónimo) para comparação


É da mesma época de Fernando Pessoa (nasceu em 1889) e também nasceu em
Lisboa. Mas Alberto Caeiro viveu toda a sua vida no campo até morrer em
1915.
Ele «não teve mais educação que quase nenhuma – só instrução primária». Isso
repara-se na sua escrita.
Pessoa escrevia em seu nome «por pura e inesperada inspiração, sem saber ou
sequer calcular que iria escrever».
«Caeiro escrevia mal o português».
Alberto Caeiro usava sensações ao invés do pensamento para ver a realidade
como se fosse uma criança.
“Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.”
Também fala bastante sobre a natureza já que viveu a vida toda com ela.
A estrutura rimática, métrica e estrófica é irregular exatamente pela falta de
estudos.

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Fases/Teses literárias de Fernando Pessoa ortó-
nimo
Fingimento artístico
Pessoa afirma poetas serem fingidores. Na criação das suas obras, os poetas
recorrem a três dores diferentes:
• dor sentida/real - refere-se à dor real do poeta;
• dor fingida - é uma dor que ele sente «com a imaginação» e que às vezes é
«a dor que deveras sente». Estes sentimentos e emoções apesar de serem
produtos da imaginação do poeta não deixam de ser verdade, é uma verdade
«artisticamente trabalhada»;
• dor lida - é que vai ser interpretada por «os que leem o que escreve».
Pessoa realça a ideia de que fingir e mentir são coisas diferentes.
Obras desta fase:
• “Autopsicografia”;
• “Isto”.

Dor de Pensar
“Doo-me até onde penso, e a dor é já de pensar. . . ”
É uma fase onde Pessoa reflete sobre a consiência que ele tem e como ela é que
permite com que ele sinta dor. Inveja e deseja ser como quem não pensa por ela
conseguir ser livre e despreocupado e de certa forma inconciente, quem vive por
instinto e que aquilo que o pretence é por natureza e faz parte dos seus sentidos.
Usa as dicotomias sentir/pensar e felicidade/infelicidade, porque se alguém é
feliz é porque não questiona se o é. Apenas o é com a sua «alegre inconsciência».
Mais dicotomias podem ser:
• inconsciência/consciência;
• vontade/pensamento;
• sinceridade/fingimento.
“P’ra ser feliz, é preciso não sabê-lo”
Obras desta fase:
• “A ceifeira”;
• “Gato que brincas na rua”.

Sonho e realidade
Esta fase faz relembrar a poesia de Antero de Quental. A dicotomia so-
nho/realidade é usada.

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Ele vê a realidade como uma prisão, um tédio existencial, e o sonho como um
refúgio à realidade, felicidade e perfeição.
Obras desta fase:
• “Não sei se é sonho, se realidade”.

Nostalgia da infância
As crianças simboliza inocência, injenuidade, espontâneidade. Pessoa usa os
sentidos para recordar a infância (símbolo de pureza, inconsciência, sonho, paraíso
perdido, felicidade) deixando-o alegre, com nostalgia e com saudade, já que agora
que ele é adulto, pensar doí e só existe a realidade.
Nos poemas desta fase podemos identificar difrentes momentos da vida de Pessoa:
o passado e o futuro.
Obras desta fase:
• “Quando as crianças brincam”;
• “Pobre velha música!”.

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Analise, interna e externa, de Não sei se é sonho,
se realidade
O poema é constituido por seis sextilhas.
Em cada estrofe, a rima é cruzada nos primeiros quatro versos e nos últimos 2
versos é emparelhada (esquema rimático ABABCC para cada estrofe).
Cada verso possui 9 silabas métricas.
Na primeira estrofe Pessoa fala sobre uma «ilha extrema do sul» caracterizada
como uma terra de suavidade, onde «a vida é jovem e o amor sorri». É um lugar
«que ansiamos». Representa o sonho, a felicidade, a prefeição.
Por a ilha ter estas caracteristicas, Pessoa pergunta-se se ela existe de verdade
ou se não passa de um sonho. E se ela existir, ele não tem certezas se realmente
será feliz naquele sítio.
“Felizes, nós? Ah, talvez, talvez,”
Na terceira estrofe o poeta admite que até num lugar perfeito, não haverá
perfeição.
“Ah, nesta terra também, também
O mal não cessa, não dura o bem.”
Na última estrofe Pessoa aprecebe-se de que não é «ali» na ilha extrema do sul
que ele vai encontrar a felicidade porque «É em nós que é tudo. É ali, ali, que a
vida é jovem e o amor sorri.»

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