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Resumos de Português

1º teste 1º Período

Cesário Verde:
Tópico 1: A representação da cidade e dos tipos sociais;

"A mim o que me rodeia é o que me preocupa", escreve Cesário Verde ao


seu amigo Silva Pinto, o que revela a sua determinação em documentar a
realidade social. Efetivamente, na sua poesia, pressente-se E um sujeito
poetico atento a tudo o que o rodeia, captando instantes do quotidiano e
da realidade social, e revelando, ao mesmo tempo, empenhamento
em causas sociais:
 simpatia pelas classes oprimidas
EX.:: os calceteiros - "De cócoras, em linha, os calceteiros,/Com lentidão,
terrosos e grosseiros"
(in "Cristalizações")
 identificação com os mais pobres
Ex.: as peixeiras - "Em pé e perna, dando aos rins que a marcha
agita,/Disseminadas, gritam as peixeiras"
(in "Cristalizações")
EX:: os pedintes -"Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,/Meu
velho professor nas aulas de
latim!" (in "O Sentimento dum Ocidental" - "Ao Gás")
Ex.: os marginais (as prostitutas) - "Por cima, as imorais, nos seus roupões
ligeiros"
(in "O Sentimento dum Ocidental" - "Horas Mortas")
Ex.: os camponeses - "Os fruteiros, tostados pelos sóis,/Tinham passado,
muita vez, a raia,/E espertos,
entre os mais da sua laia,/- Pobres campónios - eram uns heróis." (in "Nós,
II")
 revolta contra a sociedade pela miséria social
Ex.: a engomadeira - "T...] Ali defronte mora/Uma infeliz, sem peito, os
dois pulmões doentes;/l...] E en-
goma para fora." (in "Contrariedades")
 solidariedade com as vítimas das injustiças sociais
Ex.: "E os povos humilhados, pela noite,/Para a vingança aguçam os
punhais." (in "Deslumbramentos")
O interesse de Cesário Verde por cenas do quotidiano cruza-se com a
temática social - a vida nos bairros burgueses e proletários, a venda de
produtos pelas ruas, a construção de edifícios, a pavimentação das ruas, o
descarregar dos navios, os trabalhos agrícolas, as lides domésticas.
No seu olhar de "luneta de uma lente só", o poeta revela a sua simpatia
para com as classes oprimidas, repudiando a vida burguesa das
casas apalaçadas.

Tópico 2: Deambulação e imaginação: o observador acidental;

Para Cesário Verde, ver é perceber o que se esconde na realidade, é captar


as impressões que as coisas lhe deixam e, por isso, o poeta perceciona o
real minuciosamente através dos sentidos. Ou seja, deambulando por
espaços físicos vários, o real exterior é apreendido pelo mundo interior do
observador, que o interpreta e recria com grande nitidez, numa atitude de
captação do real pelos sentidos, com predominância dos dados obtidos
pela visão: cor, luz, recorte, formas, movimento.
A errância pelos espaços da cidade - atitude deambulatória - é motivação
para escrever, como veremos na análise do poema que se segue.

Tópico 3: Perceção sensorial e transfiguração poética do real.


Inerente à dimensão pictórica e impressionista da poesia de Cesário está,
evidentemente, o seu carác-ter sensorial, que resulta das sensações que a
realidade exterior suscita no sujeito poético e que são veicu-ladas através
dos vários sentidos.
O poema "De Tarde" é um exemplo da importância dos sentidos na
apreensão do real.

Tópico 4: Imaginário épico.


Ao longo das quatro secções, há uma clara dicotomia realidade/fantasia, já
que a disforia do presente leva ao desejo de evasão do "eu" lírico através
do sonho, da evocação de um passado glorioso que já não tem lugar no
presente, como podemos observar nas estrofes 3, 5,6 e 7 da primeira
secção "Ave Marias".
O caminhar pela cidade-prisão presente é também o revisitar da cidade-
promessa do passado, dessa cidade que já foi palco da abertura
cosmopolita. É precisamente esse contraste entre a realidade objetiva e
disfórica do presente e a sua interpretação subjetiva para o narrador que
mescla o tema da clausura citadina com a deriva que as viagens dos
Descobrimentos representaram, rumo à liberdade desconhecida, como
podemos observar na estrofe 6. O presente disfónico opõe-se à glória
passada.
Este tema prossegue na segunda secção, "Noite Fechada", na qual o
narrador continua a evocar o tempo passado, despertado que foi pela
observação de locais que invocam momentos negros de outrora,
nomeadamente, a velha Sé, com toda a sua conotação clerical e opressora.
Daí a necessidade de evocar os grandes heróis portugueses para fazer
frente à miséria do presente. Neste contexto, a estátua de Camões
relembra que houve um outro passado bem diferente do passado sinistro
da Inquisição e do terramoto.
Contudo, no presente, restam o mar e a saudade, restam a melancolia e o
desencanto, porque a esperança de superar o agora taciturno e fechado
esfuma-se perante o olhar triste do narrador.
Na quarta e última secção, "Horas Mortas", as incursões no tempo
atingem o seu ponto máximo nas referências aos heróis dos
Descobrimentos (passado) e ao futuro da "raça ruiva" (est. 6). Apesar do
desejo do sujeito poético em vislumbrar um futuro diferente, em projetar
um futuro glorioso sustentado pela grandeza do passado (est. 4 e 5), a
certeza é só uma: naquela "massa irregular/De prédios sepulcrais, com
dimensões de montes" (est. 11), a esperança de repetir a história e
encetar nova epopeia é minada pelo "sinistro mar" e pelas suas "marés, de
fel", sem que "A Dor humana" possa extinguir-se em "amplos horizontes".
A evasão não é possível e os novos "heróis" são o povo trabalhador.
Como podemos observar, este longo poema evidencia as grandes linhas
temáticas da poesia de Cesário Verde. No entanto, iremos ver de forma
mais orientada como outras das suas composições ilustram essas mesmas
linhas estruturantes.

