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PLATÃO E O MUNDO DAS IDEIAS

Elegeu a “Ideia” como origem de todos os conceitos, em sua visão nada poderia
existir no mundo real, aqui onde vivemos sem antes existir no mundo das ideias. Mas o
que era esse mundo?
No mundo das ideias tudo e perfeito e imutável, é onde nossa mente habita, pois,
buscamos lá aquilo que queremos e assim vemos aqui, no mundo sensível, o que já
existe lá, seja um animal, seja um objeto ou uma construção. Nessa compreensão a
realidade está sempre mudando e as coisas nascem e morrem, entretanto, é igualmente
certo que existem coisas que não morrem e tampouco mudam. Do contrário, teríamos
apenas opiniões (doxa) sobre as coisas, mas nunca um conhecimento (episteme) sobre
elas.
O que não muda são as ideias das quais as coisas são meras cópias. As coisas
podem mudar de forma e tamanho, mas a soma dos ângulos internos de um triângulo
será sempre 180 graus, assim como 2 + 2 será sempre igual a 4. O que conhecemos da
realidade não é o que pode ser percebido através dos sentidos, mas os modelos ideais
imutáveis que estão para além das aparências. Imagine um edifício, um carro, uma
máquina. O que eram antes de existir? Apenas uma ideia.
O MÉTODO DIALÉTICO DE PLATÃO
Para Platão a dialética é a arte de pensar, questionar e hierarquizar ideias, um
termo que define qualquer método que possa ser recomendado como veículo da
filosofia, instrumento que permite o alcance a verdade. Lembrando que ela está
intimamente ligada à preocupação com a ciência (considerada o conhecimento
verdadeiro), a moral e a política.
Para ele era a busca da verdade sempre contrapondo o senso-comum de forma a
sempre buscar questionar o que for meramente opinião ou consenso afim de buscar uma
verdade que o sobre o assunto.
A dialética admite as contradições somente como meio para superá-las, exige
atitude crítica, necessidade de reflexão, questionamento da opinião, da origem e de suas
fundamentações.
Para Platão um método de discussão de ideias opostas com o objetivo de
encontrar a verdade. É uma forma de argumentação lógica, exigindo o debate para a
avaliação sistemática das relações entre conceitos específicos gerais.
O MITO
Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, dos
homens, das plantas, dos animais, do bem e do mal, da morte, etc). O mito narra as
origens das coisas por meio de forças sobrenaturais. Ele narra como seres sobrenaturais
fizeram a realidade começar a existir.
A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para alguém que reconhece o
proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito. O mito surge a partir
da necessidade de explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e
finalidade, os poderes do divino sobre a natureza e os homens. Ele vem em forma de
narrativa, criada por um narrador que possua credibilidade diante da sociedade, poder de
liderança e domínio da linguagem convincente, e que, acima de tudo, “jogue para a boca
do mito” o que gostaria de impor, mas adequando a estrutura do mito de uma forma que
tranquilize os ânimos e responda às necessidades do coletivo. Assim, Homero e Hesíodo
são considerados os educadores da Grécia por excelência, por serem tidos como
portadores de uma verdade fundamental sobre a origem do universo, das leis etc.
Somente a partir de determinadas condições que o modelo mítico foi sendo
questionado e substituído por uma forma de pensar que exigia outros critérios para a
confecção de argumentos.
O MITO DA CAVERNA
Para apontar a cegueira dos homens diante de um mundo de aparências, Platão
contou uma história. Onde os homens estão presos por argolas no fundo de uma caverna
escura. Sempre viveram ali, sem poder ao menos virar o pescoço. Por trás deles, um
fogo arde, a certa distância, irradiando uma luz que se projeta no interior da caverna.
Nas paredes, formas humanas, formas que se movem. Os homens que estão no interior
da caverna pensam que o vêem é a realidade. Mas não é, eles vêem apenas suas próprias
sombras. Pensam assim porque não conhecem outro mundo.
Dessa forma a alegoria compara a caverna ao mundo sensível onde vivemos, que
é o mundo das aparências. Reflexos da luz verdadeira (as idéias) projetam as sombras
(coisas sensíveis que tomamos por verdadeiras). Estamos presos. No entanto, é possível
quebrar as amarras, e quem é capaz de fazer isso é o filósofo. Pois ele é capaz de escalar
o muro para a contemplação da luz plena. Essa luz é o Ser, o Bem; é essa a luz que
ilumina o mundo das ideias.
A imagem apresentada por Platão é uma das mais belas e mais conhecidas de
toda a história da filosofia. O mito da caverna faz parte do Livro 7 da obra "A
República". Esse livro foi escrito entre os anos 385-380 a.C. Obra de maturidade de
Platão, é um diálogo entre Sócrates e seus amigos, que apresenta o método dialético de
investigação filosófica. Através de aproximações sucessivas, o mestre discute a
organização da sociedade, a natureza da política, o papel da educação e a essência da
justiça.
O SER HUMANO
Para Platão o homem é um filosofo, e é no dialogar que o homem vai se
reconhecendo. O diálogo é a auto-expressão do homem que se busca como projeto de si,
isto é, ele pensa tudo: as coisas, os objetos, os acontecimentos, a sua própria existência
se torna um objeto de reflexão. Por isso, a concepção de homem, na filosofia de Platão,
não toma o homem como um ser genérico, mas como o ser humano concreto explicitado
na figura humana real e existencial de Sócrates. A alma na experiência do filosofar tem
grande importância e nessa experiência o corpo surge como um obstáculo. Para Platão,
o homem, é essencialmente alma, espírito e por isso, o único problema, para o homem, é
o de resgatar a sua alma da prisão do corpo.
Se no mundo dos sentidos tudo está sujeito o erro, logo, o conhecimento
verdadeiro se encontra no mundo das ideias, onde estão as ideias primordiais, um
mundo que só pode ser acessado meio da razão, O corpo está ligado ao mundo dos
sentidos, tem defeitos e tem um fim. Já alma é a morada da razão, ela é eterna, abstrata,
não conseguimos ver e nem tocar. Se alma é eterna e o mundo das ideias também é
eterno, então a alma sempre viveu lá, e apenas passou habitar um corpo. Seguindo essa
perspectiva, aprender é apenas recordar, em outras palavras, é quando saímos do mundo
dos sentidos para o mundo das ideias que caminhamos para o conhecimento teórico.
O AMOR PLATÔNICO
Para Platão, o amor era algo essencialmente puro e desprovido de paixões, ao
passo em que estas são essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. O amor seria
um agente de transformação e ordenação do mundo, algo que também se relaciona com
o mundo das ideias, criado por Platão e como tudo que lá existe é perfeito e eterno, já o
que habita o mundo sensível é uma cópia imperfeita desse mundo das ideias.
Portanto, amor platônico, ou qualquer coisa platônica, se refere a algo que seja
perfeito, eterno e imutável, mas que só existe em ideia, entendido como um amor
idealizado, irreal e fantasioso, onde o objeto amado é o ser perfeito, detentor de todas as
boas qualidades e sem defeitos.

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