Group Work - InTRODUCAO AO DIREITO - Evolucao Historica Do Direito (AutoRecovered)

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

EXTENSÃO DE MAPUTO
Curso de Licenciatura em Direito
1º Ano, Turma B
Trabalho do 8º grupo

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO

Discentes: Docente: Dra. Helena Dimitri

Mydes Henriques Tandane


Felisberto Francisco Honwane
Georgina António Alfredo Pinto
Vánia Nazalio Dimande
Méil Aurora de Alburquerque Pedro
Shania Queen Thowan Mahiquene
Zezinho Ricardo José

Maputo, 16 de Maio de 2022

1
INDICE
1. Introdução ..................................................................................................................................... 3
1.1. Objectivo ................................................................................................................................ 4
1.2. Objecto ................................................................................................................................... 4
1.3. Metodologia ........................................................................................................................... 5
1.4. Fonte Bibliográfica................................................................................................................ 5
2. Evolução histórica do Direito ....................................................................................................... 5
2.1. O Mergulho às Diferentes Idades ........................................................................................ 5
2.1.1. Direito nas Sociedades Antigas .................................................................................... 5
2.1.2. Na pré-história............................................................................................................... 5
2.1.3. No Egypto Antigo .......................................................................................................... 6
2.1.5. Na Assíria, Pérsia, Babilônia e Judeia......................................................................... 6
2.1.6. Na Grécia antiga (2.000 a. C. – 476 d. C.) ................................................................... 7
2.1.7. A Grécia Helenística 776 a.C. – 323 a.C...................................................................... 8
2.2. A Idade de Roma ................................................................................................................... 9
2.2.1. Roma – Seu Pensamento Jurídico. .............................................................................. 9
2.2.2. Grandes Pensadores percursores da Roma Gloriosa............................................... 10
2.3. A IDADE MEDIEVAL Início: 476 d.C.– 1453 d.C. ......................................................... 11
2.3.1. Roma Medieval e o Pensamento Jurídico Canônico ................................................ 11
2.3.2. A Essência do Direito Romano .................................................................................. 13
2.3.2.1. Contextualizando o seu Conceito ............................................................................... 13
2.3.2.2. Contexto de Formação do Direito Romano .............................................................. 14
2.3.2.3. A Perspectiva dos Períodos do Direito Romano ....................................................... 15
2.3.2.4. Direito Romano Primitivo ou Arcaico................................................................... 15
2.3.2.5. Direito Romano na Época Clássica ....................................................................... 16
2.3.2.6. O Direito Romano no Período Pós-clássico .......................................................... 18
2.3.2.7. Resumindo o Direito Romano ................................................................................ 18
3. O Direito Germânico .................................................................................................................. 20
3.1. O Direito Romano Germânico ........................................................................................... 20
4. Direito no Sec. XX - Pensamento Jurídico Moderno ............................................................... 20
4.1.1. A Era Moderna e a Contemporaneidade na Ciência do Direito ............................. 22
5. Conclusão ..................................................................................................................................... 23
6. Bibliografia .................................................................................................................................. 23

2
1. Introdução

Quem mergulha na ciência do Direito precisa de estudar a sua história. Precisa de perceber qual
é pensamento jurídico encontrado em cada fase histórica para ser revelado de que a história da
evolução do Direito se confunde com a história dos apogeus e declínios de estados, sociedades
e civilizações à medida da sua evolução e maturidade. Pois, independentemente do estágio que
estes tiverem alcançado as questões prévias quanto às normas de convivência social mostram-
se inevitáveis. Sendo assim, a ciência do Direito e do pensamento jurídico deve ser
contextualizada no seu espaço e no seu tempo.

Tendo lido extensivamente a introdução ao estudo do Direito de JUNIOR, Tercio Sampaio


Ferraz (2003) e na profundidade sobre o Pensamento Jurídico em cada época ilustrado pelo DE
CICCO, Claudio (2017) e a eloquência de REAL, Miguel (1999) em seus Horizontes da
História do Direito entre outros aspectos conformemente resumido pela MASOLD, Mary
(2011).

Num ousado questionamento, vale perguntar se a história do Direito e do Pensamento Jurídico


expande. Sendo afirmativo, questiona-se ainda o seu limite. Respondendo a esta retórica
questão diria que o Direito e o Pensamento Jurídico evoluem com a expansão do ser humano
arqueológico e antropológico que se desenvolve na evolução da sociedade inerente. O seu
limite poderá ilustrar uma trajetória linear, cíclica ou espiral1 à medida da projeção que a sua
racionalidade e iluminação é capaz de mostrar. Este é o momento em que o Direito e o
pensamento Jurídico também mostram a sua forma. Se tal, não fosse demonstrativo, qual seria
então a explicação da evolução tecnológica doravante apreciada na era contemporânea a qual
requer novas reflexões filosóficas para o pensamento do direito visando regular a sociedade
que lhe desafia. Portanto, a evolução desde o Homem-Primitivo de Darwin, ao Home - Animal
Político de Aristóteles, seguindo ao Homem Teológico de Santo Agostinho para depois
vislumbrado na modernidade das revoluções ao Animal-Social de Jean-Jacques Roussous em
seus contratos. Hoje este home debruça-se com novos questionamentos vigorados pelo Homem

1
Dialética idealista do Filosofo Alemão Friederich Hegel. Segundo ele a história das ideias evolui num
movimento Idealismo histórico-dialético cujo trajetória culmina na forma espiral formando assim a tese,
antítese e síntese das ideias que sucessivamente evoluem no homem eminentemente social.

3
- Deus e Onde a Humanidade Avança desde o Homo Sapiens ousadamente levantado pelo
HARARI, Yuval Noah (2017) ao observar os significativos avanços no campo da
biotecnologia, informática e cibernética na sociedade emergente cujo temor entre especulações
pensa-se que o futuro dividirá a sociedade em tipos de homens úteis e Homens inúteis. Seja
qual for o futuro que se entranha e se estranha, conforme diria Fernando Pessoa, o home
espiritual entre vários heterônimos atribuídos, é inerente. A sociedade é inerente. O Direito e
pensamento jurídico é inerente DE CICCO, Claudio (2017). Este encadeamento mostra por si,
que a ciência do Direito terá de se transformar. Sua hermenêutica jurídica, suas fontes, sua
materialidade e formalidades entre doutrinas e jurisprudências terão que se adaptar
radiativamente ao ambiente exigido da sociedade à espreita. Sendo por isso, ousado e
categórico afirmar de que história do Direito e do Pensamento Jurídico se expande no limite da
sociedade evoluída.

1.1. Objectivo

O presente trabalho visa:

• Analisar a evolução histórica do Direito em suas Idades


o Idade antiga (Grécia e Roma)
o Idade Media
o Idade Moderna
o Idade Contemporânea (Direito no Século XX)
• Identificar os Grandes Pensadores de cada época
• Reflectir sobre o Pensamento Jurídico encontrado em cada época
• Analisar exclusivamente o Direito Romano e o Direito Germânico.

