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CONTEÚDOS AVALIAÇÃO 4º PERÍODO – PROF.

LUCIANA

Simbolismo em Portugal
O marco do Simbolismo em Portugal é a publicação da obra Oaristos (1890), livro de
poemas de Eugênio de Castro.

O movimento literário, contudo, já influenciava Portugal a partir das revistas acadêmicas


"Os Insubmissos" e "Boêmia Nova" que tinham entre seus colaboradores os autores
Eugênio de Castro e Antônio Nobre.

O Simbolismo prolonga-se até a Proclamação da República, em 1910, sob a influência da


nova realidade política.

O fim do movimento ocorre, porém, em 1915, no meio da Primeira Guerra Mundial, o


marco cronológico do Modernismo em Portugal.

É nesse contexto que Mário Sá-Carneiro e Fernando Pessoa lançam a revista "Orpheu".

O movimento Simbolismo em Portugal está intimamente ligado ao estado de depressão


que domina a sociedade em consequência da crise da monarquia, da crise econômica e
financeira e do ultimato inglês.

O ultimato inglês ocorre a partir de 1870, quando a Inglaterra inicia o plano expansionista
com o lema: um domínio do Cabo do Cairo.

Autores e obras
Eugênio de Castro (1869-1944)

A obra de Eugênio de Castro é dividida em duas fases: a simbolista e a neoclassicista. É


o autor de Oaristos, marcado pelo uso de novas rimas, nova métrica, aliterações e riqueza
no vocabulário. Os temas são marcados pela paixão fatal, pessimismo e necrofilia.

Antônio Nobre (1867-1900)

A poesia de Antônio Nobre é marcada por um profundo pessimismo, subjetivismo e


egocentrismo. É autor de Torres, onde revela o culto ao profetismo sebastianista e
nacionalismo saudosista.

Camilo Pessanha (1867-1926)

Camilo Pessanha é considerado o melhor poeta do simbolismo português. É autor


de Clepsidra, onde expressa o pessimismo que é característico ao movimento simbolista.

Contexto Histórico
O Simbolismo marca a transposição da estética literária do final do século XIX, que se
opõe às propostas do Realismo.

As correntes literárias já não conseguem expressar a evolução do pensamento burguês, a


formação dos grandes mercados consumidores e a industrialização dos grandes centros
urbanos.

Características do Simbolismo
 Rejeição ao cientificismo, materialismo e racionalismo
 Manifestações metafísicas e espirituais
 Negação ao naturalismo
 Exaltação à realidade subjetiva
 Sublimação
 Subjetivismo
 Uso de Sinestesias e aliterações
 Musicalidade

Simbolismo no Brasil
O simbolismo no Brasil surge em 1893 com a publicação de "Missal" e "Broquéis", de
Cruz e Souza. Esse é considerado o maior representante do movimento no país, ao lado
de Alphonsus de Guimarães.

Características do Simbolismo
 Não-racionalidade
 Subjetivismo, individualismo e imaginação
 Espiritualidade e transcendentalidade
 Subconsciente e inconsciente
 Musicalidade e misticismo
 Figuras de linguagem: sinestesia, aliteração, assonância

Autores Brasileiros Simbolistas


Cruz e Sousa (1861-1898)

Considerado o precursor do simbolismo no Brasil, João da Cruz e Sousa foi um poeta


brasileiro nascido em Florianópolis.

Sua obra é marcada pela musicalidade e espiritualidade com temáticas individualistas,


satânicas, sensuais. Suas principais obras: Missal (1893), Broquéis (1893), Tropos e
fantasias (1885), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905).

Alphonsus de Guimarães (1870-1921)


Um dos principais poetas simbolistas do Brasil, Afonso Henrique da Costa Guimarães,
possui uma obra marcada pela sensibilidade, espiritualidade, misticismo, religiosidade.
Sua temática é a morte, a solidão, o sofrimento e o amor.

Sua produção literária apresenta características neo-romântico, árcades e simbolistas.


Suas principais obras: Setenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística
(1899), Kyriale (1902), Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923).

Augusto dos Anjos (1884-1914)

Augusto dos Anjos foi um dos grandes poetas brasileiros simbolistas, embora, muitas
vezes, sua obra apresente características pré-modernas.

Patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras, publicou um livro


intitulado "Eu", e foi chamado de "Poeta da morte". Isso porque seus poemas exploram
temas sombrios.
Parnasianismo
Parnasianismo foi um movimento que se opunha aos ideais do romantismo,
estabelecendo princípios estéticos como o rigor formal e a recuperação de temáticas
clássicas.

Texto:

O parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França no final do século


XIX, tendo como principal bandeira a oposição ao realismo e ao naturalismo,
movimentos que ocorriam nesse contexto. No Brasil, esse movimento opunha-se
principalmente ao romantismo, já que, apesar dos ideais românticos terem dado lugar
ao realismo e ao naturalismo na prosa, ainda eram fortes suas características na poesia.
Assim, os poetas parnasianos incorporaram em suas produções poéticas traços que se
opunham diretamente à poesia romântica.

Contexto histórico e origem do parnasianismo


A segunda metade do século XIX foi um período em que a literatura europeia buscou
novas formas de expressão, as quais estavam em sintonia com as mudanças que
ocorriam em diferentes esferas da sociedade e em diferentes áreas do conhecimento.
Nesse contexto, por exemplo, teses científicas e sociológicas eram desenvolvidas e
difundidas, como o determinismo social.

O parnasianismo, então, surgiu como um movimento concomitante ao realismo e ao


naturalismo, porém tendo o gênero lírico como sua principal manifestação.
Parnasianismo advém da palavra “Parnaso”, que, segundo a mitologia grega, refere-se a
um lugar, um monte, consagrado a Apolo e às musas, em que os poetas, inspirados pela
aura do lugar, compunham.

