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Filosofia

Teoria das Ideias de Platão

Objetivo
Você aprenderá sobre o dualismo platônico, isto é, a diferença entre o mundo sensível e o mundo inteligível, bem como o
que representa cada um dos elementos do Mito da Caverna na Teoria das Ideias de Platão.

Se liga
Você pode assistir ao vídeo com o mapa mental dessa aula clicando aqui.

Curiosidades
É possível estabelecer diversas relações entre o Mito da Caverna e o filme Matrix (1999). A própria ideia de que a
realidade percebida por meio dos sentidos é ilusória nos remete à Teoria das Ideias de Platão. A palavra Matrix pode ser
entendida como "mãe" ou mais propriamente como o "útero materno", isto é, um lugar onde as pessoas estão
confortáveis, situação semelhante àquela da caverna, em que estavam os prisioneiros. Outra comparação notável é
aquela entre Sócrates e Neo. Ambos surgem como responsáveis por conduzir as pessoas de volta à realidade, ao
conhecimento verdadeiro.

Teoria

A Teoria das Ideias e o dualismo platônico


Platão se dedicou a resolver o impasse filosófico criado pelo antagonismo entre o
pensamento de Heráclito e Parmênides. Heráclito estaria certo ao observar o
movimento, a mudança, a impermanência, pois focava no mundo sensível. A
matéria é imperfeita, por isso, não consegue manter sua identidade. A
experiência no mundo material é uma experiência contraditória, qualquer
observação sobre o mundo das aparências produzirá opiniões contraditórias. Já
Parmênides estava correto ao exigir que a filosofia abandonasse o mundo
material. O que é verdadeiro, e deve ser buscado, é o que permanece, o Ser, uno,
imutável, idêntico, eterno, inteligível. Assim surge uma das teorias mais
fundamentais para a compreensão do pensamento platônico, que é, sem dúvida, a
sua famosa teoria das ideias. Ela afirma que existem dois mundos, a saber:
o mundo sensível e o mundo inteligível. O mundo sensível é exatamente este mundo que nós
habitamos, ou seja, o mundo terreno da matéria, onde estão presentes todos os objetos materiais.
Todas as coisas do mundo sensível, então, estão sujeitas à geração e à corrupção,
podendo deixar de ser o que são e se transformar em outra coisa, esse é o mundo da variação, da mudança, da
transformação. No entanto, por que Platão nomeia este mundo de habitamos de mundo sensível? Exatamente porque
nós apreendemos esse mundo através de nossos sentidos, ou seja, nós percebemos as coisas deste mundo por intermédio
dos cinco sentidos (visão, tato, olfato, paladar, audição). Mas e o que é, então, o mundo inteligível para Platão?

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O mundo inteligível, mundo das ideias ou mundo das formas é um mundo


