Você está na página 1de 63

Ordem Martinista da

Rosa  Cruz Dourada

O Caminho do Coração:

Uma Introdução ao Martinismo Contemporâneo


Primeira Edição da Jurisdição Latina
Copyright 2020

Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada

Escrito por Almalux

Revisado, com acréscimos, por Sapientia est Lux

Traduzido por Appolonius & Elias

Adaptação para a Jurisdição Latina por Pelicanus


Introdução

Possa você encontrar, aqui, luz e abrigo!

Bem-vindo ao estudo do Martinismo e da Tradição Esotérica (ou de Mistérios) Ocidental. O


propósito deste caderno é apresentar o Martinismo contemporâneo tanto para os curiosos, quanto
para aqueles que estão buscando clareza e compreensão a respeito das razões para o enigma da
existência humana e do seu fim último. Este caderno não responderá a todos os questionamentos,
talvez a poucos, mas é esperado que ele permita a você formular indagações que o levarão ao
início de uma nova senda de autodescoberta e completude em sua vida.

O título deste caderno faz uso do termo “contemporâneo”. A razão para tanto é indicar que aquilo
que ora apresentamos concerne ao que é o Martinismo atual, ao invés de se limitar simplesmente
à sua história e tradição. A história do Martinismo será apresentada, mas esse não é o foco principal
desta publicação. Este caderno divide-se em três seções principais:

A primeira volta-se aos elementos básicos do Martinismo e ao seu lugar na Tradição Esotérica
Ocidental. Ela cobre o desenvolvimento histórico da Filosofia Martinista e as origens do
movimento.

A segunda volta-se, primariamente, a descrever o que é, realmente, o Martinismo dos dias de hoje,
bem como o que ele significa, quem somos nós, e o que, especificamente, nós fazemos. Alguns
aspectos não serão tratados nessa parte, principalmente em virtude do processo iniciático, mas
também por não querermos sobrecarregar o buscador com muita informação neste momento.

A última parte inclui alguns exercícios práticos de meditação e técnicas que lhe serão de muito
auxílio em seu desenvolvimento inicial na Senda.

Se você sentir que a mensagem deste caderno tem um significado real para você, então você poderá
se interessar em associar-se à Ordem Martinista. Este caderno encerra-se com um curto autoexame
voltado a verificar se o Caminho Martinista do Coração é para você e, finalmente, com algumas
fontes de aprofundamento que lhe serão úteis. Você poderá concluir que outras tradições e
métodos funcionam melhor para você. Qualquer que seja a senda que o seu coração lhe aconselhar,
permita-nos desejar-lhe todas as Bênçãos do Grande Reparador na sua jornada pessoal.

O Tribunal Soberano da
Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada
Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada
OFÍCIO DO LEGADO NACIONAL
legate.latinamerica@grc-martinist.org

Oriente de São Paulo,


Novembro de 2020

Prezada Buscadora,
Prezado Buscador,

Saudações diante das Três Luminárias da Ordem Martinista!

Neste momento, o Grande Priorado Hermético da Rosa+Cruz Dourada da América Latina está
completando seu primeiro ano de existência. A Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada, por sua
vez, está ativa no Brasil há cerca de um ano e meio. Para o perfeito estabelecimento da Ordem e
do Priorado, esse período inicial compreendeu muito trabalho, que foi empreendido por um
punhado de Irmãos e Irmãs que, de maneira altruísta e desinteressada, se propôs servir à Tradição.
Hoje, estamos bastante satisfeitos a respeito de estarmos disponibilizando, em português, o
caderno que torna possível que buscadores sinceros tomem conhecimento de nossas atividades.
Sabemos que aqueles que baterem às nossas portas em busca da Iniciação encontrarão um caminho
tradicional bastante sólido a ser empreendido.

Nosso interesse, contudo, não é pelo crescimento desenfreado. Entendemos ser preferível velar
pela qualidade do Trabalho Iniciático, preferindo a qualidade de membros no lugar da quantidade.
Entendemos que nossa comunidade deve ser tal qual uma verdadeira família e, por essa razão,
conservamos o costume do apadrinhamento como forma de entrada para a Tradição.

Conforme a Introdução escrita pelo Tribunal Soberano, este caderno pretende-se introdutório e é
composto de três seções. O Martinismo é um movimento bastante complexo e, nesse momento, de
um modo muito sintético e despretensioso, preocupamo-nos tão somente com a apresentação
daquilo que é necessário para se começar a compreender o que é a Ordem Martinista. Nossa
Venerável Ordem traduz-se num corpo iniciático de cunho hermético cristão fundado no final do
século XIX, em Paris, pelo médico Gerard Encausse. Mais conhecido pelo nome místico Papus, o
Dr. Encausse concebeu a Ordem Martinista como, ao mesmo tempo, uma Ordem Iniciática e uma
Escola de Cavalaria moral e de Ocultismo Cristão.

Conforme foi considerado, detentor de uma linhagem iniciática que remontava aos círculos
místicos criados pelo Marquês Louis-Claude de Saint-Martin, grande teósofo e místico do século
XVIII, e associado a Pierre Augustin Chaboseau, possuidor do mesmo legado tradicional, mas por
outra via sucessória, Papus fundou uma Ordem que, a par de estudar a doutrina e carregar o legado
iniciático de Louis-Claude de Saint-Martin, também conhecido como o Filósofo Desconhecido,
representou um papel único e fundamental no renascimento ocultista e místico europeu. Em
poucos anos, dezenas de Lojas Martinistas espalharam-se por todo o mundo, difundindo o trivium
hermético até hoje componente do currículo martinista: a astrologia, a alquimia e a teurgia. Isso,
sem falar dos estudos tradicionais de religiões comparadas, mitologia clássica, kabbalah,
numerologia, tarot iniciático, angeologia e outras tantas frentes das assim chamadas ciências
ocultas do esoterismo ocidental.

E qual é a base da Iniciação Martinista? Um documento tradicional assim a explica:

Ela encerra a filosofia de nosso Venerável Mestre, baseada especialmente nas teorias dos
Egípcios, sintetizadas por Pitágoras e sua Escola. Contém, em seu simbolismo, a Chave
que abre o mundo dos Espíritos e que não está cerrado; segredo inefável, incomunicável
e unicamente compreensível ao verdadeiro Adepto. Este trabalho não profana a santidade
do Véu de Ísis por imprudentes revelações. Aquele que é digno e está versado na História
do Hermetismo, em suas doutrinas e em seus ritos, em suas cerimônias e hieróglifos,
poderá penetrar na secreta, porém real, significação do pequeno número de símbolos
oferecidos à meditação do Homem de Desejo.

A Ordem, enfim, é uma escola de Alto Hermetismo e seus ensinamentos, sem negligenciar os
demais temas do amplo currículo já mencionado, estão principalmente calcados na mística cristã
e na kabbalah. A Iniciação Martinista é o resultado de um ensinamento e de uma prática e há em
seu desenvolvimento uma parte imensa de formação pessoal. A Iniciação é gradual e se dá
conforme as capacidades e possibilidades daquele que pretende seguir as etapas do seu
treinamento antes de chegar aos graus superiores. Este é o sentimento que podemos extrair do
célebre discurso pronunciado por Stanislas de Guaita e que encontramos no seu clássico “No
Umbral do Mistério”:
Fizemos-te iniciar: o papel dos iniciadores deve limitar-se aqui. Se chegares por ti mesmo
à inteligência dos Arcanos, merecerás o título de Adepto; mas, vê bem; seria em vão que
os mais sábios Mestres quisessem revelar-te as supremas fórmulas da Ciência e do Poder
mágico. A Verdade Oculta não poderá ser transmitida em um discurso: cada um deve
evocá-la, criá-la e desenvolvê-la em si. És Iniciado: aquele que outros colocaram no
caminho; esforça-te em chegar a Adepto, aquele que conquista a Ciência por si mesmo;
em uma palavra: o Filho de suas obras.

O discurso de Stanislas de Guaita, que não podemos aqui transcrever inteiramente, merece estudo
e reflexão. Ele desenvolve a seguinte doutrina: a Iniciação é, certamente, o resultado de um
ensinamento e de um treinamento, porém, há em seu transcurso um intenso trabalho de formação
pessoal capaz de tornar cada aspirante iniciável para aquela Iniciação Maior através da qual “entra-
se no Coração de Deus e se faz entrar o Coração de Deus em nós para aí fazer um casamento
indissolúvel”.

O Martinismo é uma cavalaria, ou por outra, é uma tendência ou corrente cavalheiresca que
persegue o aperfeiçoamento individual e coletivo. É necessário, portanto, que o Martinismo em
todas as terras esteja formado por perfeitos servidores, sucessores dos verdadeiros Mestres dessa
corrente iniciática, os Superiores Incógnitos, elos inquebrantáveis da nossa cadeia iniciática. É
justamente para pleitear tornar-se parte dessa Cadeia Iniciática tradicional que vos endereçamos
este convite, cuja resposta esperamos que parta do vosso coração, depois de ponderadas reflexões.

Conforme apontei, a afiliação a nossa Ordem dá-se por convite e apadrinhamento. Por meio deste
caderno e do formulário de candidatura disponível em suas últimas páginas, contudo, buscadores
que não estão em contato direto com membros da Ordem poderão se comunicar com o Arquivista
Nacional e, se submetendo às diferentes etapas da candidatura, possivelmente acessar o
apadrinhamento necessário. Se você optar por seguir esse caminho, procure preencher o
formulário de maneira bastante completa. No formulário, você será cobrado a relatar sua
experiência com um exercício espiritual ensinado neste caderno (meditação cardíaca em três
fases).

Após o envio do formulário de candidatura você poderá ou não receber o convite para se afiliar à
nossa Ordem. Independentemente disso, uma nova etapa de estudos será aberta: você poderá se
inscrever em nosso curso de Esoterismo Ocidental. Esse curso, desenvolvido pela Irmandade dos
Filósofos Desconhecidos, uma organização Martinista tradicional com a qual mantemos a mais
estreita amizade, é composto por dez lições enviadas de acordo com o cumprimento de tarefas
específicas. O curso de Esoterismo Ocidental fornecerá a você uma excelente formação nas
diferentes frentes da Tradição e, caso você ainda busque o convite para nossa Ordem, essa poderá
ser uma nova oportunidade de encontrar o apadrinhamento necessário.

Que a Eterna Luz da Sabedoria o ilumine sempre!

+Pelicanus
PRIMEIRA SEÇÃO: O que é o Martinismo?

Se alguém recorrer à Wikipedia, como muitos fazem, e indagar ao grande sábio que anonimamente
a edita, O que é o Martinismo, encontrará a seguinte definição:

“... Misticismo Cristão ou Cristianismo Esotérico relativo à queda do primeiro homem, ao


seu estado de privação material da sua fonte divina e ao seu processo de retorno, chamado
‘Reintegração” ou iluminação.”

Esse é um começo, mas o que realmente quer dizer?

A primeira coisa que você notará é a referência ao Cristianismo. O Martinismo não é parte do
Cristandade ou de alguma Igreja Cristã, tampouco é uma religião.

O dicionário Merriam-Webster define misticismo como “... a crença de que o conhecimento direto
de Deus, da verdade espiritual ou da realidade última pode ser alcançado por meio da experiência
subjetiva”. No caso do Martinismo, é a crença em que o indivíduo, por meio do estudo e da
autorreflexão, pode se comunicar com o Poder Maior e ganhar a compreensão de como se deve
viver a vida.