Além dessa origem mítica, o parnasianismo foi o nome designado para intitular o
movimento literário surgido na França na segunda metade do século XIX, também
em razão de uma antologia, publicada em três volumes, sendo o primeiro em 1866,
intitulada Parnasse contemporain (Parnaso contemporâneo).

Edward Burne-Jones, pintor inglês que, à época do parnasianismo, retomou, na pintura,


os temas de influência clássica.
Características do parnasianismo
O próprio nome que designa o movimento parnasiano já é um indicativo de sua principal
característica: o forte interesse pela cultura greco-latina. Esse interesse temático e
formal em relação à cultura clássica opunha-se diretamente à estética vigente
no romantismo, movimento rechaçado pelos parnasianos, uma vez que não interessava
aos artistas românticos uma volta à Grécia Antiga, mas antes uma representação capaz
de ir ao encontro da burguesia crescente. Eis as características do parnasianismo,
divididas em aspectos formais e conteudísticos:

→ Aspectos formais

 Linguagem objetiva, em oposição à linguagem mais subjetiva do romantismo;


 Predomínio de vocabulários e estrutura sintática cultos;
 Busca pelo equilíbrio formal;
 Predileção pelo soneto.

→ Aspectos conteudísticos

 Paganismo greco-latino, em oposição ao cristianismo e ao misticismo


do simbolismo;
 Retomada de elementos da tradição clássica;
 Materialismo e racionalismo;
 Contenção de sentimentos, em oposição à externalização amorosa romântica;
 A busca da arte pela arte.

Parnasianismo em Portugal
Em Portugal, o parnasianismo, movimento introduzido pelo poeta João Penha (1838-
1919), coexistiu com o movimento realista e com o movimento simbolista, opondo-se,
principalmente, ao romantismo, movimento anterior, no que dizia respeito ao
sentimentalismo e ao egocentrismo tão típicos dos escritores românticos. As poesias dos
principais poetas parnasianos portugueses foram reunidas, por Teófilo Braga, no
livro Parnasso português moderno, publicado em 1877.

 Principais autores e obras do parnasianismo em Portugal


 Guerra Junqueiro (1850-1923): Poeta e político, foi considerado por seus pares
como o poeta mais popular de sua época em Portugal. Iniciou sua carreira literária
no jornal A Folha, dirigido pelo poeta João Penha. Publicou inúmeras obras, e mais
polêmica foi A velhice do padre eterno (1885), em que tece duras críticas ao clero.

 Teófilo Braga (1843-1924): Poeta, sociólogo, filósofo e político, iniciou sua


carreira literária em 1859, no famoso jornal literário A Folha. Colaborou em
diversos jornais da época, nos quais publicou muitos de seus poemas. Escreveu,
entre outras obras, História da poesia moderna em Portugal (1869).

 João Penha (1838-1919): Poeta e jurista, notabilizou-se por ter fundado o jornal
literário A Folha, sendo considerado um dos principais escritores parnasianos
portugueses. Escreveu os seguintes livros de poesia: Rimas (1882), Novas
rimas (1905), Ecos do passado (1914), Últimas rimas (1919) e O canto do
cisne (1923).

 Gonçalves Crespo (1846-1883): Poeta e jurista, nasceu no Rio de Janeiro, mas fixou
residência ainda criança em Portugal. Filho de mãe escrava, destacou-se no meio
literário português, tendo colaborado no jornal A Folha, principal meio de difusão
da poesia parnasiana. Seu primeiro livro foi a coletânea Miniaturas, publicada em
1870.

 António Feijó (1859-1917): Poeta e diplomata, atuou no Brasil como embaixador


nos consulados situados nos estados de Pernambuco e do Rio Grande do Sul.
Publicou as seguintes obras poéticas: Transfigurações (1862), Líricas e
bucólicas (1884), Cancioneiro chinês (1890), Ilha dos
amores (1897), Bailatas (1907), Sol de inverno (coletânea escrita entre 1915-1917),
e Novas Bailatas (editada postumamente em 1926).

 Cesário Verde (1855-1886): Poeta e comerciante, escreveu muitas de suas poesias


em periódicos da época, destacando-se o semanário Branco e Negro (1896-1898)
e as revistas O Occidente (1878-1915), Renascença (1878-1879) e
o Azeitonense (1919-1922). Após sua morte, suas poesias foram reunidas, por Silva
Pinto, na obra O livro de Cesário Verde (1887).
 Exemplo de poema do parnasianismo português

Fábula antiga

No princípio do mundo o Amor não era cego;


Via mesmo através da escuridão cerrada
Com pupilas de Lince em olhos de Morcego.

Mas um dia, brincando, a Demência, irritada,


Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou;
Foi a Demência logo às feras condenadas,

Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou.


A Demência ficou apenas obrigada
A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou,

Como um pobre que leva um cego pela estrada.


Unidos desde então por invisíveis laços
Quando a Amor empreende a mais simples jornada,
Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos.

(António Feijó)

Em “Fábula antiga”, poema de António Feijó, um dos poetas parnasianos portugueses


mais importantes, observa-se que a voz lírica não se manifesta em torno de um “eu”,
pois não se nota a presença da primeira pessoa do singular em nenhum momento do
poema. Essa tentativa de evitar ao máximo a manifestação da subjetividade,
característica muito comum no romantismo, foi uma das bandeiras estéticas dos
parnasianos.

Em relação à temática, o poema, como o próprio título sugere, expressa o que seria,
miticamente, a origem do amor. Faz-se, assim, menção a elementos da tradição greco-
latina, como a referência ao deus Júpiter, característica amplamente defendida e
difundida pelos poetas parnasianos.

A utilização do mito grego de origem do amor como plano temático do poema vai ao
encontro da crítica que os parnasianos teciam em relação aos poetas românticos quanto
ao exagero sentimental. Isso porque, como se observa no último verso do poema, a
personagem mítica Demência passa a guiar os passos dos homens quando eles são
laçados pelo cego Amor. A crítica ao amor romântico, portanto, é evidente, pois o
parnasianismo não nega esse sentimento, mas se mostra crítico ao exagero do
romantismo quanto à manifestação amorosa.

