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Estudantes: Gustavo Pedro de Araújo Ubirajara e Daniel Oliveira Rosendo

Poema: Ao Dia do Juízo


*MATOS, G. Obra poética, códice James Amado. Vol.2 5ed. Rio de Janeiro: Record,
2010.
Título do Poema: Ao Dia do Juízo
Ao Dia do Juízo
O alegre do dia entristecido,
O silêncio da noite perturbado
O resplendor do sol todo eclipsado,
E o luzente da lua desmentido!

Rompa todo o criado em um gemido,


Que é de ti mundo? onde tens parado?
Se tudo neste instante está acabado,
Tanto importa o não ser, como haver sido.

Soa a trombeta da maior altura,


A que a vivos, e mortos traz o aviso
Da desventura de uns, d’outros ventura.

Acabe o mundo, porque é já preciso,


Erga-se o morto, deixe a sepultura,
Porque é chegado o dia do juízo.

ANÁLISE

Conteúdo
A ideia do poema está ligada a visão bíblica do juízo final, dando ênfase ao
conflito interno do ser humano, que vive a dualidade da vida e da morte. Percebendo a
brevidade e finitude da vida, a ideia de fim do mundo é percebida nos versos da última
estrofe. A presença da morte remete ao julgamento, que tem tom de castigo a ser
despejado sobre os homens desobedientes a Deus.
Intertextualidade
O poema de Gregório de Matos tem como base o texto bíblico de apocalipse que
apresenta a ideia de fim dos tempos. Esse último dia, fim de tudo, é apresentado como
julgamento de Deus para toda a humanidade, sendo o derradeiro momento para os
pecadores e aqueles que seguiam Deus e seus ensinamentos segue para vida eterna.

Estrofes e Figuras de Linguagem


Esse poema é um soneto, poesia de forma fixa. Organiza-se em 14 versos dispostos
em dois quartetos e dois tercetos.
Na primeira estrofe, apresenta-se antítese nos três primeiros versos
(alegre/entristecido, silêncio/ perturbador, resplendor do sol /eclipsado) a fim de
descrever as transformações ocorridas, a partir da percepção do eu-lírico, no momento
do juízo.
Na segunda estrofe temos a presença da metáfora (Rompa todo o criado em um
gemido) em que o eu-lírico compara a brevidade e finitude da criação a um gemido, o
questionamento do eu-lírico, indagação presente no segundo verso, compara-se a um
questionamento feito pela humanidade diante da percepção que é chegada a hora do
juízo, o fim chegou, confirmado no terceiro verso a partir da afirmação, no quarto verso
observamos a presença da antítese (o não ser, como haver sido) demonstrando o quanto
nesse instante, do fim, nada mais importa.
Na terceira estrofe é presente a sinestesia no verso “Soa a trombeta da maior
altura”, expressando a sensação sonora para alertar, avisar a todos que é chegada a hora
do juízo. No segundo e terceiro verso percebemos a presença da antítese (vivos /
mortos; desventura/ ventura)
Por fim, na quarta estrofe percebemos a presença da gradação devido a ordem
de enumeração das ações por meio dos verbos (acabe, erga, deixe, é chegado). Essa
sequência estabelecida pelos verbos intensifica a ideia de que o fim é chegado.

Esquema de Rimas e Classificação dos Versos


Nos quartetos a esquematização das rimas é feita de forma interpolada e nos
tercetos de forma cruzada. Assim como o poema anterior e vários poemas de gregório
de matos ele é escrito de forma decassílaba.

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