Recorrendo-se, agora, ao dicionário Cambridge, esotérico pode ser descrito como “... o que é
inusual e compreendido ou apreciado apenas por um pequeno número de pessoas, especialmente
aquelas que detêm um conhecimento especial”. Esoterismo é o estudo do esotérico, geralmente
por um grupo seleto de indivíduos, os quais comumente detém um conhecimento “secreto”.

Muitos escritores relacionariam os termos “esoterismo” e “grupos esotéricos” para incluir,


especificamente, o conceito de iniciação. Do ponto de vista mais exterior, a iniciação é um ritual
que permite a transferência do conhecimento esotérico de uma pessoa para outra e que coloca o
receptor em uma nova senda a se seguir. As iniciações são normalmente associadas a algum tipo
de vínculo ou juramento, tipicamente para que o receptor não revele o que se passou exceto que o
faça da mesma maneira pela qual ele mesmo recebeu esse conhecimento.

Se, agora, combinarmos esses conceitos, podemos conceber o Martinismo como sendo um
processo pelo qual um indivíduo, por meio da iniciação, obtém conhecimento especial (ou
secreto), de modo que ele possa estabelecer comunicação direta com o Poder Maior seguindo a
senda do Cristo. Isso soa, talvez, muito estranho?
Outro meio de ver isso é que, através do Caminho Martinista, uma pessoa pode aprender o
autoestudo e técnicas individuais para começar a entender o seu lugar no universo, seu propósito
e o seu destino final na vida. Ela seria assistida por outros, que começaram a sua caminhada antes
dela, os quais podem ter maior experiência ou conhecimento, e que podem estar mais conscientes
do lugar do ser humano na imensidão do universo. A fim de impedir que esse ensinamento seja
objeto de exploração ou se enfraqueça em virtude da sua distribuição pública, ele só é transmitido
pela iniciação, de professor a estudante.

Como será expresso mais adiante neste caderno, ao lado de outras muitas vertentes, o Martinismo
é parte da “Tradição Esotérica Ocidental”. Ele tem muito em comum com outras tradições e muitos
seguidores do Martinismo também as estudam. Essas tradições compreendem muitas expressões
igualmente diferentes do caminho singular pelo qual se pode encontrar a senda do entendimento
do nosso lugar no mundo.

Adiante, examinaremos os fundadores da Tradição Martinista e como eles a moldaram no que ela
é hoje. Isso também requererá uma compreensão dos estágios iniciais do Martinismo.
Uma introdução à Tradição Esotérica Ocidental

O termo “Tradição Esotérica Ocidental” existe há vários séculos. Por “ocidental”, geralmente se
alude à Europa, assim como ao Oriente Médio e à África Setentrional. Primariamente, ela é
separada daquelas tradições encontradas no “Extremo Oriente” ou na Ásia. Esta não é uma
separação clara e, quando se estudam as tradições em detalhes, as linhas começam a ficar cada vez
mais borradas.

Essas tradições seguem os caminhos esotéricos de grupos amplamente variados. Novamente, há


sobreposições e conexões entre elas. No entanto, para alguém que está começando a sua jornada
de exploração do esoterismo ou do Martinismo, elas devem ser apresentadas em um formato
simples.

Esta introdução é apenas isso, uma introdução. Um livro volumoso poderia ser escrito a respeito
de cada uma dessas tradições. A escolha pelo agrupamento e denominação dessas tradições são
simplesmente do autor; elas estão abertas à interpretação.

No final deste livro, há referências adicionais à Tradição Esotérica Ocidental, que podem ser
exploradas, a fim de se obter uma maior compreensão desse vasto repositório de conhecimento.
A Kabbalah

Kabbalah (Kabbala, Cabala, Qabala) é uma tradição originária do Judaísmo. Ela busca encontrar
a essência divina de Deus por meio do exame de aspectos de Deus e do universo.

A Kaballah apresenta os elementos do universo naquilo que é


conhecido como Etz haChayim, frequentemente traduzido como
a Árvore da Vida.

A Árvore tem dez elementos, chamados Sephira (plural –


Sephiroth); cada qual descreve um aspecto ou elemento específico
do universo, ou, como é compreendido normalmente, como as
Emanações da Vontade Divina. Elas estão dispostas numa ordem
particular, com a base, a Sephirah Markuth, representando a
emanação mais baixa (nosso mundo e o homem não iluminado).
Kether, a emanação mais alta, é inatingível pelo homem vivente e
a mais próxima da divindade.

A Árvore tem dois lados predominantes ou Pilares: Beleza e


Severidade (ou Força). Essas duas forças opostas, encontradas em toda a criação, são unidas pela
coluna ou Pilar central. O conceito de forças opostas é também conhecido, em termos filosóficos,
como “dualismo”. Outras tradições expressaram-no em palavras diferentes; uma expressão
oriental frequentemente conhecida é aquela de “yin e yang”.

O mais famoso trabalho a respeito da Kabbalah judaica é o Zohar. Mas a tradição estritamente
judaica difundiu-se na Europa e, ao longo do tempo, uma versão distinta e cristã da Kabbalah foi
criada. A principal diferença é que o Cristo é interpretado como sendo uma parte da Vontade de
Deus e da Árvore da Vida (Tiphereth). O estudante, então, emprega os caminhos entre o ponto
mais baixo e o ponto mais alto da Árvore para assisti-lo no seu estudo sobre o lugar ocupado pelo
Homem no Universo.

Mais tarde, houve uma fusão da Kabbalah com outras vertentes esotéricas, como o hermetismo.
O estudo da Kabbalah conecta-se à numerologia, isto
é, ao estudo dos números e das letras (convertidas em
números) e ao modo como estão conectados aos
eventos e à compreensão do universo.

Uma compreensão básica e o estudo da Kabbalah


serão encontrados em praticamente todas as
expressões da Tradição Esotérica Ocidental e naquelas
organizações que praticam e refletem essas tradições.

Há muito material disponível sobre Kabbalah, mas,


particularmente, recomendamos a leitura do livro “A
Cabala Mística” de Dion Fortune como uma leitura
introdutória para nossos estudantes.

Hermetismo

O Hermetismo é uma tradição baseada na figura mítica de Hermes Trismegistus. Essa tradição
baseia-se na fusão dos pensamentos grego e egípcio. Intimamente associada a ele é um objeto
conhecido como a Tábua da Esmeralda.

A Tábua da Esmeralda é um repositório de dizeres ou filosofia atribuídos a Hermes Trismegistus


e é o fundamento das crenças encontradas no Hermetismo. A frase mais importante encontrada na
Tábua e no Hermetismo é “O que está abaixo é como o que está acima e o que está acima é como
o que está abaixo”.
Essa é a conexão entre as ações do Homem na Terra em
relação ao Divino e implica que as ações do Divino impactam
aqueles que estão no estado mais baixo, que é a humanidade.

O Hermetismo inicialmente era associado às religiões ditas


pagãs ou, mais propriamente, às religiões que existiam antes
do surgimento do Cristianismo. Ele incorporou diversas
entidades divinas, mas é amplamente conectado às origens do
Judaísmo, do Cristianismo e do Islamismo. Essencialmente,
múltiplas entidades são apenas aspectos diferentes da única e
original Entidade Divina.

O sistema hermético propõe que o universo é bom e


que o divino está dentro de cada pessoa e que cada
pessoa é conectada ao Divino (e uma à outra). Isso
está baseado em várias práticas e diferentes escolas
que transmitem um conhecimento secreto, ou gnosis,
com o fim último de finalmente tornar-se apto a
reunir-se ao Divino.

Subjacente a essa crença, similar a muitas crenças


religiosas do mundo, está a ideia de que a humanidade
se afastou do Divino e deve, agora, por meio de
trabalho duro e de conhecimento, retornar ao seu
estado original de união com o Divino.

Como será visto em muitas Tradições Esotéricas Ocidentais, as crenças do Hermetismo são
encontradas em outros sistemas, incluindo o Rosacrucianismo. São um elemento maior no estudo
da alquimia. Também estão intimamente associadas ao Gnosticismo.

Recomendamos a leitura do “Corpus Hermeticum” como uma leitura introdutória para nossos
estudantes.
Pitagorismo

Essa escola filosófica e religiosa de pensamento é


baseada nos ensinamentos de Pitágoras, que viveu em
torno do ano 530 AC. Ele estabeleceu uma comunidade
na Itália, a qual se manteve até cerca do ano 400 a.C.,
quando foram perseguidos e essencialmente erradicados.
Mais tarde, entre os anos 200 a.C. e 200 d.C., a escola
Neopitagórica foi estabelecida.

O ponto principal da crença pitagórica era que os


números constituíam uma chave para a compreensão do
universo e que o homem possuía uma alma que
continuaria a retornar à Terra, isto é, reencarnaria, até
que estivesse aperfeiçoada. O renascimento era visto
como uma consequência dos atos da vida atual.

O pensamento pitagórico a respeito dos números e da matemática incluía o trabalho sobre a


música, a harmonia e as frações. Eles também estudavam geometria. A próxima seção sobre
numerologia baseia-se amplamente no trabalho de Pitágoras e seus seguidores.

A crença na reencarnação incluía a reencarnação em animais e a sociedade então formada era


vegetariana.
O conceito subjacente ao Pitagorismo é que se alguém estudar filosofia, especialmente
matemática, poderá obter o alto estado necessário para cessar as contínuas reencarnações da alma.

Nos tempos do Neopitagorismo, o nome mais famoso que


encontramos é o de Apolônio de Tiana. Ele foi um
contemporâneo de Jesus Cristo. Pregou as ideias
pitagóricas no Oriente Médio e alega-se que viajou para a
Índia. Sua abordagem a respeito de Deus dava-se por meio
do intelecto, não apenas da adoração.

Muitos postularam que Apolônio foi uma “pagão-cristão”.


Alguns dos escritos a seu respeito, datados do século III
a.C., alegam que ele realizou milagres e, eventualmente, foi arrebatado diretamente para o Céu.
Alquimia

Externamente, ou na crença popular, a alquimia é a busca da técnica que converte metais básicos
(i.e., chumbo) em metais preciosos (i.e. ouro). O outro conceito intimamente associado a esse
sistema era a busca pela Pedra Filosofal, a qual pode curar os enfermos e conferir longa vida.

A alquimia tem sempre sido conhecida pelas suas experimentações com vários materiais, pelo uso
de diferentes técnicas e pela descoberta de novas substâncias. Ela é a raiz ou a fonte da química
moderna.

A alquimia pode traçar suas origens no pensamento grego e na visão da composição da matéria
em terra, água, fogo e ar. Os estudos alquímicos e os alquimistas foram encontrados na antiga
China, onde era o estudo dos meios para melhorar a saúde. Ela foi proscrita e desapareceu da visão
pública, mas seus remanescentes podem ser vistos ainda hoje na Medicina Tradicional Chinesa.

Os alquimistas podem ser encontrados depois do surgimento do Islã no Mediterrâneo oriental.


Esses alquimistas eram encontrados principalmente nas Ordens Sufi. Eles faziam experimentos
com a composição da matéria e a inter-relação entre esses elementos. Isso corresponde à grande
ascensão do estudo, da educação e da pesquisa verificada no mundo islâmico.

A alquimia é subsequentemente encontrada na Europa, predominantemente na Espanha moura.


