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Na sua poesia, Ricardo Reis reconhece a efemeridade da vida e da morte inevitável, revela a
consciência da mortalidade. Deixa conselhos que espelham uma adesão ao epicurismo (procura
felicidade relativa, busca do estado de ataraxia – tranquilidade sem perturbações, fuga às
emoções extremas e indiferença à morte) e ao estoicismo clássicos. Assume que o melhor é nada
desejar, recusa os prazeres e procura o repouso ou simplesmente aproveitar a vida sem grandes
paixões e picos de felicidade, satisfazendo-lhe aproveitar o dia e os prazeres do momento
presente – carpe diem.
Álvaro de Campos evidencia uma clara consciência das relações entre o sujeito e o tempo. Na
sua fase futurista e sensacionista louva a sociedade moderna, a industrialização e o progresso.
A “Ode Triunfal” é marcada pela exaltação do moderno, uma apologia da força e do excesso.
Mas essa fase sucede uma outra, de pendor abúlico e intimista traduzida na angústia existencial,
no tédio e na nostalgia da infância. O poeta vê recorda a sua infância como símbolo de pureza,
da inconsciência e da felicidade, consciente de que é um tempo irrecuperável.
Mensagem é uma obra marcada pelo imaginário épico, assente, desde logo, na exaltação
patriótica. Inspira-se no glorioso passado nacional e nos heróis de outros tempos (reis, príncipes,
navegadores), para num presente marcado pela crise, pela frustração e pela descrença, refletir
sobre o país e propor um novo futuro e um novo destino para Portugal. Basta, para tal, Deus
querer e o homem sonhar (“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”). Nesse sentido, o texto
possui claramente uma inspiração messiânica, sugerindo que os heróis o são por eleição divina.
Por outro lado, esses mesmos heróis adquirem uma dimensão simbólica ultrapassando a mera
individualidade e atuando num plano mítico.