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BREVIÁRIO ROSACRUZ

Introdução
Eis o grande lema da alquimia: Ora et Labora.  Por esta
razão a prática da oração sempre foi muito valorizada por
alquimistas, rosacruzes e martinistas. Mesmo Papus, tão
conhecido por sua curiosidade intelectual e domínio dos
mais cerimoniais tipos de teurgia concluiu ao final de sua
vida que apenas a prece nos capacita a receber as
influências mais elevadas como uma chave que abrimos
por dentro e que permite uma conexão com o plano
divino.

Uma forma de descobrir o poder da oração é pela prática


constante da Liturgia da Horas, também chamado Ofício
Divino, que nada mais é do que dar as preces a mesma
importância que damos a higiene e alimentação. Nela
orações são feitas de forma sistemática e rotineira de três
a cinco vezes por dia. Esta é uma prática comum entre
judeus, cristãos e muçulmanos. Martines de Pasqually
também seguinte Liturgia das Oras aos seus alunos:

 A Oração das Seis Horas (ou seja, as 6h, 12h 18h e 24h)
na qual eram lidos Salmos e Passagens do Novo
Testamento.
 O “Saltério da penitência” (Salmos 6, 32, 39, 51, 102,
130 e 143) feito a cada Luna Nova.
 Os Miserere, toda as quintas-feiras. Primeiro o salmo 51
para o Oriente e depois, com o rosto em contato com a
terra, o salmo 130 voltado ao Oriente.
Os três graus da Prece

 Prece dos Lábios: Este é o primeiro nível de prece e é


caracterizada por ser oral e externa. Consiste em recitar
palavras ou textos sagrados, ou até mesmo em fazer
evocações de entidades divinas. Não há problema algum
em usar orações prontas como o Pai Nosso ou os Salmos.
Muitas vezes não saber o que dizer pode nos afastar da
prática e acabamos por não dizer nada. Porque não então
usar as palavras deixadas pelos santos, profetas e pelo
próprio Cristo? Em algumas tradições, a prece dos lábios
é realizada em uma postura específica, como ajoelhado,
prostrado ou na posição de lótus. O objetivo desta prática
é aprofundar a conexão com o divino, expressando de
forma verbal a fé, a gratidão, o pedido de ajuda, a
adoração e a reverência aos seres divinos.

 Prece da Alma: prece dos lábios pode se tornar mecânica


e vazia de significado, quando a pessoa repete palavras
sem compreender o seu real sentido ou sem sentir
verdadeiramente a presença divina. Por isso, é importante
que a prece dos lábios seja acompanhada por um estado
de consciência concentrado e elevado, a fim de que as
palavras ditas possam atuar como um canal para a energia
espiritual. A transição da prece dos lábios para a prece
mental é um passo importante na busca pela comunhão
espiritual. Nessa fase, é necessário se concentrar
plenamente no significado das palavras proferidas e, aos
poucos, abandonar a necessidade de expressar a prece de
forma oral. A prece mental consiste em manter o diálogo
com o divino apenas no plano do pensamento, o que
requer um elevado grau de concentração e disciplina
interior.

 Prece do Coração: A prece mental é importante, mas


não é suficiente para uma experiência espiritual completa.
Para alcançar a plenitude da prece, é preciso transcender
o plano mental e chegar ao coração da prece, onde uma
conexão profunda com o divino pode ser estabelecida. No
entanto, para chegar a esse estágio de contemplação, é
necessário um longo aprendizado e esforço constante. É
preciso silenciar a mente e controlar as emoções para que
o coração possa se abrir para a presença divina. Essa
jornada requer perseverança, paciência e humildade, mas
pode levar a experiências profundas de amor e paz
interior.