superior, apenas acessível ao nosso intelecto, e não aos nossos sentidos; nada
mais é do que o mundo do conhecimento ou da sabedoria. É contemplando as
ideias do mundo inteligível, através de nossa alma, que podemos conhecer as
coisas. Assim, o mundo inteligível é composto de ideias perfeitas, eternas e
imutáveis, que podemos acessar através da nossa razão. Todas as coisas
(materiais) que existem aqui no mundo sensível correspondem a uma ideia ou
forma lá no mundo das ideias. No mundo
inteligível estão as essências ou a origem de todas as coisas que observamos no
mundo sensível. Assim, a origem das cadeiras que existem no mundo sensível é a
ideia de cadeira. O que existe realmente é a ideia, enquanto a coisa material só
existe enquanto participa da ideia dessa coisa. Essa é a teoria da participação em
Platão: Uma coisa só existe na medida em que participa da ideia dessa mesma
coisa. Portanto, segundo Platão, a ideia é anterior às próprias coisas. Seguindo o
nosso exemplo, a ideia de cadeira é anterior à existência das cadeiras particulares.
Percebemos então em Platão um dualismo, a existência de duas instâncias de realidade, o mundo sensível e o inteligível.
Para ilustrar seu pensamento, Platão recorre a uma alegoria, conhecida comumente como Mito da Caverna. Platão
inicia narrando um cenário onde homens estão presos no interior de uma caverna desde pequenos. Estão acorrentados e
não conseguem ver a entrada do recinto, fitando apenas o fundo. Atrás deles, fora da caverna, pessoas transitam com
objetos nas mãos. Essas pessoas estão entre a caverna e uma fogueira, de modo que a luz emitida pela fogueira projeta
as sombras das pessoas no fundo da caverna. Tudo o que esses prisioneiros contemplaram até o momento são as
sombras das pessoas transitando entre a caverna e a fogueira. Essa é toda a realidade que conhecem. No entanto, um
preso se liberta e percebe que o que viu a vida inteira são meras sombras. Existe algo além, uma realidade superior que
guarda a verdade. Ao tentar sair da caverna, o prisioneiro terá dificuldades, pois a abundância de luz o incomodará.
Adaptado à nova condição, o preso agora pode contemplar a realidade tal qual é, não apenas um reflexo. Sentindo um
compromisso de ajudar seus companheiros prisioneiros, o agora homem liberto retorna à caverna, revelando a verdade
sobre o mundo. Ocorre que, acostumados com a situação que vivem, esses homens irão caçoar da ideia absurda de sair
da caverna. Caso o prisioneiro liberto insista, chegará ao ponto de, sendo considerado louco, ser morto pelos seus
companheiros. Assim Platão estabelece a diferença entre mundo sensível e mundo inteligível. O primeiro, mutável e
imperfeito; o segundo, eterno e perfeito, onde todas as ideias derivam da ideia do bem.

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O processo de conhecer, para Platão, se submete a esse dualismo. Conhecer a verdade significa passar gradualmente das
sombras e aparências para as essências. A primeira etapa do conhecimento é a doxa. Ela é definida pelas impressões ou
sensações advindas dos sentidos. A doxa é todo saber que se adquire sem uma busca metódica. Mas, para obter um
conhecimento autêntico, é preciso aplicar um método que permita ultrapassar os sentidos. Rejeitando a doxa, o homem
deveria desenvolver o amor pela sabedoria (filosofia).
O método proposto por Platão é a dialética. Equivalente aos diálogos críticos de Sócrates, ela consiste em contrapor
uma opinião à crítica possível, ou seja, uma tese que será confrontada com sua antítese (sua negação), produzindo uma
purificação racional dessa tese, permitindo alcançar a verdade. É por esse processo que ocorre a reminiscência.
Segundo Platão, o ser humano é formado de uma parte mortal, a saber, o
corpo; e uma parte imortal, a saber, a alma. Antes de habitarmos este
mundo, nossa alma habitava o mundo das ideias. Lá ela possuía todo o
conhecimento possível, não era ignorante a respeito de nada.
No entanto, quando nossa alma se junta ao corpo, ela acaba se esquecendo
de tudo aquilo que sabia lá no mundo das ideias. Assim, o conhecimento
para Platão é reminiscência (ou seja, lembrança) daquilo que nossa alma já
viu quando habitava o mundo inteligível. Conhecer é, portanto, nada mais
do que lembrar, trazer de volta à memória aquilo que já vimos em outro
mundo.

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Exercícios de fixação

1. A teoria das ideias de Platão busca realizar uma síntese entre o pensamento de dois filósofos que o
antecederam, são eles:
a) Parmênides e Heráclito
b) Protágoras e Górgias
c) Demócrito e Sócrates

2. Platão, assim como Sócrates, defende que os homens podem alcançar a verdade por meio do método:
a) Dedutivo
b) Indutivo
c) Dialético

3. Considerando a divisão platônica em mundo sensível e mundo inteligível, explique a diferença que há entre eles.

4. Explique por que a teoria das ideias de Platão possui consequências políticas.

5. Considerando a alegoria da caverna qual a relação entre o prisioneiro que se liberta e o papel do filósofo?

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Exercícios de vestibulares

1. Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e
não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que
privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-
se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão
(427–346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

2.