Parnasianismo no Brasil
O parnasianismo brasileiro começou a ser difundido no país a partir de 1870, pois,
no final dessa década, criou-se uma polêmica no jornal Diário do Rio de
Janeiro, que reuniu, de um lado, os adeptos do romantismo e, de outro, os
adeptos do realismo e do parnasianismo. Como resultado dessa querela literária,
desenvolvida em artigos, conhecida como “Batalha do Parnaso”, houve uma difusão
das ideias e das características do parnasianismo nos meios artísticos e intelectuais.

 Principais autores e obras do parnasianismo no Brasil


 Teófilo Dias (1854-1889): Foi advogado, jornalista e poeta. O primeiro livro de
poesia considerado parnasiano, publicado em 1882, foi uma obra de sua
autoria: Fanfarras. Publicou ainda os seguintes livros: Flores e amores
(1874), Cantos tropicais (1878), Lira dos verdes anos (1876), A comédia dos deuses
(1887) e A América (1887).

 Alberto de Oliveira (1857-1937): Foi farmacêutico, professor e poeta, e um dos


fundadores da Academia Brasileira de Letras, tendo sido, inclusive, eleito o
“Príncipe dos Poetas” em 1924. Escreveu as seguintes obras poéticas: Canções
românticas (1878), Meridionais (1884), Sonetos e poemas (1885), Versos e
rimas (1895), Poesias - 1ª série (1900), Poesias - 2ª série (1906), Poesias - 2
vols. (1912), Poesias - 3ª série (1913), Poesias - 4ª série (1928), Poesias
escolhidas (1933), Póstumas (1944).

 Raimundo Correia (1859-1911): Foi magistrado, professor, diplomata e poeta.


Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, escreveu os livros Primeiros
sonhos (1879), Sinfonias (1883), Versos e
versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).

 Olavo Bilac (1865-1918): Foi jornalista, inspetor de ensino e poeta. Foi também
um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Publicou as seguintes
obras: Poesias (1888), Crônicas e novelas (1894), Sagres (1898), Crítica e fantasia
(1904), Poesias infantis (1904), Conferências literárias (1906), Tratado de
versificação (com Guimarães Passos) (1910), Dicionário de rimas (1913), Ironia e
piedade (1916), Tarde (1919).

Olavo Bilac
Olavo Bilac, escritor brasileiro vinculado ao parnasianismo e considerado o Príncipe
dos Poetas, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

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Texto:

Olavo Bilac, considerado o Príncipe dos Poetas, nasceu em 16 de dezembro de 1865,


no Rio de Janeiro. Na juventude, iniciou os cursos de Medicina e Direito, mas não
chegou a concluir nenhum deles. Trabalhou como jornalista e cronista e publicou seu
primeiro livro — Poesias — em 1888. Por fazer oposição ao governo ditatorial de
Floriano Peixoto (1839-1895), foi preso duas vezes, em 1892 e 1894.

Apesar de sua poesia ser marcada pelo sentimentalismo, o poeta, um dos mais
famosos no início do século XX, é vinculado ao parnasianismo brasileiro, estilo
caracterizado pela objetividade, descritivismo e rigor formal. O autor, um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras, nos últimos anos de sua vida, tomado por
um nacionalismo apaixonado, abraçou a defesa do serviço militar obrigatório, antes de
morrer, em 28 de dezembro de 1918, no Rio de Janeiro.

Biografia de Olavo Bilac

Olavo Bilac.
Olavo Bilac nasceu em 16 de dezembro de 1865, no Rio de Janeiro. Na ocasião, seu
pai, o médico Brás Martins dos Guimarães Bilac, era cirurgião do Exército na Guerra do
Paraguai (1864-1870). Assim, em 1880, com apenas 15 anos de idade e uma
autorização especial, Olavo Bilac ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro, mas acabou desistindo do curso quatro anos depois e iniciando o curso de
Direito, em São Paulo, o qual também não concluiu. Essa sua atitude acabou levando-o
a um desentendimento com a família, descontente com suas decisões.

O escritor, então, passou a trabalhar como jornalista e cronista. Escrevia para vários
jornais e revistas. Durante muitos anos, escreveu para a Gazeta de Notícias. Além disso,
foi fundador dos periódicos A Cigarra, O Meio e A Rua, que não duraram muito.
Seu primeiro livro — Poesias — foi publicado em 1888. Em 1891, trabalhou como
oficial da Secretaria do Interior do Estado do Rio de Janeiro, porém, por fazer oposição
ao governo de Floriano Peixoto, foi preso, em 1892.

Ao ser solto, o poeta buscou refúgio em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais. A
partir de então, sua poesia passou a abordar temas da realidade de seu país. Quando,
em 1894, o autor voltou ao Rio de janeiro, foi preso novamente. No entanto, com a
saída de Floriano Peixoto, Olavo Bilac retomou a sua rotina e, em 1897, foi um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras. Nesse mesmo ano, ao perder o
controle do carro do jornalista José do Patrocínio (1853-1905), entrou para a história
como o primeiro motorista a sofrer um acidente de carro no Brasil, quando bateu em
uma árvore. O carro teve perda total, mas Bilac e Patrocínio saíram ilesos.

Em 1898, começou a trabalhar como inspetor escolar, cargo no qual se aposentaria.


No início do século XX, Olavo Bilac era um dos poetas mais famosos do país. Escreveu
a letra do Hino à Bandeira, divulgado, pela primeira vez, em 1906, e foi secretário do
prefeito do Distrito Federal, em 1907. Nos anos seguintes, tornou-se um nacionalista
apaixonado e dedicou-se a defender o serviço militar obrigatório, fazendo
conferências pelo país. Até que, em 28 de dezembro de 1918, o Príncipe dos Poetas,
ocupante da cadeira número 15 da Academia Brasileira de Letras, morreu no Rio de
Janeiro.

