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Origens
A história da teoria anima mundi remonta aos pré-socráticos e esteve presente nas
filosofias de Platão, Plotino, Plutarco, Virgílio, Cícero e outros.[3] sendo considerada tão
antiga quanto a própria filosofia ocidental.[1] A Escola de Alexandria aderiu aos pontos de
vista de Platão e reconheceu a Inteligência e a Divindade como superiores à alma do
mundo, o que no sistema dos estoicos usurpa o lugar do próprio Deus e até mesmo o seu
nome, os estoicos consideravam a anima mundi o princípio fundamental da vida e a única
força vital, de modo que a alma não teria individualidade separada dela, por esse motivo
também não produziram uma doutrina de imortalidade.[5]
Definições na antiguidade
Considerada por Platão como o princípio do cosmos e fonte de todas as almas individuais,
[6]
o termo também aparece em Leis onde Platão examina a possibilidade hipotética de que
a alma do mundo pode produzir o mal, ou mesmo que há duas almas do mundo, uma que
produz o bem e outra que produz o mal - a alma boa, ordenou os movimentos celestes que
portanto, são descritos matematicamente, enquanto que a alma do mundo má só poderia
produzir o caos, sendo assim, a alma do mundo que gerencia todo o universo é por
natureza benévola.[7] Já em Político, ele sugere que o universo se submete a uma
alternância de ordem e desordem, quando a alma do mundo se encontra sob a influência
direta do deus, isto é, do nous, ela é boa, ao passo que ela se torna má a medida que se
afastar.[8] Em todo o caso, Platão afirma categoricamente que a alma é a causa de todo o
bem e mal do mundo fenomenal.[9]
A definição de Platão para o gênesis da alma do mundo é que o demiurgo[10] coloca essa
alma junto de, essencialmente, o Ser ou Substância (em grego clássico: oὐσία ousia), o
Igual e o Diferente, através de um processo de duas etapas: primeiro o Ser é preparado a
partir da mistura dos tipos de substâncias Indivisíveis e Divisíveis, do resultado desta
composição, o deus então forma dois círculos,[11] um que pertence ao Igual e o outro ao
Diferente. A substância material do mundo é colocada, subsequentemente, dentro dos dois
círculos então eles penetram e cobrem a partir de fora do mundo. A alma do mundo é
então tudo o que está dentro do mundo, mas ao mesmo tempo entrelaçado com ele.
[10]
Ainda assim, continua a ser cronologicamente e hierarquicamente superior,
autossuficiente e a princípio auto-idêntico.[12] A alma do mundo então começa uma
incessante e racional ou inteligente vida ao se mover inicialmente com harmonia e por sua
própria força. A alma do mundo de Platão possui não apenas faculdade sensíveis
vegetativas, mas também capacidade racional, assim sendo uma das coisas de maior
excelência a existir e que é mutável.[4] A alma humana não é deduzida da alma do mundo,
como se fosse uma parte dela ou uma emanação, ambas têm os mesmos ingredientes,
mas em porções menores e têm em comum o fato de terem sido criadas pelo demiurgo; e
ambas serem o princípio do movimento e vida.[13]
Plotino define a alma do mundo como a terceira hipóstase que procede do poder criador,[14]
[4]
contemplando o Uno, o nous gera a alma do mundo, esta, contemplando o nous,
multiplica-se em todos os entes particulares do mundo sensível, sem dividir-se.[15] A par da
alma do mundo, existem as almas individuais. Na alma estão as matrizes de todos os
entes, dela procedem as almas e todas as formas dos seres sensíveis, desde sempre,
desde a planta até o homem, tudo constituindo em harmonia e beleza.[15] À maneira dos
estoicos, Plotino professa que tudo forma uma harmonia universal.[16]
Plutarco defendeu a hipótese de duas almas do mundo, uma organizada e boa e outra
irracional e má para explicar o movimento desordenado que agita a khóra, antes da
intervenção da razão demiúrgica e que subsiste mesmo depois.[17]
Ficino discute a distinção entre a alma do mundo e um eventual "pneuma da alma do mundo"[18]
Gravura de Boulonois, 1911
Giordano Bruno definiu funções específicas para a alma do mundo como prover vida vegetativa,
capacidades sensíveis assim como a beleza e o mundo como um todo:[4]:334
Ilustração derivada de um gravura da obra Livre du recteur (1578)
Giordano Bruno definiu funções específicas para a alma do mundo como prover vida
vegetativa, capacidades sensíveis assim como a beleza e o mundo como um todo:[4]:334
Se, então, o espírito, a vida são encontrados em todas as coisas e preenche toda a
matéria em vários graus, então eles são o ato real e a real forma de todas as coisas.
Portanto, a alma do mundo é o princípio constitutivo formal do universo, e de qualquer
coisa que o universo inclua; quero dizer, se a vida é encontrada em todas as coisas, então
a alma é a forma de todas as coisas; é o que controla a matéria em todos os aspectos e
predomina nos compostos, opera a composição e a consistência das partes.
— Giordano Bruno, De la causa, principio e uno, diálogos II e III; De l’infinito universo e mondi,1584,
diálogo I
Idade Moderna
A hipótese do anima mundi não foi aceita pelos filósofos escolásticos mas reapareceu sob
o nome de Archeus no sistema de Paracelso,[26] ou quintessentia para Heinrich Cornelius
Agrippa von Nettesheim e Van Helmont, enquanto Henry More reconheceu um principium
hylarchicum.[27] O Platonista de Cambridge, Ralph Cudworth cunhou o termo "natureza
plástica", um agente universal que considera os fenômenos físicos a causa de todas as
formas de organização e a mola de todos os movimentos da matéria, mas ainda de acordo
com Cudworth, a natureza plástica é distinta de Deus, sendo um "instrumento
subordinado".[28]
Schelling assumiu o termo "alma do mundo" e ainda fez dele o tema de seu livro Da Alma
do Mundo (1798) (em alemão: Von der Weltseele: eine Hypothese der höhern Physik zur
Erklärung des allgemeinen Organismus).[29] No entanto, o termo foi usado apenas como
uma metáfora para um princípio de organização onde a natureza orgânica e inorgânica se
conectam de forma contínua e assim liga toda a natureza em um só organismo geral.
Hegel trata a Alma Natural como a anima mundi: uma alma universal que está dividida
como as almas individuais do seres viventes; Hegel refere-se à alma como como "uma
totalidade imediata e inconsciente", como "um sono do espírito". A teoria de Hegel de Alma
Natural é uma consequência direta de seu tratamento da Terra como uma organismo vivo.
[30]
Para desconsiderar a existência de alma no mundo, Hegel justifica que "sendo o
indivíduo terrestre um todo como sem atividade e a atividade terrestre uma atividade que
não é a do todo, não é possível então falar, nesse nível do organismo geológico, da
presença de uma totalidade tomada em suas exterioridades a si, a subjetividade imanente
a uma estrutura. Não há alma no mundo".[31][32]
Referências