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1) Disserte sobre as características da obra de Fernando Pessoa,

inclua seus 3 principais heterônimos e selecione fragmentos de


suas produções para comprovar as características observadas.
As obras de Fernando Pessoa podem assumir vários pontos de perspectivas a partir
do momento em que o próprio autor usa tal mecanismo para o desenvolvimento de
suas poesias líricas, postas diante à reflexão das personagens em que cria e assume
como si, seus heterônimos. Estes, apresentam próprias personalidades e
características, exibindo sentimentos específicos de acordo com suas singularidades,
em um simples objetivo de investigar a realidade misteriosa e a consequente relação
com o indivíduo que a insere.
Os heterônimos mais importantes de Fernando Pessoa foram, Alberto Caeiro,
Ricardo Reis e Álvaro de Campos. O primeiro, Alberto Caeiro, um camponês que
preza o realismo sensorial, aquele comprovado empiricamente, onde junto com a vida
simples ele torna-se sábio diante o papel da vida amena e sensorial. Seus poemas
são de linguagem coloquial e simples. Como podemos ver no primeiro aparecimento
de Alberto Caeiro:
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
(...) --- O Guardador de Rebanhos
O exemplo, mostra com clareza a forma que o “poeta” exprime em sua relação com o
meio.
Já Ricardo Reis, um médico estudioso da cultura clássica antiga.Sendo assim, seus
poemas giram em torno da mitologia grega e a consciência de destino, onde este,
ocasiona os hábitos “Carpe Diem”, da personagem, juntamente com pensamentos do
estoicismo e epicurismo. Seus textos são feitos em linguagem formal e complexa.
Um personagem autossuficiente que preserva o equilíbrio.
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).
(...) --- Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.

O exemplo acima exibe os comportamentos de citações mitológicas, a aceitação do


destino, e o aproveitamento do agora.

Fechando esta parte, Álvaro Caeiro, completando a tríade de heterônimos, é um


engenheiro naval. Mas o que se torna importante neste personagem, seria suas três
fases da vida na qual se dividem seus poemas e ideias.
A primeira, o Decadentismo, focado no pessimismo e nostalgia mórbida, mostra o
desespero para algo mais atrativo que a realidade.
“ E, por mais que procure até que adoeça,
já não encontro a mola pra adaptar-me. “(...) – Opiário;
A segunda, Futurismo, expõe a forma eufórica do contraste da novidade, a
modernidade do século XX, em relação a sociedade. Máquinas, energia, velocidade.
“À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos” (...) - Ode Triunfal
E por último, Niilismo, a volta do decadentismo ainda mais profundo, ocasionado
principalmente pela sensação amarga do fim da euforia na última fase. Alguns pontos
a mais foram destacados no período como, revolta, rebeldia e náusea da vida.
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.” (...) – Tabacaria

Mesmo que refletisse os meios e situações cotidianas em personagens inventados,


outra característica marcante em suas obras, foi a produção assinada pelo próprio
nome, aquele em que o eu lírico, Fernando Pessoa, era a voz da palavra.
Suas produções de poesia lírica eram marcadas por formas livres de escrita, mesmo
que em certos momentos a presença de estruturação antiga voltava, juntamente com
algumas peculiaridades próprias do modernismo, antissentimentalismo, análise de
emoções pela forma racional, metalinguagem e ainda a presença de musicalidade
adquirida no simbolismo.

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
(...) – Autopsicografia

Citando suas obras ortônimos importantes, temos a principal, Mensagem, sendo um


texto em poesia épica-lírica que exalta o nacionalismo português (Épica) , contando
alguns dos grandes feitos, baseado em uma essência lírica através de uma
mensagem esperançosa e motivacional entre o nacionalismo místico.

Ó mar salgado, quanto do teu sal


São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar! (...) – Mar de Portugal

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