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Características literárias de Olavo Bilac


O poeta Olavo Bilac, apesar de possuir uma poesia subjetiva e sentimental, é
considerado um autor do parnasianismo brasileiro, que possui as
seguintes características:

 Antirromantismo: não sentimental


 Antropocentrismo: valorização da razão
 Objetividade: em oposição ao subjetivismo
 Poesia descritiva
 Rigor formal: metrificação e rimas
 Valorização da arte pela arte: não utilitarismo
 Alienação social: indiferença às questões sociopolíticas
 Valorização da beleza, no que diz respeito ao tema e à forma do poema
 Distanciamento do eu lírico: não participa do conteúdo expresso pelo texto.
 Presença de referências greco-romanas
 Uso de polissíndeto: repetição da conjunção “e”

Obras de Olavo Bilac


Capa do livro Poesias, de Olavo Bilac, publicado pela editora Martins Fontes.[1]

 Poesias (1888)
 Crônicas e novelas (1894)
 Sagres (1898)
 Crítica e fantasia (1904)
 Poesias infantis (1904)
 Conferências literárias (1906)
 Dicionário de rimas (1913)
 Ironia e piedade (1916)
 Tarde (1919)

Poemas de Olavo Bilac


O soneto a seguir faz parte da obra Poesias, de Olavo Bilac. Nele, o eu lírico afirma que
“a chorar”, enquanto seguia seu caminho (sua vida), ele buscava um coração (uma
pessoa) que fugia dele (não correspondia ao seu amor). No mais, ele só encontrava
“corações de ferro” (pessoas insensíveis). Entretanto, no final, o eu lírico consegue tocar
o coração desejado e, hoje, está feliz, pois tem esse coração pulsando dentro do seu,
o que sugere que seu amor, enfim, é correspondido:

Tantos esparsos vi profusamente


Pelo caminho que, a chorar, trilhava!
Tantos havia, tantos! E eu passava
Por todos eles frio e indiferente...

Enfim! enfim! pude com a mão tremente


Achar na treva aquele que buscava...
Por que fugias, quando eu te chamava,
Cego e triste, tateando, ansiosamente?

Vim de longe, seguindo de erro em erro,


Teu fugitivo coração buscando
E vendo apenas corações de ferro.

Pude, porém, tocá-lo soluçando...


E hoje, feliz, dentro do meu o encerro,
E ouço-o, feliz, dentro do meu pulsando.

Como características do parnasianismo, é possível apontar-se o rigor


formal (metrificação — versos decassílabos — e rimas), além da alienação social, já
que o eu lírico foge de questões sociopolíticas. No entanto, como característica
particular da poesia de Olavo Bilac, há a expressão de sentimentos, e o eu lírico
mostra-se no poema — traços, portanto, do romantismo.

Já no poema “Vila Rica”, do livro Tarde, o eu lírico descreve a cidade de Ouro Preto,
antiga Vila Rica, em seu ocaso, isto é, no pôr do sol. Assim, ele menciona o ouro, que é
a luz do sol, mas também é o ouro extraído das minas. Além disso, ao aludir ao “último
ouro do sol” do dia, ele está se referindo, também, à ausência de ouro no contexto
atual do lugar. Contudo, no céu, há ouro, que, porém, o tempo enegreceu. Por fim, os
astros, igualmente, são relacionados ao ouro, devido a seu brilho sobre a cidade de
Ouro Preto:

O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;


Sangram, em laivos de ouro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre.


O último ouro do sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Agora, para além do cerro, o céu parece


Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,

Como uma procissão espectral que se move...


Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

Nesse soneto, é possível apontar as seguintes características parnasianas:


o descritivismo, o rigor formal (metrificação — versos alexandrinos — e rimas) e
o distanciamento do eu lírico, pois ele não fala de si em nenhum momento. No
entanto, é possível perceber uma consciência sociopolítica da realidade brasileira, ao
falar-se da decadência da cidade, e também marcas de subjetividade impressa
na adjetivação abundante.

Frases de Olavo Bilac


A seguir, vamos ler algumas frases de Olavo Bilac, retiradas de entrevista concedida ao
jornalista e cronista João do Rio (1881-1921), em 1904:

“O mal do Brasil é antes de tudo o mal de ser analfabeto.”

“Há, na vida, coisas que se dizem, mas não se escrevem, coisas que só se escrevem, e
outras que nem se escrevem nem se dizem, mas apenas se pensam.”

“Um artista sente mais as dores terrenas que cem homens vulgares.”

“A arte não é, como ainda querem alguns sonhadores ingênuos, uma aspiração e um
trabalho à parte, sem ligação com as outras preocupações da existência.”

“A arte é a cúpula que coroa o edifício da civilização.”

“Talvez, em 2500, existam literaturas diversas no vasto território que hoje forma o
Brasil.”

“Um povo não é povo enquanto não sabe ler.”

Vicente de Carvalho (1866-1902): Foi advogado, jornalista, político, magistrado,


poeta e contista. Publicou as seguintes obras: Ardentias (1885), Relicário (1888), Rosa,
rosa de amor (1902), Poemas e canções (1908), Versos da mocidade (1909), Verso e
prosa (1909), Páginas soltas (1911), A voz dos sinos (1916), Luizinha (1924).

 Francisca Júlia (1871-1920): Foi poeta e crítica literária. No entanto, apesar de


sua consistência literária, não ingressou, por ser mulher, na Academia Brasileira
de Letras. Publicou as seguintes obras: Mármores (1895), Livro de
infância (1899), Esfinges (1903), A feitiçaria sob o ponto de vista
científico (discurso) (1908), Alma infantil (com Júlio César da
Silva) (1912), Esfinges 2º ed. (ampliada) (1921), Poesias (organizadas por Péricles
Eugênio da Silva Ramos) (1962).
 Exemplo de poema do parnasianismo brasileiro

Vaso chinês
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,


Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,


Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,


Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.