Ela espalhou-se e há muitos personagens famosos associados à alquimia, incluindo-se Sir Francis
Bacon. No período moderno, o psiquiatra Carl Jung foi um alquimista declarado.

Os alquimistas normalmente ocultavam seu trabalho


e usavam símbolos e imagens que representavam os
processos e as descobertas. Quando eles escreveram
a respeito do seu trabalho, eles velaram a informação
usando palavras e frases que apenas outros
alquimistas podiam compreender. Um dos mais
famosos textos alquímicos é o Casamento Alquímico
de Christian Rosenkreuz, o qual será abordado na
seção sobre Rosacrucianismo.
Os alquimistas usavam uma série de métodos específicos no processo de conversão das
substâncias. Há muitas listas diferentes sobre esses processos, mas talvez um dos mais comuns
processos em quatro passos é este:
* Nigredo, um enegrecimento ou melanose;
* Albedo, um embranquecimento ou leucose;
* Citrinitas, um amarelecimento ou xantose;
* Rubedo, um avermelhamento, arroxeamento ou iosis.

Há muitas expansões desse processo, as quais quebram os estágios em 7, 12 ou 14 fases.

O ponto chave da alquimia que muita gente desconhece é que ela não é o estudo da transformação
dos metais, tampouco da criação das substâncias artificiais, mas, antes, é o estudo de como mudar
o indivíduo. Isto é, tomar a base humana (referido como chumbo) e por meio de processos
filosóficos, esotéricos e espirituais torná-la “ouro”.

Numerologia

Numerologia é o estudo de como os números estão conectados aos eventos da vida, ao universo e
à compreensão de si mesmo e do Divino. A cada número são conferidas características específicas.
Letras são reduzidas a números. Certas sequências numéricas têm significados especiais. Palavras
são traduzidas em números para, assim, encontrar-se significados ocultos.

Números que não são apenas um dígito podem ser somados ou subtraídos, resultando num número
único.
Como parte da numerologia, textos sagrados são lidos (a Torah, por exemplo) e as palavras são
examinadas para determinar o que o significado subjacente pode ser. Nomes de pessoas ou, mais
relevantemente, as suas datas de nascimento, serão examinados. Há conexões com a astrologia e
com a Kabbalah.

Dois sistemas diferentes relacionados são a Gematria da Kabbalah e o Pitagorismo, cada qual
usando um sistema de conversão de letras em números. Esses métodos são os mais difundidos nas
tradições ocidentais, mas há numerologia em tradições chinesas e americanas (i.e. Maia).

A numerologia está intimamente associada ao pensamento pitagórico. Pitágoras tinha, em seu


sistema, associações de frações numéricas com vários aspectos do mundo, assim como com outras
frações e o Mundo da Harmonia. Ele também postulou importante diferença entre os números
pares e ímpares.
Rosacrucianismo

Em 1614, um livro foi publicado na Alemanha com o título de


Fama Fraternitatis RC (A Divulgação da Fraternidade da RC).
Ele alegava que, naquela época, havia uma sociedade secreta na
Europa que existia desde 1407, fundada por Christian
Rosenkreuz. Os Rosacruzes tinham a habilidade de curar as
pessoas e estavam trabalhando em trazer a paz ao mundo. Essa
sociedade estava anunciando a si mesma ao mundo por meio desse
livro.

Esse livro causou um grande tumulto na Europa. Muitos escreveram publicamente indagando
como unir-se ao movimento, ao passo que outros escreveram condenando-o. Muitos governos e a
Igreja ficaram preocupados com a influência dessa sociedade secreta e como ela poderia impactá-
los.

Um ano depois, um segundo volume foi publicado: o Confesssio Fraternitatis (A Confissão da


Fraternidade). A especulação original e as preocupações surgiram novamente. Uma Terceira
publicação, o Chymical Wedding of Christian Rosenkreuz (O Casamento Alquímico de Christian
Rosenkreuz) foi, então, publicado. Depois de alguns anos, o nível de interesse aparentemente
desapareceu e não se publicou muito depois disso. Esse período histórico relaciona-se à Guerra
dos Trinta Anos na Europa, o qual resultou em conflito, destruição e repressão por todo o
continente.

No século dezenove, havia um movimento crescente


voltado ao estudo do esoterismo e das sendas espirituais.
Uma manifestação desse movimento expressou-se pela
criação da Societas Rosicruciana in Anglia (SRIA). Essa
sociedade foi estabelecida para que Mestres Maçons
cristãos pudessem se encontrar, a fim de realizarem
pesquisas e apresentarem informações sobre estudos
esotéricos, assim como estudar rituais esotéricos. Outras
organizações foram formadas subsequentemente, seguindo
o sistema da SRIA, algumas delas mais práticas, como
pode ser exemplificado pela Ordem Hermética da Golden
Dawn.
Há evidências históricas da existência de organizações secretas que serviram como pontes entre o
período compreendido entre os Manifestos Rosacruzes originais e o estabelecimento da SRIA.

Essa área de estudo é chamada de Rosacrucianismo. O foco desse movimento é muito amplo e
inclui toda a Tradição Esotérica Ocidental. O aspecto mais fundamental é o exame do lugar do
Homem no Universo e da sua relação com o Divino.

O Rosacrucianismo é a união de muitas tradições esotéricas, mas é essencialmente derivado da


Kabbalah, do Hermetismo e da Alquimia. Ele toma o seu nome do sobrenome do seu fundador,
Christian Rosenkreuz. Ele também introduz o valiosíssimo símbolo conhecido como a Rosa Cruz.
O Rosacrucianismo geralmente professa que o seu conhecimento e as tradições a ele relacionadas
remontam ao menos ao Século Treze.

“O Rosacrucianismo ocupa-se do encorajamento da fraternidade humana e em


compreender a verdadeira natureza e propósito do seu lugar na Criação. A jornada
espiritual a respeito da relação que se tem com o Criador é peculiarmente única e
individual. Contudo, ela não precisa ser solitária. De fato, pode ser necessário ser guiado
e encorajado por um adepto ou alguém que tenha palmilhado e contemplado uma senda
similar.” (Fonte: SRIA)

Gnosticismo

O Gnosticismo relaciona-se ao conceito de gnosis ou conhecimento. A sua crença fundamental é


a de que um dos meios de se progredir na vida e na morte se dá através do estudo e da reflexão, a
fim de se encontrar a gnosis e transcender para o Divino.

O Gnosticismo tem seus primórdios nos primeiros séculos de nossa era. Ele advém tanto do que
se poderia considerar um Cristianismo primitivo, quanto da tradição Judaica. Ele foi originalmente
fundado no Oriente Médio e no Egito e espalhou-se para o mundo.

Uma grande concentração de Gnósticos deu-se no Sul da França. Eles eram conhecidos como
Cátaros. Num dado momento, essa era a religião dominante no Sul da França até que a Igreja
Católica estabeleceu uma cruzada para destruí-los. Ao longo da história, as Igrejas Cristãs
ortodoxas atacaram os Gnósticos e quaisquer outros que acreditavam na salvação pessoal por meio
da gnosis.
No mundo moderno, as crenças gnósticas tornaram-se
estabelecidas. A ascensão do Gnosticismo corresponde
ao crescente despertar da espiritualidade e do misticismo
especialmente na Europa do Século Dezenove. Com a
descoberta dos pergaminhos na moderna Israel,
chamados de a biblioteca de Nag Hamadi e do Mar
Morto, o Gnosticismo recebeu um interesse renovado.
Essas coleções incluem textos adicionais escritos nos
anos de formação do Cristianismo e que foram
suprimidos quando o Cânone Bíblico Cristão moderno
foi determinado. Alguns desses textos trariam uma visão
que defende o Gnosticismo e contradiz a ortodoxia cristã.

Muitos dos primeiros escritos Gnósticos perderam-se;


muitos foram destruídos propositalmente. Muito do
pensando e da crença Gnósticos foi compreendido a
partir da leitura das críticas aos Gnósticos que
sobreviveram.

Muitas dessas críticas eram escritas essencialmente como contemporâneas aos professores
Gnósticos.

A estrutura essencial da crença do Gnosticismo é que há um Deus supremo, que é o criador do


cosmos, e um ser menor chamado de Demiurgo. O Demiurgo criou a Terra e aprisionou o homem
na matéria terrena.

Em algumas vertentes do pensamento Gnóstico, o Demiurgo foi visto como o Deus do Antigo
Testamento; uma entidade ciumenta e caprichosa, propenso à violência e à vingança.

Muitos Gnósticos (incluindo os Cátaros) viam o universo como uma dualidade: havia a matéria
física e o universo físico, que eram vistos como maus, ou, ao menos, como uma barreira ao Homem
na sua busca pelo seu Lar; e havia o mundo incorpóreo ou esotérico, o qual pertence ao Divino,
considerado bom.

A crença Gnóstica contém muitos aspectos de Hermetismo, Rosacrucianismo e Alquimia, assim


como tem muito em comum com o Martinismo. Nos tempos modernos, muitas organizações
religiosas foram criadas seguindo os sistemas de crença Gnósticos, muitas das quais têm laços
diretos com as formas primitivas do Cristianismo.
Martinismo

O Martinismo, tal como é conhecido hoje, relaciona-se aos


ensinamentos de Louis-Claude de Saint-Martin, que tomou
por base os conceitos de autoria de Martinès de Pasqually e
desenvolveu-os naquilo que passou a ser chamado de
“Caminho do Coração”.

O Martinismo ensina a queda do Homem ou a sua separação


do Divino, ficando preso a um plano que é cheio de dor e de
privações. Diz-se que aqueles que não começaram sua
jornada rumo à iluminação estão perdidos na “Floresta dos Erros”.

Os principais conceitos do Martinismo seguirão adiante. Eles incluem o impacto dos três diferentes
fundadores e também a reinterpretação e modernização da ordem e de sua organização.

O Martinismo tem um lugar central na Tradição Esotérica Ocidental, uma vez que tem sido
associado a algumas outras organizações e muitas dessas tradições são seguidas por Martinistas.

O crescimento do Martinismo em popularidade foi seguido por um aumento do despertar do


espiritualismo e do misticismo no mundo moderno. Ele foi, essencialmente, um movimento oculto,
secreto e desorganizado até o final do Século Dezenove.

Modernamente, tem havido uma estreita conexão entre Martinistas e Ordens Martinistas e as
tradições representadas pelo Rosacrucianismo, pela Kabbalah e pelo Hermetismo. Há uma forte
conexão com o Gnosticismo e os grupos religiosos Gnósticos modernos.
Maçonaria

Nenhuma discussão sobre a Tradição Esotérica Ocidental pode se


omitir em discutir a Maçonaria, muito embora a Maçonaria
tradicional não se considere tipicamente esotérica. A Maçonaria
não é oculta e geralmente não diz ter qualquer significado esotérico.

Aquilo que é conhecido como Maçonaria originou-se de uma


mistura de remanescentes do sistema de guildas na Inglaterra (e em
outros lugares) e da investigação da filosofia e do misticismo. Segundo a história que se conta, a
guilda conhecida como os Maçons (ou Maçons/Pedreiros Operativos) passou a permitir que
“cavalheiros” se unissem à organização, essencialmente como expectadores que poderiam
simplesmente assistir às reuniões. Eventualmente, os não praticantes, ou, como são conhecidos,
os Maçons “especulativos” tomaram o comando dessas organizações individuais (conhecidas
como lojas).

