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Ricardo Reis

“Sofro, Lídia, do medo do destino”


4- O sujeito poético evidencia uma atitude racional ao intelectualizar as suas emoções e ao
recusar voluntariamente a mudança/ao procurar a serenidade. O sujeito poético assume essa
atitude racional devido ao sentimento de terror face à mudança ou destino, que lhe provoca
sofrimento
5- “Indo para a velhice como um Dia entra no anoitecer” (tal como o dia termina lenta e
gradualmente, o sujeito poético deseja também que o tempo passe por ele de forma
impercetível, encaminhando-o tranquilamente para a velhice sem que isso lhe provoque
sofrimento
6- apóstrofe, verso 3, decassílabos graves conjugados com tetrassílabos agudos

“Prefiro rosas, meu amor, à pátria”


1- O sujeito poético opta pela adoção de uma atitude contemplativa pela fruição do belo, natural,
efémero (rosas e magnólias) recusando os valores da Pátria da Glória e da virtude. Os outros
humanos preferem a pátria a glória e a virtude que representam os forço, sofrimento, entrega a
causas e a constante busca de superação.
2- Recusa das emoções fortes, busca da tranquilidade, ataraxia “logo que a vida me não canse”.
Indiferença perante a passagem do tempo “deixo que a vida por mim passe”
3- Circularidade do tempo cósmico, o que é testemunhado na natureza 10-12. A preferência pelo
momento presente, através da valorização da “hora Fugitiva”

“Só o ter flores pela vista fora”


1- Gosto pela fruição estética da natureza vv 1-4. Uma escolha da serenidade, o que conduz a
uma atitude contemplativa 5-7. Uma atitude epicurista, que valoriza o prazer moderado 9-10.
Uma consciência da brevidade da vida, que conduz ao desejo de fruição do momento presente
(14-15)
2- O sujeito poético expõe um conjunto de normas que devem ser seguidas por todas as
pessoas de modo a facilitar a vida humana e a aligeirar a dor provocada pelo facto de a vida ser
efémera.
O uso da primeira pessoa do plural decorre de uma atitude normativa assumida pelo sujeito
poético, incluído nessa primeira pessoa do plural.
3- O sujeito poético perspetiva a morte de acordo com a concepção própria da antiguidade
clássica, evidente na ideia de que a vida humana é comandada pelo destino ou pelas parcas e de
que as almas atravessam o rio Estige e chegam aos infernos, à pátria de plutão 21-28. Na
aceitação da morte, momento a que se deve chegar sem apego a nada e apenas recordando o
que foi agradável, para que o sofrimento não seja tão penoso- atitude estoica.

“Cada coisa a seu tempo tem seu tempo”


1- No primeiro verso, o sujeito poético expõe a ideia de que tudo ocorre num contexto preciso,
determinado pelo curso natural das coisas. As referências a natureza presentes nos versos dois
a quatro sustentam esta ideia, fornecendo exemplos concretos. Mostram que a cada estação do
ano corresponde um ambiente específico: no inverno há frio e neve e na Primavera as árvores
florescem.
2- De acordo com os versos é importante viver de forma moderada e tranquila 7-8. Evitar todo o
esforço inútil 11-12. Lembrar o passado de forma ligeira, despreocupada e breve 13-14. A
rememorar as histórias “que nos falem” da “infância”
3- As recordações do passado ocorrem numa noite de inverno, que me telefonicamente
corresponde à velhice. À hora dos cansaços, propícia à rememoração e ao diálogo calmo e
íntimo. À lareira, espaço associado ao conforto e proteção.
4- As duas últimas estrofes sintetizam as ideias apresentadas anteriormente. Reafirma-se que a
passagem do tempo conduz inevitavelmente à noite da vida e a recordação do outrora (28).
Chegado este momento, deve adotar uma atitude serena, semelhante a dos “deuses lares” (26)
e rememorar o passado de modo a tornar a passagem do tempo aceitável e agradável no
presente.

“Antes de nós mesmos arvoredos”


1-O poeta estabelece uma correlação entre um sujeito coletivo e determinados elementos da
natureza, em relação às marcas que todos eles deixam no mundo. O ruído das folhas das árvores
e da passagem do vento é tão insignificante quanto à agitação do homem 6-8, 5. Por outro lado,
a natureza concretizada nos arvoredos assiste impassível à passagem dos homens 1-2, Havendo
como que uma permanência que se opõe a transitoriedade da vida humana.
O sujeito coletivo distancia-se da natureza, uma vez que a voz Poetica traduz a percepção e
consciência humanas da passagem do tempo e da inutilidade do esforço do homem, enquanto
os elementos naturais permanecem passivos em relação a esta consciência.
2- traduz a atitude racional de abandono do desejo patente na obra Poetica de Reis, que conduz
a um tranquilo gozo epicurista da vida. O poeta apela à calma fruição da natureza 9-10. Aspira a
passiva aceitação da ordem das coisas, vivendo em ataraxia, numa indiferença próxima da da
natureza e não querendo 11-12, alheio à agitação do mundo.
3- nas quatro primeiras estrofes o sujeito poético apresenta uma reflexão filosófica sobre o
tempo e os efeitos da sua passagem. Por isso a utilização da primeira pessoa do plural justifica-
se, pois as conclusões e as recomendações que o poeta tira e faz são globais e a expressão
aplica-se a todos os seres humanos. Na última estrofe o eu lírico Volta-se sobre si próprio,
fazendo uma reflexão individual sobre o valor da sua fugaz existência, sujeita ao poder da
passagem do tempo, aplicando as conclusões das suas reflexões. Embora se registe a utilização
da primeira pessoa do singular, o poeta coloca uma questão sobre o seu percurso individual para
apelar a reflexão coletiva.
4- A pergunta retórica traduz uma reflexão sobre o valor da vida humana perante o poder do
tempo. Tal como as pegadas deixadas na areia são facilmente apagadas pelas ondas, a
existência humana será sempre apagada pela passagem do tempo e ambas revelam-se
transitórias e submetidas ao poder de forças que eles são superiores. A interrogação Retórica
estabelece um contraste entre a pequenez do homem E a força universal suprima que é o tempo

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