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UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE LISBOA

O DIREITO CHINÊS
中国法律

PRISCILLA DOS SANTOS SANTANA DE ANDRADE 30008218

HISTÓRIA DO DIREITO
Turma 1º Direito PL 2021/2022
Profº Dr. º Thiago Rodrigues Pereira
ÍNDICE DE FIGURAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DO DIREITO


FIGURA 1- RIO AMARELO...........................................................................................8
FIGURA 2 - DINASTIA SHANG NO VALE DO RIO AMARELO..............................9
FIGURA 3- REINOS COMBATENTES........................................................................11
FIGURA 4 - EXÉRCITO EM TERRACOTA DA DINASTIA QIN.............................12

Priscilla Andrade | O Direito Chinês


SUMÁRIO

SUMÁRIO........................................................................................................................3

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 4

2. CHINA, O NOVO MUNDO................................................................................ 5

3. FORMAÇÃO DO IMPÉRIO CHINÊS E SUA POLÍTICA............................ 7


3.1 A PRÉ-HISTÓRIA CHINESA............................................................................ 7
3.2 DINASTIA XIA................................................................................................... 8
3.3. DINASTIA SHANG........................................................................................... 8
3.4 A DINASTIA ZHOU........................................................................................... 9
4. A RELIGIÃO NO PENSAMENTO E NO DIREITO CHINÊS..........................11
4.1 LAO TSÉ........................................................................................................... 11
4.1 CONFÚCIO....................................................................................................... 11
4.2 MÊNCIO...................................................................................................... 11
4.3 BUDISMO......................................................................................................... 11
5. A CHINA DOS SÉCULOS XIX E XX............................................................. 11

6. A REVOLUÇÃO CULTURAL DE MAO TSÉ TUNG.................................. 12

7. AS MODIFICAÇÕES DA ECONOMIA CHINESA NA SEGUNDA METADE


DO SÉCULO XX............................................................................................................13

8. O CONSTITUCIONALISMO CHINÊS..............................................................13

9. O DIREITO CHINÊS CONTEMPORÂNEO......................................................13

10. DIREITO OCIDENTAL E DIREITO CHINÊS.................................................. 13


9.2 DIREITOS FUNDAMENTAIS......................................................................... 13
9.3 DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL......................................................... 13
9.4 DIREITO DOS ANIMAIS................................................................................ 13
9.5 DIREITOS DIVERSOS..................................................................................... 13
11. ANÁLISE COMPARATIVA: DIREITO PORTUGUÊS E DIREITO CHINÊS 13

12. CONCLUSÃO......................................................................................................13

13. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS................................................................14

Priscilla Andrade | O Direito Chinês


1. INTRODUÇÃO

“Se queres conhecer o passado, examina o presente que é o resultado; se queres conhecer o futuro,
examina o presente que é a causa”
Confúcio

