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Síntese

Ricardo Reis,
«o clássico»
Síntese
Ricardo Reis, «o clássico»

Ricardo Reis
 Nascimento: 1887, Porto.

 Formação e profissão: universitária; médico.

 Características físicas: mais baixo, mais forte do que


Caeiro, mas seco; cara rapada; um vago moreno mate.

 Contexto de escrita heteronímica: «depois de uma


deliberação abstrata, que subitamente se concretiza
numa ode».

 Características estilísticas: escreve «melhor do que eu,


mas com um purismo que considero exagerado».
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Ricardo Reis, «o clássico»
Principais influências filosóficas da cultura clássica
em Ricardo Reis

Epicurismo Neopaganismo

Estoicismo Horacianismo
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Ricardo Reis, «o clássico»

 Efemeridade da vida e inevitabilidade  Aceitação das leis do Destino e do


da morte. Tempo.
 Privilégio do prazer de cada momento.  Supressão do desejo, do prazer, da
angústia e do lamento.
 Busca da felicidade relativa e da
ausência de perturbação (ataraxia).
 O acaso impossibilita a providência.
 Altivez e indiferença (egoísmo
 Autodisciplina e despojamento de
epicurista) – abdicação voluntária. bens materiais e espirituais.

 Perceção direta da realidade e do ciclo


da Natureza.
Síntese
Ricardo Reis, «o clássico»

 (Re)aparecimento dos antigos deuses na arte ou na literatura, a


partir do século XVIII.

 Renascimento da essência pagã, pela eliminação da


racionalidade abstrata e pela rejeição da metafísica ocidental.

 Cosmovisão hierárquica ascendente – animais, homens, deuses e


Fado.
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Ricardo Reis, «o clássico»

 Visão estoico-epicurista da existência.

 Perceção aguda da transitoriedade temporal, da brevidade da vida e


inevitabilidade da morte e do Destino.

 Inutilidade do esforço e da indagação sobre o futuro.

 Apelo ao carpe diem, à entrega moderada ao prazer.

 Culto da aurea mediocritas (preferência por uma vivência calma num local
recatado).
 Presença do locus amoenus (lugar aprazível).

 Autodomínio que evita as paixões e aceitação voluntária do destino.


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Ricardo Reis, «o clássico»

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Três características da filosofia de


Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos vida presentes são:
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).  fruição contemplativa e
serena da Natureza;
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,  fruição moderada dos
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, prazeres fugazes que são
Mais longe que os deuses. concedidos;
(…)
 consciência da efemeridade
Ricardo Reis, Poesia (ed. Manuela Parreira da Silva), da vida e da importância de
2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, pp. 49-50.
usufruir o momento Presente.
Síntese
Ricardo Reis, «o clássico»
Reflexão existencial: a consciência e a encenação da
mortalidade

Homem Morte

Momento inevitável
de niilismo.
A vida é o adiamento da Brevidade da vida e a
hora fatal. consciência da mortalidade.

Fragilidade humana grandiosidade/inexorabilidade do tempo


O Homem deve “encenar”, prevendo do instante final.
Síntese
Ricardo Reis, «o clássico»

(…)
Se aqui, à beira-mar, o meu indício  Fugacidade da vida, da
Na areia o mar com ondas três o apaga. passagem invencível do Tempo
Que fará na alta praia e da pequenez dos nossos atos;
Em que o mar é o Tempo?
 Debilidade humana, perante
forças maiores.
Ricardo Reis, op. cit., pp. 79-80
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Ricardo Reis, «o clássico»

Efemeridade da vida

«carpe diem horaciano, «base estoica: renúncia do


epicurista» (fruir a vida que nos prazer, moderação» (com
é concedida, sem desassossegos autodisciplina e aceitação do
ou dúvidas existenciais). que não controlamos).
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Ricardo Reis, «o clássico»

Linguagem, estilo e estrutura

A estética defendida nas odes de Ricardo Reis visa uma impersonalidade


austera, a desafiar as injúrias do tempo. O que interessa é modelar o
pensamento, porque a expressão virá a seguir, obediente.

 Linguagem culta, erudita e latinizante.

 Estilo e forma complexos espelham o conteúdo.

 Tom didático e moralista (conselhos expressos no imperativo ou no


conjuntivo com valor exortativo; uso da 1.ª pessoa do plural).

 Tom coloquial na presença de um interlocutor.


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Linguagem, estilo e estrutura

 Preferência pela composição poética em ode.

 Regularidade estrófica, rítmica e métrica (versos predominantemente


decassilábicos e hexassilábicos).

 Ausência de rima (versos soltos).

 Predomínio de construções sintáticas subordinadas e com influência da


sintaxe latina (inversão da ordem frásica padrão).

 Privilégio do presente do indicativo e uso frequente da primeira pessoa


do plural; utilização do gerúndio com valor aspetual imperfetivo.

 Recursos expressivos predominantes: anástrofe, metáfora, aliteração,


apóstrofe.

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