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De comando,
As ondas
Da eternidade,
Nem vinhedos
Doiros desaguados
Envelhecida;
Da bem-aventurança.
A terra e a rosmaninho!
Ibéria
Terra.
Só assim a resume
Terra-tumor-de-angústia de saber
e gravemente, comedidas,
► Poesia Experimental
O conceito de poesia experimental remete-nos para A Proposição 2.01. Poesia Experimental de
E. M. de Melo e Castro, um verdadeiro manifesto que define as proposições básicas deste tipo
de poesia vanguardista.
Este autor define o "poema experimental" como um "Objeto criado para através dele se
estudarem e se surpreenderem as fases do processo criador e a sua evolução e projeção no
futuro tanto da poesia como do Homem".
Miguel Torga
Depois de ter trabalhado no Brasil, entre os 13 e os 18 anos (experiência que viria ser
evocada na série de romances de inspiração autobiográfica Criação do Mundo), regressou a
Portugal, vindo a licenciar-se em Medicina. Durante os estudos universitários, em Coimbra,
travou conhecimento com o grupo de escritores que viriam a fundar a Presença, chegando a
publicar nas edições da revista o seu segundo volume de poesia, Rampa. Em 1930, depois de
assinar, com Edmundo de Bettencourt e Branquinho da Fonseca, uma carta de dissensão
enviada à direcção da publicação coimbrã, co-funda as efémeras revistas Sinal e Manifesto.
Não obstante a passagem pelo grupo presencista, no momento da suas primícias literárias,
Miguel Torga assumirá, ao longo dos cerca de cinquenta títulos que publicou –
frequentemente em edições de autor e à margem de políticas editoriais – uma postura de
independência relativamente a qualquer movimento literário.
Poeta, sob o pseudónimo Eugénio de Andrade, foi funcionário dos Serviços Médico-
Sociais. Manteve sempre uma postura de independência relativamente aos vários movimentos
literários com que a sua obra coexistiu ao longo de mais de cinquenta anos de actividade
poética. Revelando-se em 1948, com As Mãos e os Frutos, a que se seguiria, em 1950, Os
Amantes sem Dinheiro, o seu nome não se encontra vinculado a nenhuma das publicações que
marcaram, enquanto lugar de reflexão sobre opções e tradições estéticas, a poesia
contemporânea, embora tenha editado um dos seus volumes, As Palavras Interditas, na
colecção “Cancioneiro Geral” e tenha colaborado em publicações como Árvore, Cadernos do
Meio-Dia ou Cadernos de Poesia. É, aliás, nesta última publicação, editada nos anos quarenta,
que se firmam algumas das vozes independentes, como Ruy Cinatti, Sophia de Mello Breyner
Andresen ou Jorge de Sena, que inaugurariam, no século XX, essa linhagem de lirismo
depurado, exigente, atento ao poder da palavra no conhecimento ou na fundação de um real
dificilmente dizível ou inteligível, em que Eugénio de Andrade se inscreve. Sendo actualmente
um dos poetas portugueses vivos mais lidos e traduzidos e mantendo ao longo de uma longa e
fecunda carreira uma certa unidade de temas e de recursos formais, a poesia de Eugénio de
Andrade tem sido, curiosamente, objecto das críticas mais díspares na voz de grandes nomes
da crítica contemporânea.
É assim que, desde o momento da aparição de Os Amantes sem Dinheiro, David Mourão-
Ferreira não se coibiu de denunciar a precipitação do seu autor, acusando um “descuido
formal”, num poeta que se assumira pela beleza da forma, crítica que seria ampliada, na
publicação de Até Amanhã, no epíteto de “poeta lírico menor”, autor de poesia
“corajosamente superficial”, tentada pela “facilidade” (cf. Vinte Poetas Contemporâneos, 2.ª
ed. Lisboa, Ática, 1980, pp. 180-185). Numa perspectiva diametralmente oposta, Óscar Lopes,
naquela que é reconhecida como uma das mais rigorosas e exemplares obras ensaísticas sobre
poesia contemporânea, Uma Espécie de Música (cf. LOPES, Óscar – Uma Espécie de Música (A
Poesia de Eugénio de Andrade). Três Ensaios, Lisboa, INCM, 1981), colectânea de três ensaios,
ao longo dos quais a obra do autor de As Mãos e os Frutos é analisada em profundidade
através de todos os seus níveis significativos (prosódico, sintáctico, enunciativo, temático), vê
em Eugénio de Andrade um paradigma do conhecimento e funcionamento da palavra poética.
