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Rita Souschek, nº 24

Disciplina: Português

Texto argumentativo
Ricardo Reis, é uma personagem dos heterónimos incorporada por Fernando Pessoa,
considerado um poeta clássico da serenidade. Segundo Ricardo Reis, a vida deve ser
levada com tranquilidade e sem perturbações. Aproveitar o dia, confiando o mínimo
possível no amanhã (Carpe Diem) é uma das ideias centrais defendida por Ricardo Reis.
Defensor de uma filosofia epicurista, já que é através dela que se pode atingir a ataraxia
(felicidade máxima). Outra característica, defendida por Ricardo Reis é a de se viver a
vida de uma forma passiva, indiferente às emoções, aceitando o destino que será a sua
morte (Filosofia estoica). À semelhança dos outros heterónimos, a natureza também tem
um papel importante. Embora esta não faça parte da sua essência, não deixa de ser algo
que o fascina.

Os poemas “As rosas amo” e “De uma só vez recolhe” de Ricardo Reis apresentam
algumas das características referidas anteriormente.

Nos primeiros dois versos do poema “As rosas amo”, Ricardo Reis começa por
demonstrar uma certa fascinação pela natureza e aceita-a tal como ela é, mesmo que a sua
vida possa ser apenas de um dia “As rosas amo dos jardins de Adónis” (v.1). Quando o
sujeito poético afirma “Assim façamos nossa vida um dia”(v.9) e “o pouco que duramos”
(v.12), transmite o sentimento de que a vida passa rápido e, por isso, devemos tirar o
máximo partido dela, porque a noite pode significar o fim. Logo, o pouco que vivemos
deve ser vivido de forma equilibrada, pacífica sem ceder a impulsos. A aceitação da morte

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é uma das principais características exposta neste poema e tal como a teoria epicurista é
“áurea mediocrites”, que consiste na ideia, de que só é feliz e vive tranquilamente quem
se contenta com pouco ou com aquilo que se tem sem querer mais.

Relativamente ao segundo poema “De uma só vez recolhe” (v.1), Ricardo Reis utiliza a
palavra “recolha” para reforçar que devemos aproveitar ao máximo a vida e recolhermos
o que a vida nos oferece. No segundo verso “Quantas flores puderes” (v.2), a palavra
“flores” poderá ser uma representação dos bons momentos que passamos ao longo do dia
tal como a flor que durante o dia surge como algo belo. Quando o sujeito poético refere
“A sombra e o sem remédio” (v.6), a sombra poderá representar momentos menos bons
da vida, remetendo para o frio e a escuridão. No verso 7 e 8, Ricardo Reis reflete sobre
a vida, considerando que não temos qualquer influência nas regras, considera-nos apenas
“súbditos sem governo” (v.8). Na última estrofe, o sujeito poético representa novamente
o conceito de Carpe Diem. “Goza este dia como se a vida fosse nele” (v.9). Por fim, surge
ainda uma comparação entre os homens e os deuses no qual os deuses “destinam” coisas
que nós humanos ignoramos.

Em suma, ambos os poemas apresentam características semelhantes. Nos dois poemas


estão expostos os conceitos da aceitação da morte, a teoria epicurista, o “Carpe Diem” e
o estoicismo. Comparando os poemas analisados podemos concluir que a contemplação
da natureza está apenas presente no primeiro poema.

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