Há uma forte evidência de que a Maçonaria especulativa, em seu início, foi influenciada pelo
movimento Rosacruz. Depois do início do século XVIII, a Maçonaria especulativa ganhou
importância e aumentou a sua influência nas Ilhas Britânicas e no continente europeu,
especialmente na França e na Alemanha. Na Europa, foram feitas inovações na Maçonaria que
incluíram outras tradições.

Ao mesmo tempo que alguns grupos de Maçons especulativos estavam explorando conceitos
esotéricos e filosóficos, houve um movimento rumo às sociedades beneficentes. Essas eram
organizações que provinham uma forma inicial de seguridade social, incluindo o levantamento de
fundos para os seus membros, assim como o alívio dos doentes e dos pobres. Essas eram as versões
da classe trabalhadora dos clubes sociais frequentados pelas classes média e alta.

A Maçonaria, especialmente no Reino Unido e nas Américas, abraçou esse aspecto de


benemerência social e, em virtude de conflitos entre grupos na Inglaterra, a Maçonaria, em sua
corrente principal, limitou a sua exploração do esoterismo. Esse não foi o caso em algumas partes
da Europa, nos quais muitos ramos da Maçonaria ainda mantêm o foco no esoterismo.

O Martinismo não é parte da Maçonaria e não requer que seus membros sejam maçons. Entretanto,
muitos maçons são Martinistas e há alguma afinidade entre as tradições. O Martinismo, assim
como em muitas outras tradições esotéricas e a própria Maçonaria, onde os maçons são submetidos
a um ritual iniciático, requer que seus membros em potencial avancem por um processo iniciático.

O Martinismo, tal qual praticado hoje, envolve rituais e níveis de avançamento. Esse é também
um aspecto mais claro da Maçonaria. Muitas organizações maçônicas requerem que seus membros
creiam num Poder Maior. Todos os Martinistas acreditam no Divino.

O principal segredo da maçonaria (alguns dizem que é o seu único segredo) é a sua forma de
reconhecimento, isto é, como um maçom pode reconhecer ou provar que uma outra pessoa é um
Maçom. O Martinismo inclui formas de reconhecimento e um dos seus princípios fundamentais é
que os membros não revelem quem são seus companheiros Martinistas.

O Martinismo também tem uma vinculação com a Maçonaria pelo fato de os seus três fundadores
iniciais terem sido Maçons e a modernização do Martinismo usar conceitos organizacionais
específicos emprestados da Maçonaria.
Martinès de Pasqually

A data exata de nascimento de Martinès de Pasqually não é


sabida, mas ocorreu em algum momento entre 1710 e 1727
na França, na região de Grenoble, localizada nos Alpes
meridionais, próxima ao sul da Suíça.

Há muitas opiniões diferentes sobre as suas origens. Há


aqueles que dizem que ele era português e há quem diga que
ele era espanhol. Alguns dizem que ele era um judeu espanhol
que se converteu ao Catolicismo ou manteve a sua fé judaica,
embora se mantendo exteriormente católico.

O pai de Martinès era um maçom e lhe deu uma carta outorgando-lhe o status de Grão-Mestre
Delegado e permitindo-lhe constituir Grandes Lojas. Dizia-se que a carta original havia vindo dos
Stuarts, que estavam exilados na França.

Martinès mudou-se para Bordeaux e estabeleceu a sua própria escola esotérica e secreta. Dois dos
seus mais famosos estudantes foram Louis-Claude de Saint-Martin e Jean-Baptiste Willermoz.

A organização ou Ordem que Martinès fundou foi os Elus Coën ou “Sacerdotes Eleitos”. O nome
completo era Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Coën do Universo (Ordre des Chevaliers
Maçons Élus Coëns de l’Univers).

Os Elus Coën eram uma ordem esotérica cristã baseada na teurgia. Merriam-Webster define
teurgia como “a arte ou a técnica de compelir ou persuadir um deus ou poder sobrenatural ou
benevolente a fazer ou a impedir algo”.

O propósito dos Eus Coën e do uso da teurgia era auxiliar o homem a retornar a Deus, isto é, a
reintegrar-se a Deus.

Martinès escreveu os seus ensinamentos no livro Tratado da Reintegração dos Seres. Esse livro
parece ter sido publicado por volta de 1773.
Martinès mudou-se para o Haiti em 1772 para cuidar de um
negócio familiar. Assim como muitos europeus, ele sucumbiu
às doenças tropicais e morreu em 1774. Nada além disso foi
(oficialmente) ouvido a seu respeito depois que partiu da
Europa.

Antes da sua partida, seu estudante principal, Louis-Claude de


Saint-Martin, deixou a ordem e limitou seu envolvimento com
Martinès. O outro estudante que citamos, Jean-Baptiste
Willermoz, permaneceu próximo a ele, embora tenha levado os
ensinamentos de Martinès para uma direção diferente.

O ensinamento de Martinès é o alicerce do Martinismo, assim como outras muitas tradições


esotéricas adicionais. O conceito principal diz respeito à Queda do Homem. Essencialmente, ele
diz que num momento primordial, as criaturas que personificam o Homem ou, mais
especificamente, as almas (ou espíritos) do Homem eram de uma única natureza e unidos ao
Divino.

Por meio de um ato de escolha pessoal, livre-arbítrio ou rebelião (ou uma combinação disso), essa
“Alma Humana” unificada foi separada do divino e estilhaçada. Os pedaços formam a alma de
cada ser humano. As privações e dores da vida terrena resultam da separação do Divino e da
fragmentação dos outros pedaços do Homem.

O objetivo de cada ser humano, segundo o ensinamento de Martinès, é trabalhar para se reunir ao
Divino através do trabalho individual. Como esse trabalho deveria ou poderia ser realizado é uma
das principais diferenças entre Martinès, Saint-Martin e Willermoz. Essa reunião é chamada de
Reintegração.

Martinès não recrutava membros ativamente e manteve a sua Ordem pequena e secreta. Ele
buscava “Homens de Desejo”, isto é, a pessoas que estivessem buscando mais Luz e abertas para
aprender.
Louis-Claude de Saint-Martin

Louis-Claude de Saint-Martin nasceu em 1743,


pertencente à classe alta, na parte central da França.
Seguindo os desejos de seu pai, primeiro se formou
como advogado. Depois de concluir essa formação,
ingressou no Exército dos Tempos de Paz, onde tinha
muito tempo livre. Ele esteve arregimentado em
Bordeaux.

Em Bordeaux, ele se tornou Maçom e aluno de


Martinès de Pasqually. Ele finalmente se juntou aos
Elus Coën. Saint-Martin demitiu-se do exército para
se tornar secretário particular de Martinès.

Depois de 1772, Saint-Martin não mais trabalhou com


Martinès. Ele começou a viajar pela França e a
escrever sobre a sua interpretação das obras de Martinès. Ele ficou fascinado com os escritos de
Jakobe Böehme e chegou ao ponto de aprender alemão para que pudesse traduzir as obras de
Böehme do alemão para o francês. Saint-Martin também estava interessado nos escritos de
Emanuel Swedenborg.

Em 1790, Saint-Martin rompeu completamente com a Maçonaria e com os Elus Coën. Dessa época
até sua morte, em 1803, ele se concentrou no que era conhecido como "Caminho do Coração".
Esta foi uma abordagem que enfatizou o trabalho pessoal e privado individuais como etapas
críticas para a eventual Reintegração com o Divino. Ele ensinou homens e mulheres.

Seu primeiro livro, Dos Erros e Da Verdade, ou os Homens Convocados Novamente aos
Princípios da Ciência, foi publicado em 1775 com o pseudônimo de "Filósofo Desconhecido" (Le
Philosophe Inconnu). Ele escreveu vários livros sob este nome até sua morte. Ele se reuniu com
indivíduos e pequenos grupos para discutir e ensinar suas crenças.

A filosofia de Saint-Martin era que cada indivíduo deve encontrar seu próprio caminho de volta a
Deus. Era uma jornada solitária, mas eles poderiam ajudar outras pessoas e também serem
ajudados. O caminho para se reunir a Deus, ou Reintegração, não envolvia rituais ou escritos
exóticos, mas vinha de ouvir a voz de Deus internamente.
Após sua morte, o círculo de amigos que Saint-Martin havia criado continuou a se encontrar e a
transmitir suas ideias a outros. Não havia dogma e nenhuma organização estava envolvida. Esses
‘discípulos’ encontravam-se em toda a Europa. Não havia documentação a respeito desses
‘discípulos’ e, portanto, era bem possível que um discípulo pudesse não ter ideia da existência de
outro.

“Eu quis fazer o bem, mas eu não quis fazer barulho, porque percebi que o barulho não faz
nenhum bem e que o bem não faz nenhum barulho.”

No final do século XIX, um estudante de medicina parisiense, Gérard Encausse, interessado em


espiritualidade e esoterismo, recebeu a transmissão do trabalho de Saint-Martin. Seu nome místico
era Papus. Ele fundou a primeira Ordem Martinista organizada.
Jean-Baptiste Willermoz

Jean-Baptiste Willermoz nasceu em Lyon, França,


em 1730. Ele era proprietário de uma empresa,
fabricante de seda e prata. Ele era muito envolvido
com caridade.

Ingressou na Maçonaria aos 20 anos e, três anos


depois, tornou-se o Mestre de sua Loja. Em uma
década, ele ajudou a estabelecer uma nova Grande
Loja na região de Lyon, que praticava o que veio a
ser conhecido como os “graus superiores” da
Maçonaria. Esses graus estão relacionados com
misticismo, simbolismo e alquimia.

Willermoz uniu-se aos Elus Coën de Martinès e tornou-se um dos seus principais subordinados
até Martinès deixar a França. Ele ajudou a promulgar o trabalho de Martinès após a sua morte.

Willermoz manteve um envolvimento muito próximo com a Maçonaria. Ele estava em contato
com uma organização maçônica alemã conhecida como Ordem da Estrita Observância. Sob a
orientação de Willermoz, isso mais tarde evoluiu para o Régime Ecossais Rectifié (Rito Escocês
Retificado).

Como parte do Rito Escocês Retificado, o sistema de Chevaliers Bienfaisants de la Cité Sainte
(Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa) foi fundado. Ele é conhecido como CBCS.

Willermoz permaneceu vinculado aos CBCS até sua morte, aos 94 anos, em 1824.
Após a morte de Martinès, Willermoz (entre outros) temeu que os ensinamentos pudessem se
perder. A solução de Willermoz foi incorporar a doutrina dos Elus Coën diretamente aos CBCS.

Os CBCS incluem os graus maçônicos normais, mas possuem graus


adicionais.

1º Grau - Aprendiz
2º Grau - Companheiro
3º Grau - Mestre
4º Grau - Maître Ecossais / Mestre Escocês
5º Grau - Ecuyer Novice / Escudeiro Noviço
6º Grau - C.B.C.S.
7º Grau - Chevalier-Profès / Cavaleiro Professo
8º Grau - Chevalier-Grand Profès / Grande Cavaleiro Professo

Os dois últimos graus incluíam especificamente a filosofia e os ensinamentos de Martinès e dos


Elus Coën.

A tradição de Willermoz ditava que apenas maçons do sexo masculino poderiam ser envolvidos
ou iniciados. Este trabalho está relacionado à Reintegração, mas usa uma forma de ritual maçônico
cavalheiresco para seguir esse caminho.
Tradições Martinistas Primitivas (Século XIX)

Após a morte de Louis-Claude de Saint-Martin, não houve movimento organizado com base em
seus ensinamentos. Aqueles a quem ele havia passado seus ensinamentos continuaram suas
jornadas individuais e, quando eles encontravam um 'Homem do Desejo', passavam os
ensinamentos de Saint-Martin.