Embora a Prece do Coração no arrebate algumas veze, tê-


la atingido não significa que se deve abandonar
totalmente as Preces de Alma e dos Lábios. 
Etapas Preparatórias

1. Purificação: Lavar o rosto, fazer uma refeição leve e


silenciosa jejuar ou beber um pouco de água fresca são
atos de purificação que podem fazer toda diferença na sua
experiência na medida que avisam seu corpo, mente e
alma de que algo especial se aproxima. Assim dizia
Louis-Claude de Saint-Martin: “Purifique teu corpo e em
seguida apresente-se à prece; o resto acontece sozinho,
está ai todo o segredo.” Alguns atos externos podem
ajudar nessa purificação interna como diminuir a luz e
acender uma vela, retirar-se para um lugar isolado (como
Cristo fazia), prostar-se, colocar-se de joelhos ou sentado
ereto, ouvir uma música suave ou ler um texto sagrado. O
importante é, como ensinou o Filosofo Desconhecido,
purificar seu coração para que ele possa servir de espelho
à Divindade, porque então a própria Divindade será um
espelho para eles.

2. Gratidão: O papel da oração e da própria Via Cardíaca,


segundo Luis-Claude de Saint-Martin é fazer Deus entrar
em nosso coração. Por isso o sentimento de Gratidão é
uma grande chave para tornar perfeita a Prece dos Lábios
ou mesmo levá-lo prontamente a Prece do Coração.
Nossa oração deve ser sempre uma Ação de Graças, não
preocupada em pedir vantagens ou benesses mas sim nos
colcoar em concordância com as vontades de Deus
lembrando de sua misericordia ao “enumerar todos males
dos quais não sofremos”, como ensinou Saint-Martin.
3. Comunhão: Esta predisposição a Pureza e a Gratidão nos
coloca em condições de entrar em comunhão com os
influxos divinos e ao trabalho espiritual. Esta comunhão é
difícil de descrever em palavras mas quando ela ocorre a
alma se cala. Como disse Louis-Claude de Saint-Martin,
“quem não sentiu este sopro doce da sabedoria descer
sobre si e fazer cair por terra todas as matérias estranhas
que obstruíam esse fogo ainda não conheceu o verdadeiro
caminho.” O fruto da Comunhão não é outro senão a
sabedoria, como disse o monge Évagrio Pónlico: “O
estado de oração é um hábito imperturbável que, por um
amor supremo, desperta, acima dos cumes intelectuais, a
inteligência repleta de sabedoria.”

4. Ação: A comunhão é seguida de uma vontade clara em


compartilhar esta experiência com todos os outros seres
da Criação. Historicamente o ser humanos sempre
cometeu o erro grosseiro de fazer este compartilhamento
pelo proselitismo da própria fé em uma tentativa
infrutífera de fazer as outras pessoas melhores. Na
realidade a melhor ação que se pode fazer para o restante
da criação é a própria melhora pessoal. Para ser aquilo
que o Filósofo Desconhecido chamou de “divulgadores
ambulantes de Deus no mundo” nossa primeira e mais
urgente medida é a nossa própria regeneração.

A Prece do Coração
A Prece do Coração tem como objetivo atingir o estado
de Hesychia, um termo grego que significa “quietude” ou
“paz interior” no qual ocorre a união com Deus.

1. Repetir continuamente um nome divino a respiração


controlada.
2. Fazer essa invocação ‘de todo coração” a fim de situá-la
verdadeiramente no plano da alma.

O nome deve ser repetido mentalmente (Prece da Alma)


mas se sentir necessidade faça-a como uma Prece dos
Lábios para começar. Aos poucos você deve migrar para
uma devoção silenciosa repetindo mentalmente o nome
Ieschouah, sem pressa de chegar a qualquer estado
místico mas desfrutando a companhia do Cristo. A
melhor forma de fazer isso é seguindo o ritmo de
respirações profundas, inspiramos profundamente pelo
nariz e internalizando a palavra ‘Ieschouah” enquanto
expiramos pelo tempo que desejarmos. Aos pouquinhos
busque respirar num ritmo o mais lento possível mas sem
desconforto.