1.2. Objecto

O objecto do estudo centra-se nas dinâmicas consentâneas à evolução do Direito incluindo o


Pensamento Jurídico que a destaca como Ciência do Direito.

4
1.3. Metodologia

Esta baseia-se no estudo histórico aprofundado dos factos colaborativos a percepção da matéria
justificativa para perceber o direito e o pensamento jurídico presente em cada fase da sua
evolução.

Recorre-se a verificação da existência de qual pensamento jurídico pode ser encontrado em


cada fase da idade e sociedade analisada, em especial, aos principais pensadores, filósofos e
cientistas sociais e políticos cuja contribuição serve para argumentar a evolução do direito
enquanto ciência e instrumento de normalização da sociedade.

Análise e interpretação do tema recorrendo a leitura, discussão em grupo a qual associa-se ao


pensamento livre e crítico derivado do aprendizado recolhido.

1.4. Fonte Bibliográfica

A vasta bibliografia disponível onde os autores estudam e interpretam e extrapolando o seu


entendimento quanto possível original e apresentar uma resposta que possa merecer a atenção
do destinatário e demais interessados.

2. Evolução histórica do Direito

2.1. O Mergulho às Diferentes Idades

Penetrar na história direito e seu pensamento jurídico é penetrar na arqueologia, antropologia


e sociologia das sociedades e civilizações. Daí a proposta em mergulhar para as idades da
evolução do direito explorando seus principais pensadores.

2.1.1. Direito nas Sociedades Antigas

2.1.2. Na pré-história

Predominam Povos Ágrafos 4500 a. C – 2500 a. C. Neste período a lógica do Caos e Ordens
Cósmicas entre deuses e santos são interpretados como bússolas e faróis inspiradores de uma

5
ordem social para normalizarem as sociedades viventes e presentes DE CICCO, Claudio
(2017). Fosse este processo oral ou escrito as normas são estabelecidas. Depois de um Caos
uma Ordem brinda o ambiente vivido para estabelecer a ordem social.

2.1.3. No Egypto Antigo

O direito assume duas formas. A forma celestial da Vida pós Morte – Livro do Mortos e Livro
do Julgamento DE CICCO, Claudio (2017). A forma terrestre orientada nos desafios
econômicos e sociais de sua época o Maát que é a ordem cósmica Faraónica visando elevar o
direito e o pensamento jurídico circunstanciado à sua idade para gerir a ordem da sociedade
que lhe desafia no dia a dia. Entre o Alto e Baixo Egypto, ladeado pelo Rio Nilo, as cidades de
Memphis, Nubia, Giza oferecem únicas oportunidades reflexivas para especular quais avanços
e sistemas de gestão de normalização social seriam aplicados visto que a escrita horográfica
tinha sido desenvolvida DE CICCO, Claudio (2017). Baseado nos registos arqueológicos
percebe-se que o Direito no Egypto tem a forma primitiva.

2.1.4. Na Mesopotâmia

As cidades de Uri, Moabit veem nascer o espírito patriarca. Hamurabi revelado na escrita
cuneiforme gravada na Pedra - Roseta negra – indica que o seu código de 282 artigos e seus
poemas ‘Épica de Gilgamesh’ são uma expressão de preocupação para regular a sociedade do
seu tempo. Suas leis tinham excertos um tanto quanto draconianos pelo facto da pena de morte
ser presente DE CICCO, Claudio (2017). Contudo, o aspecto relacionado com o Direito da
Família, o Direito Privado e Público ainda que fundada em preceitos do seu tempo, mostram
argumentos religiosos tradicionalmente notáveis MASOLD, Mary (2011). Apesar de tudo, seus
princípios traziam uma espécie de Proto abstração e universalidade e outros apreciáveis na
actualidade.

2.1.5. Na Assíria, Pérsia, Babilônia e Judeia

As manifestações militares, econômicas e culturais descobertas pela arqueologia revelam que


ali existiu uma história do direito que variou entre conquistas e decadências de povos e estados
e civilizações cujo pensamento jurídico teria ganho suas dinâmicas e magnitudes diferenciadas.

6
Tais dinâmicas tem um denominador comum revelado no aspecto divino-religioso entre deuses
politeístas e monoteístas ora proclamados pelo Zoroastro ora pelo Judaísmo ante lideranças de
divindades Mitras e Bauhaus e no Deus único de Abraão. Todos eles expressam um
pensamento do direito costumeiro, direito religioso e fundamentados pelo pensamento moral e
trato social contextualizado, mas que se questiona se tal pensamento não seria chamado de
pensamento jurídico tradicional ou antigo MASOLD, Mary (2011) e DE CICCO, Claudio
(2017) apontam mesmo entendimento.

2.1.6. Na Grécia antiga (2.000 a. C. – 476 d. C.)

Baseado na leitura de MASOLD, Mary (2011, p.6 - 15) e DE CICCO, Claudio (2017, parte 1
e 2) a conjugação da interpretação do texto encontra o seguinte resumo:

Há testemunho de existência do código de leis escritas. O código de Ur – Nammu (cerca


de 2040 a.C.) e ainda lendo o documento de MASOLD, Mary (2011, p. 6-15) aprende-se
que no Código de leis escritas de Drácon legislador aristocrático (século VII a.C.) com leis
rígidos baseado nas normas tradicionais arbitradas pelos juízes. Aqui os crimes de roubo e
assassinato são submetidos a penas de morte ou exílio. Em linhas gerais a significância de
Drácon jaz no mérito da previsão de penas pecuniárias. Drácon contribui no marco do
princípio do Direito Penal. Nota-se adequação e respeito pelo princípio de universalidade
e igualdade dos direitos ao procurar reduzir os privilégios da aristocracia. Consagrou o
Direito de jurisdição do pai sobre o filho. Inibiu a vingança particular. Penetrando no Sólon
(638 a.C. – 558 a.C.) famoso por afirmar que “Seja escrupulosamente honesto em sua
conduta, porque isso vale mais que a palavra dada.” Sólon criou a Eclésia2 da qual
participavam todos os homens livres atenienses, filhos de pai e mãe atenienses e maiores
de 30 anos MASOLD, Mary (2011, p. 6-15). Reformou o código de Drácon retendo apenas
as leis relativas ao homicídio. Proibiu a hipoteca da terra e a escravidão por endividamento
através da chamada lei Seixatéia. Dividiu a sociedade pelo critério censitário e criou o
tribunal de justiça. Instituiu a solidariedade entre as classes sociais e o tratamento justo para
cada cidadão. É considerado um dos fundadores da democracia ateniense. Nesta fase da

2
Assembleia Popular.

7
Grécia Antiga, seria em Clístenes (565 a.C. – 492 a.C.) que aprecia a introdução de
reformas democráticas baseadas no princípio da isonomia - “Todos os cidadãos possuem
os mesmos direitos, independentemente da situação econômica.” Levou adiante a obra de
Sólon e, é considerado um dos pais da democracia. Reformou a constituição da antiga
Atenas em 508 a.C. Elevou para 500 os membros do Conselho de Sólon, com cinquenta
representantes de cada tribo, escolhidos pelos demos. Clístenes contribuiu para despertar o
sentimento de cidadania em contraposição à solidariedade dos membros do clã. Suas ideias
inspiraram à definição de democracia seguida por reformadores de todos os tempos. Talvez,
o melhor enquadramento de Clístenes esteja nos preliminares do hoje em dia, quanto ao
direito constitucional fundados no regime democrático. Lamentavelmente, introduziu a
execução da pena de morte por envenenamento com ingestão de cicuta a qual viria a
posteridade condenar Sócrates a morte por suicídio.

