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T e o r ia d o
PRECEDENTE
J u d ic ia l
A JUSTIFICAÇÃO E A APLICAÇÃC
de Regras ju r is p r u d e n c ia ís
Roque Antonio Carrazza
Päbtßnä^BhlfidäwiTmM'-
I
TEORIA DO PRECEDENTE
JUDICIAL
A Justificação e a Aplicação de Regras
Jurisprudenciais
T h o m as d a R o sa de B u stam an te
Professor da Universidade Federal de M inas Gerais
TEORIA DO PRECEDENTE
JUDICIAL
A Justificação e a Aplicação de Regras
Jurisprudenciais
São Paulo
2012
Copyright © 2012 By Editora Noeses
Arte/diagramação: Denise Dearo
Capa: Ney Faustini
C IP - BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
610 p.
ISBN 978-85-99349-70-0
CDU -3 4 0 .1 2
2012
Todos os direitos reservados
editora
NOESES
Editora Noeses Ltda.
Tel/fax: 5 5 1 1 3 6 6 6 6055
www.editoranoeses.com.br
A. minha querida E V A .
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos....................................................................... VII
Prefácio............. .............................. ..................................... . XV II
Considerações Introdutórias ................................................ X X I
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PREFÁCIO
Y\m
THOMAS DA ROSA DE BUSTAMANTE
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I
1
O Método Judicial e o Precedente no
Common Law e na Tradição Jurídica
Continental: a Convergência de
Perspectivas Teóricas
1.1 Introdução
Bologna, por volta do século XI, e dos comentários deixados pelos glosadores
nos séculos XIII e XIV por outro lado, em nenhum outro lugar do mundo
foram encontradas condições históricas tão favoráveis à incorporação das
normas e categorias do direito romano ao direito positivo. Como explicam
Zweigert e Kõtz [1998:132 e ss.], pode-se falar em uma verdadeira “recepção
do direito romano” na Alemanha deste período (século XVI), a qual reper
cutiu significativamente na metodologia da ciência do Direito daquele país,
notadamente através dos pandectistas do século X IX , que desenvolveram
suas teorias conceptualistas a partir de comentários literais e da análise
conceituai do Digesto ou Pandectas [Van Caenegem, 1987, p. 12] e abriram o
caminho para uma série de outras teorias sobre a interpretação, aplicação e
desenvolvimento do Direito. Para uma síntese histórica das principais ver
tentes jurídico-metodológicas na Alemanha, v. Larenz [1997:Parte I].
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5. D.47,2,43,11 (Ulp. 41 ad Sab): “Se alguém traz consigo alguma coisa atirada
de uma embarcação, pode ser demandado por furto? O problema está em
determinar se a coisa deve ser considerada definitivamente abandonada. Se,
de fato, [o proprietário] jogou a coisa [do embarcação] com a ideia de deixá-la
definitivamente, o que deve-se crer seja a maioria dos casos, enquanto ele
estiver convencido de que a coisa tenha se perdido definitivamente, quem
a encontra lhe adquire a propriedade e não a tem por furto. Se, ao invés, o
proprietário não tiver jogado a coisa [da embarcação] com esta convicção, mas
com a ideia de recuperá-la caso ela seja resgatada, a coisa deve ser devolvida
por quem a tenha encontrado, e caso este tenha tido conhecimento de tal
circunstância terá tido a intenção de cometer o furto e terá a coisa por furto.
Se, ao invés, aquele que encontra a coisa não tiver a intenção de roubá-la,
mas a intenção de restituí-la ao proprietário, ele não a terá por furto. Ana
logamente, se estiver convencido de que a coisa tenha sido simplesmente
jogada da embarcação, não a terá tido por furto” (Si iactum ex navefactum
alius tulerit, anfurti teneatur? Quaestio in eo est, an pro derelicto hábitum sit.
Et si quidem derelinquentis animo iactavit, quod plerumque credendum est,
cum sciat periturum, qui invenit suumfecit necfurtir tenetur. Si vero non hoc
animo, sed hoc, ut, si salvumfuerit, haberet: ei qui invenit auferendum est, et si
ho qui invenit et animo furandi tenet furti tenetur. Enumvero si hoc animo, ut
salvumfaceret domino, furti non tenetur. Quod si putans simpliciter iactatum,
furti similiter non tenetur).
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apenas a boca que pronuncia as palavras da lei, não é admissível que o sistema
jurídico como um todo se comporte, sempre e sem qualquer flexibilização,
como se ele o fosse” [Molfessis et al. 2005:13].
13. Cour de Cassation, Ass. Plén., 16.11.2001, BICC, n. 541 du 15.12.2001, pp. 3
et ss., avec les conclusions de M. D. Goûtes; Bull. Ass. Plén. 13/19.
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oficial da Corte devem ser considerados como razões de autoridade nos seus
julgamentos. Como explica David [1960:164-nota 1; Gorla 1999-b:99-100-nota
11], “quando a Câmara Criminal da Corte toma uma decisão, os seus membros
tomam uma deliberação especial para saber se o arrêt será, ou não, publica
do no boletim oficial”. Uma vez formada certa jurisprudência da Corte, sua
eficácia normativa para além do caso concreto é tão marcante que por vezes
certos órgãos da Corte decidem, por si mesmos, limitar seu poder normativo.
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17. V., em especial, Touffait [1978:485] sobre a (falta de) repercussão de seu
estudo anterior escrito em parceria com o professor André Tunc [Touffait/
Tunc 1974] sobre a atividade dos magistrais da Cour de Cassation.
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18. Sobre a doutrina das fontes do Direito, v., infra, Capítulo 3, n. 3.3.
