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1. O poema pode dividir-se em três partes lógicas, correspondendo cada uma delas a uma
estrofe.
Assim, na primeira parte (1. estrofe), o poeta faz uma espécie de critica a todos
quantos constroem a sua existência a partir de um passado morto ou de um futuro incerto,
deixando já antever à sua preferência pelo presente.
Na segunda parte (2.º estrofe), este interroga-se sobre o porquê da atitude dos que
não vivem o presente e propõe que, apesar da brevidade do momento actual ("dia”, “hora”,
"momento”), se viva nele, porque nós também somos efémeros e é nossa condição viver o
presente.
Na 3.º estrofe (última parte). mostra já uma consciência mais aguda do caráter
precário do ser humano e a sua preocupação com a morte, e, numa atitude moralista, sugere
que se frua o dia. Aqui, consciente da efemeridade da vida e da inevitabilidade da morte (“No
mesmo hausto/Em que vivemos, morreremos, colhe/O dia...”), postula a filosofia estoico-
epicurista e, sob influência do “corpe diem” horaciano, aponta como conduta o fruir o dia a
dia.
3. O poeta faz a apologia do presente e reconhece o primado da vida exterior. Propõe uma
conceção simples da vida e um gozo moderado do momento presente (corpe diem de
Horácio), conformando-se com a ordem natural das coisas e como destino, bem ao gosto dos
estoicos. Valoriza o espírito racional e despreza as emoções por poderem ser enganadoras e
por não permitirem esquecer o passado e pairarem sobre o futuro. Mostra-se um ser austero,
que recusa construir a sua existência no passado ou num futuro incerto, acredita e defende
que é em cada instante vivido que o homem se realiza e conquista a felicidade possível (A
segurança nossa”). É desta forma que procura superar a angústia causada pela consciência da
transitoriedade e nulidade do ser, constantemente ameaçado pela efemeridade do tempo
('Perene flui a terminável hora/Que nos confessa nulos”). Tendo consciência da efemeridade
da vida e da iminência da morte, faz a apologia de uma filosofia de vida estoico-epicurista que,
sob influência de Horácio, postula como regra da conduta humana o viver cada dia, cada
instante, de uma forma serena e calma.
4.2.
O verso 5 apresenta uma estrutura frásica alatinada que dificulta a sua compreensão,
utilizando-se o hipérbato para destacar o movimento interrogativo.
O verso devia ordenar-se do seguinte modo: “Porque ir pôr tão longe o que está perto” Para
além deste recurso estilístico, está também presente a antítese (“longe”/“perto” que evidencia
a relação existente entre uma temporalidade distante, enganadora, e aquela que se pode
alcançar.
Ricardo Reis é um dos heterônimos do poeta Fernando Pessoa. O poeta português foi vários
poetas ao mesmo tempo, além de Ricardo Reis, foi também Alberto Caeiro, Álvaro de Campos
e Bernardo Soares.
Tendo sido "plural", como se definiu, Fernando Pessoa criou personalidades próprias para os
vários poetas que conviviam nele. Cada qual tem sua biografia e um traço diferente de
personalidade, como se fossem personagens de seu criador.
Ricardo Reis foi criado quando Fernando Pessoa escreveu os "Poemas de Índole Pagã". Em sua
biografia consta que nasceu em Porto, Portugal, no dia 19 de setembro de 1887. Estudou em
colégio de jesuítas e formou-se em medicina.
Ricardo Reis era monarquista e exilou-se no Brasil, em 1919, por discordar da Proclamação da
República Portuguesa. Foi profundo admirador da cultura clássica, tendo estudado latim, grego
e mitologia.