2.1.7. A Grécia Helenística3 776 a.C. – 323 a.C.

Baseado na leitura de MASOLD, Mary (2011, p.6 - 16) e DE CICCO, Claudio (2017, parte 2)
e ao considerar os excertos de REAL, Miguel (1999) a conjugação da interpretação do texto
encontra o seguinte resumo:

Testemunha a presença de Sócrates (469 a.C. - 399 a.C.) fundador da teoria maiêutica
Socrática – parto de ideias através da auto – reflexão significando – “Conhece-te a ti
mesmo e conhecerás o universo e os deuses.” Sócrates esmera-se na técnica da
problematização que se mostra relevante para a ciência do Direito. Nesta técnica formula-
se o problema, criam-se as hipóteses e, finalmente, encontra-se a solução do problema. O
conhecimento e o aprendizado são os privilegiados da negação da estagnação em benefício
da dúvida, o questionamento para alcançar a verdade. Verdade esta, que é explorada na
ciência do Direito como passo para alcançar a verdade material e a verdade formal. A

3
A fase Helenística à luz do racionalismo da retórica e silogismo socrático inicia com Sócrates; depois Platão na
República e o discurso da Caverna; e no seu ápice Aristóteles na Biologia e Sistemática incluindo o seu Animal
Político. Conjuntamente marcam o clímax da herança do pensamento filosófico, que se tornam um alicerce do
pensamento lógico-racional alimentador da fundamentação da nova era do Direito e seu Pensamento Jurídico.

8
verdade verdadeira na análise e na busca da relação dentro-fora e fora-dentro perante
problemas, hipóteses e soluções. Sua significativa contribuição tem potência no
desenvolvimento intelectual e moral da humanidade com especial destaque na relação
Estado e Cidadão. Já o Platão (428 - 347 a. C.) contribui em numerosos diálogos sob temas
variados quanto a ética, a política, a metafísica e a teoria do conhecimento. Sua majestade
está no grande livro a República. Significativo instrumento para as ciências políticas, e para
a ciência do Direito. Encontra-se ainda nos pensamentos platônicos pela Teoria plano das
Ideia, quanto a realidade mutável e realidade inteligível mais bem evidenciado na sua
alegórica do mito da Caverna. Para Platão, o mundo dos sentidos e o mundo das ideias
ganham a sua própria forma. Prioridade, relevância, e a noção de absoluto é relativizado
pela determinada circunstância. O justo, o bom e o correto, tornam-se valores relativos e
mutáveis pela consideração das alterações verificadas nas dinâmicas da sociedade em
construção. Isto em si, é um desafio para a ciência do Direito especialmente para aspectos
de julgamento em sede própria. Mas, também, na psicologia forense e na investigação de
processos inerentes. No seu cume, Aristóteles (384-322 a.C.) é a excelência da inteligência
e filosofia assente no mundo real. A virtude, a lógica e o realismo revelam que Aristóteles
bebeu da fonte o seu melhor. Aristóteles defende a lógica como um instrumento do
conhecimento. Defensor da ideia do silogismo, o raciocínio estruturado em premissas que
levam a uma conclusão. O silogismo, por dedução, parte do universal para o particular.
Pela teoria, se as premissas forem verdadeiras, o que se terá é uma conclusão verdadeira.
E, é isto válido para a ciência do Direito “trazer o homem a terra”, e valido na ação de
julgar do juiz no âmbito penal, na busca pela verdade criminal, pelas relações objetivas que
são apresentadas aos autos. “O juiz utiliza a premissa maior que é a norma jurídica
(Direito), mais a premissa menor que é o fato concreto (fato), para chegar à conclusão
(sentença)” MASOLD, Mary (2011, p. 16)

2.2. A Idade de Roma

2.2.1. Roma – Seu Pensamento Jurídico.

Num salto para Roma, Grécia prova que foi colonizada por Roma e sua glória graças a direitos
privilegiados à mercê da sua magna filosofia. Mas Roma tem suas fases. Primeiro a fase da

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Roma Antiga (509 a.C. – 27 a.C.) fundada pelo Rômulo e Segundo tem a Roma antes da
queda (476 d.C.) esta e imperial hegemônica e Clássica que se expande pela Europa e oriente
e Africa. Onde Patrícios e Plebeus marcam sua distinção no senado e no exército expansionista
– na república de Roma profunda, extensa e sofisticada. Nesta Roma na Idade Clássica (27
a.C. – 395 d.C.) imperial destacam -se (Túlio Cicero, Marco Aurelio, Séneca) com
fundamentos Estoicos e sentido prático do aproveitamento e materialização do pensamento
filosófico grego para sustentar o sentido lógico do ser e estar da sua civilização que finalmente
culmina com a terceira Roma Medieval (476 d.C. até 1453 ) com desintegração do Ocidente
Papal Romano Católico destacado no Direito Canônico e do lado oriental bizantino cristão
ortodoxo que sobreviveu até a queda de Constantinopla. Nesta terceira fase o imperador
Justiniano estabelece a compilação do código de leis chamada Justiniano que pela qualidade
do direito nele projectado é apelidado de Corpus Iuris Civilis. Nesta fase, a Igreja na Franca de
Carlos Magno, os bárbaros germânicos, a inquisição, os templários e ordens de cavalaria tem
pensamento jurídico substanciado na teologia canônico ou católico romano. Os estados são
feudais e o direito está elencado as leis do direito fundado no jusnaturalismo e práticas
costumeiras dos povos bárbaros. Sendo que o direito Justiniano baseados no Corpus Iuris
Civilis edifica-se em Roma.

2.2.2. Grandes Pensadores percursores da Roma Gloriosa

2.2.2.1. Marco Túlio Cícero (106 a.C. – 43 a.C.)

Apreciado pela sua brilhante e versátil mente da Roma antiga. Para Cicero, para entender as
leis, o estudo deve iniciar na lei natural e que às explicações sobre a natureza do Direito são
encontradas no estudo da natureza do homem. A lei é a razão suprema da natureza, que ordena
o que se deve fazer e proíbe o contrário. Seu legado destaca-se num Direito justo e honrado. A
lei natural é a fonte do Direito. Em Cicero a república4 pressupõe Direito, e o Direito pressupõe

4
Segundo Marco Túlio Cícero (106 a.C. – 43 a.C.) foi um filósofo, orador, escritor, advogado e político romano
“não há felicidade sem uma boa constituição política; não há paz, não há felicidade possível, sem uma sábia e
bem-organizada República” MASOLD, Mary (2011, p. 17-18).