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2006:716-nota 59]: “Eu gostaria de frisar que a opinião que expresso nesse
ponto de meu voto foi formada sem o benefício da argumentação com os
advogados das partes, de sorte que por isso deve ser tida como de autoridade
limitada [limited authority]”.
22. V , infra, Capítulo 4, n. 4.2.
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24. Nos termos das Practice Directions and Standing Orders Applicable to
Civil Appéals, 2007 -2008 Edition (v., supra, nota anterior), “o leave to appeal é
assegurado a petições que, na opinião do Comitê de Apelações [Appeal Com-
mittee], discutam uma questão jurídica sustentável de importância pública
que deva ser considerada pela House no momento, levando-se em conta que
a questão jurídica já tenha sido o tema de uma decisão judicial e possa ser
revista em grau recursal. Uma petição que na opinião do Appeal Comittee
não suscite essa questão jurídica é rejeitada por esse fundamento. O Appeal
Committee dá breves razões para rejeitar a apelação, mas na hipótese inversa
não necessita explicar as suas decisões” (Directive 4.7).
25. Para uma discussão sobre alguns problemas que podem surgir nesse
ponto, v., Montrose [1957] e Whittaker [2006:722-727], bem como infra, Ca
pítulo 3, n. 3.2.
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AC\
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seja uma das razões pelas quais o sistema pôde sobreviver com
relativamente poucas perturbações internas por tanto tempo
mas também não admite com facilidade que mais ninguém o faça.
A relação entre o common law e o Direito legislado é es
pecialmente interessante. O ponto de partida para a construção
do Direito sempre é o common law, já que não há Direito codi
ficado ou uma formulação expressa dos princípios fundamen
tais do direito inglês em uma Constituição escrita. A legislação
aprovada pelo Parlamento, apesar de ser a fonte do Direito com
maior grau de hierarquia no plano interno, restringe-se a uma
atividade normativa altamente detalhada e específica, consti
tuída por enunciados frequentemente dotados de um caráter
ad hoc, ou seja, destinados a resolver um problema tão casuís-
tico quanto os enfrentados pelas cortes de justiça. Desenvolveu-
se, por razões históricas, uma ideia de que todo enunciado
legislativo que desviar do common law não-escrito “deve ser
de natureza excepcional e portanto deve ser construído de
maneira estrita e aplicado apenas às situações precisas que
inquestionavelmente estejam cobertas pelos seus term os”
[Zweigert/Kõtz 1998:265]. Até 1993, quando a House ofLords
julgou o caso “Pepper vs Hart”27, vigorava inclusive uma rule o f
exclusion segundo a qual estava proibida referência aos travaux
préparatoires e documentos de natureza semelhante destinados
a esclarecer dúvidas sobre o sentido e o alcance das expressões
utilizadas pelo legislador. A interpretação da legislação parla
mentar no common law - informa Van Caenegem [1987:17] -
devia “ ser feita seguindo as velhas técnicas da interpretação
literal e sua ipsissima verba, parando por aí” ; pouco importa
se o resultado é diferente do desejado pelo legislador: “ o legis
lador deveria ter enunciado seu texto com mais cuidado” . Como
denuncia Zimmermann [1997], os métodos de interpretação
legislativa do common law no século X X pouco se diferenciam
daquele adotado pelos juristas do ius comune italiano dos
séculos XIII e XIV e pelos pandectistas alemães do século XVI.
30. Nesse sentido, Seipp [1993:389] coleta passagens não apenas de Maitland,
mas também de Holdsworth, Bryce Lyon, Plucknett e Van Caenegem. No
entanto, para uma análise mais completa e multidimensional do tema, com
várias outras referências, v., por todos, Moccia [2005:862-967].
31. O trecho destacado refere-se a uma citação de Maitland [1911].
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35. O trecho em destaque é uma citação de Amos, Roman Civil Law, p. 450
(referência incompleta).
36. De Legibus et Consuetudinibus Anglioe.
37. Cumpre mencionar, no entanto, a interpretação de Van Caenegem [1987]
- não acatada na presente teoria normativa dos precedentes judiciais, mas
relevante e, em certo sentido, dominante - no sentido de que os dados
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históricos relatados nos parágrafos anteriores não teriam impedido que, após
a reconquista da Normandia pela Monarquia francesa, o Direito inglês se
“insularizasse” e passasse a adquirir uma identidade puramente inglesa: “Foi
a conquista da Normandia pelos monarcas franceses e a gradual introdução
do Direito francês de inspiração romana no Ducado que transformou o Direito
anglo-normando em um Direito puramente inglês. O [Direito] que se trans
formou no [atuai] ‘Direito inglês’ teve início como Direito anglo-normando,
compartilhado por um Reino e um Ducado que não estavam separados, mas
unidos por um canal: o que mais tarde seria o principal traço de insularidade
não era (no início) nada insular” [Van Caenegem 1987:115]. Ainda segundo
Van Caenegem [1987:124-126], foram os juristas do Continente - não apenas
da França, como também da Itália e da Alemanha, por exemplo - que, ao
introduzirem em seus sistemas jurídicos novos elementos provenientes
do Direito romano - que era visto pelos juristas medievais como um texto
sacrossanto que continha uma racionalidade intrínseca (ou seja, da mesma
forma como mais tarde o jurista continental veria o código) divergiram do
caminho originalmente comum e que continuou a ser seguido pelos ingleses.
A minha reticência em relação a essa interpretação é que ela desconsidera
os importantes pontos de comunicação entre o Direito inglês e o Direito
continental, de que passo a tratar nas próximas linhas.
