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Português

Contextualização histórica e breve biografia de Antero de Quental


 Antero Quental nasceu nos Açores onde iniciou os estudos em Ingressou na Universidade de Coimbra.
 Em Coimbra, Antero de Quental organizou a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura.

 Edita uma obra e é criticado por Castilho e responde a crítica com uma carta intitulada Bom senso e bom gosto, o que viria a
originar a “Questão Coimbrã”
Polêmica literária entre membros da “Geração de 70” (que, à data da
contenda, estudavam em Coimbra), portadores da “Ideia Nova” europeia
do Realismo e Naturalismo, aos seus antecessores românticos.

 Resolveu viver como operário e por isso embarcou para Paris, mas regressou a Liboa
 Mais tarde Antero de Quental, Eça de Queirós, Oliveira Martins e Ramalho Ortigão, organizam uma série de "Conferências
Democráticas", que foram realizadas no Casino Lisboense – conferências do casino , com o intuito de realizar uma reforma
na sociedade portuguesa, porém foram censuradas.
 Após a dispersão da geração de 70, publicou outras obras e participou noutros eventos
 Suicida-se já nos açores

Romantismo Realismo

Em oposição ao realismo, os autores do romantismo Em oposição ao Romantismo, os autores realistas


procuram representar o mundo de uma forma mais procuram representar o mundo de uma forma mais
sentimental/emocional e subjetiva, ou seja a partir de racional, objetiva e impessoal ou seja representar a
imaginações e fantasias. realidade exatamente como ela era, sem fantasiá-la.

Mais antigo e conservador Movimento novo na Europa e em Portugal


encorajado pela geração de 70


Sonetos de Antero de Quental Influência clássica

 Influência romântica

Linguagem,estilo e estrutura

 Abundância de personificações — recurso à maiúscula inicial , palavras como “Ideia”, “Razão”, “Noite”, “Morte”.... são
personagens alegóricas
 Expressividade da pontuação – travessão, reticências, interrogações.. para provocar a discussão de ideias

 Recursos expressivos

 Hipálage
Recursos- atribuição
expressivosde uma característica de uma palavra, a outra palavra da mesma a frase : “preço salgado da comida”

Metáfora – meio de representar conceito/ideias “ lábios de rubi”

Sinédoque - expressão da parte pelo todo : “O meu coração está triste”

Pleonasmo - repetição desnecessária : “ subir para cima “

Apóstrofe - vocativo : “ Considerai, pregadores vivos “ – serve para o “eu estabelecer um diálogo com conceitos personificados a
de desenvolver o seu raciocínio

Anáfora - Repetição de uma palavra no início de versos: “ Quando a noite surgiu da imensidade/Quando os ventos do sul se levantaram”

Aliteração - Repetição de um tipo de sons: “ a água jazia lisa e luzidia”

Antítese – ideias opostas : “vivo...morto”


Português

Angústia existencial e Busca pelo Ideal


Antero busca um ideal, um “ Palácio da Ventura “ que pode assumir várias configurações : procura da perfeição, procura da
justiça social, da liberdade e do amor, porém este é inatingível o que resulta numa angústica existencial

Esta angústia existencial transporta Antero para um estado de desespero, desânimo, solidão e pessimismo que só encontra
paz e liberdade no sonho ou na morte e por isso é comum:
 Cenários associados à noite e ao crepúsculo
 Cores sombrias
 Paisagens aterradoras
 Obsessão pela morte – caráter libertador e de pacificação/ repouso
 Dicotomias entre real/ideal

Há uma dualidade:

Relação apóstrofe-personificação

Estão diretamente ligadas, o «eu» lírico dirige-se a estas entidades( apóstrofe), questiona-as, lamenta-se, exige-lhes
explicações como se fossem pessoas (personificações), e é devido a isso que palavras como “Ideia”, “Razão”, “Noite”,
“Morte”.... surgem com letra maiúcula, por serem personagens alegóricas a quem o sujeito poético se dirige e dialoga

Metáfora

Um do principais recursos expressivos usados por Antero, é a metáfora, que consiste numa representação simbólica de uma
ideia com a outra, com a qual mantém uma relação de semelhança

Antítese

A Antítese é um recurso expressivo através do qual há aproximação de palavras com sentidos opostos.