10
leis, e as leis pressupõem leis naturais, e as leis naturais pressupõem Deus MASOLD, Mary
(2011, p. 17-24).

2.2.2.2. Lúcio Aneu Séneca (4 a.C. -65 d.C.)

Filosofo e poeta estoico, estudou o Direito Romano e chegou a atuar na Justiça Criminal, mas
dedicou-se mesmo ao estudo da filosofia, sobretudo no campo da Ética.

2.2.2.3. Marco Aurélio Antonino Augusto (121-180)

Conviveu com a fortuna, o poder e recebeu de mestres gregos esmerada educação humanística.
Foi o último dos cinco bons imperadores e é lembrado como um governante bem-sucedido e
culto. Dedicou-se à filosofia do estoicismo e escreveu uma obra que até hoje é lida, Meditações.
Este livro pode ser importante para a ciência do direito.

2.3. A IDADE MEDIEVAL Início: 476 d.C.– 1453 d.C.

2.3.1. Roma Medieval e o Pensamento Jurídico Canônico

Clímax de feudalismo. Seus feudos, condes entre servos e todo o aparato agrícola. Neste
mesmo período aprecia-se o movimento dos templários e todo o ambiente da cavalaria em
emergência. Carlos Magno e a influência de Roma católica e canônica é significativamente
influente e expandida tanto na latitude quanto na longitude. A igreja e a sua magna
espiritualidade crista tem significativa influência na sociedade do tempo. Neste período
observa-se o recrudescimento do direito Canônico - Santo Agostinho; São Tomás de Aquino e
Santo Isidoro de Sevilha (560 d.C.-636 d.C.) marcam o ápice do Direito Teológico. Por outro
lado, do lado do oriente o império Islâmico expande com significativa influência na Europa
(Espanha e Turquia e os Balcãs) a testemunhar a sua penetração e civilização cuja contribuição
para a ciência do Direito incluem a tolerância e a integração. Outrossim, é a apreciação do
Direito Islâmico nas geografias de influência.

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2.3.1.1. Grandes Pensadores percursores da Roma Medieval

2.3.1.2. Santo Agostinho (354-430 d. C)

Emerge na graça de Deus sendo teólogo, filósofo e Doutor da Igreja Católica. Seu pensamento
influenciou a visão do homem medieval. A sua vasta obra literária são Confissões e a Cidade
de Deus onde enfrenta, entre outras questões, o tema da justiça. Santo Agostinho cristianiza o
pensamento de Platão. Dito em MASOLD, Mary (2011, p. 24-28) para o Santo, pelo Direito
natural, a justiça é uma “virtude que distribui a cada um o que é seu” e “elemento essencial ao
Direito”. E, ainda, disse o filósofo: “onde não há verdadeira justiça não há verdadeiro Direito”
MASOLD, Mary (2011, p. 24-28).

Portanto, é unanime nos três acadêmicos MASOLD, Mary (2011, p.24 - 28); DE CICCO,
Claudio (2017, parte 3) e JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003) incluindo REAL, Miguel
(1999) de que:

Santo Agostinho Santo deixou grande contribuição para a filosofia do Direito. Começando
por definir a ordem como à disposição de coisas iguais e desiguais. Assinala com grande
penetração que a justiça é equidade e a equidade implica certa igualdade, mas equidade
é dar a cada um o que é seu e dar a cada um o que é seu implica certa distinção das coisas...
Notabiliza ainda – o Direito natural, principalmente na proteção aos Direitos humanos
fundamentais, objetivo buscado incessantemente pela sociedade e pelos governantes
democráticos. O Estado legisla as normas do Direito, tutelando os interesses dos
indivíduos, mas em casos de injustiças, os indivíduos reivindicam seus interesses sobre a
ótica de um outro direito, paralelo ao Direito positivado, ou seja, o Direito natural.

2.3.1.3. Isidoro de Sevilha (560 d.C.-636 d.C.)

Arcebispo de Sevilha, grande erudito e compilador medieval. O seu caráter romanístico,


contribuiu para a recepção do Direito Romano na Idade Média espanhola. “Se a lei se
estabelece pela razão, será lei tudo o que for estabelecido pela razão” MASOLD, Mary (2011,
p.26 - 27). Quanto à definição de lei, Santo Isidoro destaca aspectos éticos, sociológicos,
filosóficos e técnicos. A lei deve ser honesta, justa e estatuída para a utilidade comum dos

12
cidadãos ... (aspecto ético), adequada à natureza e aos costumes, conveniente no tempo
(aspectos sociológicos), necessária e proveitosa (aspecto filosófico) e clara, sem obscuridade
que provoque dúvida (aspecto técnico) MASOLD, Mary (2011, p.26 - 27). Nos seus
ensinamentos classifica o Direito no seguinte: Direito público pertinente aos magistrados e
sacerdotes; o Direito quiritário que se refere aos cidadãos romanos; o Direito natural que é
inerente à razão dos homens e fundado no instinto humano; Direito civil ou positivo que é o
particular de cada povo; e o Direito das gentes, que equivale ao Direito internacional público
atual.

2.3.1.4. São Tomás de Aquino (1225-1274)

Distinto expoente da escolástica, proclamado santo e cognominado Doutor Angelicus pela


Igreja Católica. “Pois é muito mais grave corromper a fé, da qual vem à vida da alma, que
falsificar dinheiro, pelo qual a vida temporal é sustentada” MASOLD, Mary (2011, p.27 - 28).
Em São Tomás de Aquino, as leis morais e sociais apontam também para uma felicidade
temporal: a convivência pacífica e a subsistência DE CICCO, Claudio (2017, parte 3). Assim,
o Direito, apesar de ser fruto da razão natural do homem, tem orientação teleológica na ética
cristã. Defende a ideia do Direito e da justiça como um bem comum, o que representa o
verdadeiro Estado Democrático de Direito. Fortalece a doutrina e a lei humana como fontes do
Direito.

As contribuições acima mencionadas convidam para olhar para as especificidades do Direito


Romano. Pretende-se então olhar para a Gênese enquanto conceito e suas características
enquanto Direito que influencia a sua própria evolução para posteriormente influenciar o
Direito Germânico e outras jurisprudências da actualidade.