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40. Para uma explicação sobre como a teoria de Herbert Hart - ao revelar a
importância da perspectiva interna, ou seja, do ponto de vista de quem inter
preta e aplica o Direito, para a definição do Direito e para encontrar a rale of
recognition desse sistema - traçou o caminho a partir do qual outras teorias,
como as de Alexy e Habermas, por exemplo, puderam vindicar um conceito
não positivista de Direito, v. Bustamante [2006-a], onde há outras indicações.
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48. Foi nesse momento, aliás, que o Direito inglês passou a conhecer o instituto
da apelação nos moldes continentais, isto é, como um mecanismo natural
e ordinário de impugnação de decisões judiciais. E claro que havia outros
mecanismos de recurso e impugnação de decisões, mas as situações eram
mais restritas e bem diferentes da noção de recurso que vigora no Continente.
Para uma explicação mais detalhada, v. Van Caenegem [1995:135-136].
49. Para se sentir essa influência, basta verificar que a matriz fundamental
da teoria jurídica produzida em solo inglês após a segunda metade do século
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60. Essa asserção pode seguramente ser comprovada por meio de uma aná
lise histórico-comparativa mais aprofundada. Cruz e Tucci, por exemplo,
em estudo sobre o valor do precedente como fonte do Direito em diferentes
fases do Direito romano e no Direito visigótico, no ius commune, no Direito
hispano-lusitano, no common law e no Direito moderno europeu conclui ser
possível construir uma única teoria geral dos precedentes, na medida em que
o método de aplicação dos precedentes apresenta importantes semelhanças
em todos esses contextos: “Se olharmos ainda mais para o passado, iremos
verificar que o usus do precedente, acentuado na casuística, constitui um
método cuja característica fundamental independe da época, do sistema
jurídico ou da natureza da função exercida pelas pessoas que o empregam.
Assim, por exemplo, ‘no Direito inglês a técnica do precedente encontra-se
intimamente ligada às decisões judiciais porque os artífices da common law
são os juizes; os protagonistas do Direito romano, pelo contrário, foram
sobretudo os jurisconsultos e a chancelaria imperial, que também atuavam
mediante a observância do método casuístico’” [Cruz e Tucci 2004:24] (o
trecho destacado é uma transcrição de Letizia Vacca).
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61. Nesse sentido, cite-se o famoso excerto de Holmes segundo o qual “a vida
do Direito não foi lógica; foi experiência” (“the life of the law has not been
logic; it has been experience”) [Holmes 1982:1],
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62. Isso não implica, como vimos, que já não mais existam as diferenças de
estilo que estudamos com detalhe nas seções anteriores. Quando falo que
os argumentos que prevalecem são semelhantes e os modos de justificação
também, isso só pode ser verdade em função dos mecanismos de justificação
extraprocessual existentes no Direito continental, como os que relatei infra,
no item I.4.I.3.
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2
Fundamentos de uma Teoria
Pós-Positivista do Precedente Judicial
1. O texto compreendido nos ns. 2.1 e 2.2 corresponde, com algumas adap
tações, a uma parte substancial de ensaio anterior de minha autoria [Busta
mante 2006-a], feitas, porém, algumas correções na versão anterior.
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2. “Regras secundárias”, para Hart, não são o mesmo que para Kelsen. Para
evitar mal-entendidos, transcrevo o seguinte texto de Hart: “Sob regras de
um primeiro tipo, que pode ser com propriedade considerado o tipo básico
ou primário, seres humanos são obrigados a fazer ou se abster de certas
ações, quer eles queiram ou não. Regras do outro tipo (segundo) são em certo
sentido parasitárias das ou secundárias em relação às primeiras, pois elas
permitem que os seres humanos possam, fazendo ou dizendo certas coisas,
introduzir novas regras do primeiro tipo, extinguir ou modificar as antigas,
ou de várias maneiras determinar a incidências delas ou controlar as suas
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4. No entanto, embora tenha sido o responsável pela virada que abriu o ca
minho para a superação do positivismo e para a institucionalização das mais
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12. Como vimos acima, é essa pretensão de correção normativa que vai ser
“testada” no discurso prático. Importa salientar, à guisa de conclusão desse
tópico, que Habermas, em estudos bem mais recentes, revisou parcialmente
suas teses acerca do discurso teórico (ou seja, daquele em que estamos diante
de asserções ou atos de fala constatativos que sustentam uma pretensão de
verdade), mas não as do discurso prático. Nesse sentido o seguinte excerto:
“A orientação da verdade assume papéis diferentes nos contextos da ação
e do discurso. Levando-se em conta essas diferenças, distingo - com mais
rigor do que havia feito até então - entre a verdade de uma proposição e sua
assertabilidade racional (mesmo sob condições aproximadamente ideais) e
submeto a concepção epistêmica do conceito de verdade a uma revisão há
muito necessária. Retrospectivamente, vejo que o conceito discursivo de
verdade se deve a uma generalização excessiva do caso especial da validade
de normas e juízos morais. Por certo, uma compreensão construtivista do
dever moral exige uma compreensão epistêmica da correção normativa.
Mas, se queremos fazer justiça a intuições realistas, o conceito de verdade
enunciativa não pode ser assimilado a esse sentido de aceitabilidade racional
sob condições aproximadamente ideais” [Habermas 2004-a:15]. No entanto,
como o próprio Habermas ressalva no trecho acima, essa revisão em nada
afeta suas teses anteriores sobre o discurso prático e seu construtivismo
formal em relação à correção moral.
