O sonho e a realidade são conceitos completamente opostos, porém, no nosso
quotidiano entrelaçam-se inúmeras vezes. Estes acontecimentos são recorrentes na poesia de Fernando Pessoa, onde o poeta tenta ir buscar a sua felicidade e a realização pessoal através da ilusão, evadindo-se bastantes vezes da realidade.
Fernando Pessoa intelectualiza três grandes sentimentos nos seus poemas: a
angústia sentida no presente (“o fingimento artístico”), a felicidade provinda do seu passado (“nostalgia de infância”) e o vazio/desespero que prevê para o seu futuro (“a dor de pensar”).
Sobre o sofrimento presente nos pensamentos, podemos verificar que o poeta
intelectualiza bastante os mesmos, com o intuito de criar o máximo de empatia com o leitor. Durante esta fase de sofrimento do subconsciente, o eu poético expressa o desejo paradoxal de possuir as características de um ser inconsciente, chegando à conclusão de que quem não pensa, não apresenta a capacidade de se relacionar com sentimentos infelizes.
Devido à dor provocada pelos pensamentos do sujeito poético, este sente a
necessidade de evasão do presente. Isto é, o poeta procura dois locais onde a infelicidade é inalcançável. No primeiro, evade o presente para um estado da sua infância, criando uma certa nostalgia daquele tempo, onde predominam a impureza e a inconsciência, impedindo-o de refletir os sentimentos de tristeza. O segundo local de evasão, é uma ilha de sonhos, onde apenas existe a felicidade e o amor, fazendo-o assim esquecer de tudo o resto.
Contudo, as situações oníricas criam uma grande ilusão ao redor do eu lírico,
fracassando a sua evasão e fazendo-o voltar ao real, repleto de sentimentos angustiosos e melancólicos.
Em suma, os poemas de Fernando Pessoa refletem a sociedade no geral, pois, todos
tentamos fugir aos nossos próprios problemas com situações surreais, idealizando o “perfeito”. No entanto, voltamos sempre à base dos problemas, onde a única solução é tentar resolvê-los.