2.3.2. A Essência do Direito Romano

2.3.2.1. Contextualizando o seu Conceito

O Direito Romano na essência e na perspectiva de Warnkoenig, citado JUNIOR, João José


Pinto (1888, p. 15) é apreciado com o complexo das regras que vigoraram entre os romanos
por cerca de treze séculos, Didier Pailhé, citado pelo mesmo autor, define o Direito Romano,

13
como o conjunto das leis que regerão o povo romano em todas as épocas de sua história.
Adolpho Roussel, também citado pelo mesmo autor, traz um conceito similar ao do
Warnkoenig, ao afirmar que Direito Romano, é o complexo das regras de Direito que durante
aproximadamente treze séculos estiveram em vigor no seio do mais poderoso povo da
antiguidade. Portanto, pode-se notar que os autores convergem na definição dos conceitos
sobre o Direito Romano, como sendo os procedimentos legais, ainda que não escritos, que
regeram a sociedade romana no passado. Embora autores como JUNIOR, João José Pinto
(Idem., p. 16), considerem o Direito Romano propriamente dito sendo o Direito Privado dos
romanos contido na colecção justiniana que é aquele direito que os romanos o conheceram
com código Iruis Civile o qual no tempo da República era o estudo exclusivo do jurisconsulto.

2.3.2.2. Contexto de Formação do Direito Romano

Compreende-se melhor a génese do Direito Romano a partir do processo de formação do


Império e da evolução da civilização romana. Roma foi o berço do Direito, e nasceu como
corpo organizado onde teve a sua raiz conforme as suas mais remotas origens, o ensino jurídico
(TELLES, Inocêncio Galvão, 2001, p.70). Portanto, a História do Direito Romano é a
exposição da origem, progresso, transformações e variabilidades das instituições jurídicas do
povo romano. Sendo que na perspectiva de MARKY, Thomas (1995, p. 22) o processo de
formação política e evolução social de Roma pode ser descrito nos seguintes períodos: a época
régia (fundação de Roma no século VIII a.C. até a expulsão dos reis em 510 a.C.), a época
republicana (até 27 a.C.), o principado até Diocleciano (que iniciou seu reinado em 284 d.C.),
e a monarquia absoluta, que vai até o fim do período por nós estudado, isto é, até Justiniano
(falecido em 565 d.C.).

A civilização romana organizava-se em dois grupos principais: os patrícios e os plebeus5. Esses


dois grupos tornaram-se a base da sociedade romana.

5
Os plebeus eram um grupo social composto por artesãos, comerciantes e camponeses, que constituíam a imensa
maioria da população romana, que durante a monarquia, não eram considerados cidadãos. Com o desenvolvimento
da sociedade e o enriquecimento dos patrícios, os plebeus começaram a se organizar para tentar superar a situação
social em que viviam. Os patrícios seriam uma minoria (a tradição fala de 300 famílias), e assumiam a
exclusividade no acesso aos cargos políticos e religiosos, bem como o controlo do direito, e portanto, formavam

14
2.3.2.3. A Perspectiva dos Períodos do Direito Romano

O Direito Romano encontra-se distinguida em três épocas nomeadamente o Direito Antigo ou


arcaico que ocorre com a fundação de Roma no século VIII a.C. até o século II a.C. o segundo
período refere-se ao Direito Clássico anotado até o século IV d. C., e finalmente o período do
Direito pós-clássico que vigora até o século VI d.C., dito por (MARKY, Thomas, 1995, p. 22).

2.3.2.4. Direito Romano Primitivo ou Arcaico

De acordo com MALIK, Ana Júlia (2006, p. 5), o direito romano primitivo ou arcaico abrange
toda a época da realeza e uma parte do período republicano. Constitui um direito
essencialmente consuetudinário característico de uma sociedade organizada em clãs, que pouco
conhecia o uso da escrita. Igualmente frisado em DE SOUSA, Marcelo Rebelo e GALVÃO,
Sofia (2000, p. 287) este período corresponde ao alvorecer de Roma e à sua constituição como
cidade-estado, cujo Direito é fundamentalmente consuetudinário. Disso decorre a enorme falta
de registros judiciais e legislativos neste período visto que não havia uma nítida diferenciação
entre o direito e a religião pois, eram os sacerdotes que até o período de 300 a.C. – 250 a.C.,
conheciam as formas e rituais de interpretação da lei. De acordo com MARKY, Thomas (1995,
p. 23), o direito romano neste período caracterizava-se pela sua rigidez, visto que o Estado
tinha funções limitadas a questões essenciais para sua sobrevivência: guerra, punição dos
delitos mais graves e, naturalmente, a observância das regras religiosas. Os cidadãos romanos
eram considerados mais como membros de uma comunidade familiar do que como indivíduos.
A defesa privada tinha larga utilização: a segurança dos cidadãos dependia mais do grupo a
que pertenciam do que do Estado. Foi neste período que foi instituída a Lei das XII Tábuas6,

a elite da sociedade romana e descendiam dos antigos clãs fundadores da cidade, daí derivou a expressão “patrício”
de páter-famílias. A estrutura do governo romano foi durante a maior parte de sua existência ocupada inteiramente
ou maioritariamente pelos patrícios (BRANDAO, José Luís e DE OLIVEIRA, Francisco, coord. 2015, p. 50).

6
Esta Lei era um texto gravado em 12 placas de madeira, afixado no fórum da cidade de Roma por volta de 449-
451 a.C. O seu propósito era o de resolver certos conflitos entre plebeus e patrícios. O texto original foi destruído
por ocasião do saque de Roma pelos gauleses em 390 a.C. No entanto, como escreve Gilissen referenciado por
Malik, alguns fragmentos chegaram até nós graças as citações de Cícero e de Gélio e por comentários escritos por
Labeo e por Gaio no Digesto A Lei das XII Tábuas não chegou a formar um código, no sentido moderno do termo,

15
que segundo SILVA, Enio Waldir (2012, p. 44), tinha como objecto primeiro a família. Neste
contexto, o direito era destinado apenas ao cidadão, o homem livre, páter-famílias7 (o pai), que
podia representar aos juízes quando julgar que ele próprio, os seus ou suas propriedades,
sofreram algum dano, bem como exigir reparação e penas adequadas. Portanto, a Lei das XII
Tábuas era um conjunto de regras costumeiras, primitivas, aplicadas exclusivamente aos
cidadãos romanos. Segundo a tradição romana, em 462 a. C., um dos tribunos da plebe, G.
Terentilio Harsa, encetou o processo de codificação legislativa em Roma (Lei das XII Tábuas8),
ao ser o primeiro a lançar a proposta de nomeação de uma comissão com o objectivo de redigir
um código de leis que deveria ser reconhecido quer por patrícios quer por plebeus. O objectivo
seria também proporcionar a todos os cidadãos romanos o acesso a leis escritas, que deixariam
assim de estar reservadas a apenas uma elite social ou política – designadamente os pontífices
– que, ao dominar o direito, monopolizaria o controlo social (BRANDÃO, José Luís e DE
OLIVEIRA, Francisco, coord. 2015, p. 88). Portanto, o direito primitivo é intimamente ligado
às regras religiosas, fixado e promulgado pela publicação das XII Tábuas, já representava um
avanço na sua época, mas, com o passar do tempo e pela mudança de condições, tornou-se
antiquado, superado e impeditivo de ulterior progresso. Em outras avaliações de autores infere-
se que a Lei das Doze Tábuas foram elaboradas no período da República por pressão dos
plebeus nelas estavam escritas as leis que determinavam como deveriam ser os julgamentos e
as punições para os devedores incluindo e o poder do pai sobre as famílias (páter-famílias).