Uma das civilizações mais antigas do mundo, a República Popular da China (RPC)
abriga atualmente em seu território quase um quinto da população mundial, tem uma
das economias de mais rápido crescimento, e abriga uma vasta história composta por
várias fases distintas, desde as dinastias monárquicas antigas até ao atual regime de
governo de república socialista, com forte atuação do comunismo e autoritarismo.
As tradições legais do direito chinês estão entre as mais antigas do mundo, onde a ideia
de moralidade e coerção através da aplicabilidade da lei são extremamente relevantes.
Devido à sua extensão territorial e desigualdades social e económica, era muito explícita
a disparidade entre as classes sociais, presentes até mesmo no ordenamento jurídico, que
se dividiu, durante muitos anos, entre “costumes” (dedicados aos nobres”, e “punição”
(dedicados aos pobres).
O confucionismo veio trazer uma face mais pedagógica às normas impostas, sendo sua
atuação por meio da educação moral, e deixando a punição apenas para os indivíduos
infratores do bom comportamento.
A partir do século XIX o direito chinês passa a integrar em seu ordenamento os temas
relevantes do sistema jurídico ocidental, com influência predominante do direito
alemão.
O fim da Guerra Civil Chinesa trouxe à China várias transformações ao seu Direito
enquanto código de regras normativas onde várias constituições foram formuladas, ao
passo que ocorriam inúmeros conflitos internos que impediam o direito nacional de
equilibrar-se e reformular-se eficazmente.
O Legalismo na China tem caráter basilar em sua estrutura jurídica e governamental
uma vez que esta filosofia reforça o poder da lei e delega três princípios: da Lei (as leis
devem ser claras e para todos), da Arte (também chamada de técnica, é a habilidade de o
governante saber utilizar a técnica certa para manter o governo) e da Força (no sentido
de ser a posição do governante.
Somente em finais do século XX é que o direito positivado iniciou seu percurso da
normativa chinesa, com a edição de regras gerais e escritas instituindo a forte atuação
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do Estado até mesmo sobre os recursos naturais do país, e enaltecendo a cultura popular,
sua língua (tanto a falada como a escrita), e a conservação dos costumes e tradições
presente no país.
Campos em seu livro “Glossas Abertas de Filosofia do Direito” alerta para o fato de o
legalismo ser o meio mais fácil e imediato de interligar o sistema jurídico e o Estado
(2013:315).
Vários foram os fatores que contribuíram, desde há muito, para que a China alcançasse
o proeminente lugar econômico político na atualidade mundial, como por exemplo a
ausência do feudalismo naquela sociedade, permitindo que as colheitas chinesas que
eram comercializadas o pudessem ser com distâncias mais longas, ao contrário do que
acontecia na Europa – onde o servo deveria estar presente, em todo o tempo, em suas
terras e já na China o camponês tinha liberdade para comprar e vender o que produzia.
O Direito, sendo uma construção histórico-social de cada Estado, possui em sua base os
preceitos e princípios que definem a sociedade sobre a qual se constitui. A China, dentro
deste aspeto, tem direitos que, embora sejam de classificação positivista e democrática,
ficam muito aquém do real significado destas palavras, embutindo significados próprios
ao vocabulário jurídico.
É neste intuito que o presente trabalho se configura, ao apresentar a China enquanto
estrutura social permeada por direitos e deveres, como forma sendo socialmente
construídos e em que hoje se configuram.

2. CHINA, o Novo Mundo

“Quando a China acordar, o mundo estremecerá”


Napoleão Bonaparte

O mundo, tal como o conhecemos hoje, é interdependente e muito pequeno, dado a


proximidade que a globalização e a tecnologia nos trouxeram. É com grande facilidade
que Estados, entidades coletivas e pessoas singulares se movimentam tanto socio quanto
economicamente perante os vários Estados presentes.

A China, até o século XX, era um país que embora possuísse grandiosidade territorial,
não tinha muita relevância na economia e comércio mundial – tal papel ficava à cargo
dos Estados Unidos.

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O conceito de trabalho, para os chineses, é similar à bênção, e sua conduta é regida pela
disciplina e obediência, juntamente com um enorme respeito pela instrução.

Há cerca de 20 anos atrás, Xangai (atual núcleo financeiro global) era ainda uma capital
com caráter de Terceiro Mundo, com grande escassez de produtos e pouco poder de
compra oriundo de sua população. Esta mesmo população, hoje, perfaz-se em 200
milhões de consumidores que detêm o mesmo poder de compra dos ocidentais –
crescimento este surpreendente dado a velocidade do desenvolvimento nunca antes
presenciado em tão pouco tempo.

A China é o terceiro maior país do mundo, tem por capital Pequim e o mandarim padrão
como língua oficial. Com uma população atual de cerca 1.397.000.000 (um bilhão,
trezentas e noventa e sete milhões de pessoas), constitui um grande peso demográfico.
Possui um mercado interno com forte expansão, uma modela subvalorizada (o
Renminbi), um ótimo nível de instrução, mantém um grane ritmo de construções de
infraestruturas e possui até mesmo um comboio de alta velocidade sendo considerado o
mais rápido do mundo – o Maglev, percorrendo uma distância de 30 quilómetros em
apenas 7 minutos.

Por todos estes – e vários outros motivos – é que a China é chamada atualmente e
informalmente de “Novo Mundo”,

Há cerca de seis anos atrás, foi adotado pelo governo chinês o plano MIC 2025 (Made
in China 2025), que pretende fazer da China uma potência global nas indústrias de alta
tecnologia, e para isso foram criados planos de desenvolvimento de setores
fundamentais, alinhando os interesses comerciais com os interesses nacionais.

Os cinco mil anos de história que este país possui lhe inferem experiências internas que
reforçam o sentido de identidade nacional, tanto para o seu governo quanto para os seus
cidadãos, compondo assim uma civilização original, com forte tendência para
emigração.