Se pensamentos dispersivos surgirem, retome a repetição


do nome. Manter esse silêncio interior pode ser
desafiador mas em vez de tentar lutar contra eles é
melhor deixá-los passar sem lhes dar atenção.

À medida que elevamos nosso estado de consciência e


permitimos que a paz divina invada nossos corações,
podemos desacelerar o ritmo das repetições espaçando
cada vez mais o nome ‘Ieschouah’ e no intervalo entre os
nomes encontrar a quietude perfeita e o sentimento da
Presença Divina que os antigos cristãos chamavam de
Hesychia. Assim como diz em Salmos 46:10, “Estejam
quietos e saibam que eu sou Deus”

Litanie Sanctorum
SUPPLICATIO AD DEUM

V. Kyrie, eléison
R. Christe, eléison
V. Kyrie, eléison

V. Christe, audi nos


R. Christe, exáudi nos

V. Pater de cælis, Deus


R. Miserére nobis

V. Fili, Redémptor mundi, Deus


R. Miserére nobis

V. Spíritus Sancte, Deus


R. Miserére nobis

V. Sancta Trinitas, unus Deus


R. Miserére nobis

INVOCATIO SANCTORUM

V. Sancta Maria
R. Ora pro nobis

V. Sancta Dei Genitrix


R. Ora pro nobis

V. Sancta Virgo vírginum


R. Ora pro nobis

V. Sancte Michael
R. Ora pro nobis

V. Sancte Gabriel
R. Ora pro nobis

V. Sancte Raphael
R. Ora pro nobis

V. Omnes sancti Angeli et Archangeli


R. Orate pro nobis

V. Omnes sancti beatórum Spirituum ordines


R. Orate pro nobis

PATRIARCHAE ET PROPHETAE

V. Sancte Joánnes Bapista


R. Ora pro nobis

V. Sancte Joseph
R. Ora pro nobis

V. Omnes sancti Patriarchæ et Prophetæ


R. Orate pro nobis

APOSTOLI ET DISCIPULI
V. Sancte Petre
R. Ora pro nobis

V. Sancte Paule
R. Ora pro nobis

V. Sancte Andrea
R. Ora pro nobis

V. Sancte Jacobe
R. Ora pro nobis

V. Sancte Joánnes
R. Ora pro nobis

V. Sancte Thoma
R. Ora pro nobis

V. Sancte Jacobe
R. Ora pro nobis

V. Sancte Philippe
R. Ora pro nobis

V. Sancte Bartholomæe
R. Ora pro nobis

V. Sancte Matthæe
R. Ora pro nobis
V. Sancte Simon
R. Ora pro nobis

V. Sancte Thaddæe
R. Ora pro nobis

V. Sancte Matthia
R. Ora pro nobis

V. Sancte Barnaba
R. Ora pro nobis

V. Sancte Luca
R. Ora pro nobis

V. Sancte Marce
R. Ora pro nobis

V. Omnes sancti Apóstoli et Evangelistæ


R. Orate pro nobis

V. Omnes sancti Discipuli Dómini


R. Orate pro nobis

MARTYRES

V. Omnes sancti Innocéntes


R. Orate pro nobis

V. Sancte Stephane
R. Ora pro nobis

V. Sancte Laurenti
R. Ora pro nobis

V. Sancte Vincenti
R. Ora pro nobis

V. Sancti Fabiane et Sebastiane


R. Orate pro nobis

V. Sancti Joánnes et Paule


R. Orate pro nobis

V. Sancti Cosma et Damiane


R. Orate pro nobis

V. Sancti Gervasi et Protasi


R. Orate pro nobis

V. Omnes sancti Mártyres


R. Orate pro nobis

EPISCOPI ET DOCTORES

V. Sancte Silvester
R. Ora pro nobis

V. Sancte Gregóri
R. Ora pro nobis
V. Sancte Ambrosi
R. Ora pro nobis

V. Sancte Augustine