2.3.2.5. Direito Romano na Época Clássica

A época clássica do direito romano coincide com o período de maior desenvolvimento de sua
civilização. Este período abrange o espaço entre os séculos II a.C. e II d.C. Nesta fase, o Direito

tampouco um conjunto de leis; parece antes uma redução, em forma escrita, de costumes então vigentes (MALIK,
Ana Júlia (2006, p. 9).
7
A família era a célula fundamental da sociedade romana, e á frente de cada família estava o pai (pater-familias),
o elemento masculino mais velho, que detinha plenos poderes, inclusivamente de vida ou de morte sobre os filhos
(BRANDÃO, José Luís e DE OLIVEIRA, Francisco, coord. 2015, p. 49).
8
O que sobra da Lei das XII Tabuas é o suficiente para percebermos que, durante o século V a. C., Roma teve leis
de direito privado, público, criminal e sagrado, que radicaram, por certo, num direito anteriormente
consuetudinário. As XII Tábuas foram a fonte de todo o direito público e privado de Roma (BRANDÃO, José
Luís e DE OLIVEIRA, Francisco, coord. 2015, p. 89).

16
apresenta um carácter essencialmente laico e individualista, cuja interpretação de suas fontes é
cada vez mais de natureza legislativa do que consuetudinária competindo a um corpo de
profissionais especializados: os jurisconsultos (MALIK, Ana Júlia, 2006, p. 10). Neste mesmo
período VARELA, Bartolomeu L. (2011, p. 21) distingui dois tipos de magistrados: o pretor e
o juiz particular. O pretor9 tinha por incumbência funções relacionadas com a administração
da Justiça. Este cuidava da primeira fase do processo, verificando as alegações das partes e
fixando os limites da contenda, para remeter o caso posteriormente a um juiz particular. Cabia
então, a esse juiz, verificar a procedência das alegações diante das provas apresentadas e tomar,
com base nelas, a sua decisão. Havia dois tipos de pretores: o pretor urbano (para os casos
daqueles que tinham cidadania romana) e o pretor peregrino (para os casos em que figuravam
estrangeiros. MARKY, Thomas (1995, p. 25), acrescenta que, o pretor ao fixar os limites da
contenda, podia dar instruções ao juiz particular sobre como ele deveria apreciar as questões
de direito. Fazia isto por escrito, pela fórmula, na qual podia incluir novidades, até então
desconhecidas no direito antigo. Podia deixar de admitir acções perante ele propostas
(denegatio actionis). Essas reformas completavam, supriam e corrigiam as regras antigas. Esta
demonstração evolutiva mostra abrangência de outras esferas sociais como as plebes que
outrora não tinham direito de participar na vida política uma vez excluídos dos processos
judiciais. Na nova fase o Direito costumeiro perde gradual relevância nas decisões jurídicas.
Todavia, vale ressaltar que a jurisprudência10 romana conferiu um tratamento especial para a
regulamentação das relações contratuais entre cidadãos relativas a transações económicas de
compra e venda; aluguel; permuta e relações de família que envolvessem o património
(casamento e herança). Portanto, percebe-se a grande contribuição do direito romano No
Código Civil (MALIK, Ana Júlia, 2006, p. 9). Neste período, o Direito Romano teve grande
impacto na sociedade uma vez que harmonizou a legislação escrita com as leis

9
Os pretores eram os magistrados que tratavam das questões jurídicas. Esses eram divididos em pretores urbanos,
responsáveis pela justiça nas cidades, e os pretores peregrinos, que tratavam da justiça no meio rural e entre os
estrangeiros. Os pretores elaboraram um direito que, com o mais alto grau de ponderação e de perfeição técnica,
acoplava a máxima capacidade de renovação, direito esse que está entre as criações mais originais e elevadas no
génio romano.
10
A Jurisprudentia, termo significativo da actividade jurídica em Roma, recebia os mais diversos qualitativos:
ars, disciplina, scientia ou notitia.

17
consuetudinárias. Permitindo assim a dinamização das actividades económicas e consequente
evolução das relações sociais no contexto do património.

2.3.2.6. O Direito Romano no Período Pós-clássico

O Direito pós-clássico na acepção de DE SOUSA, Marcelo Rebelo e GALVÃO, Sofia (2000,


p. 287) é o período da influência universal de Roma, do seu império e do seu Direito. Para
MARKY, Thomas (1995, p. 25-26), o período pós-clássico, é a época da decadência em quase
todos os sectores. Assim também no campo do direito vivia-se do legado dos clássicos, que
teve de sofrer uma vulgarização para poder ser utilizado na nova situação caracterizada pelo
rebaixamento de nível em todos os campos. Nesse período, pela ausência do génio criativo,
sentiu-se a necessidade da fixação definitiva das regras vigentes, por meio de uma codificação
que os romanos em princípio desprezavam. Nenhuma outra foi empreendida pelos romanos até
o período decadente da era pós-clássica, excepto a codificação das XII Tábuas do século V a.C.
O grande mérito do direito pós-clássico foi o de ter conservado, através do trabalho dos
compiladores, as obras dos jurisconsultos romanos do período áureo de seu direito (MALIK,
Ana Júlia, 2006, p. 16).

2.3.2.7. Resumindo o Direito Romano

A idade evolutiva do Direito Romano confere significativos aprendizados para os tempos


vindouros visto apresentarem aspectos oportunos para o aproveitamento na actualidade.
Durante séculos, o costume foi um modo essencial de criação jurídica. A influência do costume,
em Roma foi decisivo para a evolução do Direito Privado visto que as leis nunca representaram
uma alternativa bastante sólida. De cordo com DE SOUSA, Marcelo Rebelo e GALVÃO, Sofia
(2000, p. 287-288), em outras áreas, como no Direito constitucional e no Direito Processual, a
lei teve um papel determinante. Da iniciativa da assembleia ou do magistrado, as leis
revelaram-se um instrumento fundamental na disciplina jurídica da sociedade. O autor refere
ainda que, perante um problema da vida, fosse ele real ou hipotético, o jurista dava solução do
caso. Não se chegava à formação de uma regra, mas entendia-se que a solução encontrada era
válida para os futuros casos semelhantes.

18
O direito, no sentido objectivo, pode ser classificado do ponto de vista histórico e sistemático.
Na verdade, a distinção baseia-se na diversidade dos destinatários das respectivas regras. O
antigo direito romano, ius civile, também denominado nas fontes como ius Quiritium,
destinava-se, exclusivamente, aos cidadãos romanos (Quirites). Por outro lado, as normas
consuetudinárias romanas, consideradas como comuns a todos os povos e por isso aplicáveis
não só aos cidadãos romanos (Quirites), como também aos estrangeiros em Roma (MARKY,
Thomas,1995, p. 25-26).

