A doutrina de Plotino descreve três hipóstases que emanam do Uno primordial: 1) O Uno é a unidade perfeita e infinita que gera tudo através de uma emanação necessária; 2) A Inteligência surge da contemplação do Uno e contém as ideias; 3) A Alma ordena o mundo sensível e contém as almas individuais.
A doutrina de Plotino descreve três hipóstases que emanam do Uno primordial: 1) O Uno é a unidade perfeita e infinita que gera tudo através de uma emanação necessária; 2) A Inteligência surge da contemplação do Uno e contém as ideias; 3) A Alma ordena o mundo sensível e contém as almas individuais.
A doutrina de Plotino descreve três hipóstases que emanam do Uno primordial: 1) O Uno é a unidade perfeita e infinita que gera tudo através de uma emanação necessária; 2) A Inteligência surge da contemplação do Uno e contém as ideias; 3) A Alma ordena o mundo sensível e contém as almas individuais.
central o Uno; a partir dele, nos diz o filsofo, tudo quanto h veio ser. Mas afinal, o que entende Plotino por Uno? Seria algo parecido a idia crist de um pai criador? Ou antes, algo parecido com a antiga concepo de Parmnides acerca do mbito do ser e do pensar? Plotino critica seriamente tais modos de entender o princpio pelo qual tudo veio a ser e defende o Uno como sendo inefvel, uma vez que est para alm do ser. Este nome (Uno) simplesmente usado como forma de expressar um de seus caracteres negativos (mais precisamente o da ausncia de multiplicidade). Para nosso filsofo a idia do Uno como criador no corresponde realidade do mesmo, apesar de tudo aquilo que , ter procedido Dele. Plotino defende que o Uno no cria, h antes uma emanao ou processo inevitvel a partir Dele. Algo perfeito e infinito por sua natureza gera, por necessidade, algo para alm de si mesmo. H nas Enadas um exemplo no qual o filsofo trata especificamente do processo de emanao, caracterizando-o como uma necessidade do ponto de vista da natureza perfeita e infinita do Uno. Um exemplo que clarifica a noo de emanao adotada por Plotino a analogia ao fogo: o fogo possui em si
mesmo seu calor prprio, no entanto dele emana
calor (um calor para alm de si) sem que, no entanto ele deixe de ter seu prprio calor. Do mesmo modo o Uno nada cria, mas, sendo o mais perfeito e auto-suficiente, dele tudo procede como um processo necessrio a sua prpria natureza. Mais adiante trataremos do resultado dessa emanao, que junto ao Uno ir compor as trs hipstases plotinianas. Antes, porm, preciso clarificar outro aspecto fundamental a respeito do Uno, um aspecto que se faz ver nas crticas de nosso filsofo concepo parmendica de princpio. Parmnides defende que o Princpio est no mbito do ser e do pensar (ser e pensar so um), no entanto, segundo Plotino, inconcebvel que o Uno esteja no mbito do ser e do pensar uma vez que o pensamento implica em reflexo, o que invariavelmente pressupe multiplicidade. Nosso filsofo parte do pressuposto de que o Uno, o anterior a tudo, o mais simples que h, o que o desvincula do pensar (uma vez que envolve multiplicidade e o outro). A verdadeira unidade a mais simples, no pensa a si mesma, nem a outro, e da mesma forma no pensada. Agora voltamos emanao, e vlido perguntar: do Uno procede tudo quanto h, mas de que forma e em que sentido ocorre essa processo? Chegamos ao ponto essencial da metafsica de Plotino, as trs hipstases: o Uno, a Inteligncia e a Alma. Esta a tripartio pela qual a realidade fundamentada, segundo o neo platnico, essas trs
partes formam uma hierarquia que segue a seguinte