R. Ora pro nobis

V. Sancte Hieronyme
R. Ora pro nobis

V. Sancte Martine
R. Ora pro nobis

V. Sancte Nicolaë
R. Ora pro nobis

V. Omnes sancti Pontifices et Confessores


R. Orate pro nobis

V. Omnes sancti Doctores


R. Orate pro nobis

PRESBYTERI ET RELIGIOSI

V. Sancte Antoni
R. Ora pro nobis

V. Sancte Benedicte
R. Ora pro nobis
V. Sancte Bernarde
R. Ora pro nobis

V. Sancte Dominice
R. Ora pro nobis

V. Sancte Francisce
R. Ora pro nobis

V. Omnes sancti Sacerdotes et Levitæ


R. Orate pro nobis

V. Omnes sancti Monachi et Eremitæ


R. Orate pro nobis

SANCTAE DEI

V. Sancta Maria Magdalena


R. Ora pro nobis

V. Sancta Agatha
R. Ora pro nobis

V. Sancta Lucia
R. Ora pro nobis

V. Sancta Agnes
R. Ora pro nobis

V. Sancta Cæcilia
R. Ora pro nobis

V. Sancta Catharina
R. Ora pro nobis

V. Sancta Anastasia
R. Ora pro nobis

V. Omnes sanctæ Virgines et Viduæ


R. Orate pro nobis

V. Omnes Sancti et Sanctæ Dei


R. Intercédite pro nobis

INVOCATIO AD CHRISTUM

V. Propitius esto
R. Parce nobis, Dómine

V. Propitius esto
R. Exáudi nos, Dómine

V. Ab omni malo
R. Libera nos, Dómine

V. Ab omni peccáto
R. Libera nos, Dómine

V. Ab ira tua
R. Libera nos, Dómine
V. A subitanea et improvisa morte
R. Libera nos, Dómine

V. Ab insídiis diaboli
R. Libera nos, Dómine

V. Ab ira, et ódio, et omni mala voluntáte


R. Libera nos, Dómine

V. A spíritu fornicatiónis
R. Libera nos, Dómine

V. A fulgure et tempestate
R. Libera nos, Dómine

V. A flagello terræmotus
R. Libera nos, Dómine

V. A peste, fame et bello


R. Libera nos, Dómine

V. A morte perpetua
R. Libera nos, Dómine

V. Per mystérium sanctæ Incarnatiónis tuæ


R. Libera nos, Dómine

V. Per advéntum tuum


R. Libera nos, Dómine
V. Per nativitátem tuam
R. Libera nos, Dómine

V. Per baptismum et sanctum jejunium tuum


R. Libera nos, Dómine

V. Per crucem et passiónem tuam


R. Libera nos, Dómine

V. Per mortem et sepultúram tuam


R. Libera nos, Dómine

V. Per sanctam resurrectiónem tuam


R. Libera nos, Dómine

V. Per admirábilem ascensiónem tuam


R. Libera nos, Dómine

V. Per advéntum Spíritus Sancti Paracliti


R. Libera nos, Dómine

V. In die judicii
R. Libera nos, Dómine

SUPPLICATIO PRO VARIIS


NECESSITATIBUS

V. Peccátores
R. Te rogamus, audi nos
V. Ut nobis parcas
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut nobis indulgeas
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut ad veram pœniténtiam nos perducere dignéris


R. Te rogamus, audi nos

V. Ut Ecclésiam tuam sanctam regere et conservare


dignéris
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut domnum Apostolicum et omnes ecclésiasticos


ordines in sancta religióne conservare dignéris
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut inimícos sanctæ Ecclésiæ humiliare dignéris


