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Poesia do Ortónimo
O fingimento artístico
A criação poética assenta no fingimento artístico. No ato de escrita, o eu
intelectualiza as suas emoções. Assim, o poema é o resultado da racionalização de
um sentimento. O sujeito poético assume-se como um fingidor, já que transfigura
o sentimento pela razão. Isto significa que o texto poético não reproduz a realidade
sentida, mas uma realidade fingida, ou seja, transformada pelo pensamento. Por
seu lado, o leitor lê e interpreta esses sentimentos, o que resulta numa nova
realidade “fingida”. Desta forma, a criação artística rompe com a lírica tradicional,
sentimental e romântica. O poema é o resultado de uma criação mental e o poeta
“um fingidor” que “finge tão completamente / […] / A dor que deveras sente”; já o
sentir, fica para quem lê: “Sentir? Sinta quem lê!”.
A dor de pensar
O uso da razão, do pensamento e da consciência, características intrínsecas do ser
humano, originam a “dor de pensar” e do sofrimento. O eu poético tem
consciência de não conseguir exprimir o que efetivamente sente, o que origina
angústia. Por isso, o sujeito lírico deseja não pensar e manter a inconsciência (de
uma criança ou de um gato, por exemplo).
Sonho e realidade
O sonho está associado à Perfeição, à Liberdade, ao Ideal, ao Amor, à Harmonia e
à Plenitude. Contudo, a consciência da realidade provoca frustração e sofrimento.
As imagens sonhadas permitem a ilusão de felicidade, mas a amargura da
realidade resulta na consciência da oposição entre o sonho e a realidade, o que
transforma esse momento de felicidade em insatisfação e desilusão.
A nostalgia da infância
A infância é um período de vida repleto de felicidade. Contudo, ao recordar esse
passado feliz, o sujeito poético evoca espaços, pessoas e vivências de um passado
irremediavelmente perdido que lhe provoca tristeza e saudade, uma vez que é
apenas memória e não a realidade.
Ideias-chave
1. Fernando Pessoa pertence a uma geração de artistas que rompeu com a tradição
poética e originou uma revolução “modernista”, com a apresentação de produções
artísticas de cariz inovador, ousado e irreverente.
2. A criação poética assenta no fingimento artístico.
3. A dor de pensar origina o desejo de inconsciência.
4. A consciência da oposição entre o sonho e a realidade provoca frustração e
sofrimento.
5. A nostalgia da infância acentua a ideia de um passado irremediavelmente perdido.
Fernando Pessoa Português
Alberto Caeiro
Linhas temáticas:
Apologista da simplicidade total;
Objetivismo absoluto;
Recusa do pensamento metafísico;
Defensor de que o pensamento deturpa a compreensão da realidade;
Criador do sensacionismo.
O estatuto de “mestre”
Desvalorização da intelectualização.
Valorização das sensações.
Apologia da vida simples e natural.
Linguagem e estilo
Linguagem simples e objetiva.
Tom coloquial.
Estilo simples que procura a naturalidade e a espontaneidade.
Reações:
Estoicismo:
Indiferença perante as emoções.
Renúncia aos bens materiais.
Aceitação do poder do destino (apatia). - Indiferença
Aceitação da passagem inexorável (cruel/impiedoso) do tempo.
Atitude de abdicação - aceitação voluntária do destino involuntário («Abdica/E sê
rei de ti próprio.»
Epicurismo:
Carpe diem - valorização do dia e dos prazeres do momento presente.
Culto do prazer e procura da felicidade relativa.
Busca do estado de ataraxia (tranquilidade sem perturbação).
Moderação e simplicidade nos prazeres.
Fuga às sensações extremas e recusa das emoções fortes (e, por extensão, da dor).
Aceitação da efemeridade da vida.
Neopaganismo
Aceitação dos deuses mitológicos.
Crença no Fado (sentido determinista).
Sujeição pacífica à hierarquia Fado - deuses-homens.
Linguagem e estilo:
Preferência pela Ode: composição lírica de origem clássica, dedicada a assuntos
nobres e caracterizada pela eloquência, solenidade e elevação do estilo.
Linguagem culta e alatinada (arcaísmos e vocabulário erudito).
Regularidade estrófica e métrica - ode
Tom coloquial - presença do interlocutor.