Havia vestígios de Saint-Martin em muitos lugares, incluindo França, Alemanha, Dinamarca e


Rússia. Cada lugar tinha pelo menos alguns adeptos de seus ensinamentos. Eles provavelmente
eram desconhecidos uns dos outros.

O trabalho iniciado por Willermoz continuou durante esse tempo e os outros movimentos
esotéricos ocidentais continuaram seu próprio crescimento. Houve um aumento significativo do
interesse pelo esoterismo e pelo ocultismo durante o século dezenove. Provavelmente, em virtude
das melhorias na comunicação e no transporte, mais pessoas começaram a estudar essas várias
tradições.

Também havia muito trabalho concluído dentro da Maçonaria e naquelas organizações que eram
semelhantes à Maçonaria. Graus adicionais mais elevados foram estabelecidos, assim como vários
novos grupos. Alguns deles foram a “Ordem Hermética da Aurora Dourada” (Golden Dawn), os
graus mais elevados e combinados dos “Ritos de Memphis e Misraim” e a “Sociedade Teosófica”.

Nessa mistura de movimentos esotéricos e ocultos, vários indivíduos começaram a se aglutinar,


com seu foco principalmente no caminho fornecido por Saint-Martin. O mais importante deles foi
Gérard Encausse.
Adicionando uma estrutura: Papus

Gérard Anaclet Vincent Encausse nasceu em 1865, na


Espanha. Ainda criança, mudou-se para Paris, onde
concluiu os estudos, tornando-se médico e estabelecendo-
se nessa cidade.

Durante seus primeiros anos em Paris, se interessou muito


pela Tradição Esotérica Ocidental. Estudou, entre outros
assuntos, Kabbalah, Tarô, Magia e Alquimia. Por um
curto período de tempo, foi membro da “Sociedade
Teosófica”.

Por volta dos trinta anos, ajudou a fundar uma Ordem


Rosacruz, a “Ordem Kabalística da Rosa-Cruz”. Ele também se juntou à “Ordem Hermética da
Aurora Dourada” (Golden Dawn). Ele adotou o nome místico de ‘Papus’.

Em 1880, Papus recebeu a transmissão de Saint-Martin.. Ele tomou posse de alguns dos escritos
originais de Martinès de Pasqually e também descobriu que um de seus colegas também havia sido
iniciado na filosofia de Saint-Martin.

Pouco depois, em 1884, ele formou a Ordre Martiniste e, mais tarde, estabeleceu um Conselho
Supremo (Grande Conselho) formado por doze membros para dirigir a Ordem.

Papus tomou o que era conhecido do Martinismo e desenvolveu-o de um modo que se traduzia
mais numa progressão gradual para um buscador do conhecimento do que numa transmissão
completa da filosofia de Saint-Martin. Isso foi desenvolvido como uma série de três estágios
específicos, que são normalmente conhecidos como graus.

Os três graus estabelecidos por Papus denominavam-se Associado, Iniciado e Supérieur Inconnu
(Superior Desconhecido). Papus dividiu os ensinamentos e a filosofia de Saint-Martin nesses três
graus. No grau SI, são transmitidos os aspectos finais e mais significativos do legado de Saint-
Martin.
A Ordre Martiniste inicial incluía membros que seguiam várias Tradições Esotéricas Ocidentais
e essas influências foram incorporadas aos ensinamentos dos estágios deste novo sistema de três
graus. O sistema projetado por Papus não foi concebido por Saint-Martin.

O sistema de três graus têm algumas semelhanças com os três graus da Maçonaria. O próprio
Papus não era um Maçom regular, mas pertencia ao “Rito Antigo e Primitivo de Memphis-
Misraim”, um rito maçônico filosófico francês de alto grau. Muitos dos outros primeiros membros
da Ordre Martiniste também eram maçons.

A Ordre Martiniste continuou a se expandir e desenvolveu uma forte presença na Europa, Rússia
e Estados Unidos da América. Desenvolveu tratados de amizade com o “Rito Escocês Retificado”
e contou com uma associação forte com o “Rito de Memphis-Misraim”, estando também
intimamente ligada à Igreja Gnóstica Francesa de Doinel.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Papus ingressou no exército francês como cirurgião.
Ele contraiu tuberculose nas trincheiras e morreu em 1916.
A Era pós-Papus e o conceito de Linhagem

Após a morte de Papus, a Ordre Martiniste


continuou sob seu sucessor imediato, que
morreu logo depois, em 1918. Depois disso, o
próximo ocupante da posição de liderança
impôs a exigência de que os membros da Ordem
fossem maçons. Isso faria com que o
Martinismo se desintegrasse em múltiplas
facções.

Um ramo exigia firmemente que os membros


fossem maçons, enquanto outros ramos não.
Havia também a questão de saber se as mulheres deveriam ser iniciadas. Como a corrente principal
da Maçonaria não permitia (e ainda não permite) a iniciação de mulheres, isso impedia as mulheres
de fazerem parte de várias dessas novas organizações Martinistas.

O conceito de linhagem Martinista é a herança direta da transmissão de um iniciador válido. Isso


deve ser considerado como uma corrente, isto é, a passagem dessa autoridade ou iniciação do
passado, através de muitos indivíduos sequenciais diferentes, ao iniciado atual. No Martinismo, a
linhagem conhecida origina-se em Saint-Martin e a maioria as linhagens passam por Papus.

Assim, aqueles que receberam a transmissão de Papus poderiam atuar como seus sucessores,
traçando sua linhagem, assim como aqueles integrantes das suas gerações sucessivas de iniciados,
traçariam-na de volta a Papus. O próprio Papus traçou sua linhagem até Saint-Martin.

Com este conceito de linhagem, dois Martinistas podem trocar suas próprias linhagens
(reiniciando um ao outro), de modo que cada um possa rastrear sua herança do passado por meio
de um caminho adicional de iniciados. Inicialmente, Papus trocou sua linhagem com Augustin
Chaboseau, para que suas genealogias iniciáticas separadas, provenientes de Saint-Martin, fossem
fortalecidas e os vínculos mais claramente documentados.

O que é essa transmissão que está sendo passada de pai para filho Martinista? É mais do que
simples uma 'autoridade'; na sua raiz, está a transmissão da mensagem e da filosofia de Saint-
Martin. Essa mensagem não é passada para aqueles que não são iniciados e para aqueles que não
estão prontos para recebê-la. Foi por isso que Papus criou os três diferentes graus, sendo que, no
terceiro grau, essa transmissão é finalmente outorgada em sua integralidade. A razão mais
importante desse caminho gradual é que o valor da mensagem e significado daquilo que Saint-
Martin transmitiu é ainda mais tangível e esclarecedor quando conferido de forma ritualística e
progressiva. Assim que uma pessoa recebe a transmissão completa, ela é conhecida como Superior
Desconhecido (Supérieur Inconnu).

Além disso, uma autoridade que também pode ser conferida é aquela capacidade de passar adiante
a transmissão a outros, ou seja, o direito e a capacidade de criar novos Martinistas. Um nível final
de autoridade é ser um Iniciador Livre que, em termos simples, significa ter o direito de criar novos
Martinistas, novos Iniciadores e novas Ordens Martinistas.

Assim, voltando ao conceito de linhagem, qualquer pessoa que recebeu a Iniciação Martinista
válida pode rastrear sua linhagem de volta desde de seu Iniciador até Saint-Martin.

Após a morte de Papus, a Ordem Martinista continuou, mas outras Ordens foram formadas, cada
qual com uma linhagem válida. Algumas Ordens foram criadas devido aos problemas decorrentes
das subsequentes mudanças de liderança e inovações feitas dentro da Ordem. Outras foram criadas
simplesmente em virtude do tempo e da distância. Outras ainda, por causa do desejo de alguns
indivíduos de liderar suas próprias Ordens e expor sua própria interpretação da mensagem
Martinista para o benefício daqueles que buscam a Verdade.

Papus morreu durante a Primeira Grande Guerra, assim como muitos outros Martinistas. Nos anos
seguintes, surgiram muitos outros problemas na Europa e nas Américas. O Martinismo mudou-se
para as Américas (do Norte e do Sul).

Também se misturou com outros movimentos esotéricos durante aqueles anos. As diferentes
ordens cresceram e tornaram-se mais fortes, mas a França continua até hoje o centro do
Martinismo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos Martinistas perderam suas vidas. Além disso, os
regimes totalitários perseguiram os Martinistas, tal como o ocorrido com outras organizações
esotéricas ou fraternais. Muitos dos líderes e apoiadores do Martinismo foram executados.

Desde a guerra, o Martinismo continuou a crescer globalmente e muitas novas Ordens foram
fundadas. O Martinismo está agora estabelecido em todo o mundo, em todos os continentes.
SEGUNDA SEÇÃO: O que é Martinismo?

“O Martinismo ensina-nos sistematicamente a harmonizar e a sintonizar nossa


vontade de beneficiar a humanidade. Nossos ensinamentos exigem que confrontemos
nosso eu inferior e examinemos os defeitos de nossa personalidade. Ao fazer isso,
chegamos mais perto de descobrir a verdadeira natureza e origens de nós mesmos.
Se este grande trabalho for realizado, podemos nos reintegrar em nossas
propriedades, poderes e virtudes originais ”- Lux Intimus

Hoje, a iniciação Martinista é geralmente transmitida sob os auspícios de uma dentre várias Ordens
Martinistas específicas e distintas. Quase todas essas Ordens receberam validamente sua
autoridade para existir e criar novos Martinistas a partir das suas linhagens iniciáticas, traçadas de
volta até Papus.

As várias Ordens Martinistas seguem o sistema de Papus de três graus. Os graus ou níveis podem
ter nomes diferentes, mas correspondem aos de Associado, Iniciado e Supérieur Inconnu. Em
algumas Ordens, um Associado pode ser mantido sem conhecimento das identidades dos Iniciados
e superiores; isto é, o único membro da Ordem Martinista que eles conhecem é o seu Iniciador.
Os Martinistas normalmente são agrupados e se encontram em unidades menores. Essas unidades
podem ser descritas de acordo com uma série de nomes, como Loja, Círculo de Estudos, Oficina,
Círculo de Associados ou Heptada (referindo-se ao número 7). O termo que empregamos é
Heptada.

As Heptadas reúnem-se em uma programação que funciona para os seus membros. Pode ser
mensal, trimestral ou em outra base. A maioria das Heptadas é bem pequena, geralmente com
menos de dez membros, pois um grande número reduz a capacidade da Heptada de responder às
necessidades individuais de seus membros.

As Heptadas são governadas por um Mestre que recebeu a autoridade para administrá-la pela
pessoa ou pessoas responsáveis pela Ordem. Geralmente, há outras posições de liderança na
Heptada. No entanto, em sua forma mais básica, a Heptada é vista como um encontro de indivíduos
iguais, reunidos para um propósito comum. É feito o mínimo de trabalho administrativo possível.
O foco está no estudo e no ritual.
Um membro de uma Heptada pode visitar outra Heptada e, em geral, a maioria das Ordens
Martinistas permite visitantes de outras Ordens, já que a maioria dos Martinistas reconhecem que
aquele que recebeu a transmissão Martinista válida é irmão ou irmã de todos.