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13. Isso porque, para Alexy [1999-c:23], “toda filosofia do Direito é, implícita
ou expressamente, a expressão de um conceito de Direito”. Assim, a razão
para insistir em um conceito não-positivista de Direito é estabelecer, via
argumentos filosóficos, limites ao conteúdo possível do Direito, vislumbrado
na perspectiva do participante.
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15. Vale frisar, aqui, que, apesar da beleza retórica do texto de Radbruch,
falta nos seus escritos uma externalização dos pressupostos filosóficos do
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de pretensões normativas, que veja o Direito como uma prática social argu-
mentativa e que esteja preocupada não apenas em descrever essa prática,
senão também em justificá-la com razões. Os enunciados da teoria jurídica
são, por conseguinte, enunciados fusionados no sentido de Svein Eng, e
pretendem interferir sobre a prática jurídica na medida em que o teórico
do Direito está consciente de que seu trabalho influi na e contribui para a
prática social que ele examina.
22. Neste ponto, o autor sustenta que os princípios jurídicos (principalmente
os direitos fundamentais) se apresentam como “indexicais éticos” do Direito,
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os quais seriam “regidos por uma regra pragmática de uso que haverá de ser
utilizada em cada contexto de uso segundo a sua situação”. O conteúdo desses
indexicais (princípios morais) “muda de acordo com o contexto, mas devemos
conhecer regras básicas objetivas para utilizá-los” (idem). O conteúdo das
regras que compõem o sistema moral só será conhecido após a ponderação
(contextualmente referenciada) desses princípios.
23. V , em especial, os meus apontamentos em Bustamante [2006-a] e o de
bate acerca do neoconstitucionalismo e das aspirações normativas da teoria
jurídica em Garcia Figueroa [2008] e Bustamante [2008-a].
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26. Como veremos mais adiante, a reabilitação da razão prática levada adiante
por Alexy dá-se através de um catálogo de regras procedimentais destinadas
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27. Com efeito, boa parte dos parágrafos que se seguem até o item 2.3.3
corresponde a parte desse texto anterior. O argumento se encontra todavia
desenvolvido com mais detalhe no texto de origem.
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30. Da afirmação acima não podemos inferir, porém, que no modelo argumen
tative de Alexy, assim como no de Habermas, não haja espaço para decisões.
O procedimento do discurso prático-jurídico - que inclui um procedimento
de criação estatal do direito (P ), um procedimento de argumentação jurídica
propriamente dita (Pa) e um procedimento judicial (P.) - estabelece meca
nismos de formação de juízos onde “não só se argumenta mas também se
decide” [Alexy 1998-b:70-73].
31. O trecho em itálico é uma transcrição de Jean Cohen.
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33. Nesta seção reproduzo - com alguns cortes - o argumento que desenvolvi
em Bustamante [2005-a:Capítulo 2], para fornecer um panorama da teoria
da argumentação jurídica de Alexy. Como o objetivo, aqui, é apenas dar uma
ideia geral da teoria de Alexy, o texto compreendido entre a presente epígrafe
e o n. 2.4.2.5 é uma transcrição de meu trabalho anterior.
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34. Cumpre, antes de mais nada, precisar o sentido em que Alexy emprega a
expressão “forma de argumento”. Tomando por base o esquema de inferência
valorativa de Toulmin, a locução “forma de argumento” “designa a estrutura
da proposição (C) afirmada por um falante e das proposições aduzidas ou
pressupostas para o apoio desta proposição (D e W)” [Alexy 1997-a:102]. Para
entender tal esquema, v., infra, nota 36.
35. Indicarei a seguir, entre parêntesis, as regras particulares a que farei
referência nos próximos parágrafos.
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ono
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R íregra)_______ . R (regra)_____________ ._
(4) G
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N
R R
46. A teoria de Joseph Raz [1978:128 e ss.] parece um bom exemplo desse
enfoque pragmático. Com efeito, como destacam Carlos Alchourrón e Eugênio
Bulygin [2000:143], Raz “qualifica as razões para a ação como o ‘conceito-
chave’ para a explicação das normas em geral”.
47. A preferência por uma concepção semântica de norma jurídica (e, como
veremos, também de “interpretação”) não implica, porém, negligência no
tratamento das dimensões sintática e pragmática da linguagem utilizada no
discurso jurídico-argumentativo. A dimensão sintática permanece especial
mente relevante para a análise estrutural do sistema jurídico, em especial para
as relações entre as normas que o compõem e para a justificação interna das
decisões jurídicas. A dimensão pragmática, por seu turno, é relevante para o
que Günther denomina “discursos de aplicação”, ou seja, para a adaptação
das normas ao contexto fático e normativo em que elas são aplicadas. Essas
duas dimensões, porém, de certa forma dependem da dimensão semântica.
Somente se podem estabelecer relações estruturais entre normas jurídicas
se seu conteúdo estiver determinado. Somente se pode adequar uma norma
à realidade depois que essa norma já teve seu conteúdo concretizado por
meio de um discurso de justificação.
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48. De acordo com esse sentido amplo, salienta Neil MacCormick [1993:205],
“toda aplicação de uma razão de autoridade requer algum ato de interpreta
ção”, pois pressupõe uma “compreensão de seu significado” para que possa
ser aplicado aos casos concretos.
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AN EXO
Tabela das Regras e Formas da Argum entação Jurídica
[in A le x y 1997a]
As regras da razão
(2.1) Todo falante deve, quando lhe é solicitado, fundamentar o que
afirma, a não ser que possa dar razões que justifiquem sua
recusa a uma fundamentação.