Sua população urbana ultrapassa os 520 milhões de pessoas, mas possui também uma
forte presença rural que sozinha ultrapassa o número de habitantes dos Estados Unidos e
da Europa juntos.

Por todos estes fatores faz-se necessário que o seu sistema jurídico atente para os
interesses internos, e que tal seja eficaz enquanto agente influenciador no
comportamento humano e social de seus cidadãos.

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A seguir analisaremos a forma de sua política bem como a constituição de seu império,
daquele que é hoje um dos países com maior relevância no cenário mundial, a
configurar este “Novo Mundo”, que se transforma e altera-se mui rapidamente, e onde
todos os agentes tentam conjugar seus próprios interesses com os externos, numa dança
simbiótica onde um dos lados acabará sempre por surgir em posição inferior face ao
outro.

3. FORMAÇÃO DO IMPÉRIO CHINÊS E SUA POLÍTICA


3.1 A PRÉ-HISTÓRIA CHINESA

A história da formação da China remonta a trinta séculos antes da nossa era. O vale do
rio Amarelo (Figura 1) foi o local escolhido para alguns povos chineses oriundos da
Mongólia. Apesar de sua cor amarelada, este vale possui terras férteis, bons pastos e
grande presença de minerais, o que ajudou a disseminar a cultura de arroz, painço,
hortaliças e frutas.

Figura 1- Rio Amarelo

Fonte: https://dinoanimals.pl/zwierzeta/huang-he-rzeka-zolta/

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Devido ao forte degelo das montanhas onde este rio era originário, eram recorrentes as
inundações e enchentes causadas, o que fez com que as pessoas que ali residiam
pudessem conceber um conjunto de diques e sistema de escoamento de águas, de modo
a que estes fenómenos não destruíssem suas habitações e plantações.

Desta forma foram sendo constituídos vilarejos ao seu redor, dando origem às primeiras
civilizações ali presentes.

Esta fase foi marcada pela crença do reinado de reis-deuses, que chegavam à viver
milhares de anos e que usavam de suas capacidades sobre-humanas para governar,
sendo estes:

O Deus Soberano (reinou 18.000 anos), o Deus Terreno (reinou 11.000 anos) e o Deus
Humano (governou 45.600 anos), sucedidos pelos Cinco Imperadores dos quais fazia
parte o imperador Yu, fundados de Dinastia Xia.

3.2 DINASTIA XIA

A Dinastia Xia possui o primeiro registo histórico da civilização chinesa, considerados


descentes diretos dos povos do período Neolítico, e aqui foram registados os primeiros
indícios da escrita chinesa.
Foi a partir daqui que se passou a expandir os meios de subsistência, praticando a
criação de cavalos, produção de vinhos e uso de outros meios de transporte.
O controlo era caracterizado pelo clã e pelas famílias nobres, que passaram a exercer o
poder político daquela época, superando o anterior sistema de monarquia hereditária.

3.3. DINASTIA SHANG

A Dinastia Shang, segundo a tradição, teria durado de 1766 a.C. até 1122 a.C. com uma
sociedade organizada e estratificada. Esta dinastia era responsável pela administração
daquela sociedade e tinha uma relação especial com os clãs devido aos laços por
parentesco ou matrimónio.
A escrita era muito vasta, com cerca de três mil grafemas e muito do que se sabe sobre
eles foi recolhido através de inscrições gravadas em ossos de bovinos e tartarugas, que
também eram utilizadas na altura para fins medicinais.
A população era livre, porém obrigada a servir em empreitadas militares, executar
trabalhos agrícolas e a trabalhar nas variadas construções que arquitetavam.
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Figura 2 - Dinastia Shang no vale do Rio Amarelo

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_China

Além da agricultura do painço, também fabricavam cerâmica e trabalhavam o bronze


em larga escala, a julgar pela quantidade encontrada deste mineral. Este material
também era amplamente utilizado nos utensílios dos rituais, uma vez que era um povo
politeísta com grande veneração pelos ancestrais. Foi também nesta dinastia que a soja
passou a ser cultivada.