R. Te rogamus, audi nos

V. Ut regibus et principibus christiánis pacem et veram


concordiam donare dignéris
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut cuncto pópulo christiáno pacem et unitátem largiri


dignéris
R. Te rogamus, audi nos
V. Ut omnes errántes ad unitátem Ecclésiæ revocare, et
infidéles universos ad Evangelii lumen perducere dignéris
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut nosmetipsos in tuo sancto servítio confortare et


conservare dignéris
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut mentes nostras ad cælestia desideria erigas


R. Te rogamus, audi nos

V. Ut ómnibus benefactoribus nostris sempiterna bona


retríbuas
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut ánimas nostras, fratrum, propinquorum et


benefactórum nostrórum ab æterna damnatióne erípias
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut fructus terræ dare et conservare dignéris


R. Te rogamus, audi nos

V. Ut ómnibus fidelibus defunctis requiem æternam


donare dignéris
R. Te rogamus, audi nos

V. Ut nos exáudire dignéris


R. Te rogamus, audi nos
CONCLUSIO
V. Fili Dei
R. Te rogamus, audi nos

V. Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi


R. Parce nobis, Dómine

V. Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi


R. Exáudi nos, Dómine

V. Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi


R. Miserére nobis

V. Christe, audi nos


R. Christe, exáudi nos

V. Kyrie, eléison
R. Christe, eléison. Kyrie, eléison

Pater Noster (silentio)

V. Et ne nos inducas in tentationem.


R. Sed libera nos a malo.

Salmo LXIX (69)


Ao mestre do coro. De David. Para memória.

2. Apraza-te, ó Deus, libertar-me. Senhor, apressa-te em


me socorrer.

3. Sejam confundidos e envergonhados os que procuram


tirar-me a vida, Voltem atrás e sejam envergonhados, os
que se comprazem nos meus males.

4. Retirem-se cheios de confusão, os que (insultando) me


dizem: "Bem feito, bem feito!"

5. Regozijem-se e alegrem-se em ti todos os que te


buscam; e os que desejam o teu caminho digam sempre:
"Glorificado seja o Senhor!"

6. Eu, porém, sou miserável e pobre, ó Deus, socorre-me.


Tu és o meu protector e o meu libertador: Senhor, não te
demores.

Saltério da Penitência

(Feito a cada Lua Nova)


Salmo VI (6)

Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Em


oitava. Salmo de Davi.

2. Senhor, em vossa cólera não me repreendais, em vosso


furor não me castigueis.

3. Tende piedade de mim, Senhor, porque desfaleço;


sarai-me, pois sinto abalados os meus ossos.

4. Minha alma está muito perturbada; vós, porém,


Senhor, até quando?...

5. Voltai, Senhor, livrai minha alma; salvai-me, pela


vossa bondade.

6. Porque no seio da morte não há quem de vós se


lembre; quem vos glorificará na habitação dos mortos?

7. Eu me esgoto gemendo; todas as noites banho de


pranto minha cama, com lágrimas inundo o meu leito.

8. De amargura meus olhos se turvam, esmorecem por


causa dos que me oprimem.

9. Apartai-vos de mim, vós todos que praticais o mal,


porque o Senhor atendeu às minhas lágrimas.
10. O Senhor escutou a minha oração, o Senhor acolheu a
minha súplica.

11. Que todos os meus inimigos sejam envergonhados e


aterrados; recuem imediatamente, cobertos de confusão!

Salmo XXXII (32)

1. Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e


cujo pecado é coberto.

2. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui


pecado e em cujo espírito não há engano.

3. Enquanto me calei, envelheceram os meus ossos pelo


meu bramido o dia todo.

4. Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o


meu humor se tornou em sequidão de estio.

5. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não


encobri. Disse: Confessarei ao Senhor as minhas
transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado.

6. Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de


te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas a
ele não chegarão.

7. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas na


angústia, e me cinges de alegres cantos de livramento.
8. Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o cominho que deves
seguir; guiar-te-ei com os meus olhos.