Óscar Lopes chama aí a atenção, entre outros aspectos, para o uso da hipálage enquanto
instrumento privilegiado na construção de uma expressão maximamente densa e depurada;
para o modo como nesta poesia, que oscila entre a brevidade epigramática e a discursividade,
o versilibrismo atinge o amadurecimento, no recurso a regularidades frásicas e intonacionais;
para certas marcas estilísticas muito próprias, como a criação de um “pretérito imperfeito
absoluto”,a metaforização obtida por processos de equivalência como falsos disjuntivos ou
aposição; para o modo como a relação entre o eu e o tu vivem da “tensão com que
reciprocamente se definem”, significando, no limite, que “toda a comunicação a dois é
precária” (id. ibi., p. 73); para a forma como nela são trabalhados os semas elementais, o corpo
e o desejo, o telurismo; para, finalmente, a maneira como a sua poesia, excluindo o lirismo da
dor e da auto-reflexividade, da frustração e da negação, se assume como poesia da
“plenitude”, “lírica de amor [...] lírica da natureza [...] poesia materialista, no sentido da sua
total imanência à realidade possível e única” (id., ibi., p. 32).
Sem esgotar todas as pistas de acesso à poesia de Eugénio de Andrade concentradas nos
ensaios acima referidos, entre um apelo para o concreto e para o deslumbramento dos
sentidos, recebidos quer da influência de Lorca quer de apego umbilical à terra – Eugénio de
Andrade descende de camponeses e a realidade rural marcou indelevelmente a sua infância; e
a liberdade de imaginação surrealista, para Óscar Lopes, conhecer a “poesia límpida”, “poesia
sem metafísica”, de Eugénio de Andrade é, em suma, “descobrir nalguns dos ritmos e das
palavras mais correntes da língua (por exemplo: dedos, água, cabelos, beber; ou se preferes...;
e contudo...) uma bela intenção desconhecida que tinham mas se perdia.” (id. ibi., p. 22). O
carácter solar, epifânico na evocação da realidade dos corpos e dos sentidos, esse sentimento
de absoluto da expressão que impõe uma adesão quase encantatória à sua palavra poética,
tem dado também espaço, sobretudo a partir de volumes como Obscuro Domínio ou Limiar
dos Pássaros, à expressão da disforia pressentida numa melancolia que a lenta morte dos
corpos adensa. É nesta medida que Joaquim Manuel Magalhães apresenta algumas reservas
quanto a interpretações que sublinham a luminosidade ou a plenitude como marcas de uma
obra onde, segundo este autor, “a mágoa é a trípode donde sobe a invocação da alegria, onde
a repressão é o pedestal onde assenta a estátua de um Eros coberto de cautelosas roupagens,
onde a catástrofe espreita um quotidiano que se quereria visível e transformável”
(MAGALHÃES, Joaquim Manuel – Entre Dois Crepúsculos, Lisboa, A Regra do Jogo, 1981, p.
111.).
Eugénio de Andrade é ainda tradutor de vários autores, cujas obras recriou poeticamente
(García Lorca, Safo, Borges) e organizador de várias antologias poéticas. Em 1991, foi criada, no
Porto, a Fundação Eugénio de Andrade. Em 2001, Eugénio de Andrade foi distinguido com o
Prémio Camões.
O texto poético do século XX
Etimologicamente, o termo poesia provém do grego e significa criar. A poesia é, neste sentido,
a criação por excelência e o poeta o seu criador.
O texto poético espelha um trabalho criativo da linguagem, definindo-se pela sua natureza
estética e dimensão literária. Aqui existe uma preocupação em ultrapassar o imediatismo, a
utilidade prática da língua e o mundo objetivo e exterior. Na verdade, o texto poético exprime
o estado de alma do poeta, isto é, o seu mundo interior. O seu discurso é claramente emotivo
e redundante, isto é, repetitivo, pois pretende intensificar a emoção, em vez de acrescentar
informação.
O texto poético distingue-se do texto narrativo, entre outros aspetos, por ser estático. Como
diz Clara Rocha, "Ao contrário da narrativa que nos conta uma história e é dinâmica, o poema
lírico exprime emoções.".
Nota: Esta divisão em partes lógicas não é necessariamente aplicável a todos os poemas.
– indicando a ideia que é comum a todas as partes do poema: por exemplo o amor, a infância,
a saudade, a eternidade, etc.
a) rima;
b) métrica;
c) organização de versos.
Versificação
► Métrica
Quando duas ou mais vogais da mesma ou de palavras diferentes podem ser pronunciadas
numa só emissão de som, as sílabas gramaticais a que pertencem formam uma única sílaba
métrica.
► Rima
O soneto possui uma estrutura lógica e rígida, com uma introdução, um desenvolvimento e
uma conclusão. É por isso considerado um género de poesia que permite transmitir
eficazmente uma ideia ou pensamento. Na última estrofe encerra-se a ideia desenvolvida,
sendo por vezes designada 'chave de ouro'.
► Características do soneto
Camões