4- O sujeito poético evidencia uma atitude racional ao intelectualizar as suas emoções e ao recusar voluntariamente a mudança/ao procurar a serenidade. O sujeito poético assume essa atitude racional devido ao sentimento de terror face à mudança ou destino, que lhe provoca sofrimento 5- “Indo para a velhice como um Dia entra no anoitecer” (tal como o dia termina lenta e gradualmente, o sujeito poético deseja também que o tempo passe por ele de forma impercetível, encaminhando-o tranquilamente para a velhice sem que isso lhe provoque sofrimento 6- apóstrofe, verso 3, decassílabos graves conjugados com tetrassílabos agudos
“Prefiro rosas, meu amor, à pátria”
1- O sujeito poético opta pela adoção de uma atitude contemplativa pela fruição do belo, natural, efémero (rosas e magnólias) recusando os valores da Pátria da Glória e da virtude. Os outros humanos preferem a pátria a glória e a virtude que representam os forço, sofrimento, entrega a causas e a constante busca de superação. 2- Recusa das emoções fortes, busca da tranquilidade, ataraxia “logo que a vida me não canse”. Indiferença perante a passagem do tempo “deixo que a vida por mim passe” 3- Circularidade do tempo cósmico, o que é testemunhado na natureza 10-12. A preferência pelo momento presente, através da valorização da “hora Fugitiva”
“Só o ter flores pela vista fora”
1- Gosto pela fruição estética da natureza vv 1-4. Uma escolha da serenidade, o que conduz a uma atitude contemplativa 5-7. Uma atitude epicurista, que valoriza o prazer moderado 9-10. Uma consciência da brevidade da vida, que conduz ao desejo de fruição do momento presente (14-15) 2- O sujeito poético expõe um conjunto de normas que devem ser seguidas por todas as pessoas de modo a facilitar a vida humana e a aligeirar a dor provocada pelo facto de a vida ser efémera. O uso da primeira pessoa do plural decorre de uma atitude normativa assumida pelo sujeito poético, incluído nessa primeira pessoa do plural. 3- O sujeito poético perspetiva a morte de acordo com a concepção própria da antiguidade clássica, evidente na ideia de que a vida humana é comandada pelo destino ou pelas parcas e de que as almas atravessam o rio Estige e chegam aos infernos, à pátria de plutão 21-28. Na aceitação da morte, momento a que se deve chegar sem apego a nada e apenas recordando o que foi agradável, para que o sofrimento não seja tão penoso- atitude estoica.
“Cada coisa a seu tempo tem seu tempo”
1- No primeiro verso, o sujeito poético expõe a ideia de que tudo ocorre num contexto preciso, determinado pelo curso natural das coisas. As referências a natureza presentes nos versos dois a quatro sustentam esta ideia, fornecendo exemplos concretos. Mostram que a cada estação do ano corresponde um ambiente específico: no inverno há frio e neve e na Primavera as árvores florescem. 2- De acordo com os versos é importante viver de forma moderada e tranquila 7-8. Evitar todo o esforço inútil 11-12. Lembrar o passado de forma ligeira, despreocupada e breve 13-14. A rememorar as histórias “que nos falem” da “infância” 3- As recordações do passado ocorrem numa noite de inverno, que me telefonicamente corresponde à velhice. À hora dos cansaços, propícia à rememoração e ao diálogo calmo e íntimo. À lareira, espaço associado ao conforto e proteção. 4- As duas últimas estrofes sintetizam as ideias apresentadas anteriormente. Reafirma-se que a passagem do tempo conduz inevitavelmente à noite da vida e a recordação do outrora (28). Chegado este momento, deve adotar uma atitude serena, semelhante a dos “deuses lares” (26) e rememorar o passado de modo a tornar a passagem do tempo aceitável e agradável no presente.
“Antes de nós mesmos arvoredos”
1-O poeta estabelece uma correlação entre um sujeito coletivo e determinados elementos da natureza, em relação às marcas que todos eles deixam no mundo. O ruído das folhas das árvores e da passagem do vento é tão insignificante quanto à agitação do homem 6-8, 5. Por outro lado, a natureza concretizada nos arvoredos assiste impassível à passagem dos homens 1-2, Havendo como que uma permanência que se opõe a transitoriedade da vida humana. O sujeito coletivo distancia-se da natureza, uma vez que a voz Poetica traduz a percepção e consciência humanas da passagem do tempo e da inutilidade do esforço do homem, enquanto os elementos naturais permanecem passivos em relação a esta consciência. 2- traduz a atitude racional de abandono do desejo patente na obra Poetica de Reis, que conduz a um tranquilo gozo epicurista da vida. O poeta apela à calma fruição da natureza 9-10. Aspira a passiva aceitação da ordem das coisas, vivendo em ataraxia, numa indiferença próxima da da natureza e não querendo 11-12, alheio à agitação do mundo. 3- nas quatro primeiras estrofes o sujeito poético apresenta uma reflexão filosófica sobre o tempo e os efeitos da sua passagem. Por isso a utilização da primeira pessoa do plural justifica- se, pois as conclusões e as recomendações que o poeta tira e faz são globais e a expressão aplica-se a todos os seres humanos. Na última estrofe o eu lírico Volta-se sobre si próprio, fazendo uma reflexão individual sobre o valor da sua fugaz existência, sujeita ao poder da passagem do tempo, aplicando as conclusões das suas reflexões. Embora se registe a utilização da primeira pessoa do singular, o poeta coloca uma questão sobre o seu percurso individual para apelar a reflexão coletiva. 4- A pergunta retórica traduz uma reflexão sobre o valor da vida humana perante o poder do tempo. Tal como as pegadas deixadas na areia são facilmente apagadas pelas ondas, a existência humana será sempre apagada pela passagem do tempo e ambas revelam-se transitórias e submetidas ao poder de forças que eles são superiores. A interrogação Retórica estabelece um contraste entre a pequenez do homem E a força universal suprima que é o tempo