Você está na página 1de 1

1.1.

O Tempo em Platão Cosmologia Racional


A concepção platónica do tempo pode ser encontrada no Timeu,
obra em que o filósofo grego apresenta sua cosmogonia. Há ali Podemos concluir que a cosmologia racional é o estudo
uma contraposição entre aquilo que nunca se transforma e sempre natural racional da natureza do ponto de vista da sua
“é”, que pode ser apreendido pela razão e pela inteligência, e as especialidade substancial e das propriedades, usando
coisas que sempre mudam e nunca “são”, a respeito das quais unicamente o pensamento lógico no sentido de racional.
temos somente um conhecimento temporário e imperfeito: a
Trata-se da natureza do natural, da constituição essencial das
“opinião”1. Na primeira categoria estariam Deus e as ideias.
1.1. O Tempo em Aristóteles coisas, da sua origem e devir. Ė o estudo racional da
natureza usando unicamente o pensamento lógico “ razão”.
Embora bastante influenciada por Platão, a concepção aristotélica Ela está contida na metafísica especial, uma ciência que
do tempo é diferente em muitos aspectos. Para Aristóteles, se estuda as regiões ou áreas específicas do Ser (Reall &
tempo e movimento encontram-se intimamente relacionados, não Antiseri, 1990, p. 105).
podem ser identificados um com o outro. Não existe tempo se não
há movimento (entendido mais amplamente como mudança). No
entanto, o movimento pode sofrer variações, cessar, ser uniforme Categorias do ser
ou não, mas o próprio tempo não vária. Por ser regular e eterno, o
movimento da esfera celeste é privilegiado, estabelecendo a
medida perfeita desse tempo (mas não produz o tempo, como na Quando falamos das categorias do Ser, referimo-nos as
visão platónica). Mas se o movimento dos céus “marca” o tempo, grandes divisões que o mesmo comporta. Chama-se
este último também marca os demais movimentos, de modo que há categorias os diversos modos do Ser. Segundo Aristóteles, o
uma dependência recíproca: conceito de Ser ou ente especifica-se em dez géneros
supremos (categorias). Para Aristóteles, existem 10
O tempo, para Aristóteles, é infinito em dois sentidos: do ponto de categorias do ser, sendo que a primeira é substância e 9
vista da adição, pois não pode esgotar-se por nenhuma adição de restantes são acidentes.
partes, e do ponto de vista da divisão, ou seja, é divisível ad
infinitum.
Substância
1.1. O Tempo em Plotino
A substância é o que existe em si e não no noutro, segundo
Representante e um dos fundadores do chamado neo˗platonismo, Aristóteles, isto é, é aquilo que tem o Ser em si mesmo
nome dado ao ressurgimento das ideias de Platão no início da era
cristã, Plotino é considerado o último dos grandes filósofos da
(sendo por isso sempre o sujeito).
Antiguidade. Não era cristão, e em sua filosofia considerava o
mundo material um receptáculo para as “formas ideais” impostas Acidentes
pela “alma do mundo” (Whitrow, 1993, p. 77). Essa, por sua vez,
seria a responsável pelo constante devir e pelas transformações do
mundo que, separado do “Um” – princípio divino de tudo o que Acidente é tudo aquilo que ocorre ou acontece. Portanto o
existe – insere-se na temporalidade. As contínuas acidente só em existe na substância; é o predicado da
transformações representam a busca do pelo retorno ao eterno, sustância, quer dizer não existe em si por si. A sua
ao “Um”. Estar no tempo é estar afastado deste princípio original, existência esta dependente do outro ser no qual se pode
uno e indivisível (Piettre, 1997, pp. 27-28). consubstanciar o seu ser.

1.1. O Tempo em Santo Agostinho


Grupo dos Acidentes: substância, quantidade, qualidade,
relação, acção, paixão, lugar, tempo, posição e estado.
As considerações sobre o tempo de Santo Agostinho costumam ser
bastante lembradas em trabalhos que tratam desse tema. Agostinho
foi seguidor da corrente neo-platônica, antes de abraçar o A essência
cristianismo em 386. Sua visão sobre o tempo, manifesta
principalmente nas obras A cidade de Deus e Confissões, foi
A essência é aquilo que faz com que uma coisa seja aquilo
influenciada principalmente por Platão e Plotino.
que realmente é, distinguindo-se das restantes coisas.
A existência é actualização da essência, é realidade, é a
1.1. O Tempo em René Descartes substância primeira, ou seja em acto. Portanto, existir
A física e a cosmologia de Descartes eram essencialmente
qualitativas. Ainda assim, ele foi o responsável pela formulação
precisa do princípio da inércia e elaborou também uma teoria
bastante complexa para explicar o surgimento e a evolução do
universo. Nela, admite um início temporal do mundo, a partir do qual
um conjunto de “leis naturais” – determinadas pela vontade divina –
explicaria o seu desenvolvimento posterior.

1.1. Espaço em Immanuel Kant


Na Exposição Metafísica do Espaço, Kant discute o primeiro aspecto
da intuição a priori. O espaço, por meio do sentido externo, que é
uma propriedade da mente, representa os objectos como forma fora
do indivíduo, dando a ele a percepção espacial, colocando estes
mesmos objectos num campo de observação. A partir desta
construção espontânea do espírito, podemos determinar suas formas
e sua quantidade.

Aristoteles

A primeira concepção é de Espaço como lugar (v.), como posição de


um corpo entre outros corpos. Nesse sentido, o Espaço é definido por
Aristóteles como "o limite imóvel que abraça um corpo" (Fís., IV, 4,
212 a 20), definição que Aristóteles reconhece idêntica ao conceito
platónico que identificava Espaço e matéria (Tim., 52 b, 51 a).
Segundo esse conceito, não haverá Espaço onde não houver objecto
material; por isso, a tese principal dessa teoria do Espaço é a
inexistência do vazio (cf. ARISTÓTELES, FÍS., IV, 8, 214 b 11).
(ABBAGNANO, 2007, p.348)

Você também pode gostar