(Alberto de Oliveira)

No soneto “Vaso chinês”, tem-se um eu lírico que reconstitui as impressões causadas


em sua subjetividade por um vaso. A partir dos primeiros versos, já se nota as principais
características da poesia parnasiana, como a predileção por inversões sintáticas,
conforme os seguintes versos: “Vi-o,/ Casualmente, uma vez, de um perfumado/
Contador sobre o mármor luzidio,/ Entre um leque e o começo de um bordado”. Se
estivesse na ordem direta, caracterizada pela sequência sujeito, verbo e predicado
(complemento), não haveria termos intercalados entre vírgulas. Essa inversão também se
dá em relação à posição do adjetivo, como em “rubras flores” e em “singular figura”, em
que ele aparece antes do substantivo.

Outra característica parnasiana que se evidencia diz respeito ao uso de termos raros e
tidos como cultos, como “mármor luzidio”, expressão que significa mármore brilhoso.
O objetivo dessa opção por vocábulos raros, assim como o gosto pelas inversões
sintáticas e do adjetivo em relação ao substantivo, é tornar sofisticado o poema, o que
evidenciaria o trabalho de ourives do poeta, ou seja, bem minucioso.

Em relação à subjetividade, há a presença de um eu impactado emocionalmente pela


vista de um objeto que muito lhe agrada, porém essa manifestação emocional é sutil,
controlada. No romantismo, movimento combatido pelos parnasianos, a expressão da
emoção tende a ser mais efusiva, menos controlada. o,/ Por ti — nos sonhos morrerei
sorrindo!".
As diversas A concordância e a regência são fundamentais para a articulação entre as ideias
relações entre os
termos podem e para a lógica do texto. Essas articulações constroem um sistema de referências
ser estabelecidas
no nível sintático internas que permitem ao leitor acompanhar as relações lógicas que o enunciador
(estrutura da
oração) e no propõe entre as unidades significativas do texto, construindo sentidos.
nível morfológico
(classificação das
A colocação pronominal também interfere na construção da oração. A norma-
palavras); por isso, -padrão prevê regras que determinam se o pronome deve vir antes, depois ou
são chamadas
de processos no meio do verbo, mas elas podem ser rompidas em determinados contextos de
morfossintáticos.
interlocução.
Você vai estudar, a seguir, as principais regras de concordância, regência e colo-
cação pronominal.
Observe, a seguir, exemplos retirados de textos lidos nesta Unidade.

A peça poderá ser conferida nesta quarta e quinta-feira [...].


substantivo       adjetivo
(feminino, singular)   (feminino, singular)

Usa enormes óculos [...].


adjetivo  substantivo
(plural)   (masculino, plural)

Nos exemplos acima, ocorre uma adequação entre o gênero e o número do


substantivo, núcleo do sintagma nominal, às flexões correspondentes de seus
modificadores. A regra geral diz que o adjetivo e outros termos (artigos, prono-
mes, numerais etc.) devem concordar em gênero e número com o nome a que se
referem. A essa relação dá-se o nome de concordância nominal.
Analise agora este caso.

A tensão [...] revela detalhes surpreendentes de personagens impotentes ante a pró-


pria tragédia.

No exemplo acima, os núcleos nominais são qualificados por adjetivos que não
são variáveis quanto a gênero, o que significa que não sofrem flexão de gênero
e, por isso, apresentam apenas concordância de número com os nomes que
modificam.
Observe os exemplos a seguir. Preste atenção à presença ou não do artigo.

O uso de máscaras é obrigatório e é proibida a entrada de animais.


Se o núcleo nominal do sujeito é antecedido por um artigo ou outro determi-
nante, o adjetivo deve ser flexionado para concordar em gênero e número com o
substantivo.

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No entanto, observe, nos exemplos a seguir, o que acontece quando não há artigo.

[...] nestes lugares é proibido música alta [...].


QUEIROZ, R. Porto do paraíso. O Popular, Goiás, 30 set. 2013. Disponível em: https://www.opopular.com.br/noticias/
magazine/porto-do-para%C3%ADso-1.402134. Acesso em: 18 ago. 2020.

[...] é necessário força para esse trabalho [...].


AS 23 FUNÇÕES que mais as empresas procuram para trabalhar embarcado. O Petróleo, 12 abr. 2019.
Disponível em: https://www.opetroleo.com.br/as-23-funcoes-que-mais-as-empresas-
procuram-para-trabalhar-embarcado/. Acesso em: 18 ago. 2020.

Nesses casos, sem o artigo definido, o núcleo nominal do sujeito ganha sentido gené-
rico. Por isso, o adjetivo não deve ser flexionado para concordar em gênero e número com o
substantivo.
Existem casos especiais de concordância nominal, ou seja, casos particulares aos quais
devemos estar sempre atentos. Observe o quadro a seguir.

Casos especiais de concordância nominal

Caso Regra Exemplos

Concorda com
Adjetivo antes [...] Colocar a música de um dos maiores gênios do século como tema
o gênero e o
de substantivos de uma novela de péssimo gosto e categoria? É ridículo. [...]
número do
de gêneros CARTAS. Folha de S.Paulo, São Paulo, 19 mar. 2001. Disponível em: http://www1.
substantivo mais
diferentes folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm1903200101.htm. Acesso em: 18 ago. 2020.
próximo.

[...] Tumblr é uma plataforma para postar textos curtos e bastantes


imagens [...]
RIBEIRO, L. Caiu na rede é... Folha de S.Paulo, São Paulo, 10 dez. 2013. Disponível
em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/lucioribeiro/2013/12/1383255-caiu-na-
rede-e.shtml. Acesso em: 18 ago. 2020.

