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Vivências do tempo e do espaço

As vivências do tempo e do espaço cons tuem-se como dimensões fundamentais de todas as


experiências humanas. O ser, de modo geral, só é possível nas dimensões reais e obje vas do
espaço e do tempo. Portanto, o tempo e o espaço são, ambos, condicionantes fundamentais do
universo humano e estruturantes básicos da nossa experiência.

Para Aristóteles: Em seu “Tratado do tempo” - se o tempo existe ou não e se ele é cons tuído
por momentos presentes que se sucedem. Assim, movimento e repouso, mudança e
permanência, bem como a natureza dos entes que estão subme dos ao tempo, foram temas
di ceis e relevantes para o grande filósofo da An guidade.

Logo depois, Santo Agos nho irá ques onar sobre o tempo. Para ele, só o tempo passado e o
futuro podem ser longos ou curtos; apenas eles têm duração. Mas como algo que não existe
pode ser longo ou curto? O passado e o futuro parecem ter duração, mas não existência; o
presente existe, mas não tem duração.

Para o sico Isaac Newton (1643-1727) e o filósofo Go ried W. Leibniz (1646-1716), o espaço
e o tempo produzem-se exclusivamente fora do homem e têm uma realidade obje va plena. São
realidades independentes do ser humano.

o filósofo alemão Immanuel Kant (1724- 1804) defende que o espaço e o tempo são dimensões
básicas, que possibilitam todo e qualquer conhecimento, intrínsecas ao ser humano como ser
cognoscente e não se pode conhecer realmente nada que exista fora do tempo e do espaço.
En dades que pairam fora do tempo e do espaço, como Deus, a liberdade ou a alma humana,
não podem ser propriamente conhecidas. Pode-se pensar sobre elas, mas nunca conhecê-las
obje vamente, pois não se dão no tempo e no espaço.

Segundo o filósofo Bergson, o problema é que os pensadores sempre se referiram à duração


(temporalidade) como uma extensão (espacialidade): “Quando evocamos o tempo, é o espaço
que responde ao chamado” (Bergson, 1984). Bergson (1984) propõe que, para captar o que
realmente o tempo é, o que significa a duração, deve-se abandonar tal a tude. Diz ele:
Abandonemos esta representação intelectual do movimento, que o desenha como uma série de
posições. Vamos direto a ele, consideremo-lo sem conceitos interpostos: nós o vemos simples e
uno. A essência da duração está em fluir, nunca veremos algo que “dure” ao nos atermos ao
estável acoplado ao estável. O tempo, a duração, o movimento é o contrário, é o fluxo, é a
con nuidade de transição, a mudança ela mesma. Esta mudança é indivisível (Bergson, 1984).

Para Mar n Heidegger (1889-1976), o homem deve ser compreendido pelas condições básicas
do “estar/ser no mundo”, “estar/ser com os outros” e, fundamentalmente, como “ser para a
morte”. Para o filósofo alemão, analisar o tempo é observar o homem em sua maior contradição:
a tensão permanente entre permanência e transitoriedade, poder e impotência, desejo pela vida
e irremediavelmente marcado pela inevitável morte.

Por fim, cabe ressaltar que a dimensão temporal da experiência humana relaciona-se com os
chamados ritmos biológicos. Os de maior importância para a psicopatologia são: o ritmo
circadiano (dura cerca de 24 horas, alternando-se o dia e a noite), os ritmos mensais relacionados
principalmente ao ciclo menstrual (dura cerca de 28 dias), as variações sazonais (as quatro
estações do ano) e as grandes fases e marcos da vida humana (gestação, nascimento, infância,
adolescência, período adulto, velhice e morte).

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