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Apostila de conteúdo – 9º ano

3º Bimestre

Platão
Platão (427–347 a.C.) foi considerado um dos principais pensadores do
período antropológico da filosofia grega.

Estátua de Platão, um dos maiores pensadores da Grécia Antiga e o principal discípulo de


Sócrates

Platão foi um dos mais importantes pensadores do período antropológico da


filosofia grega. Ele fundou um pensamento metafísico próprio, relegando à
questão do “ser” e das “essências” o princípio e a chave para se ter qualquer
tipo de conhecimento acerca do mundo. Inspirado pelas teorias de Parmênides
acerca do imobilismo, Platão elaborou uma teoria metafísica dualista, que
divide o mundo em duas categorias: o Mundo das Ideias e das Formas e o
mundo sensível.

1. Mundo das ideias e mundo sensível

Platão concebia a realidade de maneira dualista. Um dualista é aquele que


acredita haver algo a mais do que uma realidade material. Acredita que, além
do mundo que observamos através de nossos cinco sentidos, há um mundo
constituído de coisas não observáveis. Por exemplo,
há pessoas que acreditam que além de um corpo
possuímos uma alma. O corpo é material, já a alma
não. Isso seria uma concepção dualista do ser
humano. Toda concepção metafísica que defende duas realidades irredutíveis
para explicar algo, seja o ser humano, seja o mundo, é chamada de dualista.

Os cinco sentidos possibilitam que tomemos conhecimentos das coisas que


nos cercam, isso que podemos chamar de mundo sensível. Platão era dualista
em dois aspectos: acreditava que o ser humano é constituído de corpo e alma
e que o mundo é constituído de duas realidades, os objetos particulares e as
ideias. Vamos chamar essas realidades distintas de mundo das ideias e mundo
sensível.

O primeiro, naturalmente, porque é composto de ideias e o segundo porque


conhecemos os objetos particulares através da sensação. Ou seja,
conhecemos esses objetos através da visão, paladar, olfato, audição ou tato.
Esses objetos de sensação são materiais, mutáveis e imperfeitos.
Tudo aquilo que observamos é composto de matéria, faz parte do mundo físico.
Por essa razão, está sujeito à mudança.

Tome, por exemplo, um cachorro particular. Com o tempo o cachorro vai


envelhecendo e deixará de existir. A matéria que antes o constituía passará a
fazer parte do corpo de outra coisa. Os objetos da sensação também são
imperfeitos. É bastante simples decompreendermos isso. Tome, por exemplo, o
círculo. Temos um conceito de círculo, uma ideia de círculo, porém ao
desenharmos esse círculo na areia da praia não sairá perfeito.

Toda a realidade material carrega consigo essa imperfeição, em maior ou


menor grau. Já as ideias têm características opostas às características dos
objetos particulares. Elas são imateriais, imutáveis e perfeitas. Continuemos
com o exemplo da ideia de cachorro. Ela é imaterial, imutável e perfeita,
pensava Platão. Concebemos uma ideia como algo mental. A ideia de
cachorro, por exemplo, pensamos estar na nossa mente, e não latindo por aí.
Cachorros particulares, o meu cachorro, o cachorro do vizinho existe na
realidade, não apenas em nossas mentes. Mas a ideia geral de cachorro, essa
está presente apenas em nossa mente.

Platão pensava de maneira diferente, como veremos em seguida, mas


vamos continuar falando por enquanto de ideias como algo mental. Sendo
assim, não é difícil de aceitar que uma ideia seja imaterial. Como imaginar que
a ideia que tenho de cachorro seja feita de matéria? Ela faz parte da nossa
mente, que não pode ser feita de matéria. Que combinação de átomos, por
exemplo, formaria a ideia de cachorro? Da mesma forma, ideias são perfeitas.

Tomemos, como exemplo, a ideia de círculo. Ele não tem nenhuma


imperfeição, ao contrário do círculo que desenhamos por aí, que nunca sai
perfeito. Por fim, ideias são imutáveis. Por exemplo, nossa ideia de círculo é a
mesma da de Euclides. Dois mais dois somam quatro hoje, o mesmo que
pensavam os gregos. Alguém pode dizer que tem a ideia de um círculo
quadrado. Nesse caso, Platão diria que a pessoa em questão não tem uma
ideia verdadeira do que é um círculo, já que o que um círculo realmente é não
muda, é igual para todos, em qualquer época e lugar.