Bastante, muito Concordam com Então principiei dizendo muitos desaforos pra não chorar também
e mesmo quando o substantivo ao [...].
adjetivos qual se ligam. RESENDE, O. L. O elo partido. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores contos
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. p. 322.

A voz conhecida, a conversa nítida, o riso de sempre, os mesmos


cacoetes [...].
ANDRADE, M. de. O peru de Natal. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores contos
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. p. 128.

[...] menos pessoas estão procurando emprego.


Por ser um
FRAQUEZA do emprego nos EUA eleva dúvida sobre fim do estímulo do Fed.
Menos advérbio, nunca Folha de S.Paulo, São Paulo, 7 set. 2013. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.
varia. br/mercado/2013/09/1338398-fraqueza-do-emprego-nos-eua-eleva-duvida-
sobre-fim-do-estimulo-do-fed.shtml. Acesso em: 18 ago. 2020.

Unidade 5 • O mundo como palco 233

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A propriedade tem uma casa principal e diversos chalés anexos [...]
ZANINI, F. Ação que prendeu ativistas contra o apartheid completa 50 anos. Folha
de S.Paulo, São Paulo, 29 jun. 2013. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.
br/mundo/2013/06/1303612-acao-que-prendeu-ativistas-contra-o-apartheid-
completa-50-anos.shtml. Acesso em: 18 ago. 2020.
Concordam com
Anexo e incluso o substantivo ao
Entre as opções inclusas no pacote estão massagens relaxantes,
qual se referem.
esfoliação e tratamentos anti-idade.
PACOTES do Spa Week terão massagem, esfoliação e tratamento anti-idade. Folha
de S.Paulo, São Paulo, 7 abr. 2013. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.
br/saopaulo/1256894-pacotes-do-spa-week-terao-massagem-esfoliacao-e-
tratamentos-anti-idade.shtml. Acesso em: 18 ago. 2020.

Uma indústria de “consultorias” faz com que empresas aparentem


Concorda com estar quites com o programa [...]
Quite o número do ZANINI, F. Empresas são o foco do sistema criado por Mandela. Folha de
substantivo. S.Paulo, São Paulo, 23 dez. 2012. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/
educacao/1205717-empresas-sao-o-foco-de-sistema-criado-por-mandela.shtml.
Acesso em: 18 ago. 2020.

A vencedora chorou ao ser coroada, e disse “obrigada, muito


Concorda com o
obrigada” ao público, enquanto as outras concorrentes a rodearam.
gênero daquele
Obrigado
que pronuncia o MISS WISCONSIN é coroada Miss América. Folha de S.Paulo, São Paulo, 15 jan. 2012.
agradecimento. Disponível em: http://f5.folha.uol.com.br/celebridades/1034714-miss-wisconsin-e-
coroada-miss-estados-unidos.shtml. Acesso em: 18 ago. 2020.

Observe o exemplo a seguir.


Os três [...] abrem suas cartas.
• sujeito: 3a pessoa do plural | verbo: 3a pessoa do plural

No exemplo acima, a forma verbal destacada, núcleo do predicado verbal, apresenta


mesmo número e pessoa do núcleo do sujeito ao qual se liga. A essa relação dá-se o nome de
concordância verbal.
Agora, veja mais um exemplo.

O diretor Gustavo Paso teve acesso ao texto por meio de um professor


• sujeito: 3a pessoa do singular| verbo: 3a pessoa do singular

que conheceu quando cursava artes cênicas na Unirio [...].


• verbo: 3a pessoa do singular | verbo: 3a pessoa do singular
• sujeito oculto: 3a pessoa do singular | sujeito oculto: 3a pessoa do singular

É importante reconhecer, no exemplo, que o sujeito da forma verbal teve é o mesmo sujeito
das formas verbais conheceu e cursava, núcleos das orações subordinadas introduzidas por
que e quando. Isso significa que devem manter com o sujeito concordância de pessoa e número
– no caso, devem concordar com a terceira pessoa do singular.
A presença do pronome se pode gerar dúvidas sobre a concordância do verbo: deve ou não
ser flexionado no plural? Nesse caso, é preciso saber se a oração está na voz passiva sintética
ou apresenta sujeito indeterminado.

234

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Observe o exemplo a seguir. » Abreviações nos esquemas:
pron. = pronome
pred. = predicado
Rasgam-se os sonhos ind. = indeterminação
suj. = sujeito
verbo pron. apassivador sujeito
obj.= objeto

Nesse exemplo, a oração, formada por um verbo mais o pronome se, está na voz passiva,
e o verbo concorda com o sujeito: no caso, como o sujeito está no plural, o verbo fica também
no plural.
Observe agora o anúncio ao lado. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Nesse caso, o sujeito da oração é inde-
terminado; o pronome se e o verbo na
terceira pessoa do singular marcam essa
indeterminação.

Precisa-se de profissionais da saúde


pred. índice de ind. do suj. obj. indireto

O verbo fica sempre no singular em


orações com sujeito indeterminado.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO


FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS.
Vara da Infância e da Juventude do
DF. Precisa-se de profissionais da
saúde para crianças e adolescentes.
Brasília, DF, 2017. Disponível em:
https://www.tjdft.jus.br/institucional/
imprensa/noticias/2017/junho/
vij-df-precisa-de-voluntarios-da-saude-
para-atender-criancas-e-adolescentes.
Acesso em: 18 ago. 2020.

O verbo fazer, quando indica passagem de tempo, e o haver, com sentido de “existir”, são
impessoais; portanto, devem permanecer na terceira pessoa do singular. Observe.
Faz uma hora e meia que estamos aqui.
Verbo impessoal Objeto direto
3a pessoa do singular

Observe mais um caso em que o verbo deve ser mantido na terceira pessoa do singular.
Tem carros virados em todas as direções.
Verbo impessoal Objeto direto
3a pessoa do singular

O verbo ter, assim como o verbo haver, quando expressa o sentido de existir, é impessoal
e, portanto, deve ser flexionado na terceira pessoa do singular. O emprego do verbo ter com
sentido de “haver” ou “existir” é característico do registro informal da língua.

