Para entender a teoria das ideias de Platão é interessante observá-la de
três pontos de vista distintos, mas que se completam em sua descrição. Em primeiro lugar, podemos fazer uma analogia e denominar o procedimento pelo qual Platão descreve sua teoria das ideias de “segunda navegação”, como é de costume entre alguns de seus estudiosos. Se pensarmos no contexto das navegações marítimas, a segunda navegação se refere àquela onde os remos do barco já estão ausentes, e somente as velas o conduzem agora em alto mar. Isso nos faz pensar na distância que Platão está das reflexões anteriores dos pré-socráticos, de Sócrates e dos sofistas. No pensamento de Platão começa a ganhar forma um estilo de filosofia que busca compreender a realidade de forma mais profunda e completa, que posteriormente ganhará o nome de “metafísica” por causa de Aristóteles. Ao tematizar o ser e a realidade, os filósofos anteriores a Platão de modo geral, buscam ainda na própria realidade sensível o fundamento de tudo. O que estamos chamando de segunda navegação de Platão, já não se preocupa mais em localizar na natureza seu fundamento e passa a considerar o que ele chama de mundo inteligível ou mundo das ideias. Isso constitui parte fundamental do processo epistemológico de Platão. Em segundo lugar podemos caracterizar essas ideias. Para Platão seus atributos principais são: Inteligibilidade, incorporeidade, imutabilidade, perseidade, objetividade e eternidade. Percebemos assim a influência que Platão sofreu de Parmênides e da permanência do ser, em contraposição a Heráclito e a impermanência. O que acontece é que Platão visa explicar a origem de todas as coisas sensíveis não de uma única origem mas de várias, e as denomina ideias. Dentre todas as ideias, a que Platão mais dá importância é a ideia de bem, do belo e do justo. Existe o belo em si mesmo? Ou são as coisas que são belas? Platão acredita que as coisas são belas por que existe uma ideia do belo em si mesmo, da qual todas as coisas belas derivam, e essa ideia assim como as demais, compartilham todas dessas características acima citadas. O terceiro ponto pode ser colocado justamente como a diferença entre o mundo sensível e o mundo inteligível. O mundo sensível onde nos encontramos, nada mais é para Platão do que o resultado de forças mediadoras que produziram e o determinaram a ser uma cópia do mundo verdadeiro e imutável das ideias, existindo somente como participação de algo mais essencial a ele. Percebemos aqui a presença do dualismo, e onde Platão coloca no diálogo intitulado “Fédon” a morte ser apenas a separação da alma do corpo, indo para o mundo inteligível, pois “a vida veio da morte e da morte renascerá”. A reminiscência
No diálogo Fédon, Sócrates em uma conversa com Símias e Cebes a
título de demonstração de como as ideias são a matriz de todas as coisas em si, fornece o exemplo da ideia de igualdade. Sócrates questiona que comparando duas coisas podemos ter que elas são iguais em algum ponto, mas onde está esse próprio igual? Para Platão ele é uma ideia, assim como o belo e a justiça, e todas essas ideias são visualizadas pela alma antes de animar um corpo. Deste modo, aprender é simplesmente recordar o que a alma já sabia antes de entrar no corpo, e o faz através do esforço do aprendizado. Para Sócrates, no diálogo, sendo a alma o que dá vida aos corpos e sendo a vida contrária à morte, a alma é também algo imortal. Sendo a alma imortal, explica-se a preocupação de ambos para com o aperfeiçoamento da vida justa.
A dialética
É o senso comum o ponto de partida da dialética platônica, não para ser
reafirmado, mas refutado e que deve ser superado. Platão propõe que o senso comum e a opinião (doxa) sejam questionados para a descoberta da verdade a partir do indivíduo sem a interferência externa. A dialética admite as contradições e são elas: Opinião x Verdade Desejo x Razão Interesse particular x Interesse universal Senso comum x Filosofia
Mas se assim o admite, é somente com a intenção de superá-las,
exigindo atitude crítica, necessidade de reflexão, questionamento da opinião, da origem e de suas fundamentações.
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- as 3 clases - rei filosofo - Tripartição da alma - as três imagens ou mitos