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As formas de argumentos
(4) G
(4.1) T (4.2) F
R R
N N
(4.3) FB (4.4) T’
Bi Ri
R R
(4.4) R.J P R,e
k
R.’J P Rk ’
(4.5) (R P R k) C e (R.’ P Rk’) C
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
As regras de fundamentação
Regras de transição
( J .l.l). (1) (x) (Tx -> ORx) (J.1.2). (1) (x) (Tx - » ORx)
. (5) Sa
Regras
(2) R’
. (2) - R’ (= I\ ) - Z
(3) R’
(J.5). (1) OZ
. (2) - R’ (= I \ ) - Z
(3) R’
Regras
(J.ll) Todo enunciado dogmático deve poder passar por uma com
provação sistemática, tanto em sentido estrito como em senti
do amplo.
Formas
1A&
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(J.17). (1) O Z
. (2) R’ -» Z
(3) - R’
Regra
a r\
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pela qual pareceu oportuno que essa sua plena liberdade sob
o plano motivacional fosse balanceada pela regra segundo a
qual nem tudo que ele pode dizer e diz é vinculante para o
futuro juiz, de sorte que apenas as considerações que repre
sentam indispensavelmente o nexo estrito de causalidade ju
rídica entre o fato e a decisão integram a ratio decidendi, onde
qualquer outro aspecto relevante, qualquer outra observação,
qualquer outra advertência que não tem aquela relação de
causalidade é obiter: um obiter dictum ou, nas palavras de Vau-
ghan, um gratis dictum
O poder de criação do Direito reconhecido pelo Positivis
mo aos juizes levou a uma abordagem muito estreita dos pre
cedentes judiciais. Já que os juizes não encontravam limites
ao seu poder de criação normativa, tornou-se necessário inter
pretar as regras jurisprudenciais de modo estrito. Uma decisão
anterior somente pode vincular uma posterior “ nas questões
fáticas e jurídicas levantadas e discutidas perante a corte”
[Whittaker 2006:715]. Sobre a premissa do caráter vinculante
das decisões singulares das cortes superiores e o pressuposto
positivista da irrelevância da fundamentação das decisões para
se encontrar a ratio decidendi de um caso, os juristas do common
law normalmente concordavam com a tese de que o elemento
vinculante de uma decisão judicial está no “ato de autoridade” ,
e não nas razões dadas pelo tribunal para justificá-la, bem como
que para cada decisão judicial é possível encontrar uma única
ratio decidendi que liga os fatos do caso a um conjunto definí
vel de consequências jurídicas em uma estrutura de regra ju
rídica. Alguns argumentam que a ratio é uma regra necessária
para justificar a conclusão jurídica [Cross/Harris 1991]; outros,
que a regra que constitui a ratio é meramente suficiente para
a conclusão jurídica a que ela leva [Simpson 1961]. O debate
gira, portanto, em torno do melhor método para se determinar
a ratio decidendi dos casos que valem como precedentes.
Mas, com o obscurecimento do Positivismo Jurídico a
partir do fortalecimento, no final do século XX, das teorias da
argumentação jurídica - que olham para o Direito a partir da
THOMAS DA ROSA DE BUSTAMANTE
2. Nesse sentido, v.: STF, Rcl 1.987, rei. Min. Maurício Corrêa, DJU 21.4.2004.
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8. Na terminologia utilizada por Robert Alexy em sua Teoria dos Direitos Fun
damentais [Alexy 1997-b], segundo a tradução de Ernesto Garzón Valdés, as
normas adscritas são normas criadas no processo de concretização do direito,
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271
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074
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
12. No Direito brasileiro, por exemplo, esse reconhecimento tem status cons
titucional (Constituição da República, art. 102, § 2a, e art. 103-A). Sobre as
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O'“70
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
279
I
non
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
281
THOMAS DA ROSA DE BUSTAMANTE
que o fato deve ser subsumido, ele está efetuando uma trans
formação no Direito e introduzindo uma premissa interme
diária na cadeia de razões necessária para partir da regra
abstrata em direção à norma concreta que o juiz dirige às par
tes na parte dispositiva de sua decisão.
Quando, seguindo o insight de Moral Soriano, propo-
m o-nos a reconstruir os argumentos das decisões judiciais
dessa forma - e passamos a contemplar a decisão judicial não
como uma única regra, mas como uma cadeia de razões - , po
demos visualizar as decisões judiciais não como um silogismo,
mas como uma série de silogismos onde, por exemplo, o enun
ciado que está na conclusão de um raciocínio interpretativo
sobre uma norma (um silogismo interpretativo) é ao mesmo
tempo a premissa maior de um silogismo em que os fatos rele
vantes para a justificação da decisão final formam a premissa
menor. Portanto, em cada caso nós não iremos encontrar uma,
mas várias rationes diferentes. O problema que ainda perma
nece não é como encontrar a (única possível) ratio decidendi,
mas qual peso ou força nós devemos atribuir à ratio decidendi
que está sendo usada como uma norma adscrita no caso pre
sente. Trataremos desse problema na seção que se segue.
on«
THOMAS DA ROSA DE BUSTAMANTE
24. Com essa afirmação não estamos, porém, vendo o raciocínio jurídico como
uma mera aplicação absoluta de normas gerais. E sempre possível, em um
discurso de aplicação, reconhecer uma norma como válida mas afastar sua
incidência sobre o caso concreto. V., sobre o tema dos discursos de aplicação,
supra, Capítulo 2, n. 2.4.3.
25. Validade (pertinência ao ordenamento jurídico) e vinculatividade (força)
são, portanto, atributos diferentes das normas jurídicas, que precisam ser
claramente diferenciados.
