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Poesia Cesário Verde

Poeta repórter
Poesia das sensações- discurso de origem deambulatória

Enquadramento estético (época de grandes transformações e modernidade)


Realismo: pela atenção à realidade social captada na sua poesia (o espaço urbano, os
desprotegidos)

Parnasianismo: pela importância que os objetos assumem na sua poesia


Antirromantismo ao dar primazia ao objeto em detrimento do sujeito

Impressionismo: importância da cor e da luz

Simbolismo: pelas correspondências que aproximam realidades diferentes

Época de transfiguração civilizacional: viveu na época da industrialização, triunfo da cidade


urbanizada e a nostalgia do campo

Temáticas abordadas:
Poetização do real: capta as impressões do quotidiano; com objetividade e pormenor; com
subjetividade graças à imaginação transfiguradora

Inovação da arte poética: escolhe as palavras que refletem a realidade

Subjetividade do tempo e a morte: cidade de homens vivos mas mórbida;


Presença da dor e miséria; atração da morte; ameaça da peste

Binómio cidade/campo: descreve a cidade com melancólica, “desejo absurdo de sofrer”; e o


campo pela vida rustica, vitalidade e saúde

Questão social: homem oprimido pela cidade; integração da realidade no mundo poético

Humilhação:
Sentimental- a mulher formosa
Estética- revolta pela incompreensão da sua poesia
Social- povo oprimido e abandonado

O imaginário épico
Transformação interior do poeta que ocorre na deambulação por Lisboa;
Oposição passado/presente: as glórias do passado opõe-se um presente estagnado;
Procura a sua identidade e um futuro melhor;
Procura a imortalidade e perfeição.

Representação da cidade e dos tipos sociais


Contrastes e injustiças sociais;
Desenvolvimento e progresso, mas também doença e dor;
Contraste de figuras sociais;
Vícios morais, desvios religiosos, miséria.

Lisboa adquire uma carga negativa (desejo de evasão)


Demonstra solidariedade e compaixão pelos mais desfavorecidos
O campo aparece em oposição à capital

Liberdade, saúde e produtividade

Perceção sensorial e transfiguração do real

Fernando Pessoa
Fingimento artístico
Teoria que defende que o ato artístico é algo superior, sendo necessário recorrer à
imaginação
Só o uso da razão permite acesso ao fingimento; o que sente é intransmissível
Poemas: “Autopsicografia” e “Isto”

Dor de pensar
Estado psicológico que resulta do uso excessivo do intelecto e da razão
Poemas: “Gato que brincas na rua” e “Ela canta, pobre cefeira”

Poema “Autopsicografia”
Uma psicografia consiste numa representação de fenômenos psíquicos ou na descrição
psicológica de alguma pessoa. "Auto", por sua vez, é um termo usado para designar
quando nos referimos a nós mesmos transmitindo a noção de si próprio.

Na primeira estrofe é possível verificar a existência de uma metáfora que classifica o poeta
como um fingidor. Isso não significa que o poeta seja um mentiroso ou alguém dissimulado,
mas que é capaz de se transformar nos próprios sentimentos que estão dentro dele. Por
essa razão, consegue se expressar de maneira única.
A capacidade de fingir de Fernando Pessoa explica a criação dos vários heterônimos pelos
quais ficou conhecido.
Fernando Pessoa consegue abordar várias emoções e se transformar em cada uma delas,
criando assim diferentes personagens com formas distintas de ser e de sentir.

Na segunda estrofe que a capacidade do poeta de expressar certas emoções desperta


sentimentos no leitor. Apesar disso, o que o leitor sente não é a dor (ou a emoção) que o
poeta sentiu nem a que "fingiu", mas a dor derivada da interpretação da leitura do poema.
As duas dores que são mencionadas são a dor original que o poeta sente e a "dor fingida",
que é a dor original que foi transformada pelo poeta.

Na terceira e última estrofe, o coração é descrito como um comboio (trem) de corda, que
gira e que tem a função de distrair ou divertir a razão. Vemos neste caso a dicotomia
emoção/razão que faz parte do cotidiano do poeta. Podemos então concluir que o poeta
usa o seu intelecto (razão) para transformar o sentimento (emoção) que ele viveu.

Poema “Isto”
O fingimento e a criação artística; a racionalização dos sentimentos (sentir com a
imaginação, não usando o coração).

Sentido da 1ª estrofe: reconhecimento do que dizem e negação de que finge ou mente


"sinto com a imaginação/ Não uso o coração" - expressão da intelectualização do
sentimento.
Comparação da 2ª estrofe: "Tudo o que sonho ou passo/ O que me falha ou finda" (primeiro
termo da comparação) "(...) um terraço/ Sobre outra coisa ainda" (segundo termo), ou seja,
o mundo real ("terraço") é reflexo de ("Sobre outra coisa ainda") um mundo ideal ("essa
coisa é que é linda" - conceito oculto ou platónico, mundo que fascina o sujeito poético).

Terraço funciona como representação de uma barreira entre as vivências e a criação


poética.
"As vivências (terraço) são o ponto de partida para a Arte (poesia). Para passar do mundo
real para o mundo inteligível, é necessário passar uma barreira."

"Livre de meu enleio" (desligado do tema). Há um ato de fingimento de pura elaboração


estética e o leitor que sinta o que ele comunica apesar de não sentir ("Sentir? Sinta quem
lê!")

Na 3ª estrofe, introduzida pela expressão "Por isso" de valor conclusivo/ explicativo, o


sujeito poético recusa a poesia como expressão imediata das sensações. O sentir, no
sentido convencional do termo, é remetido para o leitor.

Poema “Ela canta, pobre ceifeira”


O assunto do texto gira em torno do confronto entre a pessoa de uma ceifeira que o sujeito
poético vislumbra fugazmente e ele próprio. Note-se que não há qualquer referência
concreta à ceifeira que a individualize (por exemplo, nome, rosto...), o que sugere esse
carácter fugaz da «visão» tida pelo SP.

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