Nem todos os habitantes eram considerados juridicamente cidadãos, o que significa que, nem
todos podiam ser titulares de situações jurídicas. Os escravos e os estrangeiros eram não eram
considerados cidadãos, logo não eram titulares de situações jurídicas. O direito era exclusivo
dos cidadãos. Por isso a solução pelos tribunais dos litígios tinha em conta as partes litigantes.

O direito era pessoal. Aos romanos aplicava-se o Direito Romano – o ius civile, aos estrangeiros
e peregrinos não. Com a evolução social, o tempo impôs alterações: os escravos puderam
passar a libertos, a cidadania foi alargada e mais tarde a constituição estendeu-se a todos os
súbditos romanos.

De acordo com DE SOUSA, Marcelo Rebelo e GALVÃO, Sofia (2000, p. 287-288), com o
desenvolvimento do comércio e dos contactos, as regras alteraram-se. O Direito positivo e
Direito Romano, foi mais tarde justificado através de uma identificação com o Direito Natural.

Contudo, o essencial na experiencia jurídica romana, foi a coerência e a maleabilidade do


sistema. A ligação entre o Direito e a vida. O Direito romano foi se desenvolvendo com a
expansão do Estado, da cidade de Roma, para a Península Itálica e dela para um império que
se desdobra da Península Ibérica à Ásia Menor, e do centro da Europa ao Norte de África.
Portanto, pode-se concluir que, a África e Moçambique em particular herdou o direito romano,
ou seja, o sistema jurídico moçambicano, fundamenta-se no sistema jurídico romano.

Depois de Roma e seus legados, o trampolim da Idade Media e suas lições o tapete do
renascimento e iluminismo estava estendido. As luzes da nova era negariam de se apagar. O
racionalismo exponencial tinha sido elevado. A razão é o centro gravitacional. A ciência é o
instrumento - fonte plausível para qual que seja a explicação na ciência do direito e na

19
interdisciplinaridade de que o Direito necessitaria como suporte. Portanto, o pensamento
jurídico é racionalizado. A doutrina ganha o seu momento e a jurisprudência celebra suas
fronteiras. A hermenêutica jurídica flexibiliza-se com elasticidade restritiva e generalista.
Portanto a versatilidade da ciência do Direito expande-se. Novos pensadores novos paradigmas
visando responder as novas pressões. Rene Descartes exalta-se com o seu Penso Logo Existo,
introduzindo assim, o sistema cartesiano sobre a dúvida metódica. Esta ferramenta é
inquestionavelmente valida para o contributo evolutivo da ciência do direito.

3. O Direito Germânico

3.1. O Direito Romano Germânico

4. Direito no Sec. XX - Pensamento Jurídico Moderno

O Direito na Era Moderna evolui com uma nova aparência. Quebra-se o elo entre a
jurisprudência e o procedimento dogmático fundado na autoridade dos textos romanos
JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003, p.63). Paradoxalmente aperfeiçoa o caráter dogmático
ao dar-lhe uma qualidade de sistema que se constrói a partir de premissas que repousam na sua
generalidade racional JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003, p.63). Conforme Kelsen, a
ciência dogmática do Direito se constrói como um processo de submissão dominada por um
esquematismo binário que reduz o objecto jurídico a duas possibilidades: ou “se trata disto”;
ou “se trata daquilo. Contudo, a ciência dogmática é percebida como a abstração da abstração
o qual provoca o risco de progressivos distanciamentos sendo por isso que para Kelsen a
concepção renovada do saber jurídico é ligada à realidade jurídica como latente herança dos
métodos dedutivos do jusnaturalismo permeados pelo positivismo formalista do sec. XIX.
JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003, p.76). A teoria jurídica é construída baseada no
sistema razão e em noma da própria razão é um instrumento da crítica da realidade, isto é, o
método sistemático conforme o rigor logico da dedução; o sentido crítico avaliativo do direito
conforme os padrões éticos contidos nos princípios reconhecidos pela razão JUNIOR, Tercio
Sampaio Ferraz (2003, p.63). Portanto, as leis ganham um caráter formal e genérico e abstrata

20
que garantem liberdade dos cidadãos no sentido de disponibilidade. Ganham uma posição
juridicamente neutral para a legitimidade da utilidade privada e pública.

Grandes Pensadores emergem no sec. XIX e sec. XX emergem na espiral. Samuel Pufendorf
em sua obra De Jure Naturae et gentium: Libri Octubro de 1672 o qual apresenta um sistema
completo de Direito Natural e De Officio hominis et civis: Libre duo, 1673 1673; foi
considerado o grande sintetizador dos grandes sistemas jurídicos de sua época sec. XVII-
XVIII. Pufendorf divide normas do Direito Natural em duas vertentes: As absolutas – que são
as estabelecidas pelo próprio homem. E as Hipotéticas – que são as normas estabelecidas pelas
próprias instituições JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003, p.62) deste modo as leis naturais
tornam-se universalmente validas graças ao postulado antropológico que altera a visão do
homem como cidadão da cidade de Deus passando a ser considerado como um ser natural, um
elemento do mundo concebido segundo as leis naturais JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003,
p.62). A escola Histórica Alemã ganha um momento especial para a ciência do Direito. O
Civilista Hugo (1764-1844) com o Volume I em sua obra Lehrbuch eines Civilistischen Kursus
(2.ed., 1799) introduz a questão da temporalidade JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003,
p.70). O Direito não é um fenômeno que ocorre na história, mas, que é a história em essência.
Para Hugo, a história do Direito aparece como ciência propriamente dita enquanto a dogmática
é a continuação da pesquisa histórica com outros instrumentos. Em Hugo, percebe-se a
dogmática jurídica como “o Problema”; a filosofia do Direito como o “racional reconhecido
como Direito” e a história do Direito “como o Direito se tornou” JUNIOR, Tercio Sampaio
Ferraz (2003, p.70). Já em Savigny – jurista alemão considerado um dos pais da escola do
Direito, não e’ a lei, a norma racionalmente formulada pelo legislador que será primeiramente
o objecto de ocupação do jurista, mas a convicção comum do povo – “o espírito do povo” –
portanto, a fonte originaria do Direito, que dá sentido histórico ao Direito em constante
transformação JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003, p.71). A escola histórica marca então
o aparecimento do “Direito dos Professores” pois, sob certas condições, a tônica na ocupação
com o direito passa para as faculdades de Direito e seus mestres JUNIOR, Tercio Sampaio
Ferraz (2003, p.70). A ciência do Direito emerge como a ciência da doutrina.