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
Fontes Jurídicas
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THOMAS DA ROSA DE BUSTAMANTE
33. Cumpre observar, nesse sentido, o que foi dito na seção 3.2 deste capítulo
acerca da ratio decidendi dos casos em que há consenso acerca da norma
individual que decide um caso concreto mas dissenso quanto às normas gerais
adscritas que valem como fundamentos para essa decisão.
^10
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
ai
THOMAS DA ROSA DE BUSTAMANTE
37. Sobre os requisitos para o leave to appeal a serem observados pelo Sub-
comitee da House ofLords, v. Capítulo 1, n. 1.4.2, especialmente a nota 23.
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
39. O relato que farei a seguir é mais interessante para o leitor estrangeiro que
para o jurista brasileiro, que certamente conhece todas as normas a que irei
fazer breve referência. Com efeito, o texto que segue a partir desta nota até o
início do n. 3.3.2.3 coincide com parte do conteúdo de um report sobre os prece
dentes no direito brasileiro que encaminhei ao professor Ewoud Hondius para
o XVII a Congress ofthe International Academy o f Comparative Law, realizado
em Utrecht, Países Baixos, entre os dias 16 e 21.7.2006 [v. Bustamante 2007-a].
40.0 efeito formalmente vinculante foi instituído pela Emenda Constitucional
3/1993 e mantido pela Emenda Constitucional 45/2004 (que inseriu o art. 102,
§ 2a, da CF), tendo rapidamente sido implementado pelo STF no controle de
constitucionalidade abstrato. O procedimento das ações diretas de inconstitu
cionalidade e declaratórias de constitucionalidade, bem como da arguição de
descumprimento de preceito fundamental, foi detalhado pelas Leis 9.868/1999
e 9.882/1999, que admitiram pela primeira vez na história do país a possibili
dade de se restringir a eficácia da decisão de inconstitucionalidade para fatos
e atos que tenham lugar depois da decisão do STE A velha teoria da eficácia
meramente declaratória - e necessariamente com efeitos ex tunc - da decisão
de inconstitucionalidade foi abandonada. Para uma ideia geral do sistema
brasileiro de controle de constitucionalidade, v. Clève [2000] e Mendes [1998].
41. Constituição da República, art. 103-A, introduzido pela Emenda Consti
tucional 45/2004.
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
^25
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44. Esses princípios também atribuem força bastante persuasiva aos prece
dentes consolidados dos tribunais de apelação (Tribunais de Justiça, TRFs,
TRTs, TREs e Tribunais Militares).
45. Constituição da República, art. 5Q, II.
46. V., supra, Capítulo 1, n. 1.5.2.
47. Constituição da República, art. 93, IX.
48. V, supra, n. 3.3.2.2.1 deste capítulo.
396
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
49. Lei 11.276/2006, art. 2a, que dá nova redação ao art. 518, § 1“, da Lei
5.869/1973 (Código de Processo Civil). Quando a lei fala genericamente em
“súmulas”, estão abarcadas tanto as súmulas vinculantes quanto as não
expressamente qualificadas como tais.
50. Lei 5.869/1973 (Código de Processo Civil), art. 544, §§ 3“ e 4a, com redação
dada pela Lei 9.756/1998. E importante saber, contudo, que o juiz não está
vinculado a esta regra. Caso ele encontre alguma razão para reconsiderar
a jurisprudência dominante da corte, ele pode simplesmente não usar essa
prerrogativa e submeter o caso ao órgão colegiado. Apenas para frisar a
importância dessa regra particular para a eficiência da atividade de apli
cação do Direito, indico alguns dados estatísticos. No ano de 1995 (antes
da promulgação da lei) o STF julgou 34.125 casos, dos quais 19.507 foram
decididos por julgamentos coletivos (aproximadamente 57%). Dez anos mais
tarde, em 2005, o Tribunal decidiu 103.700 casos, dos quais 14.173 foram
julgamentos coletivos (aproximadamente 13,5%) (Fonte: Banco Nacional de
Dados do Poder Judiciário -STF, disponível em http://www/stf/gov/Br/bndj/
stf, acesso em 10.12.2006).
THOMAS DA ROSA DE BUSTAMANTE
51. Lei 5.869/1973 (Código de Processo Civil), art. 17, VII. O STF e o STJ vêm
sendo relativamente severos na aplicação dessas sanções.
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52. Emenda Constitucional 45/2004, que deu nova redação ao art. 114, § 22,
da CE
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54. Ao se referir a essa função, Alexy mais uma vez busca fundamento no
princípio de universalidade. Com efeito, a exigência de igual tratamento é
um dos aspectos essenciais da “justiça formal”. A estabilidade conferida pela
dogmática jurídica não implica que um enunciado, uma vez aceito, deva ser
mantido por tempo ilimitado. Pode haver razões para romper com a tradição,
mas, conforme o princípio da inércia de Perelman, quem propõe uma nova
solução suporta uma carga de argumentação [Alexy 1997-a:256].
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59. Segundo Alexy [1997-b:87-nota 27], sua distinção, apesar de muito parecida
com a de Dworkin, dela se distingue pela designação dos princípios como
“mandamentos de otimização” . Ademais, há ainda pelo menos dois outros
aspectos em que Alexy se distancia de Dworkin (e, a meu ver, com razão): (1)
quando não reconhece a distinção entre princípios e policies, pregada por
Dworkin em sua teorização [id em :lll] e (2) quando atribui às regras também
um certo “caráter prima facie”.
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62. Por isso as regras também têm um caráter prima facie, embora seja
um caráter prima facie menos acentuado que o dos princípios. Como tive
a oportunidade de sustentar [Bustamante 2005-a:Capítulo 4], os princípios
têm uma superabilidade imanente (a possibilidade de afastar sua aplicação
decorre da própria ausência de um componente descritivo de sua hipótese
de incidência), ao passo que as regras têm uma superabilidade excepcional.
