Você está na página 1de 4

Álvaro

ÁLVARO de
DE Campos
CAMPOS

Tédio; Histeria; Excesso; Sensações vividas febrilmente; Vanguarda; Futurismo; Angústia existencial
Fernando Pessoa considera que Campos se encontra no “extremo oposto, inteiramente oposto, a
Ricardo Reis”, apesar de ser como este um discípulo de Caeiro. Campos é o “filho indisciplinado da
sensação" e para ele a sensação é tudo. O eu do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou
teve existência ou possibilidade de existir.
Este heterónimo aprende de Caeiro a urgência de sentir, mas não lhe basta a «sensação das coisas
como são»: procura a totalização das sensações e das perceções conforme as sente, ou como ele
próprio afirma “sentir tudo de todas as maneiras”. É configurado “biograficamente” por Pessoa como
vanguardista e cosmopolita, espelhando-se este seu perfil particularmente nos poemas em que
exalta, em tom futurista, a civilização moderna e os valores do progresso.
O poeta procura incessantemente “sentir tudo de todas as maneiras”, seja a força explosiva dos
mecanismos, seja a velocidade, seja o próprio desejo de partir. Campos tanto celebra, em poemas
de estilo torrencial, amplo, delirante e até violento, a civilização industrial e mecânica, como
expressão de desencanto do quotidiano citadino, adotando sempre o ponto de vista do homem da
cidade.
Álvaro de Campos é o heterónimo que apresenta uma evolução mais nítida, podendo na sua obra
distinguir-se três fases:
• Decadentista (fase do "Opiário") - exprime o tédio de viver, o enfado, o cansaço, a náusea, o
abatimento e a necessidade de novas sensações; traduz a falta de um sentido para a vida e a
necessidade de fuga à monotonia; inadaptado ao mundo e à vida.
• Futurista/Sensacionista (civilização moderna/excesso de sensações - "Ode Triunfal") - Campos
celebra o triunfo da máquina, da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atração quase
erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Intensidade e totalização das sensações. A par da
paixão pela máquina, há a náusea, provocada pela poluição física e moral da vida moderna. Nesta
fase, a sensação é mais intelectualizada. Sensacionismo excessivo e conturbado.
• Abúlica (pessimista e intimista) - Perante a incapacidade de unificar em si pensamento e
sentimento, mundo exterior e interior, traz de volta o abatimento (o cansaço, o tédio, solidão).
Conflito entre a realidade e o poeta. Este sente-se vazio, um marginal, incompreendido. Angustiado
e cansado. Revela, tal como Pessoa, a mesma angústia existencial, ceticismo, dor de pensar e
nostalgia de infância.

1 0
A grande viragem na poesia de Campos (segunda fase) acontece depois de ter conhecido Caeiro,
seu Mestre, que o introduziu no universo do sensacionismo. Mas enquanto Caeiro acolhe
tranquilamente as sensações (considerando a sensação captada pelos sentidos como única
realidade), Campos experimenta-as febrilmente, excessivamente, não rejeitando o pensamento e
assim, afastando-se de Caeiro). Tão excessivamente que, querendo "sentir tudo de todas as
maneiras", parece esgotar-se a seguir, caindo numa espécie de apatia melancólica, desvaneio
nostálgico que o aproxima do Ortónimo (com quem partilha o ceticismo, dor de pensar, procura do
sentido no que está para além da realidade, fragmentação do eu, nostalgia da infância
irremediavelmente perdida). Desta forma é Campos que reconhece os limites do humano, a apatia e
o cansaço de quem quis ser máquina e não conseguiu por ser Homem.

Características
Caracter poéticas:
ísticas poéti cas:

• poeta modernista
• futurismo – apologia da civilização industrial e técnica, rutura com a lírica tradicional e transgressão
da moral estabelecida, êxtase, exaltação da força, da violência, do excesso;
• sensacionismo - excesso de sensações, euforia desmedida;
• pessimismo e intimismo - evasão, inadaptação do real, abulia, tédio, cansaço, solidão, frustração e
tristeza, dor de ser lúcido;
• nostalgia da infância, irremediavelmente perdida;
• auto-ironia e autodepreciação (angústia existencial);
• fragmentação do "eu"; domínio do pensar e da consciência; incapacidade de sentir; solidão e
isolamento.
Após a descoberta do futurismo e de Walt Whitman, Campos adota (para além do verso livre) um
estilo esfuziante, torrencial, espraiado em longos versos, vivificado pela fantasia verbal duradoura e
inesgotável.

Caracter ísticas de est


Características ilo e lin
estilo guagem :
linguagem

• excesso de expressão - pontuação emotiva (exclamações, interjeições.. );


• ritmo rápido e excessivo, repetitivo;
• linguagem marcada por um tom excessivo e intenso (pelo excesso de expressão);
• recurso a metáforas ousadas, personificações, hipérbatos, oxímoros, onomatopeias, aliterações,
adjetivação abundante, hipérboles, anáforas e repetições;
• verso livre, geralmente longo;
• uso de neologismos e estrangeirismos;
• estrofes longas e irregulares.

1 0
Resumo:
• Poeta modernista
• 1ª Fase - tédio e desencanto; busca de novas sensações;
• 2ª fase - delírio sensorial - sensacionismo (excesso de sensações, euforia desmedida); canto da
civilização moderna - futurismo (apologia da civilização industrial e técnica - moderna); erotismo
doentio e febril;
• 3ª fase - regresso ao abatimento, ao cansaço da vida, angústia, tédio; nostalgia da infância
irremediavelmente perdida; incapacidade de sentir; desencanto da vida; pessimismo; inadaptação ao
presente/à realidade; fragmentação do eu; domínio do pensar e da consciência.

1 0
1 0

Você também pode gostar