Tópico 5: Linguagem, estilo e estrutura.


• prosaismo
Uma das novidades da poesia de Cesário é a poetização de realidades
concretas, prosaicas - "Para alguns são prosaicos, são banais/Estes versos
de fibra suculenta" ("Nós, II') -, que rompem com o subjetivismo próprio
da retórica romântica.
A descoberta da vida prática, do quotidiano como motivo poético, ou seja,
a transformação do que era convencionalmente considerado não poético
em poético é uma atitude que espelha um novo modo de ver a realidade.
Em termos linguísticos, esta nova opção torna-se percetível na seleção
vocabular, de raiz prosaica e con-creta, que pretende integrar no poema
esse mundo real que chega, essencialmente, através dos sentidos.

Estrofe, metro e rima


Recursos expressivos
 Comparação;
 Enumeração;
 Hipérbole;
 Metáfora;
 Sinestesia;
 Uso expressivo do adjetivo e do advérbio
Fernando Pessoa

Tópico 1: O fingimento artístico.


Fernando Pessoa considera que a criação artistica implica a conceção de
novas relações significativas, graças à distanciação que faz do real, o que
pode ser entendido como ato de fingimento. O poeta parte da realidade,
mas distancia-se, graças à interação entre a razão e a sensibilidade, para
elaborar mentalmente a obra de arte. O poeta considera que o ato criativo
só é possível pela conciliação das oposições entre realidades objetivas
(físicas ou psíquicas) e realidades mentalmente construídas (artísticas,
incluindo as literá-rias). Daí a necessidade de intelectualizar o que sente
ou pensa, reelaborando essa realidade graças à imaginação criadora.
Não há propriamente uma rejeição da "sinceridade de sentimentos" do
"eu" individualizado e real do poeta, mas interessa-lhe a capacidade de o
"eu" poético estabelecer novas relações do Ser com o Mundo e de dizer o
que efetiva e intelectualmente sente. Como afirma Pessoa, a sinceridade
intelectual ou metafísica é a única que interessa à poesia. Daí que o
fingimento seja a mais autêntica sinceridade intelectual, pois fingir é
conhecer-se".
A voz do poeta fingidor é a voz do poeta da modernidade,
despersonalizado, que tenta encontrar a unidade entre a experiência
sensível e a inteligência e, assim, atingir a finalidade da arte, aumentando
a autoconsciência humana. O poeta recorre à ironia para pôr tudo em
causa, inclusive a própria sinceridade que, com o fingimento, possibilita a
construção da arte.
No poema "Autopsicografia", há uma dialética entre o "eu" do escritor,
inserido num espaço social e quotidiano, e o "eu" poético, personalidade
fictícia e criadora, capaz de estabelecer uma relação mais livre nos seus
sentimentos e emoções.
O poeta codifica o poema que o recetor descodifica à sua maneira, mas
sem necessidade de encontrar a pessoa real do escritor. O poeta "Finge
tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras
sente", enquanto os recetores "Na dor lida sentem bem, / Não as duas que
ele teve, / Mas só a que eles não têm". Isto significa que o ato poético
apenas pode comunicar uma dor fingida, inventada, pois a dor real
(sentida) continua no sujeito, que, por palavras e imagens, tenta uma
representação; e os leitores tendem a considerar uma dor que não é sua,
mas que apreendem de acordo com a sua experiência de dor. Note-se que,
como vimos acima, a dor surge em três níveis de compreensão: a dor real
("que deveras sente"), a dor fingida e a "dor lida". A produção poética
parte da realidade da dor sentida, mas distancia-se criando uma dor
fingida, graças à interação entre a razão e a sensibilidade, que permite a
elaboração mental da obra de arte. A elaboração estética acaba por se
concretizar pela conciliação da oposição razão / sentimento.
Em Fernando Pessoa, observa-se uma dialética da sinceridade / fingimento
que se liga à da inconsciência / consciência e à do sentir / pensar. Há,
assim, uma conceção dinâmica da realidade poética que, pela união de
contrários, permite criar linguagens e realidades em si diferentes da
linguagem do artista e da sua
adquirem intemporalidade.
vida, ao mesmo tempo que proporciona ao leitor objetos de identificação
e valores que se universalizam.