Contextualização histórica
Português

A época na qual este autor se insere é uma época marcada não só por grandes transformações políticas e
económicas como pelo surgimento de um novo movimento artístico e literário na Europa, o realismo, em
reação ao romantismo. O realismo ao contrário do romantismo, procura representar o mundo de uma
forma mais racional, objetiva e impessoal, (características evidentes nos seus sonetos deste autor) o que
em Portugal originou uma polémica literária conhecida como “Questão coimbrã” entre membros da
geração de 70, um grupo de jovens portugueses dos quais Antero fazia parte, e os seus antecessores
românticos. Foi esta polémica que promoveu o desenvolvimento deste movimento em Portugal e Antero
destaca-se por assumir um papel marcante nela e nas futuras trasnformações do país : ao longo de grande
parte da sua vida dedicou-se à reflexão de grandes problemas filosóficos e sociais e buscou ideais como o
bem a igualdade a verdade, na ânsia de encontrar sentido para a exitência, ainda que o insucesso em
alcançá-los o transportasse para um estado de angústia e dor, o que justifica a presença de elementos de
nataureza noturna em parte das suas obras.

Angústia existencial e busca pelo ideal

O ideal para Antero pode assumir várias configurações: a perfeição, a justiça social, o bem, a liberdade ... , e é
justamente a procura de um ideal inatingível,que conceda sentido à existência, que transporta Antero para
um estado de desespero, desânimo, solidão e pessimismo face á consciência do sujeito poético em quanto aos
limites da realidade em relação ao ideal. Assim, a solução que Antero encontra para esta angústia é a evasão
da realidade através do sonho, do esquecimento proporcionado pela noite ou até mesmo a morte, o que
justifica a presença de elementos de natureza noturna em parte das suas obras

Nox

 Tema : Desejo de libertação do sujeito poético,

 Quadras – oposição da noite (confidente) ao dia (dor e tormento)

 Tercetos – desejo de libertação através da analogia “noite”

 Apóstrofes: “noite” “tu” ..., metáfora: “trágica enxovia” a vida tornou-se


uma prisão

 noite é analogia para a morte e serve como símbolo de apaziguamento


que acaba coma dor e o tormento causado pelo dia

 Despondency

 Tema: desânimo/desesperança

 Vocábulos-chave : Ave – liberdade

Vela – luz na escuridão / sentido da vida

Alma – morte / perda

Nota - vida

 Sentimentos: tristeza e abandono


No último terceto são referidas três ideias estruturante da existência:
Lacrimae rerum
esperança vida e amor, mas que neste contexto revelam a resignação do
eu lírico perante a angústia
Português

 O tema principal é a angústia existência.

 Na primeira quadra, o sujeito poético, debatendo-se sobre este conflito emocional e existencial procura através do
apóstrofe questionar a noite, sua confidente e aqui um símbolo personificado da morte para encontrar respostas as suas
duvidas: (Quantas vezes tenho eu interrogado/ Teu verbo»).

 Na segunda quadra, as metáforas “Aonde vão teus sóis” realça os aspetos positivos que a noite proporciona às “almas
inquietas”, pois consegue confortá-las. Também as interrogações retóricas mostram que questionamento da realidade é a
busca de todo ser humano.

 Na terceira estrofe a noite permanece muda e o sujeito poético não obtém respostas: “Muda , a noite, sinistra e
triunfal “, sinistra simboliza morte

 Na quarta estrofe o sujeito poético chega a conclusão dos limites da realidade em relação ao ideal e por isso tenta
encontrar solução para a angústia existencial em locais noturnos e solitários

Nocturno

Recursos expressivos

 A apóstrofe ("Espírito que passas", "Filho esquivo da noite", "Tu só", "Tu só,
Génio da noite" -), evidenciando a interpelação do sujeito poético ao
"Espírito" da noite,

 a personificação ("quando o vento/ Adormece" )

 a comparação ("Como um canto longínquo" - v. 5), sublinhando a dimensão


melódica encantatória da noite, que propicia o "esquecimento";

 a anáfora ("Tu") entre os versos 4, 8 e 14, marcando claramente o valor


singular do "Espírito", do "Génio da noite", enquanto confidente;

 a antítese ("eterno Bem" vs "meu mal"; "luz" vs "treva"), revelando a busca


do "eu", a qual, visando atingir o "Bem", se constitui como o "mal" que
atormenta intimamente o sujeito poético;

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