Unidade 5 • O mundo como palco 235

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Casos de concordância verbal com sujeito simples

Caso Regra Exemplos

Se o sujeito é formado A maioria dos países [...] está longe de alcançar a paridade de
por expressões como “a gênero [...].
Expressões
maioria de”, “grande parte MAIORIA dos países está longe de alcançar paridade de gênero na ciência, dizem
partitivas agências da ONU. Nações Unidas Brasil, 9 fev. 2018. Disponível em: https://
de”, “um grupo de”, o verbo
nacoesunidas.org/maioria-dos-paises-esta-longe-de-alcancar-paridade-de-
fica no singular. genero-na-ciencia-dizem-agencias-da-onu/. Acesso em: 18 ago. 2020.

Daqueles que se endividaram, 38% disseram que buscaram


Quando o sujeito é crédito para “materiais de ensino que as crianças normalmente
formado por uma obtêm nas escolas [...].
Porcentagem
porcentagem, o verbo AULAS virtuais endividam americanos, aponta relatório. Correio
concorda com o número. Popular, Campinas, 18 ago. 2020. Disponível em: https://correio.rac.com.
br/_conteudo/2020/08/agencias/980185-aulas-virtuais-endividam-
americanos-aponta-relatorio.html. Acesso em: 18 ago. 2020.

Dois terços do território mexicano foram afetados pelos dois


Se o sujeito for uma
furacões [...].
fração, o verbo concorda
Fração
com o numerador núcleo PRIMEIROS voos deixam balneário mexicano de Acapulco. G1, São Paulo, 17 set.
do sintagma nominal. 2013. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/09/primeiros-voos-
deixam-balneario-mexicano-de-acapulco.html. Acesso em: 19 ago. 2020.

Quando o verbo se liga


ao pronome relativo que, As árvores que enfeitam os céus de lilás [...]
ele concorda com o termo FLORADA de ipês-roxos já enfeita o céu de bairros em Campinas. A Cidade ON,
Que / quem antecedente do pronome. Campinas, 16 jun. 2018. Disponível em: https://www.acidadeon.com/campinas/
NOT,0,0,1341289,florada+de+ipes+roxo+ja+enfeita+o+ceu+de+
Quando se liga ao pronome bairros+em+campinas.aspx. Acesso em: 19 ago. 2020.
quem, fica na terceira Sou eu quem cuida da árvore.
pessoa do singular.
Nomes no Os Estados Unidos são o país mais atingido no mundo pela
Se o nome é precedido
plural que pandemia [...].
por artigo, o verbo fica
indicam
no plural. Se não houver AULAS virtuais endividam americanos, aponta relatório. Correio
lugares ou Popular, Campinas, 18 ago. 2020. Disponível em: https://correio.rac.com.
artigo, o verbo fica no
títulos de br/_conteudo/2020/08/agencias/980185-aulas-virtuais-endividam-
singular. americanos-aponta-relatorio.html. Acesso em: 18 ago. 2020.
obras
Quando o sujeito é Brasileiro é um dos que mais gastam com celulares
Expressão formado pela expressão
SOARES, H. M. Brasileiro é um dos que mais gastam com celulares. InfoMoney, 16
“um dos que” “um dos que”, o verbo fica out. 2012. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/consumo/brasileiro-e-um-
no plural. dos-que-mais-gastam-com-celulares/. Acesso em: 19 ago. 2020.

Sujeito
O verbo pode ficar no
composto Bastavam Pelé e Vadico para pagar o espetáculo.
plural ou concordar com o
posposto ao Bastava Pelé e Vadico para pagar o espetáculo.
núcleo mais próximo.
verbo
Se ou exprime exclusão, o
verbo fica no singular.
Núcleos Se ou não exprime Pelé ou Vadico terá sucesso.
unidos pela exclusão e os dois núcleos
Pelé ou Vadico foram os mais cotados para ganhar a premiação.
conjunção ou se referem a escolhas
possíveis, o verbo fica no
plural.

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FELIX REINEIRS
Leia os versos a seguir.

Quem quiser sacudir


Deixa a tristeza pra lá
Canta meu povo
Meu povo, vamos cantar
SAMBA de Esquenta 2: G.R.E.S. São Clemente. Vagalume, c2018. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/
g-r-e-s-sao-clemente/samba-de-esquenta-2.html. Acesso em: 18 ago. 2020.

No terceiro verso da estrofe acima, o autor usa o verbo cantar na terceira


pessoa do singular e, depois, no quarto verso, a locução vamos cantar, na primeira
pessoa do plural.
Na primeira ocorrência, o sujeito do verbo cantar é meu povo, terceira pessoa
do singular. Na segunda ocorrência, contudo, o uso da primeira pessoa do plural
não estabelece concordância explícita com meu povo, presente no vocativo. Porém,
ocorre concordância com a ideia de que o autor faz parte do povo, o que aparece
em vamos cantar – eu, você, todos nós formamos o povo.
Esse tipo de concordância considera mais o sentido do que a forma. Por ter
como referência o fato de que o povo é formado por todos nós, esse tipo de con-
cordância é chamado de concordância ideológica ou silepse.

Concordância é uma relação gramatical que se estabelece entre termos da oração, de


forma a garantir sentido, promovendo a harmonia entre as características morfológicas de
flexão das palavras. Ela pode ser verbal ou nominal.
Concordância nominal é aquela que ocorre em gênero e número entre o núcleo do sin-
tagma nominal (nome) e seus determinantes: o adjetivo, o artigo, o pronome adjetivo, o
numeral e o particípio.
Concordância verbal é aquela que ocorre em número e pessoa entre o núcleo do sintagma
verbal (verbo) e seu sujeito.