SANZIO. R. Detalhe do afresco A Escola de Atenas. Disponível em: http://fil.cfh.ufsc.br Acesso em: 20 de mar. 2013.

(Fácil) No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o
conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a
a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.
b) realidade inteligível por meio do método dialético.
c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.

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3. No pórtico da Academia de Platão, havia a seguinte frase: “não entre quem não souber geometria”. Essa frase
reflete sua concepção de conhecimento: quanto menos dependemos da realidade empírica, mais puro e
verdadeiro é o conhecimento tal como vemos descrito em sua Alegoria da Caverna.
“A ideia de círculo, por exemplo, preexiste a toda a realização imperfeita do círculo na areia ou na tábula recoberta
de cera. Se traço um círculo na areia, a ideia que guia a minha mão é a do círculo perfeito. Isso não impede que
essa ideia também esteja presente no círculo imperfeito que eu tracei. É assim que aparece a ideia ou a forma.”
JEANNIÈRE, Abel. Platão. Tradução de Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.

Com base nas informações, assinale a alternativa que interpreta corretamente o pensamento de Platão.
a) A Alegoria da Caverna demonstra, claramente, que o verdadeiro conhecimento não deriva do
“mundo inteligível”, mas do “mundo sensível”.
b) Todo conhecimento verdadeiro começa pela percepção, pois somente pelos sentidos podemos conhecer as
coisas tais quais são.
c) Quando traçamos um círculo imperfeito, isto demonstra que as ideias do “mundo inteligível” não são
perfeitas, tal qual o “mundo sensível”.
d) As ideias são as verdadeiras causas e princípio de identificação dos seres; o “mundo inteligível” é
onde se obtêm os conhecimentos verdadeiros.
e) Ideias são fruto da interação do ser humano com os objetos, que produzem fenômenos inteligíveis. Os
objetos em si não podem ser conhecidos, apenas a reação que causam em nossos sentidos guiados por nossa
razão.

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4. “SÓCRATES: Portanto, como poderia ser alguma coisa o que nunca permanece da mesma maneira? Com efeito,
se fica momentaneamente da mesma maneira, é evidente que, ao menos nesse tempo, não vai embora; e se
permanece sempre da mesma maneira e é ‘em si mesma’, como poderia mudar e mover-se, não se afastando
nunca da própria Ideia?
CRÁTILO: Jamais poderia fazê-lo.
SÓCRATES: Mas também de outro modo não poderia ser conhecida por ninguém. De fato, no próprio momento
em que quem quer conhecê-la chega perto dela, ela se torna outra e de outra espécie; e assim não se poderia mais
conhecer que coisa seja ela nem como seja. E certamente nenhum conhecimento conhece o objeto que conhece
se este não permanece de nenhum modo estável.
CRÁTILO: Assim é como dizes.”

PLATÃO, Crátilo, 439e-440a.


Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensamento de Platão.
a) Para Platão, o que é “em si” e permanece sempre da mesma forma, propiciando o conhecimento, é a Ideia,
o ser verdadeiro e inteligível.
b) Platão afirma que o mundo das coisas sensíveis é o único que pode ser conhecido, na medida em que é o
único ao qual o homem realmente tem acesso.
c) As Ideias, diz Platão, estão submetidas a uma transformação contínua. Conhecê-las só é possível porque
são representações mentais, sem existência objetiva.
d) Platão sustenta que há uma realidade que sempre é da mesma maneira, que não nasce nem perece e que não
pode ser captada pelos sentidos e que, por isso mesmo, cabe apenas aos deuses contemplá-la.
e) Platão afirma que a dialética é uma síntese entre duas ideias. Foi o que seu pensamento tentou construir,
articulando Heráclito e Parmênides numa corrente filosófica que tanto a mudança quando a permanência
são verdade e realidade.