9. Não sejais como o cavalo ou a mula, que não têm


entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio, ou
não virão a ti.

10. Muitas são as dores do ímpio, mas o constante amor


do Senhor cercará aquele que nele confia.

11. Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, vós, os justos;


cantai alegremente todos vós que sois retos de coração.

Salmo XXXIX (39)

1. Ó Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me


castigues no teu furor.

2. Pois as tuas flechas se cravaram em mim, e a tua mão


sobre mim desceu.

3. Não há coisa sã na minha carne, por causa da tua


cólera; nem há paz em meus ossos, por causa do meu
pecado.

4. As minhas iniquidades já ultrapassaram a minha


cabeça, como carga pesada são demais para as minhas
forças.
5. As minhas chagas cheiram mal, e estão purulentas, por
causa da minha loucura.

6. Estou encurvado e muito abatido; ando lamentando o


dia todo.

7. Os meus lombos estão cheios de dores; não há coisa sã


na minha carne.

8. Estou fraco e totalmente quebrantado; dou gemidos por


causa da angústia do meu coração.

9. Senhor, diante de ti está todo meu desejo; o meu


gemido não te é oculto.

10. O meu coração está agitado, minha força me falta; até


a luz dos meus olhos me deixou.

11. Os meus amigos e os meus companheiros me evitam,


por causa da minha chaga; os meus parentes põem-se à
distância.

12. Os que buscam a minha vida me armam laços, e os


que procuram o meu mal falam da minha ruína;
imaginam engano o dia todo.

13. Eu sou como surdo, que não ouve, e como mudo, que
não abre a boca;
14. sou como um homem que não ouve, e em cuja não há
réplica.

15. Em ti, ó Senhor, espero; tu, ó Senhor meu Deus, me


ouvirás.

16. Pois eu disse: Não permitas que se alegrem de mim, e


se engrandeçam quando resvala o meu pé.

17. Pois estou prestes a cair, e a minha dor está


constantemente perante mim.

18. Confesso a minha iniquidade; entristeço-me por causa


do meu pecado.

19. Os meus inimigos estão vivos e fortes; aumentam os


que sem causa me odeiam.

20. Os que pagam mal pelo bem me caluniam, pois eu


sigo o que é bom.

21. Não me desampares, ó Senhor; ó meu Deus, não te


distancies de mim.

22. Apressa-te em meu auxílio, ó Senhor, minha


salvação.

Salmo LI (51)
1. Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo o teu
constante amor; segundo a tua grande compaixão, apaga
as minhas transgressões.

2. Lava-me completamente da minha iniquidade, e


purifica-me do meu pecado.

3. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu


pecado está sempre diante de mim.

4. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal


diante dos teus olhos, de modo que és justificado quando
falas, e puro quando julgas.

5. Certamente em iniquidade fui formado, e em pecado


me concebeu a minha mãe.

6. Certamente te amas a verdade no íntimo; no oculto me


fazes conhecer a sabedoria.

7. Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e


ficarei mais alvo do que a neve.

8. Faze-me ouvir júbilo e alegria; regozijem-se os ossos


que tu quebraste.

9. Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as


minhas iniquidades.
10. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em
mim um espírito reto.

11. Não me lances fora da tua presença, e não retires de


mim o teu Espírito Santo.

12. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me


com um espírito voluntário.

13. Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e


os pecadores a ti se converterão.

14. Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da


minha salvação, e minha língua cantará a tua retidão.

15. Abre, ó Senhor, os meus lábios, e a minha boca


entoará o teu louvor.

16. Não te comprazes em sacrifícios, senão eu os traria;


não te deleitas em holocaustos.

17. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a


um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó
Deus.

18. Abençoa a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica


os muros de Jerusalém.
19. Então te agradarás dos sacrifícios de retidão, dos
holocaustos e das ofertas queimadas; então sobre teu altar
se oferecerão novilhos.