Um ponto importante a se ter em mente é que nenhuma Ordem Martinista, Heptada ou Iniciador
que segue os landmarks originais do Martinismo irá cobrar de alguém para ingressar, pertencer ou
ser iniciado. O Martinismo não é comprado nem vendido. É gratuito. Oferecido gratuitamente,
recebido gratuitamente, doado gratuitamente, sem pressão, sem custos e sem expectativas. Esses
princípios existem para garantir que nunca coagiremos membros ou possíveis membros a fazerem
algo que não esteja em simetria com seus desejos ou com a sua jornada pessoal.

O Martinismo sobrevive, financeiramente, por meio de seus membros, que fazem doações para
cobrir os custos mínimos necessários para a realização de reuniões regulares. Os Martinistas
precisam comprar suas próprias roupas ritualísticas e pagar por quaisquer materiais de estudo
(apenas o custo de edição), mas estes devem sempre refletir o custo mínimo e nunca se deve lucrar
com um membro individual ou com a Ordem como um todo.

O que foi dito até aqui não responde à pergunta "O que é Martinismo?”... Simplesmente descreve
o modo como o Martinismo é organizado. Essa é uma informação importante para entender ao
examinar o que o Martinismo é hoje.
O Martinismo, ainda, é basicamente o "Caminho do Coração" descrito por nosso Venerado
Fundador, Louis-Claude de Saint-Martin. É o caminho de um indivíduo que busca a sua própria
regeneração, levando-o, ao final, à Reintegração com o Divino. É a jornada pessoal de descoberta
e autoaperfeiçoamento de quem somos como humanos, nosso lugar como uma parte fragmentária
do mundo e do Divino, e nosso relacionamento com nosso Princípio Criador.

O Martinismo fornece um caminho particular para ajudar os indivíduos a seguirem o Caminho do


Coração e encontrarem seu próprio modo de percorrer a jornada final que todos nós devemos, ao
final, perseguir para atingir o objetivo final. Ele não prescreve como esse caminho deverá se
parecer, nem como deve ser seguido. O Martinismo não tem nenhuma crença dogmática a respeito
do que um indivíduo deve acreditar, nem como ele segue sua jornada única. Cada pessoa deve
trilhar seu próprio caminho. O Martinismo, no entanto, oferece um ambiente inestimável de
segurança e apoio no qual podemos ser iniciados (isto é, dar início) em nossa própria jornada, onde
podemos nos encontrar e estudar, discutir e trocar ideias e interpretações, e nos beneficiar da
orientação daqueles que estão no Caminho há um pouco mais de tempo, para auxiliar e aconselhar
sobre o que ele pode ou não ser.

Uma Heptada Martinista é um lugar onde pessoas podem se reunir e compartilhar um objetivo e
uma direção e é um local que promove o amor e a compreensão. Uma reunião Martinista deve
encorajar uma maior contemplação do Caminho e dos valores individuais de cada um, ao mesmo
tempo em que promove a harmonia e o reconhecimento de nossa conexão com toda a humanidade.

Espera-se que um Martinista conduza seus próprios estudos, autorreflexão e meditação. Ele é
instruído nos princípios fundamentais do Martinismo e, com estudo contínuo e participação,
receba mais conhecimento e esclarecimento.

Em uma base individual, o Martinista gasta tempo estudando. A natureza desse estudo será
apresentada a seguir. Um Martinista também deve gastar tempo absorvendo e refletindo sobre o
conhecimento que recebe. Isso normalmente é feito por meio da contemplação e da meditação e,
para alguns, da oração.

Com outros, em uma Heptada ou não, o Martinista usa os benefícios combinados do ritual e da
discussão para se ajudar a absorver o conhecimento, bem como para auxiliar os outros na
compreensão desses conceitos.
Em uma Heptada, normalmente haverá períodos de discussão aberta; às vezes guiada e moderada,
às vezes não. As discussões podem versar sobre assuntos ou ideias que os membros estudaram
antes da reunião, às vezes sobre um tópico levantado pelo Mestre. Normalmente, também há
discussão sobre o significado dos conceitos-chave em cada grau. Eles são discutidos para que os
membros mais novos possam obter uma base sólida de conhecimento transmitido, preparando-os
para avançar para a próxima etapa.

Heptadas também conduzem rituais. Isso inclui os rituais usados para trazer um novo membro
para o Martinismo e para progredir um membro para um novo grau. Eles seguem os princípios
fundamentais encontrados nas iniciações usadas na maioria dos corpos esotéricos, nos quais o
ritual é usado para preparar mentalmente um aspirante para lhe facilitar o processo de profundo
insight e iluminação.
O Martinismo é apenas para cristãos?

O Martinismo é apenas para cristãos? De modo algum.

Pasqually e Saint-Martin viveram na França durante um


período em que a religião oficial era o Catolicismo
Romano. A Europa, nessa época, era profundamente cristã.
Portanto, não é de todo surpreendente que ambos (e todos
os primeiros Martinistas) fossem cristãos. Essa era a
cultura social universal e o veio tradicional com os quais
estavam habituados.

O Martinismo Contemporâneo, na maioria dos casos, não


tem nenhum requerimento de que seus membros professem
a Fé Cristã Trinitária (há algumas Ordens que requerem a
profissão de Fé Cristã). O Martinismo, inerentemente, não
tem um dogma específico, tampouco uma religião
específica. Seus membros frequentemente pertencem a todas as expressões de fé.

O Martinismo, no entanto, exprime seus ensinamentos e sua cosmogonia do universo em termos


do cristianismo esotérico, embora nenhum verdadeiro Martinista jamais faça uma distinção entre
o valor relativo de cada religião.

Também há uma conexão história entre o Martinismo e a Igreja Gnóstica de Doinel. Papus foi um
membro dessa igreja e muitos Martinistas estiveram envolvidos em uma ou outra forma de fé
Gnóstica. Isso não pressupõe que seja um requisito ao Martinista seguir ou unir-se a esse ou
qualquer outro credo.

Todos os Martinistas, entretanto, creem em um Poder Maior.


Noções Básicas de Estudo para um Martinista

Em certo sentido, os Martinistas estudam tudo ou, mais


especificamente, tudo o que lhes interessa! Cada um está
em seu próprio caminho e, ao longo desse caminho, eles
encontrarão muitos aspectos diferentes para examinar.

Em um sentido mais formal, o escopo de estudo para quem


está iniciando o caminho Martinista é mais limitado. Na
maioria das Ordens, há um currículo de estudo específico.
Embora sejam diferentes de Ordem para Ordem, existem
alguns tópicos específicos que são fundamentais para todos.

Um Currículo Martinista típico inclui o estudo das filosofias de Saint-Martin e Pasqually. Isso
volta-se especificamente para o lugar do Homem no cosmos. Ele examina os aspectos que
conectam os seres humanos ao Divino. Não apresenta uma visão dogmática da cosmologia,
deixando, em vez disso, para o indivíduo determinar como eles interpretam isso.

Outra área de estudo extremamente importante para os Martinistas é a Cabala. No mínimo, a


maioria dos currículos incluirá os conceitos básicos dessa tradição esotérica. Especificamente, é
feita uma revisão dos conceitos dos Pilares das Sephiroth: Severidade e Misericórdia; bem como
se exploram os caminhos das sucessivas Emanações Divinas, de Deus à inconsciente existência
humana e material.

Uma terceira área de estudo seria o básico do Hermetismo, da Numerologia e da Alquimia.


Geralmente, são campos empregados para ajudar a descrever as correspondências e explorar mais
os conceitos propostos por Saint-Martin.

As referências presentes neste caderno fornecerão algum material introdutório para estudo. A
maioria das Ordens Martinistas também tem um corpus considerável de ensino que fornecem aos
iniciados.
SEÇÃO III: Encontrando seu espaço - uma introdução à
meditação

Uma parte muito importante da vida de cada


estudante do esotérico é a meditação. A
meditação tem uma longa história e um
profundo valor nas tradições filosóficas e
religiosas ocidentais e orientais. O propósito
da meditação sempre foi focar a mente,
encorajar a atenção plena, encontrar uma
calma interior, desligando as distrações
externas, e desenvolver a consciência dos aspectos do espírito e da nossa conexão com o Divino,
bem como fornecer um lugar tranquilo para permitir que nossas novas experiências e informações
sejam absorvidas.

A meditação, na sua forma mais simples, é simplesmente criar um tempo de quietude proposital e
um estado de atenção plena sem pensamento específico.

É uma habilidade aperfeiçoada apenas ao longo de anos de prática e que possui muitas formas e
expressões. Algumas maneiras funcionam melhor para algumas pessoas, ou por algum período de
tempo, ou para um propósito específico.

Ao preparar-se para iniciar uma prática de meditação, existem vários recursos que podem ser
consultados. Em geral, quanto mais simples o sistema ou técnica, melhor. Se você já começou a
usar uma técnica e ela funciona para você, então continue.

A parte mais importante da meditação é a sua regularidade. Idealmente, pelo menos uma vez por
dia. Assim como a atividade física, o aprendizado de um instrumento musical, etc, começa-se com
um curto período de tempo e aumenta-se gradualmente.

Não há requisitos para nenhum elemento externo ou ajuda, embora muitas pessoas possam
considerá-los úteis. Tudo o que é necessário para meditar já está contido dentro de cada pessoa.

Embora existam algumas técnicas que requerem posturas corporais específicas ou outros
elementos físicos, o mais importante a se ter é uma posição confortável, que possa ser mantida
com poucos movimentos. Em geral, sentar-se ereto em uma cadeira confortável é geralmente a
mais fácil de se usar. Algumas pessoas acham que deitar é útil, mas isso pode levar ao sono. O
sono é útil e valioso, mas não é meditação e, portanto, pode não ser ideal para você.

O próximo elemento importante é, geralmente, o silêncio, pelo menos no início. Alguns locais
longe de ruídos, luz excessiva ou perturbações externas. Quando possível, usar o mesmo lugar
todos os dias também é útil.

A maioria das pessoas acha que fechar os olhos ou usar uma venda para os olhos ajuda-as a focar-
se e a concentrar-se. Outros focalizarão sua visão em um objeto específico. Pode ser um ícone ou
imagem que tenha um significado pessoal para você ou pode ser uma vela. Esta técnica é
normalmente usada em uma área mal iluminada. Alguns começarão a meditação concentrando a
visão e, mais tarde, fecharão os olhos.
Muitas técnicas enfocam a respiração. Pode ser através do controle da respiração, mas muitas
vezes se começa simplesmente com a consciência da própria respiração e com o foco na inspiração
e na expiração.

Fundamentalmente, o processo de meditação é desfocar todos os estímulos externos a nós mesmos,


excluindo estímulos físicos e sensuais, auditivos, olfativos e visuais que distraem nossa mente de
se concentrar internamente.

A contagem do tempo também é um fator útil a se considerar. Pode-se definir um alarme para
avisar quando tiver cessado o tempo reservado para a meditação.

Uma ferramenta valiosa é manter um diário e registrar suas experiências cada vez que você
meditar. Registre seus pensamentos sobre a sessão, o que você percebeu e sua experiência geral.

Existem aqueles que combinam a oração simples com a meditação. Geralmente, trata-se de um
pedido para o Divino usar o tempo dedicado a meditação para o Propósito. Uma oração, ao final,
é então para agradecer ao Divino pelo tempo usado para meditar. A oração é um item opcional.