5. Leia o texto a seguir sobre o tema Filosofia na História:


A filosofia antiga grega e greco-romana tem uma história mais que milenar. Partindo do século VI a.C., chega
até o ano de 529 d.C., ano em que o imperador Justiniano mandou fechar as escolas pagãs e dispersar os seus
seguidores. Nesse arco de tempo, podemos distinguir o momento das grandes sínteses de Platão e Aristóteles.
(REALE, Giovanni. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulinas, 1990, p. 25-26).

O autor na citação acima sinaliza a significância do período sistemático da filosofia antiga. No que tange à
filosofia de Platão, assinale a alternativa CORRETA.
a) Platão propõe a existência das „essências ou formas‟, que estão presentes no mundo das ideias e são
modelos eternos das coisas sensíveis.
b) A filosofia de Platão salienta as essências do mundo sensível que são modelos para o mundo das ideias.
c) O pensamento de Platão não teve papel decisivo do desenvolvimento da mística, da teologia e da filosofia
cristã.
d) As ideias de Platão têm a confiança absoluta no poder dos sentidos e desconfiam do
conhecimento racional.
e) O pensamento filosófico de Platão tem como finalidade a descoberta do mundo físico, declinando do
campo da metafísica.

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6. Pensemos num cavalo diante de nós. Então perguntemos: o que é isso? Platão diria: “Esse animal não possui
nenhuma existência verdadeira, mas apenas uma aparente, um constante vir-a-ser. Verdadeiramente é apenas a
Ideia, que se estampa naquele cavalo, que não depende de nada, nunca veio-a-ser, sempre da mesma maneira.
Enquanto reconhecemos nesse cavalo sua Ideia, é por completo indiferente se temos aqui diante de nós esse
cavalo ou seu ancestral. Unicamente a Ideia do cavalo possui ser verdadeiro e é objeto do conhecimento real”.
Agora, deixemos Kant falar: “Esse cavalo é um fenômeno no tempo, no espaço e na causalidade, que são as
condições a priori completas da experiência possível, presentes em nossa faculdade de conhecimento, não
determinações da coisa- em-si. Para saber o que ele pode ser em si, seria preciso outro modo de conhecimento
além daquele que unicamente nos é possível pelos sentidos e pelo entendimento.”
(Arthur Schopenhauer. “Sobre as ideias”. Metafísica do belo, 2003. Adaptado.)

Schopenhauer compara as filosofias platônicas e kantianas, fazendo-as responder a uma mesma questão. Na
perspectiva platônica, o cavalo presente “diante de nós” é
a) absolutamente igual a todos os cavalos do mundo.
b) um ser imutável e eterno.
c) a essência do cavalo real.
d) a demonstração da inexistência do mundo inteligível.
e) uma sombra da ideia do cavalo.

7. Leia o seguinte trecho da Alegoria da Caverna.


Agora imagine que por esse caminho as pessoas transportam sobre a cabeça objetos de todos os tipos: por
exemplo, estatuetas de figuras humanas e de animais. Numa situação como essa, a única coisa que os prisioneiros
poderiam ver e conhecer seriam as sombras projetadas na parede a sua frente.
CHALITA, G. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006, p. 50.

Com base na leitura do trecho e em seus conhecimentos sobre a obra de Platão (428 a.C. – 348 a.C.), assinale a
alternativa INCORRETA.
a) Platão distingue o mundo sensível ou das aparências, onde tudo o que se capta por meio dos sentidos pode
ser motivo de engano, e o mundo inteligível, onde se encontram as ideias a partir das quais surgem os
elementos do mundo sensível.
b) Platão tinha como principal objetivo o conhecimento das ideias: realidades existentes por si mesmas,
essências a partir das quais podem ser geradas suas cópias imperfeitas.
c) O pensamento de Platão deu origem aos fundamentos da ciência moderna graças ao seu método de
observação e experimentação para o conhecimento dos fenômenos naturais.
d) A obra de Platão está fundamentada em um método de investigação conhecido como dialética cujo objetivo
é superar a simples opinião (doxa) e atingir o conhecimento verdadeiro ou ciência (episteme).
e) Conhecer é relembrar as ideias que a alma contemplou no mundo inteligível, já que a alma é eterna e tem
acesso a todo o conhecimento, mas se esquece do que viu ao encarnar.

