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Ricardo Reis
Ficha 1
3.3 «E o resto, as outras coisas que os humanos / Acrescentam à vida» (vv. 13-14).
5. Refere-te, especificamente, às expressões «confiança mole» (v. 17) e «hora fugitiva» (v. 18).
Ficha 2
Odes de Ricardo Reis, Fernando Pessoa (notas de João Gaspar Simões & Luiz
de Montalvor), Lisboa, Ática, 1946 (imp.1994), p. 32.
1Imarcescível: duradouro, que não murcha ou fenece.
2Pâmpanos: hastes da videira cobertas de folhas e de frutos
3Átropos: uma das três moiras da mitologia grega, que regiam os destinos humanos.
4Orgíaco: festa em honra de Baco.
5Bacantes: sacerdotisas de Baco.
1. Indica três aspetos que remetam para o caráter «clássico» da poética de Reis.
2. Identifica o recurso expressivo em «Que a abominável onda» (v. 19), explicitando o seu valor.
3. Explicita a filosofia de vida defendida ao longo do poema, ilustrando a tua resposta com elementos textuais.
Ficha 3 (exame 2013, 1.ª fase)
Ficha 4 (exame 2016, 2.ª fase)
1. Explicite três traços da filosofia de vida exposta nas quatro primeiras estrofes. Fundamente a resposta com
transcrições pertinentes.
3. De acordo com o conteúdo das três últimas estrofes, explique o modo como o sujeito poético perspetiva a morte.
Proposta de correção do manual Mensagens 12
Ficha de trabalho 1
1. Ricardo Reis professa, neste poema, um desejo de indiferença, a tão procurada ataraxia epicurista que defende
que vivamos a vida sem sobressalto. Daí a preferência pela Natureza e sua tranquilidade em detrimento de questões
políticas, como são as da pátria, revelando uma tendência neopaganista.
2. O poema pode dividir-se em quatro partes lógicas. Na primeira, que corresponde à primeira estrofe, o sujeito
poético expressa o seu desprezo pelas questões políticas, já que ele vê «glória e virtude» com essa dedicação
patriótica exacerbada que não se coaduna com a tranquilidade da Natureza. Na segunda parte, que corresponde à
segunda estrofe, expressa o tal desejo de ataraxia num sentido muito pessoal. Já na terceira parte, que engloba a
terceira, a quarta e a quinta estrofes, o sujeito poético questiona, de forma mais abrangente, a pertinência de uma
dedicação extrema seja a que assunto for, perante a grandiosidade, circularidade e exatidão da Natureza.
Finalmente, na última parte, correspondendo à última estrofe, uma resposta às suas indagações, generalizando uma
vez mais, pondo em evidência a importância da indiferença, segredo epicurista para lidar com a extistência humana,
retomando o ideal de ataraxia, e apelando a uma confiança moderada, consciente da brevidade da vida.
3.1 O sujeito poético prefere a Natureza, cíclica, certa e tranquila, às questões políticas que implicam sobressalto
emocional.
3.2 A ideia de ataraxia professada pelo epicurismo estende-se a este conceito de deixar a vida passar por nós sem
que nenhum dos seus aspetos nos afete ao ponto de nos mudar a essência.
3.3 O sujeito poético refere-se ao que «aumenta na alma», aos nossos interesses particulares, ao que nos faz sentir
bem, gostos e inclinações, o que nos torna únicos entre tantos e, afinal, elementos de distúrbio, segundo o
pensamento epicurista.
4. Na estrofe final, o sujeito poético evidencia a necessidade de indiferença perante a maioria das questões que a
vida vai levantando e perante as quais podemos ceder a uma emoção excessiva, avessa ao pensamento epicurista.
Este é, afinal, o desejo de ataraxia que conduzia os epicuristas a uma vida sem sobressaltos, para que a essência do
ser humano se mantivesse nesta breve passagem que é a vida.
5. A noção de «confiança mole» (v. 17) pode, à partida, parecer antitética em relação à atitude disciplinada de
Ricardo Reis. Contudo, importa que pensemos que Reis aconselha que esta «confiança mole» seja depositada na
«hora fugitiva» (v. 18), ou seja, há uma noção muito clara da efemeridade da vida, e assim sendo convém, segundo
os ensinamentos epicuristas, que vivamos tranquilamente e evitando os excessos, para que passemos pela vida de
forma natural, retirando esse exemplo da Natureza, tal como os neopaganistas.
Ficha 2
1. Esta opção classicista reflete-se na forma (composição em ode) e nas temáticas (a ataraxia epicurista; a aceitação
e autodisciplina estoicas; o carpe diem). Também a referência à mitologia e tradições clássicas revela o gosto pela
Antiguidade Clássica («Átropos», «Bacantes»).