3.4 A DINASTIA ZHOU

Segundo a tradição chinesa, esta dinastia dizimou a dinastia Shang e passou a governar
invocando o “Mandato do Céu” – legitimando suas ações na crença de que seu rei era
uma escolha dos deuses.
A estrutura social era dividida pelos Fengjian (sistema feudal onde as pessoas
escolhidas pelo rei utilizavam-se da terra e pagavam-lhe um tributo, fornecendo-lhe
também cidadãos para lutar nas guerras).
Após uma consolidação da sua política, haviam sete reinos existentes – Qin, Qi, Zhao,
Han, Wei, Chu e Yan, que acabaram por guerrear entre si, configurando-se no período
dos Reinos Combatentes. A origem para este desacordo é que vários reinos reclamavam
o direito ao poder, coisa que os Zhou não aceitaram.
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Foi nesta época que surgiram fortes correntes filosóficas como o confucionismo e o
legalismo, e o uso do ferro substituiu o bronze.

Figura 3- Reinos Combatentes

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_de_unifica%C3%A7%C3%A3o_da_China#/media/
Ficheiro:EN-WarringStatesAll260BCE.jpg

3.5 DINASTIA QIN

A Dinastia Qin constitui o primeiro império da China, quando conseguiu unificar os


reinos existentes e o seu rei Ying Zheng se autoproclamou imperador e era a figura
central de seu governo.
Seu método de governação era através do legalismo, que impunha um código de leis às
quais todos deviam observar, e matavam os cidadãos que se lhe opusessem.
Dedicaram-se à grandes construções como a início da grande Muralha da China, bem
como estradas, palácios e fortalezas. Foi este imperador que mandou construir um
exército de soldados em terracota, e enterra-los em sua tumba.
Foi neste período que se iniciou a unificação do direito chinês e alguns pensadores
propunham substituição da moralidade do confucionismo para um sistema totalmente
legalista onde o rei detinha a palavra e o poder. A nobreza doi extinta e os guerreiros
que matassem mais pessoas, recebiam uma recompensa.
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Esta dinastia foi extinta aquando da morte do imperador Zheng e o seu sucessor foi
assinado por seu irmão. Os segundo e terceiro imperadores quiz i subiram ao poder
também foram assassinados, até que um funcionário se declarou imperador, dando
início à dinastia Han.

Figura 4 - Exército em terracota da Dinastia Qin

Fonte: https://www.outlookindia.com/outlooktraveller/explore/story/69476/your-guide-to-the-terracotta-
army-museum-in-xian

3.6 DINASTIA HAN

A Dinastia Han adotou a filosofia de Confúcio, tendo sido esta a base ideológica de todo
o império chinês, até a sua queda. O imperador reformulou as terras através da expulsão
de alguns povos, o que lhes permitiu iniciar o comércio da Rota da Seda. Realizando
comércio até mesmo com os romanos. Durou cerca de 400 anos e chegou mesmo a ter
uma vasta população de mais de cinquenta milhões de pessoas.
Já no seu declínio, algumas revoltas ocorreram as quais se estenderam por 75 anos,
culminando com sua queda, o que deu origem ao posterior três reinos da China.

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4. A RELIGIÃO NO PENSAMENTO E NO DIREITO
CHINÊS

A partir da Idade Moderna, o conhecimento filosófico permitiu que o racionalismo


ganhasse grande ênfase na construção dos saberes, ao postular que a racionalidade e o
intelecto eram os fatores que construíam o saber humano. O conhecimento seria,
portanto, formado com base nas leis universais da razão. Alguns de seus precursores
foram: Descartes, Locke, David Hume, Leibniz e Imannuel Kant.
Leibniz, em sua obra “Discurso de Metafísica”, alega que há duas espécies de verdades,
as de raciocínio e as de facto. As primeiras são necessárias e descobertas através da
análise. As segundas seriam a sucessão das coisas difundidas pelo inverso das criaturas.
(LEIBNIZ, 2008. pág. 211).
O Direito Natural e o Direito Positivo opõem-se em seus princípios, firmando-se
algumas de suas diferenças em:

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4.1 LAO TSÉ

4.1 CONFÚCIO

4.2 MÊNCIO

4.3 BUDISMO

5. A CHINA DOS SÉCULOS XIX E XX

Atualmente, a grande maioria dos ordenamentos jurídicos e normas assentam no Direito