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8. Eis com efeito em que consiste o proceder corretamente nos caminhos do amor ou por outro se deixar conduzir:
em começar do que aqui é belo e, em vista daquele belo, subir sempre, como que servindo-se de degraus, de um
só para dois e de dois para todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios, e dos ofícios para as
belas ciências até que das ciências acabe naquela ciência, que de nada mais é senão daquele próprio belo, e
conheça enfim o que em si é belo.
(PLATÃO. Banquete, 211 c-d. José Cavalcante de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1972. (Os Pensadores) p. 48).

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de Platão, é CORRETO afirmar que
a) a compreensão da beleza se dá a partir da observação de um indivíduo belo, no qual percebemos o belo em
si.
b) a percepção do belo no mundo indica seus vários graus que visam a uma dimensão transcendente da beleza
em si.
c) a compreensão do que é belo se dá subitamente, quando partimos dele para compreender os belos ofícios e
ciências.
d) a observação de corpos, atividades e conhecimentos permite distinguir quais deles são belos ou feios em si.
e) a participação do mundo sensível no mundo inteligível possibilita a apreensão da beleza em si.

9. Segundo a conhecida alegoria da caverna, que aparece no Livro VII da República, de Platão, há prisioneiros,
voltados para uma parede em que são projetadas as sombras de objetos que eles não podem ver. Esses
prisioneiros representam a humanidade em seu estágio de mais baixo saber acerca da realidade e de si mesmos: a
doxa, ou “opinião”. Um desses prisioneiros é libertado à força, num processo que ele quer evitar e que lhe causa
dor e enormes dificuldades de visão (conhecimento). Gradativamente, ele é conduzido para fora da caverna, a
um estágio em que pode ver as coisas em si mesmas, isto é, os fundamentos eternos de tudo o que, antes, ele via
somente mediante sombras. Esses fundamentos são as Formas. Para além das Formas, brilha o Sol, que
representa a Forma das Formas, o Bem, fonte essencial de todo ser e de todo conhecer e unicamente acessível
mediante intuição direta.

Com base nisso, responda à seguinte questão: se chegamos ao conhecimento das Formas mediante a dialética,
que é o estabelecimento de fundamentos que possibilitam o conhecimento das coisas particulares (sombras), é
CORRETO dizer:
a) para Platão, a dialética é o conhecimento imediato (doxa) dos objetos particulares.
b) o Bem é um objeto particular, que pode ser conhecido sensivelmente, de modo imediato e indolor, por
todos os seres humanos.
c) as Formas são somente suposições teóricas, sem realidade nelas mesmas.
d) a dialética, que não é o último estágio do ser e do conhecer, permite chegar, mediante um processo difícil,
que exige esforço, às coisas em si mesmas (Formas).
e) a dialética, último estágio do ser e do conhecer, permite chegar, mediante um processo difícil, ao
conhecimento do Bem.

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10. Então, tomemos dessas pluralidades a que quiseres; a seguinte, por exemplo, se estiveres de acordo: leitos há
muitos, e também mesas. – Como não? – Porém para todos esses móveis só há duas ideias: a ideia do leito e a
ideia da mesa. – Certo. – Costumamos, também, dizer que os obreiros desses móveis têm em mira a ideia segundo
a qual um deles apronta leitos e outros as mesas de que nos servimos, e assim para tudo o mais. Porém a ideia em
si mesma, o obreiro não fabrica. Como o poderia?
(PLATÃO. A República – livro X. In: MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 553)

O trecho citado, retirado do Livro X da República de Platão, expressa


a) a crítica à imitação como afastamento da verdade em três graus.
b) um caso tipificado de contemplação das formas pela experiência.
c) o reconhecimento da forma de leito e de cadeira por reminiscência.
d) uma explicação do uno e do múltiplo pressupondo a teoria das ideias.
e) a equivalência entre a quantidade de objetos e a quantidade de ideias.

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