2. A metáfora de morte tem como objetivo sublinhar o caráter avassalador do momento fatal, ao qual ninguém
consegue escapar.
– Epicurismo: o presente é o tempo que nos é concedido, privilegiando-se o prazer de cada momento, a busca da
felicidade relativa e a ausência de perturbação (ataraxia) – «Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo»,
v. 1; «Para quem tudo é novo / E imarcescível sempre», vv. 4-5.
– Estoicismo: aceitação das leis do Destino e do Tempo – «E ele espera, contente quase e bebedor tranquilo», v. 16.
– Horacianismo: inutilidade do esforço e da indagação sobre o futuro – «Ele sabe que a vida / Passa por ele e tanto /
Corta a flor como a ele / De Átropos a tesoura», vv. 7-10; Carpe diem – «Mas ele sabe fazer que a cor do vinho
esconda isto, / Que o seu sabor orgíaco / Apague o gosto às horas», vv. 11-13.
Ficha 3
1. A resposta pode contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes. No
primeiro verso, o sujeito poético expõe a ideia de que tudo ocorre num contexto preciso, determinado pelo
curso natural das coisas. As referências à Natureza presentes nos versos 2 a 4 sustentam esta ideia,
fornecendo exemplos concretos. Estes mostram que a cada estação do ano corresponde um ambiente
específico: no inverno, há frio e neve e é na primavera que as árvores florescem.
2. A resposta pode contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes. De
acordo com os versos 5 a 24, é importante: – viver de forma moderada e tranquila – «Com mais sossego
amemos / A nossa incerta vida.» (vv. 7 e 8); – evitar todo o esforço inútil – «Não puxemos a voz / Acima de
um segredo» (vv. 11 e 12); – lembrar o passado de forma ligeira, despreocupada e breve – «E casuais,
interrompidas sejam / Nossas palavras de reminiscência» (vv. 13 e 14); – rememorar as histórias «que nos
falem» (v. 20) da «infância» (v. 21).
3. A resposta pode contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes. As
recordações do passado ocorrem: – numa noite de inverno, que, metaforicamente, corresponde à velhice; –
à «hora dos cansaços» (v. 10), propícia à rememoração e ao diálogo calmo e íntimo; – à «lareira» (vv. 9 e
25), espaço associado ao conforto e à proteção
4. A resposta pode contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes. As
duas últimas estrofes sintetizam as ideias apresentadas anteriormente. Reafirma-se que a passagem do
tempo conduz inevitavelmente à noite da vida e à recordação do «outrora» (v. 28). Chegado este momento,
deve adotar-se uma atitude serena, semelhante à dos «Deuses lares» (v. 26), e rememorar o passado de
modo a tornar a passagem do tempo aceitável e agradável no presente.
1. Nas quatro primeiras estrofes, é exposta uma filosofia de vida que se caracteriza por:
– um gosto pela fruição estética da natureza – «Só o ter flores pela vista fora / Nas áleas largas dos jardins exatos /
Basta para podermos / Achar a vida leve.» (vv. 1-4);
– uma escolha da serenidade, o que conduz a uma atitude contemplativa – «De todo o esforço seguremos quedas /
As mãos, brincando, pra que nos não tome / Do pulso, e nos arraste.» (vv. 5-7);
– uma atitude epicurista, que valoriza o prazer moderado – «Buscando o mínimo de dor ou gozo, / Bebendo a goles
os instantes frescos,» (vv. 9-10);
– uma consciência da brevidade da vida, que conduz ao desejo de fruição do momento presente (carpe diem) – «As
rosas breves, os sorrisos vagos, / E as rápidas carícias» (vv. 14-15).
2. O sujeito poético expõe um conjunto de normas que devem ser seguidas por todas as pessoas de modo a
facilitar a vida humana e a aligeirar a dor provocada pelo facto de a vida ser efémera.
Neste sentido, o uso da primeira pessoa do plural – que surge nas formas verbais «podermos» (v. 3),
«seguremos» (v. 5), «vivamos» (v. 8), «escolhermos» (v. 19), «fomos» (v. 19), «formos» (v. 21) e no pronome
pessoal «nos» (vv. 6 e 7) – decorre de uma atitude normativa (ou exortativa) assumida pelo sujeito poético,
incluído nessa primeira pessoa do plural.
3. O sujeito poético perspetiva a morte de acordo com a conceção própria da antiguidade clássica, evidente:
– na ideia de que a vida humana é comandada pelo Destino, ou pelas Parcas, e de que as almas
atravessam o rio Estige e chegam aos Infernos, à «pátria de Plutão» (vv. 21-28);
– na aceitação da morte, momento a que se deve chegar sem apego a nada e apenas recordando o que
foi agradável, para que o sofrimento não seja tão penoso – atitude estoica (vv. 17-20).