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1.

Neopaganismo
Ricardo Reis cultiva mitologia grego-latina e a crença nos deuses antigos. Considera que o
paganismo morreu sendo substituído pelo cristianismo, o que impede a verdadeira visão
intelectual da verdade que aquele representa. Reis aceita o destino com naturalidade,
considerando que os deuses estão acima do homem por uma questão de grau, mas que
acima dos deuses, no sistema pagão, se encontra o fado, a que tudo se submete.
Ricardo Reis procura alcançar a quietude e a perfeição dos deuses, desempenhando um
novo mundo à sua medida, que se encontra por trás das aparências. Os deuses são uma
metáfora do mundo. Indiferentes, mas omnipresentes, confundem-se connosco sempre que
os evitamos. Não são mais que homens mais perfeitos ou aperfeiçoados.

2.O epicurismo e o Estoicismo


Ricardo Reis propõe uma filosofia moral de acordo com os princípios do Epicurismo e uma
filosofia estoica:
● ‘Carpe diem’ (aproveittar o dia), ou seja, ‘aproveitai a vida em cada dia’, como
caminho da felicidade;
● Buscar a felicidade com tranquilidade (ataraxia);
● Não ceder ao impulso dos instintos (Estoicismo);
● Procurar a calma ou, pelo menos, a sua ilusão;
● seguir o ideal ético da apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade (sobre
esta pesa o Fado).
Não podemos nem devemos opor-nos ao destino, devemos aceitá-lo com naturalidade,
como a água que segue o curso do rio, sem lhe resistir. ‘Segue o teu destino’, proclama
Ricardo Reis. Cada um deve apenas buscar a alma e a tranquilidade, abstendo-se de todo
o esforço e atividade inútil.

O núcleo da sabedoria epicurista consiste neste fatalismmo, ou melhor, neste aceitar o


destino inelutável, desfrutando dos prazeres e sofrendo a inevitável, desfrutando dos
prazeres e sofrendo a inevitável dor, pois nada é duradouro. Apesar de todo o sentido
trágico do fado, cabe ao homem viver a vida com a lucidez dos ‘grandes indiferentes’.

O estoicismo é uma corrente filosófica que considera possível encontrar a felicidade desde
que se viva em conformidade com as leis do destino que regem o mundo, permanecendo
indiferente aos males e ás paixões, que são perturbadas da razão.
3. As características de Ricardo Reis
Várias características da poesia de Ricardo Reis são:
● A aceitação da vida na sua simplicidade.
● O epicurismo como filosofia da vida: a recusa das preocupações com o futuro e a
necessidade de fruir o momento presente.
● O tom moralista (discurso didático sobre a liberdade).
● A busca da tranquilidade e da abstenção dos desejos aproxima os homens aos
deuses.
● A presença de um destino inexorável e a presença de seres superiores que nos
comandam.
● Uma arte poética que resulta da sua formação latinista e helenista e que assenta no
rigor, como convém aos princípios do estilo clássico.
● A ode como modelo estrófico e poema cini expressão de uma ideia.
● A busca da perfeição e do equilíbrio.
● O vocabulário selecionado e cuidado.
● A fugacidade da vida e a eminência da morte.
● A necessidade de aproveitar os momentos bons de cada dia (‘carpe diem’).
● Saborear o encanto de cada dia.
● A busca de tranquilidade absoluta.
● Não ceder ao impulso dos instintos (estoicismo).
● O domínio dos deuses.
● Procurar a calma ou, pelo menos, a sua ilusão.
● Os mortais devem elevar-se à categoria dos deuses e: Portar-se altivamente,
aprender a gerir o seu próprio destino, tornarem-se donos de si próprio.
● O epicurismo ou a arte de atravessar a existência sem preocupações.
● O presente como tempo de realização.
● Poeta moralista, transmite conselhos sobre forma de encarar a vida.

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