Um regime de meditação muito simples poderia ser:

• em um horário regular e em um local regular (quando possível);


• em uma sala silenciosa e pouco iluminada;
• usar uma cadeira confortável para se sentar, sem desconforto e com pouco movimento;
• sentado de maneira ereta, os pés no chão e as mãos soltas sobre as coxas;
• talvez usando uma referência visual para iniciar a sessão, como olhar diretamente para
uma vela bruxuleante;
• uma oração de abertura;
• definir um alarme, se necessário;
• começar com o foco na respiração; respirar regularmente, ouvir e sentir a entrada de ar e
a expiração;
• não persiga os pensamentos que vêm à sua cabeça, mas simplesmente relaxe sua mente,
livre de influências externas e distrações, mantendo o foco da concentração na respiração
e retornando ao foco sempre que necessário. Se você perder o controle ou o foco, volte à
concentração na respiração;
• complete sua meditação, faça uma oração opcional, se for apropriado para você, e registre
suas experiências.

Não desanime se você achar difícil a meditação no início ou se você luta para manter o foco ou o
desapego. Como qualquer exercício, leva tempo para treinar os músculos, nesse caso, o músculo
da mente. Às vezes, você vai estagnar ou encontrar uma "parede" que luta para não quebrar.
Experimente variações nas técnicas e converse com outras pessoas que também meditam em busca
de ideias e ajuda.

Recomendamos que você pratique esses exercícios de meditação regularmente.


MEDITAÇÃO CARDÍACA EM TRÊS FASES

“A alma do homem só consegue viver de veneração [...].


Bem-aventurados os que purificam seu coração
para que ele possa servir de espelho à Divindade,
porque a própria Divindade será um espelho para eles”
Louis-Claude de Saint-Martin

Tendo em vista as instruções anteriores a respeito da meditação, agora o introduziremos a


uma técnica de meditação muito benéfica, que você poderá experimentar e introduzir no seu
dia a dia. Futuramente, caso seja seu desejo postular entrada na Ordem Martinista da R+C
Dourada, ser-lhe-á exigida a apresentação de um relatório acerca da sua experiência com
essa prática. Nesse caso, cobraremos que você tenha realizado a meditação, diariamente, por
um período mínimo de uma semana.

PRIMEIRA FASE: ORATIO (Oração)

Inicie sua prática pela oração apresentada a seguir. Ela foi escrita por Louis-Claude de Saint-
Martin, Nosso Venerável Mestre, e, enquanto a recitar, procure senti-la em seu coração. Por
meio dela, procure elevar sua vibração interior e buscar proximidade com o Sagrado que
habita seu coração:

Fonte Eterna de tudo o que existe, envia a este que Te busca o Espírito da
Verdade para que o aproxime para sempre de Ti. Que o fogo desse Espírito
consuma até o último vestígio do antigo homem e, após tê-lo consumido,
faze daquela massa de cinzas um novo homem, sobre o qual Tua santa mão
não desdenhe verter Tua Santa Unção. Que a Vida, universalmente una,
transforme todo o meu ser na unidade de Tua imagem, meu coração na
unidade de Teu amor, minha ação numa unidade de obras de justiça e meu
pensamento numa unidade de luzes. Sim, Deus de minha vida, só em Ti
posso encontrar a existência e o sentimento de meu ser. Graças Te sejam
dadas, Deus de paz e de amor!

Nesse momento, se isso for confortável para você, acenda uma vela. Tenha em mente que a
chama da vela simboliza a presença da Eterna Fonte. Em seguida, acenda uma vareta de
incenso e proceda com a segunda oração:
Senhor, que este incenso que ofereço a Ti se torne uma verdadeira imagem
da pureza de meus pensamentos, palavras e ações para Tua maior Glória.
Senhor, ouve minhas preces a fim de que minhas palavras e minha vontade
correspondam à Tua. Que minha oração se torne, de agora em diante, um
verdadeiro Perfume que ofereço a Ti para a Eternidade. E que este Perfume
se torne um símbolo do fervor com o qual te invoco a fim de que eu possa
me tornar sinceramente unido com Tua presença. Receba este Perfume
como prova de meu amor. Amém.

SEGUNDA FASE: PURIFICATIO (Purificação)

Faça, então, a terceira oração. Ela descreve um processo que deve ser empreendido por meio
da visualização enquanto é recitada. Ou seja, empregue sua imaginação e visualize que um
raio realmente está sendo emitido:

Que um raio seja emitido do seio da Unidade e se dirija para o Sol e, de lá,
em linha reta, para nossa Mãe Terra, no ponto exato em que estou neste
momento. Que ele se infunda em mim, parte por parte, e me purifique.
Depois, que ele se dirija para o seio de nossa Mãe Terra, levando minhas
impurezas, de início negras, depois menos escuras, ainda menos escuras,
depois cinzentas, ainda mais cinzentas, quase brancas, mais brancas, e
depois, que volte em linha reta para o seio do Sol e de lá retorne para o seio
da Unidade, tendo cumprido seu circuito e seu círculo perfeito. Que a paz
e a concórdia estejam em meu coração e reúnem no mundo inteiro. Que
Deus venha em meu auxílio em cada momento de minha vida. Louvores lhe
sejam dados! Amém!

TERCEIRA FASE: CARITAS (Caridade)

G. O. Mebes nos ensina que o centro energético cardíaco é aquele cujo desenvolvimento acelerado
não apresenta perigos. Além dos métodos puramente ocultos, existem também métodos místicos
para desenvolver o chacra cardíaco. Um deles, bem conhecido na Tradição mística ortodoxa, é a
prática da oração. O método é o seguinte: 1. Escolher determinada oração curta; 2. Repeti-la
mentalmente, concentrando-se nela e, com isso, vivificando-a; 3. Visualizar seu coração e dentro
dele uma “pequena cela oculta”; 4. Repetir a oração “conduzindo a mente para dentro do
coração”, isso é, imaginar que a oração se faz dentro dessa “cela”.

Nessa terceira fase, empregaremos esse processo. Como oração, utilizaremos a palavra latina
CARITAS (Caridade), que deve ser recitada mentalmente, segundo o ritmo respiratório, dividida
pelas sílabas que a compõe. Desse modo, ao inspirar, diga mentalmente “CA”. Ao segurar o ar
nos pulmões por alguns instantes, diga mentalmente “RI” e, ao exalar, diga mentalmente “TAS”.
Repita esse procedimento por alguns minutos.

Tenha em mente que o fogo do coração, sendo um Fogo Espiritual, queima qualquer desarmonia.
É o melhor purificador do corpo astral inteiro. Segundo o testemunho dos grandes místicos, nos
graus superiores do desenvolvimento espiritual, a oração continua a se fazer dentro do coração
ininterrupta e automaticamente. O Fogo do Coração leva à espiritualização integral da pessoa.

Você poderá optar por encerrar a prática por meio de uma quarta oração:

Benditos sejam aqueles que estão acima de nós, que estão abaixo de nós,
aqueles que estão à nossa esquerda, aqueles que estão à nossa direita,
benditos sejam aqueles que nos amam, aqueles que nos odeiam e graças
aos quais podemos progredir no caminho da Reintegração. Que a paz, a
alegria e a caridade reinem no coração de todos os seres. Amém.

“O verdadeiro esoterismo é a ciência das adaptações cardíacas”


Gerard Encausse
Próximos Passos: Isso é para mim?

A resposta mais óbvia para a pergunta 'Isso é para mim?' é que, se for, você saberá.

Se o que foi apresentado neste caderno e o que foi


compilado de outros materiais que você possa ter lido o
levar a um estado de curiosidade ou de otimismo
entusiástico em relação ao Martinismo, então é provável
que você encontre satisfação e valor ao seguir este
caminho específico.

Você está disposto a fazer um esforço sincero para


buscar respostas, estudar, meditar e assistir às reuniões,
conforme suas circunstâncias permitirem? Você está
aberto a novos pontos de vista e ideias de outras
pessoas? Você pode deixar de lado a estreiteza
dogmática do que pode ter sido ensinado anteriormente
sobre espiritualidade, sobre religião, sobre nosso lugar no Universo e sobre nosso relacionamento
com o Divino?

Se as respostas a essas perguntas forem afirmativas, você poderá estar pronto para seguir em frente.

O material fornecido neste breve documento não responderá a todas as suas perguntas, nem o
deixará sábio; nosso intento é deixá-lo com curiosidade e interesse em aprender mais.
Recomendamos que você procure encontrar algum tempo calmo e introspectivo; isto é, tentar
alguma forma de meditação regular.

O velho ditado “quando o discípulo estiver pronto, uma porta se abrirá” é muito verdadeiro no
Martinismo (e no esoterismo em geral). Se você estiver pronto, uma oportunidade será fornecida.
Você precisará encontrar um Martinista que guiará sua entrada. Ele ou ela pode não ser seu
Iniciador; eles podem nem mesmo estar presentes em sua iniciação. Você pode não encontrar, a
princípio, outros membros do grupo.

Você pode procurar informações de contato em sites, incluindo o site da OMR+CD.


Independentemente da Ordem com a qual você faça contato, qualquer verdadeiro Martinista
entrará em contato com você se você sinceramente solicitar ajuda. Os próximos passos ser-lhe-ão
apresentados.

Você pode preencher o formulário anexo e devolvê-lo por e-mail para a MOGR+C em
arquivista.nacional@grc-martinist.org e receberá uma resposta clara e genuína.

Se, após refletir, você decidir que o Martinismo não é para você, então desejamos o maior sucesso
em seu próprio caminho pessoal, seja para onde for que ele possa levá-lo. Esperamos,
sinceramente, que este documento tenha-o ajudado de alguma forma a tomar as decisões certas
para você.

Possa Você Sempre Habitar na Luz!


Recomendações de Leitura:

A lista a seguir não é exaustiva, nem prescritiva.

O objetivo de fornecê-la é dar a alguém que está começando, e está


claramente interessado, uma série de recursos diferentes para começar seu
estudo.

Uma vez iniciado o caminho da pesquisa pessoal, espera-se que o indivíduo


amplie sua leitura, bem como encontre áreas de particular interesse para ele.

AUTORES OBRAS
Gerard Encausse (Papus) A Cabala
ABC do Ocultismo
O Ocultismo
Tarô dos Boêmios
Tratado de Ciências Ocultas
Tratado Elementar de Magia Prática
Jacob Boehme A Aurora Nascente
Revelação do Grande Mistério Divino
Jean-Baptiste Willermoz O Homem-Deus: Tratado das Duas Naturezas
Louis-Claude de Saint-Martin Dos Erros e da Verdade
Cartas ao Homem de Desejo
O Crocodilo
O Homem de Desejo
O Novo Homem
Quadro Natural
Martinez de Pasqually Tratado da Reintegração dos Seres
Monte Cristo Martinismo: A Misteriosa Ordem dos Filósofos
Desconhecidos
Percival, S::I:: O Manual Martinista (Temas de Ocultismo
Tradicional)
Saint Yves O Arqueômetro
Stanislas de Guaita No Umbral do Mistério
Anônimo Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do
Tarô
Conde Saint-German Santíssima Trinosofia
Dion Fortune As Ordens Esotéricas e seu Trabalho
Aspectos do Ocultismo
Cabala Mística
Preparação e Trabalho do Iniciado
Eliphas Levi Dogma e Ritual de Alta Magia
Chave dos Grandes Mistérios
História da Magia
Evelyn Underhill Misticismo
G. O. Mebes Os Arcanos Maiores do Tarô: seu simbolismo,
suas iniciações e seus passos para a realização
espiritual
Os Arcanos Menores do Tarô: seu simbolismo,
suas iniciações e seus passos para a realização
espiritual
Henry Cornelius Agrippa Três Livros de Filosofia Oculta
Karl von Eckartshausen Nuvem sobre o Santuário
Richard Smoley Esoterismo, Gnosticismo e Magia
Que é a Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada?

A Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada é uma Ordem


Martinista tradicional, com herança direta e linhagem de
uma Tradição Martinista bem estabelecida, que conservou
e reintegrou todas as miríades de linhagens dos fluxos
díspares da Ordem Martinista Universal. Estamos
trabalhando ativamente para promover a cooperação e o
apoio entre os Martinistas em todo o mundo, que
compartilham nossa convicção de que a reintegração deve
ocorrer em todos os níveis, inclusive entre as diversas
Ordens que compõem a Ordem Martinista Universal, para o benefício da humanidade. Agora,
apresentamo-nos ao mundo para servir a qualquer buscador genuíno da Verdade.

Nossa Ordem descende diretamente da linhagem da Ordre Martiniste et Synarchique de Victor


Blanchard.
Nossa liderança possui linhas válidas de transmissão de todas as correntes Martinistas conhecidas
que se fragmentaram da Ordre Martiniste original de Papus (Gerard Encausse), bem como das
linhagens russas mais diretas de filiação de Louis-Claude de Saint-Martin. Assim, reintegramos
as linhagens díspares que o ego individual permitiu divergir e estamos ativamente buscando
retornar à unidade da Ordem Martinista Universal.

Como tal, temos uma série de tratados de amizade e concordatas com outras Ordens Martinistas
altamente respeitáveis e estamos mais desejosos de superar discordâncias pessoais anteriores e
diferenças históricas de opinião, a fim de reconciliar todos os Martinistas para continuar a Grande
Obra, unidos em espírito e direção.

Nossa Ordem tem Heptadas em todo o Canadá, no Brasil, na Europa, bem como unidades em
formação em outras regiões do mundo.

O acesso à nossa Ordem é um assunto privado entre o Aspirante e a Ordem. Nenhuma investigação
genuína será ignorada, nem tratada sem o respeito que merece. Por favor, sinta-se à vontade para
nos contatar em arquivista.nacional@grc-martinist.org caso deseje seguir o caminho de estudo do
Caminho Martinista do Coração e sinta que nossa Ordem seria benéfica para você.
Se não formos capazes de ajudar, ficaremos felizes em encaminhá-lo para outras Ordens
Martinistas altamente respeitáveis e confiáveis que podem operar em sua região geográfica
específica.

A Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada oferece apenas as iniciações puras e tradicionais no


Caminho Martinista, e apenas pessoalmente. Nenhum curso por correspondência está disponível.
Nossas Heptadas na América do Norte e do Sul, bem como na Europa, permitem-nos oferecer um
acesso ao aspirante, se geograficamente razoável para ele.

Aqueles que desejam seguir o Caminho do Coração, mas não têm nenhum grupo a uma distância
razoável, podem ingressar pessoalmente em um grupo existente mais distante e, posteriormente,
serem orientados durante o curso de estudos por meio de assistência online.

Como acontece com qualquer Ordem Martinista genuína, nenhuma taxa será cobrada para
associação, iniciação ou instrução.
Martinist Order of the Golden Rosy + Cross
Ordem Martinista da Rosa + Cruz Dourada
“Encontre Luz e abrigo aqui!”

Ref.: CANDIDATURA
FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO

Por favor, envie o formulário de inscrição completamente preenchido para o endereço


fornecido no final. Não aceitaremos candidaturas ilegíveis ou incompletas.
Todas as informações serão mantidas em sigilo.

DADOS PESSOAIS

NOME: ( )Sr. ( )Sra.:

ENDEREÇO:

CIDADE:

ESTADO:

PAÍS:

E-MAIL:

TEL:

CEL:

GRAU DE INSTRUÇÃO:

PROFISSÃO:
DÚVIDAS

Registre suas dúvidas a respeito das atividades da OMR+CD.

RELIGIOSIDADE

Indique quais seus princípios religiosos (ou religião) e se os pratica:

INFORMAÇÕES DE NASCIMENTO

DATA:

HORA:

LOCAL:

Faz uso contínuo de medicamento? ( ) Sim ( )Não


Se sim, qual o motivo?____________________________________________________

Problemas de acessibilidade? ( )Sim ( ) Não


Se sim, qual?____________________________________________________________
ESTUDO PRÉVIO E EXPERIÊNCIA

QUANDO SEU INTERESSE EM ESTUDOS MÍSTICOS SURGIU E O QUE DEU INÍCIO A ESSE INTERESSE?

COMENTE A RESPEITO DE ESTUDOS MÍSTICOS REALIZADOS E/OU A RESPEITO DE LEITURAS QUE


TENHA FEITO.
QUAL SUA EXPERIÊNCIA COM MEDITAÇÃO? VOCÊ MEDITA REGULARMENTE?

VOCÊ ESTÁ PREPARADO(a) PARA DEDICAR PARTE DE SEU TEMPO PESSOAL AO ESTUDO MÍSTICO E À
MEDITAÇÃO?

VOCÊ JÁ FOI INICIADO(a) NO MARTINISMO? (EM UM TEMPLO) ( ) SIM ( ) NÃO

SE SIM, UTILIZE O ESPAÇO ABAIXO PARA DETALHAR. NESTE CASO, TAMBÉM INCLUA UMA FOTOCÓPIA
DE SEU CERTIFICADO DE INICIAÇÃO (AMBOS OS LADOS).
PERTENCE A OUTRA(s) ORGANIZAÇÃO(ções) OU ESCOLA(s) ESOTÉRICA(s)? ( ) SIM ( ) NÃO

SE SIM, UTILIZE O ESPAÇO ABAIXO PARA DETALHAR. NÃO DEIXE DE CITAR O(s) NOME(s) DA(s)
ORGANIZAÇÃO (ções), FUNÇÃO(ções) EXERCIDA(s) E A(s) DATA(s) DE AFILIAÇÃO(ções).

PERTENCEU A OUTRA(s) ORGANIZAÇÃO(ções) OU ESCOLA(s) ESOTÉRICA(s)? ( ) SIM ( ) NÃO

SE SIM, UTILIZE O ESPAÇO ABAIXO PARA DETALHAR. NÃO DEIXE DE CITAR O(s) NOME(s) DA(s)
ORGANIZAÇÃO (ções), FUNÇÃO(ções) EXERCIDA(s) E A(s) DATA(s) DE AFILIAÇÃO(ções) E
AFASTAMENTO(s).
CARTA DE INTENÇÕES

POR FAVOR, UTILIZE ESSA PÁGINA PARA SE APRESENTAR E INDICAR AS RAZÕES PARA SEU DESEJO
EM ADERIR À ORDEM MARTINISTA DA ROSA+CRUZ DOURADA.

VOCÊ ESTÁ SENDO APADRINHADO NA OMR+CD? ( ) SIM ( ) NÃO

SE SIM, INDIQUE O NOME DE SEU PADRINHO:


RELATÓRIO:
MEDITAÇÃO CARDÍACA EM TRÊS FASES

POR FAVOR, UTILIZE ESSA PÁGINA PARA RELATAR SUA EXPERIÊNCIA COM A MEDITAÇÃO CARDÍACA
EM TRÊS FASES. VOCÊ DEVE TÊ-LA PRATICADO DIARIAMENTE POR UMA SEMANA COMPLETA.
TERMO DE COMPROMISSO

PARA O FIM DE DAR INÍCIO À MINHA CANDIDATURA, DECLARO ESTAR DE ACORDO E CIENTE DE
QUE:

A OMR+CD É UMA ORGANIZAÇÃO ESOTÉRICA SEM FINS LUCRATIVOS: ( ) SIM ( ) NÃO

OS ENSINAMENTOS DISPENSADOS PELA OMR+CD ESTÃO BASEADOS PRINCIPALMENTE NO


MISTICISMO CRISTÃO, NA KABBALAH E DEMAIS VERTENTES DA TRADIÇÃO ESOTÉRICA
OCIDENTAL: ( ) SIM ( ) NÃO

A OMR+CD TOMA COMO OBJETIVO AMPLIAR A PERCEPÇÃO ESPIRITUAL INDIVIDUAL PARA O


APERFEIÇOAMENTO DA HUMANIDADE: ( ) SIM ( ) NÃO

ESPERA-SE QUE OS MEMBROS TENHAM, AO MENOS, UMA NOITE SEMANAL RESERVADA PARA OS
ESTUDOS E PRÁTICAS MARTINISTAS: ( ) SIM ( ) NÃO

A OMR+CD PRIMA PELA CONVIVÊNCIA FRATERNA ENTRE SEUS MEMBROS E PELA MANUTENÇÃO
DE ESPAÇOS PRIVILEGIADOS DE PENSAMENTO E REFLEXÃO LIVRES: ( ) SIM ( ) NÃO

A OMR+CD NÃO COMPACTUA COM COMPORTAMENTOS QUE REFLITAM PRECONCEITOS DE


RELIGIÃO, RAÇA, ORIENTAÇÃO SEXUAL OU GÊNERO: ( ) SIM ( ) NÃO

O DESENVOLVIMENTO DENTRO DA OMR+CD PREVÊ FREQUÊNCIA E PARTICIPAÇÃO NAS


REUNIÕES E ENCONTROS DESENVOLVIDOS EM HEPTADAS OU CÍRCULOS: ( ) SIM ( ) NÃO

O PRESENTE ATO DE CANDIDATURA NÃO SIGNIFICA AFILIAÇÃO AUTOMÁTICA NA OMR+CD E UMA


ENTREVISTA PODE SER AGENDADA ANTES QUE O PARECER FINAL DA CANDIDATURA SEJA
FORNECIDO:
( ) SIM ( ) NÃO

EM CASO DE OMISSÕES DE INFORMAÇÕES RELEVANTES, O PRESENTE ATO DE CANDIDATURA SERÁ


DESCONSIDERADO: ( ) SIM ( ) NÃO

HAVENDO APROVAÇÃO DA CANDIDATURA, INDICAÇÕES SERÃO FORNECIDAS A RESPEITO DE


VESTIMENTAS QUE DEVERÃO SER CONFECCIONADAS. SOMENTE ENTÃO A DATA DA
INICIAÇÃO/ADOÇÃO/REGULARIZAÇÃO PODERÁ SER AGENDADA, DE ACORDO COM A AGENDA DA
HEPTADA: ( ) SIM ( ) NÃO
ENVIE SEU FORMULÁRIO COMPLETO PARA:

SÂR AMASYS

arquivista.nacional@grc-martinist.org

VOCÊ GOSTARIA DE SE INSCREVER PARA O CURSO DE ESOTERISMO OCIDENTAL ?


( ) SIM ( ) NÃO

USO INTERNO
(Não preencher)

Submetido ao Legado Nacional no dia:

Data da entrevista (se houver):

Entrevistador (se houver):

Parecer da entrevista (se houver):

Aprovação emitida pelo Legado Nacional no dia:

Aprovado para: ( ) Iniciação ( ) Adoção ( ) Regularização

Data da Iniciação/Adoção/Regularização:

Nome Esotérico do Iniciador:

Local da Iniciação:

Número de Afiliação:

Você também pode gostar