Veremos mais adiante (infra, Capítulo 4, n. 4.2.1.1) como pode ser represen
tado o caráter superável das regras jurídicas.
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64. Brasil, STF, Tribunal Pleno, ADI/MC 1.330, rel. Min. Francisco Rezek,
DJU 20.9.2002, vol. 2.086, p. 142.
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K
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(n + 2) (x ) (Sx —>Mnx)
(n + 3) Sa
(n + 4) ORa ( l) - ( n + 3)
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GP1>JC = IP C . GPA
________ 1__________
WP.C.
J
GP.A
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GP1.JC =______1
IP.C
WP.C
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GP.1,3 C =___________
IPi C . G P.A. SP.C
_ ___________1 ____________ 1
WP.C
J
. GPJ A . SP.C
J
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88. O catálogo acima não constitui, obviamente, um rol exaustivo dos princí
pios constringentes que influem sobre o overruling de uma decisão judicial.
Vários outros podem ser encontrados em judicial dieta ou contribuições
acadêmicas. Privilegiei esses princípios, no entanto, porque sobre eles é
mais fácil erigir um consenso que transcenda as fronteiras do common law e
possa torná-los operantes inclusive para os sistemas de civil law que lidam
com prtecedentes vinculantes em sentido forte ou em um sentido pelo menos
próximo a este. Para um catálogo adicional de diretivas, v. Paterson [1982:156-
157], J. W. Harris [1990] e B. V Harris [2002:422 e ss.].
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)
/
quanto sobre a de se revisá-lo. Como explica Melissaris, ao se
debruçar sobre o princípio smithiano do expectador imparcial -
proposto por MacCormick com o um critério para avaliar a
justificabilidade das respostas intuitivas que damos para de
terminadas questões morais únicas e originais pode-se dis
tinguir entre o aspecto sincrônico e o aspecto diacrônico do
princípio da universalizabilidade.
De um lado, a universalizabilidade sincrônica refere-se a
todos os possíveis participantes de um discurso em determinado
momento temporal isolado: “Para que uma decisão prática seja
universalizável em sentido forte, a noção de expectador imparcial
deve incluir todas as pessoas racionais vivas no momento em que
a decisão prática em questão for tomada (...). Chamemos esse
tipo de universalização sincrônica ou espacial. Nesse sentido, a
universalização é estática, pois aquele único fragmento temporal
é destacado e a máxima do agente é testada em face da lei uni
versal que deve ser aceita como verdadeira para todos os agentes
presentes neste fragmento temporal” [Melissaris 2006:131].
De outro, a universalizabilidade diacrônica exige do jul
gador que se libere do contexto cultural e histórico em que a
tomada de decisão é realizada, de sorte que a universalização
se estenda no espaço e no tempo para considerar como parti
cipantes no discurso tanto os agentes que se encontram no
passado como os que irão se apresentar no futuro: “A univer
salização no espaço não é suficiente para uma razão ser pro
priamente universalizada e estar justificada com base em uma
pretensão de correção. Se nossas razões para ação fossem
projetadas apenas para aquele fragmento temporal, elas iriam
claramente estar cultural e historicamente contextualizadas
e impregnadas de preconceitos. Portanto, para a universali
zação ser completamente inclusiva, ela deve se estender no
tempo e no espaço. Ela deve incluir todos os possíveis agentes
racionais no passado e no futuro. Nesse sentido, a universali
zação é diacrônica; ela deve se apoiar na estipulação contrafá-
tica de que é possível assumir um ponto de vista omnitemporal”
[Melissaris 2006:131].
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107. “National Westminster Bank pic vs Spectrum Plus Ltd. and Others”
[2005] UKHL 41, pars. 40-41.
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109. V., sobre o assunto, nosso comentário no Capítulo 1, n. 1.4.1.3, bem como
as análises contidas em Marguénaud [2001],
110. Para uma visão geral do precedente no direito comunitário, v. Barceló
[1997].
111.Arrêt de la Cour du 8.4.1976, “Gabrielle Defrenne contre Société Anonyme
Belge de Navigation Aérienne Sabena”, Affaire 43-75.
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112. Ibidem.
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122. Ibidem.
123. Nesse sentido: Pourvoi n. 03-14717,2è,mChambre Civile, Audience Publique
du 8.8.2004, e Pourvoi n. 05-20282, 2erMIChambre Civile, Audience Publique du
21.12.2006.
124. Por exemplo: Molfessis et al. [2005:7].
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126. STF, Tribunal Pleno, HC 82.959, rei. Min. Marco Aurélio, j. 23.2.2006,
DJU 1.9.2006, Informativo 418.
127. Ibidem, voto do Min. Gilmar Mendes, Informativo 418.
128. Ibidem.
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129. STí; 2a Turma, RE 442.683-8, rei. Min. Carlos Velloso, j. 13.12.2005, DJU
24.3.2006.
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Problemas de Aplicação de Precedentes
Judiciais
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de que essa objeção não merece ser aceita, bem como de que
não há inconsistência em se afirmar, de um lado, que as decisões
jurídicas devem ser justificadas por meio de regras universais
e, de outro, que essas regras podem ser superadas por outras
razões que eventualmente preponderem sobre elas. Mas a
objeção recomenda que seja feita uma maior especificação no
conceito de superabilidade (defeasibility).