Salmo CII (102)

1. Ó Senhor, ouve a minha oração; chegue a ti o meu


clamor.

2. Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha


angústia. Inclina para mim os teus ouvidos; no dia em que
eu clamar, ouve-me depressa.

3. Porque os meus dias se desvanecem como a fumaça; os


meus ossos ardem como lenha.

4. O meu coração está ferido e seco como a erva; até me


esqueço de comer o meu pão.

5. Os meus ossos se pegam à minha pele, em virtude do


meu gemer doloroso.

6. Sou semelhante à coruja do deserto, como uma coruja


entre as ruínas.

7. Velo, e sou como o pardal solitário no telhado.

8. Os meus inimigos me afrontam o dia todo; os que


contra mim enfurecem, me amaldiçoam.
9. Em vez de pão como cinza, e misturo com lágrimas a
minha bebida,

10. por causa da tua ira e da tua indignação, pois me


levantaste e me arrojaste de ti.

11. Os meus dias são como a sombra que declina; como a


erva me vou secando.

12. Mas tu, ó Senhor, permaneces para sempre; a tua


memória de geração em geração.

13. Tu te levantarás e terás piedade de Sião, pois o tempo


de te compadeceres dela, o tempo determinado, já
chegou.

14. Porque os teus servos têm prazer nas suas pedras;


compadecem-se do seu pó.

15. As nações temerão o nome do Senhor, e todos os reis


da terra a sua glória.

16. Pois o Senhor edificará a Sião, e na sua glória se


manifestará.

17. Atenderá à oração do desamparado; não desprezará a


sua petição.

18. Escreva-se isto para a geração futura, e o povo que


está por vir louve ao Senhor.
19. O Senhor olhou do alto do seu santuário, dos céus
observou a terra,

20. para ouvir o gemido dos presos, para soltar os


sentenciados à morte.

21. De sorte que o nome do Senhor será anunciado em


Sião, e o seu louvor em Jerusalém,

22. quando os povos nos reinos se congregarem para


servir ao Senhor.

23. Ele abateu a minha força no caminho; abreviou meus


dias.

24. Disse eu: Ó Deus meu, não me leves no meio dos


meus dias; os teus anos alcançam todas as gerações.

25. Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são


obras das tuas mãos.

26. Eles perceberão, mas tu permanecerás; todos eles,


como um vestido, envelhecerão. Como roupa os mudarás,
e os atirarás fora.

27. Mas tu és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.

28. Os filhos dos teus servos habitarão na tua presença; a


sua descendência será estabelecida diante de ti.
Salmo CXXX (130)

1. Das profundezas a ti clamo, ó Senhor.

2. Ó Senhor, ouve a minha voz. Estejam os teus ouvidos


atentos ao meu clamor por misericórdia.

3. Se tu, ó Senhor, observares as iniquidades, ó Senhor,


quem subsistirá?

4. Mas contigo há perdão; portanto és temido.

5. Aguardo ao Senhor, a minha alma o aguarda, e espero


na sua palavra.

6. A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os


guardas pela manhã, mais do que os guardas pela manhã.

7. Espera, ó Israel, no Senhor, pois no Senhor há


constante amor, e nele há plena redenção.

8. Ele remirá a Israel de todas as suas iniquidades.

Salmo CXLIII (143)

1. Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os ouvidos ao


meu clamor por misericórdia; escuta-me segundo a tua
fidelidade, e segundo a tua retidão.
2. Não entres em juízo com o teu servo, pois à tua vista
não se achará justo nenhum vivente.

3. O inimigo persegue a minha alma, abate-me até o


chão; faz-me habitar na escuridão, como aqueles que
morreram há muito.

4. Pelo que o meu espírito se esmorece dentro de mim; o


meu coração em mim está desolado.

5. Lembro-me dos dias antigos; medito em todos os teus


feitos e considero a obra das tuas mãos.