Observe os exemplos a seguir.


Manifesto do Coletivo Oriente-se no Brasil pela igualdade étnica
COLETIVO ORIENTE-SE. Manifesto do Coletivo Oriente-se no Brasil pela igualdade étnica.. São Paulo, 31 ago. 2016.
Disponível em: https://coletivoorientese.com.br/manifesto. Acesso em: 3 set. 2020.

Após abaixo-assinado contra lixão na BR-262, Prefeitura recebe moradores


ROCHA, M. Após abaixo-assinado contra lixão na BR-262, Prefeitura recebe moradores. Jornal Midiamax, Campo
Grande, 7 jul. 2020. Disponível em: https://www.midiamax.com.br/cotidiano/2020/apos-abaixo-assinado-contra-lixao-
na-br-262-prefeitura-recebe-moradores. Acesso em: 19 ago. 2020.

Nesses exemplos, o núcleo do sintagma nominal é complementado por outro


termo sintático: o complemento nominal introduzido por preposição.
Identificamos o nome como o termo regente e seu complemento nominal
como termo regido. A essa relação dá-se o nome de regência nominal.

Unidade 5 • O mundo como palco 237

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Veja o quadro a seguir.

Nome Preposição Exemplos

Nunca tinha se acostumado a chegar atrasado.


Acostumado a / com
A menina estava acostumada com a companhia do cachorro.

Fácil/difícil de O difícil de conseguir são as coisas fáceis de se desejar.

Habituado a O velho estava habituado a caminhar.

Obediência a Os jovens devem obediência aos mais velhos.

Preocupação com Sua preocupação com o irmão emocionava.

Relacionado com / a Tudo está relacionado com (ao) meio ambiente.

Observe os exemplos a seguir, retirados do texto de Dias


Gomes lido nesta Unidade.
#paralembrar
Todo mundo vai a algum lugar.
Crase é o fenômeno que
ocorre quando há contração Aonde você vai?
da preposição a com o artigo
a ou as. Sinalizada pelo acento Vou à manicure do Fusca verde.
grave – à, às –, a ocorrência da
crase depende diretamente da Os exemplos acima apresentam três ocorrências do verbo
regência do termo anterior. A ir e em cada uma delas observamos o emprego da preposição
crase também se dá na con- a. Isso ocorre porque o verbo ir é transitivo indireto – o que
tração da preposição a com os
significa que a relação entre o verbo e seu complemento é
pronomes aquele ou aquela
(àquele, àquela), quando a estabelecida por uma preposição: quem vai, vai a algum lugar.
regência exigir a presença da Observamos, então, que o verbo constitui um termo
preposição. regente, e seu complemento verbal – seja ele objeto direto
Não ocorre crase: ou indireto – é um termo regido. Essa relação tem o nome de
• antes de palavras mas-
regência verbal. Um mesmo verbo pode assumir diferentes
culinas, com exceção de
àquele e diante de palavra regências. Observe os exemplos a seguir.
que pode ser compreen-
O time alagoano já voltou de Salvador [...].
dida como à moda de.
objeto indireto
• antes dos pronomes femi-
ninos essa, esta, ela. RODRIGUES, D. Baptista analisa vitória do CSA pelo Nordestão: “Estamos no caminho
• antes dos pronomes inde- certo”. Gazetaweb, Alagoas, 23 jul. 2020. Disponível em: https://gazetaweb.globo.com/
portal/noticia/2020/07/baptista-analisa-vitoria-do-csa-pelo-nordestao-estamos-no-
finidos que não admitem caminho-certo_110987.php. Acesso em: 18 ago. 2020.
artigo, como toda, todas,
todo, todos etc.
Todos se voltam para ela.
• antes de verbos.
objeto direto objeto indireto

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No primeiro caso, o verbo voltar é transitivo indireto e rege o objeto indireto de
Salvador, que demanda a preposição de. No segundo, o verbo voltar é bitransitivo
(ou seja, transitivo direto e indireto), cujos termos regidos são o objeto direto se e
o indireto para ela, introduzido pela preposição para.
O quadro a seguir apresenta alguns outros casos frequentes.

Verbo Sentido Preposição Transitividade Exemplo

• Fazer carinho - VTD O menino agradou o


Agradar gato.
• Ser agradável a VTI O gato agradou a todos.

• Ver, observar a VTI Fomos assistir ao jogo.


Assistir • Dar assistência, - VTD Os médicos assistiram o
socorrer jogador contundido.

• Dirigir-se a um A aula chegou ao fim.


Chegar/ir lugar, alcançar um a VTI Sempre pedia para ir ao
objetivo banheiro.

• Trazer de outro O Brasil importou


Importar país - VTD muitos alimentos.
Importar-se • Dar importância a com VTI O governo deve se
algo/alguém importar com a inflação.

Você lembrou o
Lembrar • Recordar - VTD aniversário?
Lembrar-se • Recordar-se de VTI Você se lembrou do
(de + o) aniversário?

Eu esqueci o aniversário.
Esquecer • Não lembrar - VTD
Eu me esqueci do
Esquecer-se • Não se lembrar de VTI
(de + o) aniversário.

É necessário obedecer
Obedecer • Atender, cumprir a VTI
ao (a + o) estatuto.

Já visou todo o contrato.


• Assinar, rubricar - VTD
O atirador visou o alvo.
Visar • Mirar - VTD
O jogador visava ao
• Ter como objetivo a VTI
(a + o) prêmio de artilharia.

Ele precisava de um
• Ter necessidade
caderno novo.
de algo de VTI
O professor precisou a
Precisar • Indicar com - VTD
matéria da prova.
exatidão - VI
O governo ajuda aquele
• Não ter dinheiro
que precisa.

Unidade 5 • O mundo como palco 239

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