Reconhecer a superabilidade das regras jurídicas signi
fica admitir para elas um caráter prima facie, embora dife
rente do dos princípios jurídicos. E um caráter prima fa cie
menos acentuado e que não decorre mais da ausência de
especificação dos comportamentos devidos no suposto de fato
da norma (com o acontece nos princípios), mas das situações
de aplicação em que deve ser levada em conta, para sua apli
cação adequada, a “ coerência da norma com todas as outras
normas e variáveis semânticas aplicáveis a cada situação”
[Günther 1993-b:242].
Nesse sentido, passa-se a reconhecer as regras jurídicas
como estabelecendo uma espécie de obrigação prima facie, e
não uma obrigação absoluta.
A ideia de obrigação prima facie foi introduzida na Filo
sofia contemporânea por David Ross, no intento de bem com
preender os conflitos entre deveres e obrigações que acontecem
no mundo real (real life situations). Num conhecido exemplo,
já citado anteriormente, se eu assumo com A o compromisso
de ir a uma festa mas, ao mesmo tempo, devo acudir B, que
está gravemente ferido, é razoável concluir que eu estou auto
rizado a deixar de cumprir meu compromisso com A para
poder cumprir minha obrigação em relação a B. Para Ross, a
obrigação que eu tinha com relação a A é, na realidade, uma
obrigação prima facie, e não uma obrigação propriamente dita
(actual obligation) [Searle 1978:82].
Como explica Searle [1978:82], no exemplo a obrigação
prima fa cie é contrastada por uma obrigação propriamente
dita ou real, sendo correto descrever a situação da seguinte
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(1) 0(p^q)
e
(2) p - » Oq
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(4) (n&p) -» Oq
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11. Sobre o assunto tive oportunidade de fazer breve estudo onde são expostos
os critérios de razoabilidade que considero mais relevantes para a prática
jurídica [Bustamante 2005-b],
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15. STF, RE 214.724-RJ, rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 6.11.1998, p. 19.
16. “Súmula 574. Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança do
imposto de circulação de mercadorias sobre o fornecimento de alimentação
e bebidas em restaurante ou estabelecimento similar.”
17. RE 148.833-PR, rei. Min. Ilmar Galvão, DJU 10.2.1995.
18. RE/AgR 183.999-PE, rei. Min. Marco Aurélio, DJU 26.6.1995.
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27. Para uma bibliografia sobre o tema, v.: Alchourrón/Bulygin [2002], Falcón
y Telia [1991:68 e ss.] e Ruiz Manero [1990].
28. Esse dado empírico já é suficiente para excluir, per se, a tese de que
a norma geral exclusiva existiria e seria um impedimento à existência de
uma regra geral inclusiva que expressamente permite a analogia. Ademais,
a própria existência de antinomias é uma situação funcionalmente equi
valente à da existência de uma lacuna, embora essa lacuna não possa ser
resolvida por meio da analogia. Como explica Amedeo Conte, as condições
de validade em um sistema S “são determinadas por metarregras cons
titutivas da validade no sistema S”, e é obviamente possível a existência
de antinomias, porque a covalidade [convalidità] ou “validade conjunta”
de duas normas não está condicionada pela sua mútua compatibilidade
[Conte 2006:462]. Os defensores da tese da existência de uma norma geral
exclusiva devem, para ser coerentes, admitir a existência de lacunas pelo
menos nos casos em que estiver presente uma antinomia, por mais raros
que eles sejam.
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Analogia Legis31
Plano Jurídico...
Plano fático-
jurídico
RAT10 LEG IS ...
Plano Fático....
Legenda:
N: Norma jurídica IR: Identidade de razão
C: Caso não regulado SC: Semelhança de casos
CJ: Consequência jurídica MD: Máxima de decisão
SF: Suposto de fato X X /O O : Elementos acidentais
Elementos essenciais
31. Gráfico elaborado por Falcón y Telia [1991:98] e reproduzido por Salguero
[2002:85].
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C (P1P P2)
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■
que, do ponto de vista da justificação externa da decisão, se
verificam entre o argumento a contrario e a analogia. Como já
disse, em ambas as situações é necessário comparar as diferen
ças e as semelhanças entre os casos particulares, bem como os
princípios que justificam cada uma das soluções aventadas,
com fundamento na lei de colisão alexyana. Em princípio, há
tantas chances de a relação entre os princípios colidentes se
manter quanto de se modificar nos casos futuros, de sorte que
não parece correto presumir, de antemão, que deva ser prefe
rida a analogia ao argumento por diferenciação. Por isso, é
necessário especial cuidado ao se aplicar a diretiva 9.
Para além das diretivas de Peczenik, proponho, para fi
nalizar, a seguinte diretiva, que expressa em linhas gerais a
tese da “ redutibilidade parcial da analogia à ponderação” ,
sustentada por Bartosz Brozek:
D: Sempre que se estiver diante de uma lacuna normativa
e fo r possível refazer o caminho percorrido pelo legislador,40
encontrando assim a relação de prioridade condicionada entre
princípios que ele estabeleceu na regra R, pode-se, por analogia,
aplicar as consequências de R aos casos em que se verifique a
mesma relação entre os mesmos princípios jurídicos.
Com essa diretiva - além das regras específicas que Pe
czenik elaborou para a analogia e o argumento a contrario em
geral, que são aplicáveis aos problemas de aplicação de prece
dentes no que forem cabíveis - pode-se estabelecer um parâ
metro capaz de reduzir sensivelmente a margem de arbitra
riedade dos juizes e demais aplicadores do Direito no desen
volvimento do case law.
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!
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------------ . [1987]. “Why cases have rationes and what these are” .
In: GOLDSTEIN, L. (org.). Precedent in Law. Oxford,
Clarendon (pp. 153-182).
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