ordem: Uno-Inteligncia-Alma. O Uno ingnito, infinitamente perfeito, autosuficiente, o Sumo bem de Plato e pode-se apreender seu carter indizvel analisando a analogia do Sol expressa por Scrates na Repblica. O Sumo bem, nos diz o Scrates platnico, no pode ser dito diretamente, s pode ser visto em seu efeito ou poder, deste modo ele o compara ao sol, aquilo que nos traz a luz e o calor necessrios vida, no entanto o Sumo bem no este sol que vemos em nosso mundo, ele antes o Sol superior, aquele que exerce funo anloga ao nosso sol, no entanto o faz ao mundo das idias. Do Sumo bem procedem as outras duas hipstases, mas de que forma so constitudas? . Segundo nos indica Marcus Reis Pinheiro: Plotino prope trs etapas de constituio de uma hipstase subseqente: (1) cada hipstase permanece em si mesma, mas com isso tambm (2) gerada a processo que produz uma massa informe (dade indefinida), que precisa (3) se voltar hipstase anterior e a contemplar, e assim formar a si mesma. Estas trs etapas deixam clara a hierarquia presente na tripartio plotiniana e nos levam a outro importante aspecto de sua doutrina: aquilo que processo mais mltiplo do que aquilo do que procede, por isso preciso voltarse ao que o gerou e dessa forma organizar-se. A Inteligncia mais mltipla que o Uno- ou a primeira multiplicidade, posto que o Uno a unidade verdadeira-, formada por idias e possui associao de idias e mesmo contendo unidade,
posto que existem, so multiplicidade ,uma vez que
a unidade existencial inerente a elas nada mais que uma copia da verdadeira unidade. Do mesmo modo a Alma mais mltipla que a Inteligncia. A emanao um processo necessrio e por natureza; a partir da primeira hipstase seguem-se as outras duas, que so constitudas seguindo as trs etapas acima expostas. preciso agora clarificar a segunda hipstase, aquela que emana do Uno: a Inteligncia. A Inteligncia emana do Uno e em sua natureza vemos duas atividades: a contemplao do Uno e a contemplao de si mesmo. Ela surge como matria informe, ou como dizia Plato, matria inteligvel, ento quando se converte sua origem, o Uno, e o contempla organiza-se e torna-se propriamente o que . interessante observar a imagem do retorno ao uno, que tambm ser usada no que diz respeito alma. A Inteligncia ou Intelecto , portanto, em sua contemplao do Uno, o Cosmos inteligvel e pode ser caracterizado como a identidade entre ser e pensar (idia herdada de Parmnides), onde h a comunho entre o pensamento, o ato de pensar, o pensado e os pensveis em um s. importante observar o inicio da multiplicidade no Intelecto, uma vez que este pensa tambm a si mesmo, e justamente nesse segundo ato que, por sua natureza emana a terceira hipstase: a Alma. O que vem a ser a Alma para Plotino? A Alma a atividade a partir do Intelecto e a ela cabe contempl-lo, mas preciso dizer que a Alma aqui
expressa por Plotino no designa apenas as almas
individuais, antes algo como a unidade da Alma. A unidade da Alma pensa, pois contempla o Intelecto, mas, alm disso, ela tem por funo ordenar e comandar as outras realidades, isto , o mundo sensvel. O mundo o qual vivemos, a alma que nos anima e toda vida a nosso redor ordenado (Kosmos), recebe movimento, criado e produzido atravs da Alma. H uma espcie de hierarquia inerente Alma: primeiro temos a Alma do Nous (Inteligncia), aquela que permanece na contemplao do Intelecto, depois a Alma do mundo, aquela coordena e cria o mundo sensvel, e em terceiro as almas particulares, aquelas que animam os corpos. Mesmo havendo essa hierarquia e multiplicidade no que tange o mbito da Alma, a doutrina de Plotino aponta para uma unidade entre esses diferentes tipos que a constituem. Estas so as hipstases a partir do Uno, essa tripartio da realidade constitui o centro da metafsica de Plotino que ir culminar numa tica mstica e transcendente em que todas as virtudes encontram sua essncia na seguinte mxima: Ser o mais semelhante possvel ao Uno. Por isso nosso filsofo diz que a alma deve ascender, realizar seu retorno ao Intelecto, para que deste contemple o Uno e se una novamente ao princpio de tudo quanto h.