21
4.1.1. A Era Moderna e a Contemporaneidade na Ciência do Direito

Lendo bibliografias de REAL, Miguel (1999); DE CICCO, Claudio (2017); JUNIOR, Tercio
Sampaio Ferraz (2003); MARTINS, Ives Gandra Da Silva (2010); MASOLD, Mary (2011) são
unanimes em apontar que depois de entrar na idade moderna pelo contributo da 1ª Revolução
industrial – (1453 – 1789) e dos avanços científicos centrados na razão resultaram na permuta
do centro de gravidade, isto é, migrando a partir do centro das divindades sustentados pela fé
cristã. Já na 2ª Revolução Industrial – (1789~1920) e sem tempo para perder, o tempo e o
espaço ganharam o seu novo momento e por conseguinte a ciência do Direito percebe-se que
o Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, Emmanuel Kant, Friederich Hegel, Savigny, John Locke;
René Descartes (1596-1650); Augusto Comte; Émile Durkheim (1858-1917); Karl Heinrich
Marx (1818-1883) estenderam o tapete para contemplar a idade contemporânea esta
unanimidade de pensamento encontra-se também em REAL, Miguel (1999); DE CICCO,
Claudio (2017); JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003); MARTINS, Ives Gandra Da Silva
(2010); MASOLD, Mary (2011). Conforme a acadêmica MASOLD, Mary (2011) este espírito
fraterno com a ciência do direito e do pensamento jurídico vem para erguer a sua majestática
eloquência que ilustra seu valor e prestígio ao estruturar o Direito como uma Ciência aplicando
a técnica cientifica através de modelos e teorias que defendem valiosas ideias, hipóteses entre
outras contribuições para a humanidade pelos seguintes percursores Hans Kelsen, Norberto
Bobbio, Miguel Reale, Michel Foucault, Carnelutti, Chiovenda, Habermas, Häberle, S.
Puffendorf (1632-1694). Outros ainda se estendem pela lista MASOLD, Mary (2011)11 É por

11
MASOLD, Mary (2011) decide considerar o nomear dos filósofos, Sociólogos,
Quando
Antropólogos Matemáticos, Juristas, Advogados e Poetas seguintes: Gottfried Leibniz (1646-
1716); C. Tomásio (1665-1728); David Hume (1711-1776); Carl Joseph Anton Mittermaier
(1787- 1867). Arthur Schopenhauer (1788-1860); Rudolf von Ihering (1818-1892); Ferdinand
Lassalle (1825-1864); Ruy Barbosa (1849-1923); Pierre Marie Nicolas Léon Duguit (1859-
1928). Clóvis Beviláqua (1859-1944); Maximillian Weber (1864-1920). Gustav Radbruch
(1878-1949). Giorgio Del Vecchio (1878-1970); Carl Schmitt (1888-1985). Piero Calamandrei
(1889-1956); Nélson Hungria Hoffbauer (1891- 1969); Heráclito Fontoura Sobral Pinto (1893-
1991); Moacyr Amaral Santos (1902-1983); Karl Larenz (1903-1993). Jean Paul Charles
Aymard Sartre (1905 -1980). Alfredo Buzaid (1914-1991); Gerson de Brito Mello Boson
(1914-2001); Goffredo da Silva Teles Júnior (1915-2009); Konrad Hesse (1919 -2005); John
Rawls (1921-2002); Elio Fazzalari (1925- 2010); Mauro Cappelletti (1927-2004); e finalmente
o próprio Ovídio Araújo Baptista Silva (1929-2009 infere aceitavelmente conforme o mundo
acadêmico de todos estes pensadores são a pedra angular notável na interdisciplinaridade da

22
assim dizer que a época contemporânea desde os anos 1920 ~1929 até aos dias de hoje tem
seus ditames. Automação e computação; avanços tecnológicos entre a cibernética e energias
nucleares; Exploração do Espaço e galáxias, a Bio-visão às magnitudes Bio-militares são um
novo paradigma para o novo Direito e Pensamento Jurídico seja no seu sentido e fonte material,
formal, sua jurisprudência e sua Doutrina. E também nas questões políticos sociais que a
“globalização e glocalização” que as novas questões relativas a migração desafiam o Direito
substanciado ao contexto das jurisprudências actual.

5. Conclusão

6. Bibliografia

1. BRANDÃO, José Luís e DE OLIVEIRA, Francisco, coord., (2015), História de Roma


Antiga: das origens à morte de César, Lisboa: Coimbra University Press, p. 88-90.
2. DE CICCO, Claudio (2017) História do Direito e do Pensamento Jurídico, 8ª ed., São
Paulo, Saraiva.
3. DE SOUSA, Marcelo Rebelo e GALVÃO Sofia (2000), Introdução ao Direito, 5ª ed.,
Lisboa: Alex, p. 286-290.
4. HARARI, Yuval Noah (2017) Homo Deus: História Breve do Amanhã, 1ª ed., RH
Grupo Editorial, Portugal
5. JUNIOR, João José Pinto (1888), Curso Elementar de Direito Romano, Brasil:
Tipografia Económica, p. 15-16.
6. JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003), Introdução ao Estudo do Direito – Técnica,
Decisão, Dominação, 4ª ed. EDITORA ATLAS S.A., São Paulo, p.60-80

ciência do Direito que marcam a sua evolução contextualizada no tempo a medida das
necessidades do seu tempo. E’ defacto difícil expressar qualquer que seja pensamento se ter
que considerar os ícones das ciências sociais e humana. Portanto, na nossa opinião tanto REAL,
Miguel (1999); DE CICCO, Claudio (2017); JUNIOR, Tercio Sampaio Ferraz (2003);
MARTINS, Ives Gandra Da Silva (2010); são felizes em considerar que as referências da
evolução do Direito e do pensamento jurídico cimentaram o direito Romano-Germânico,
anglo-saxônico conforme as jurisprudências da actualidade analisadas Sec. XIX-XX até aos
dias de hoje.

23
7. MARKY, Thomas (1995), Curso Elementar de Direito Romano, São Paulo: Editora
Saraiva, p. 22-26.
8. MALIK, Ana Júlia (2006), O Direito Romano e seu ressurgimento no final da Idade
Média, São Paulo, S/edra, p. 5-10.
9. MARTINS, Ives Gandra Da Silva (2010) Uma Breve Introdução ao Direito, 2ª ed.
Disponível pelo a1a2fd6uma_breve_introducao_ao_direito.pdf, acessado aos 10 de
Maio de 2022
10. SILVA, Enio Waldir (2012), Sociologia Jurídica, Brasil: editora UNIJUI, p. 44-54.
11. TELLES, Inocêncio Galvão (2001), Introdução ao Estudo de Direito, 10ª ed., Vol. II,
São Paulo: Coimbra editora, p. 73-77.
12. REAL, Miguel (1999) Horizontes do Direito e da História, 3ª ed. ver e aum., Editora
Saraiva, São Paulo
13. VARELA, Bartolomeu L. (2011), Manual de Introdução ao Direito, 2ª ed., Praia: Uni-
CV. p. 21.

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