6. Estendo para ti as minhas mãos; a minha alma tem


sede de ti como terra sedenta.

7. Apressa-te em ouvir-me, ó Senhor; o meu espírito


desfalece. Não escondas de mim a tua face, para que não
me torne semelhante aos que descem à cova.

8. Faze-me ouvir do teu constante amor pela manhã, pois


em ti confio. Faze-me saber o caminho que devo seguir,
pois a ti levanto a minha alma.

9. Livra-me, ó Senhor, dos meus inimigos, pois em ti é


que eu me refugio.

10. Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus;


guie-me o teu bom Espírito por terra plana.
11. Preserva-me a vida, ó Senhor, por amor do teu nome;
por amor da tua retidão, tira a minha alma da angústia.

12. Por teu constante amor, silencia os meus inimigos;


destrói a todos os meus adversários, pois eu sou teu
servo.

Miserere

(Feito todas as quintas-feiras)

 Recita-se o Salmo 51 voltado para o Oriente.

 Recita-se o Salmo 130, com a fronte tocando a


terra, e voltado ao Oriente.
Encerramento

(Prece de Louis-Claude de Saint Martin)

Irei para ti, Deus de meu ser; irei para ti, todo corrompido
como sou; irei apresentar-me diante de ti com confiança.
Irei apresentar-me em nome de tua eterna existência, em
nome de minha vida, em nome de tua santa aliança com o
homem; e esta tripla oferenda será para ti um holocausto
de agradável odor, sobre o qual teu espírito fará descer
seu fogo divino para consumi-lo e retornar em seguida à
tua santa morada, carregada e toda plena dos desejos de
uma alma indigente que só suspira por ti. Senhor, Senhor,
quando ouvirei pronunciar, no fundo de minha alma, esta
palavra consoladora e viva com a qual tu chamas o
homem por seu nome, para anunciar-lhe estar ele inscrito
na milícia santa e que queres admiti-lo na fileira de teus
servidores? Pelo poder desta palavra santa, encontrar-me-
ei logo cercado pelas memórias eternas de tua força e de
teu amor, com as quais marcharei corajosamente contra
teus inimigos, e eles partirão diante dos formidáveis
trovões que sairão de tua palavra vitoriosa. Ai de mim,
Senhor, cabe ao homem de miséria e de trevas formular
semelhantes votos e conceber tão soberbas esperanças?
Ao invés de poder golpear o inimigo, não seria necessário
que ele almejasse, ele mesmo, evitar seus golpes? Ao
invés de parecer, como outrora, coberto de armas
gloriosas, não está ele reduzido, como um objeto de
opróbio, a verter prantos de vergonha e de ignomínia nas
profundezas de seu retiro, não ousando sequer mostrar-se
à luz do dia? Ao invés destes cantos de triunfo que
outrora o deviam seguir e acompanhar suas conquistas,
não está ele condenado a fazer-se escutar através de
suspiros e soluços? Concede-me ao menos, Senhor, uma
graça: que todas as vezes que sondares meu coração e
meus rins, não os encontres jamais vazios de teus
louvores e de teu amor. Sinto, e não gostaria jamais de
deixar de sentir, que nunca há bastante tempo para
louvar-te; e que, para que esta santa obra seja realizada de
uma maneira que seja digna de ti, faz-se mister que todo
o meu ser esteja tomado e dirigido por tua eternidade.
Permite, pois, ó Deus de todo minha vida e de todo meu
amor, permite à minha alma buscar fortalecer sua
fraqueza no teu poder; permite-lhe formar contigo uma
linha santa que me torne invencível ao olhos dos meus
inimigos e que me ligue de tal forma a ti pelos votos do
meu coração e do teu, que me encontres sempre tão
ardoroso e tão dedicado ao teu serviço e à tua glória,
tanto quanto o és à minha libertação e à minha felicidade.

Amém.

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