Positivo, configurando um pluralismo jurídico pela vastidão de aquisições já realizadas.
É possível afirmar que o Direito Natural revela que o positivismo jurídico não é detentor
de toda a verdade, e que sendo este segundo injusto, podemos apelar às leis “superiores”
que estão assentes na ética e moralidade, como agentes norteadores da justiça
O Direito Natural, para os dias atuais do Direito Positivo, forneceu os conceitos de
“princípios” que estão, em suma, acima da norma. Vale ressaltar que também forneceu a
primazia para o combate ao abuso de poder e para a limitação do mesmo.
Apregoa-se desta forma que a “herança” eminente deste jusnaturalismo traduz-se na
instrução acerca de um direito justo, equitativo, preocupado com os reais valores morais
e humanos, hoje expressos nas bases da maioria das constituições dos Estados.
Configura-se, hoje, como a base que fundamentou a busca pelos direitos humanos,
numa prossecução em prol da justiça.
Atualmente, juristas como John Finnis defendem o jusnaturalismo adotando a
necessidade de passarmos de uma condição de pré-moralidade, para uma moralidade,
reduzindo os compromissos adotados em detrimento de bens humanos básicos.

6. A REVOLUÇÃO CULTURAL DE MAO TSÉ TUNG

O indivíduo tem em sua essência, o fator da associação em sua conduta, fator este que
fora alterando-se conforme a humanidade foi construindo e desconstruindo estruturas
sociais que necessitam que sua intervenção fosse condizente com a particularidade da
transformação vivida.
Os ideais filosóficos, políticos e socioculturais tornaram necessários que as regras
consuetudinárias passassem a um caráter mais inclusivo, onde a vida humana pudesse
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ser tutelada – ainda que este entendimento hoje seja diferente de há milénios atrás-, o
certo é que o sere humano busca estabelecer-se de forma saudável entre os seus pares.
É nesta dinâmica de proteção aos valores éticos e morais que nasce o jusnaturalismo,
que incidiu sobre as sociedades a necessidade de alterar formas de governo e regimes
políticos, bem como o ceder às reivindicações proferidas por cada interveniente que
destas apropriaram-se para fazer valores seus direitos.
Filósofos desde a Antiguidade, até a Contemporaneidade postulam e formulam que os
pressupostos deste Direito Natural são essenciais à vida, ao entendimento concreto do
valor de justiça e equidade.
O indivíduo, cedendo às suas necessidades, reverte uma parte de seus direitos em favor
do Estado, para deste obter uma retoma enquanto direitos civis, os quais possam
garantir e perpetuar a sua existência em melhores condições. Esta cedência sofre um
revés quando, na formação do Estado de Direito, este mesmo indivíduo vai inferir na
escolha dos agentes intervenientes deste estado, podendo mesmo outorgar-lhe ou retirar-
lhe o poder, face ao sufrágio universal amplamente usual em nossos dias.
Este sistema de direitos humanos contemplados em quase todos os ordenamentos
jurídicos deve-se ao fato de o Direito Natural, enquanto antecessor ao Direito Positivo,
ter-lhe dado as premissas para a compreensão de valores inerentes à vida humana: senso
de justiça, ética, equidade, moralidade.
Desde o conceito de equidade e justiça serem moralmente boas, presentes na “Ética
Nicomaqueia” (ARISTÓTELES, 1966, pág. 84), até o conceito de “estar a serviços de
valores” (RADBRUCK, 2010, pág. 47), o Direito Natural veio delegar ao indivíduo
uma ferramenta de bem-estar (na medida dos possíveis, sendo este mediado pela
autoridade vigente naquela sociedade) e de equiparação de direitos naturais e sociais,
intrínsecos à condição humana.
O próprio direito positivado (tão antagónico ao natural), vê em sua essência princípios
deste Direito Natural, que teve um caráter pedagógico ao formular conceitos basilares
para nossas normas mais imprescindíveis em nossa sociedade.
A sociedade atual tem problemas fundamentais, que exigem soluções também

7. AS MODIFICAÇÕES DA ECONOMIA CHINESA NA SEGUNDA METADE


DO SÉCULO XX

8. O CONSTITUCIONALISMO CHINÊS

9. O DIREITO CHINÊS CONTEMPORÂNEO


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10. DIREITO OCIDENTAL E DIREITO CHINÊS

9.2 DIREITOS FUNDAMENTAIS


9.3 DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL
9.4 DIREITO DOS ANIMAIS
9.5 DIREITOS DIVERSOS
11. ANÁLISE COMPARATIVA: DIREITO PORTUGUÊS E DIREITO CHINÊS

12. CONCLUSÃO

13.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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