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Ricardo Reis
Ricardo Reis, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, é reconhecido
como o mais erudito. Sua formação inclui estudos em uma escola jesuíta,
fundamentando sua educação clássica centrada na cultura grega e
romana. Embora tenha sido o primeiro a ser concebido, recebeu um nome
apenas após algum tempo. Sua filosofia abraça aparentemente correntes
antagônicas, combinando o epicurismo e o estoicismo. Para ele, a busca
do ideal reside em viver a vida diariamente, porém com controle.
Epicurismo:
Em sintonia com Epicuro, Ricardo Reis preconiza que o ser humano deve
aproveitar o presente, seguindo o lema "Carpe Diem". A sabedoria, para
ele, consiste em usufruir do momento presente conscientemente,
reconhecendo a brevidade da vida. Esse aproveitamento não se traduz em
excessos, mas sim em desfrutar de uma vida tranquila, sem grandes
perturbações mentais, e apreciar o que a natureza proporciona, mantendo
uma serenidade diante da relativa e fugaz natureza das coisas. Defende
também o prazer momentâneo.
Estoicismo:
A visão de Ricardo Reis no estoicismo enfatiza viver em conformidade com
a natureza, adotando uma postura natural e desapegada das paixões,
entendidas como loucuras amorosas ou sofrimentos. Privar-se, renunciar e
libertar-se das necessidades físicas e corporais é a solução proposta. A
resignação diante do destino e a aceitação serena dos desígnios da vida
são cruciais para evitar inquietação da alma e manter o autocontrole. A
busca da felicidade está atrelada à indiferença às perturbações, e a
contentamento com o pouco é essencial para viver de maneira tranquila.
Neopaganismo:
Ricardo Reis cultiva um neoclassicismo neopagão, acreditando nos
deuses e em presenças quase divinas presentes em todas as coisas.
Inspirado na mitologia greco-latina, exalta a brevidade, a fugacidade e a
transitoriedade da vida. Apologia ao destino como uma força inelutável e
soberana, aceitando-o com naturalidade. Busca alcançar a quietude e
perfeição dos deuses, vislumbrando um mundo além das aparências.
Classicismo:
No classicismo, Ricardo Reis favorece a ode, reservando-a para temas
grandiosos, como a vida. Inspirado nos gregos da antiguidade clássica e
em Horácio, fundamenta sua filosofia na reflexão sobre a efemeridade e o
destino imposto aos homens e deuses. Para superar a angústia do Fado e
da morte, busca viver conforme a sabedoria e lucidez dos antigos,
aceitando o destino com ataraxia. Adota uma perspectiva niilista,
descrendo no valor do agir e enxergando a morte e o destino como
certezas inescapáveis. Defende que o prazer está na ausência de dor e
que só quem não se prende à vida não sofre com a morte. Encara a vida
como uma situação imposta, que deve ser passivamente acompanhada
("duremos").
Álvaro de Campos
Fase Decadentista:
Na "Fase Decadentista," representada pelo poema "Opiário," Álvaro de
Campos exprime uma visão pessimista do mundo. O poema revela um
profundo tédio e anseio por sensações intensas. A linguagem é carregada
de melancolia, e a busca por novas experiências é marcada por um
desencanto subjacente. A poesia decadentista, caracterizada pelo tédio
existencial e pela busca por novas emoções, é evidente na descrição de
um mundo saturado de desilusões e desencantos.
Fase Sensacionista/Futurista:
Na "Fase Sensacionista/Futurista," representada pela "Ode Triunfal,"
Álvaro de Campos rende-se à influência futurista. O fascínio pelas
máquinas, progresso e velocidade é evidente. A exaltação eufórica da
tecnologia, da agressividade e da velocidade são características
marcantes. A linguagem provocadora, onomatopeica e exuberante reflete
o entusiasmo pelo mundo moderno, incorporando elementos do futurismo.
A beleza é encontrada na máquina, contrastando com a beleza tradicional.
Fase Intimista/Pessimista:
Na "Fase Intimista/Pessimista," representada por "Aniversário," Álvaro de
Campos volta-se para uma introspeção angustiada e reflexiva. A solidão
interior, a nostalgia da infância, a frustração e a incapacidade de amar são
temas centrais. A poesia torna-se mais pessoal e melancólica, revelando
um poeta obcecado e incompreendido. A fase intimista destaca o contraste
entre a euforia anterior e a desilusão presente, explorando o lado mais
sombrio e introspetivo do eu lírico.