Tópico 2: A dor de pensar


Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lúcido, a ter de pensar.
Gostava, muitas vezes, de ter a inconsciência das coisas ou de seres
comuns que agem como uma "pobre ceifeira" ou que cumprem apenas as
leis do instinto como o "Gato que brinca [s] na rua".
Com uma inteligência analítica e imaginativa a interferir em toda a sua
relação com o mundo e com a vida, o "eu" lírico tanto aceita a consciência
como sente uma verdadeira dor de pensar, que traduz insatisfação e
dúvida sobre a utilidade do pensamento. Impedido de ser feliz, devido à
lucidez, procura a realização do paradoxo de ter uma consciência
inconsciente. Mas, ao pensar sobre o pensamento, percebe o vazio que
não permite conciliar a consciência e a inconsciência. O pensamento
racional não se coaduna com o verdadeiro sentir.
Pessoa não consegue fruir instintivamente a vida por ser consciente e pela
própria efemeridade. Muitas vezes, a felicidade parece existir na ordem
inversa do pensamento e da consciência. Diz ele no Livro do Desassossego,
do heterónimo Bernardo Soares, "Para se ser feliz é preciso saber-se que
se é feliz. Não há felicidade em dormir sem sonhos, senão somente em se
despertar sabendo que se dormiu sem sonhos. A felicidade está fora da
felicidade". E acrescenta "Não há felicidade senão com conhecimento.
Mas o conhecimento da felicidade é infeliz; porque conhecer-se feliz é
conhecer-se passando pela felicidade, e tendo, logo já, que deixá-la atrás.
Saber é matar, na felicidade como em tudo. Não saber, porém, é não
existir".
A consciência da efemeridade, porque o tempo é um fator de
desagregação, cria o desejo de ser criança de novo; a nostalgia da infância
como um bem perdido leva-o à desilusão perante a vida real.
Ao não conseguir fruir a vida por ser consciente e ao não conseguir
conciliar o que deseja ou idealiza com o que realiza, sente-se frustrado, o
que traduz o drama de personalidade do ortónimo que, tal como os
heterónimos, é também uma construção em relação à pessoa real que é
Fernando Pessoa, conservando, contudo, deste o seu nome.
Tópico 3: Linguagem, estilo e estrutura

Gramática:

Orações subordinadas e coordenadas

Orações cordenadas:
Copulativa (ideia de adição -> "e", "nem…nem")
Adversativa (ideia de oposição ->, "mas") . disjuntiva (ideia de alternativa -
> "ou...u", "or...")
Conclusiva (ideia de conclusão -> "logo")
Explicativa (ideia de explicação -> "pois" * "porque")
Orações subordinadas:

Adjetiva Relativa Restritiva ->"viagem que” "que": pronome


("nome" + que) Explicativa > "amigo, que" relativo

Substantiva Completiva -> "prometeu que" "que"


("verbo" + que) Relativa -> “quem” Conjunção completiva

Adverbial...
Causal →> "porque", "como"
Comparativa -> "como"
Condicional > "se"
Consecutiva -> "tanto/tão/tal... que'
Concessiva > " embora", "mesmo"
Final > " para que'
Temporal -> "quando", "assim", "já"

Coesão textual:

Dêxis: pessoal, temporal e espacial


Atos ilocutórios:
Valor modal:
Valor de Certeza: o locutor tem a
certeza absoluta daquilo que
afirma.
Ex.: O Duarte vive em Monsanto. |
O Duarte não vive em Monsanto.

Modalidade epistémica Valor de probabilidade: o locutor


não tem a certeza daquilo que
afirma, mas tenta chegar a uma
conclusão a partir de
conhecimentos prévios.
Ex.: O cão deve ter comido a ração
que estava na taça.
Valor de obrigação: o locutor
procura impor ou proibir ao
interlocutora
realização de uma ação.
Ex.: Tens de ler o capítulo V do
Sermão de Santo António.
Não deixes a janela aberta.
É preciso alterar a sinalização desta
Modalidade Deôntica rua.

valor de permissão - o locutor


oferece ao interlocutor a
possibilidade de ser este a escolher
a melhor alternativa para si, entre
as várias opções que lhe são
apresentadas.
Ex.: Se já resolveste esta equação,
podes ir ao teatro com o Rui.
Tens autorização para sair da sala.
o locutor exprime um juízo de valor,
positivo ou ne-gativo, em relação ao
conteúdo de um enunciado.
Modalidade apreciativa Ex.: Que pôr do sol maravilhoso!
Adoro este programa!
Infelizmente não vou poder descer
o rio Vouga contigo.

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