2. O mundo das ideias

Sem dúvida, a Teoria das Ideias ou Teoria das Formas é a proposição


desenvolvida por Platão que mais se destaca, posto que dela surgem vários
outros pensamentos relacionados com sua filosofia. Para Platão, o mundo das
ideias (realidade inteligível) denominado de “mundo ideal”, ou seja, aproxima-
se da ideia de perfeição de algo.

Assim, segundo ele a verdade suprema e absoluta além da felicidade,


somente é possível encontrar a partir do mundo das ideias, donde se localiza a
essência das coisas. De tal maneira, o que percebemos no mundo sensível ou
material é enganoso, ilusório e instável, enquanto no mundo das ideais atinge-
se a felicidade pelo encontro do conhecimento supremo da realidade, o que
correspondente a ideia de bem.
Em resumo, através do conhecimento é possível transcender do mundo
material ao mundo das ideais e contemplar as ideias perfeitas, alcançando
assim, a felicidade.

3. O MITO DA CAVERNA

O Mito da Caverna, também conhecido como Alegoria da Caverna, foi


escrito por Platão, um dosmais importantes pensadores da história da Filosofia.

Através do método dialético¹, esse mito revela a relação estabelecida pelos


conceitos deescuridão e ignorância, luz e conhecimento. Foi escrito em forma
de diálogo e pode ser lido nolivro VII da obra A República.

Platão descreve que alguns homens, desde a infância, se encontram


aprisionados em umacaverna. Nesse lugar não conseguem se mover, em
virtude das correntes que os mantémimobilizados.

Virados de costas para a entrada da caverna, veem apenas o seu fundo.


Atrás deles há umaparede pequena, onde uma fogueira permanece acesa. Por
ali passam homens transportandocoisas, mas como a parede oculta o corpo
dos homens, apenas as coisas que transportam sãoprojetadas em sombras e
vistas pelos prisioneiros.

Um dia, um desses homens que estava acorrentado consegue escapar e é


surpreendido comuma nova realidade. No entanto, a luz da fogueira, bem como
a do exterior da caverna, agridemos seus olhos, já que ele nunca tinha visto a
luz.

Esse homem tem a opção de voltar para a caverna e manter-se como havia
se acostumado ou, por outro lado, pode se esforçar por se habituar à nova
realidade.

Se esse homem quiser permanecer fora pode, ainda, voltar para libertar os
companheirosdizendo o que havia descoberto no exterior da caverna.
Provavelmente eles não acreditariam noseu testemunho, já que para eles o
verdadeiro era o que conseguiam perceber da sua vivência na caverna.
Dialético¹ “a arte de, através do diálogo, demonstrar um assunto, de modo
argumentativo, buscando definir e distinguir claramente.”

Exercícios

1. Para Platão, o que havia de verdade em Parmênides era que o objeto de


conhecimento é umobjeto de razão e não de sensação, e era preciso
estabelecer uma relação entre objeto racionale objeto sensível ou material que
privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, masirresistivelmente,
a Doutrina das Ideias formavam-se em sua mente.

ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012


(adaptado).

O texto faz referencia à relação entre razão e sensação, um aspecto


essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C). De acordo com
o texto como Platão se situação perante tal relação?

A) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.

B) Privilegiando os sentidos e subordinado o conhecimento a eles.

C) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são


inseparáveis.
D) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação
não.

E) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

2.

Quadrinho “As sombras da vida – Piteco”

Como você vê a reflexão do mito da caverna entendida nos dias de hoje?


R:_____________________________________________________________
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3. O filósofo grego Platão (428 a.C. - 348 a.C.) contribuiu para uma visão
dualista do homem. Esse dualismo foi entre o/a ________ e _________.

A alternativa correta é APENAS:

a) episteme e doxa.

b) vida pública e privada.

c) trabalho braçal e intelectual.

d) corpo e alma.

e) éter e firmamento.
4. Platão, em sua obra, A República, fala de uma ética, uma ética cujo princípio
não é o que realmente se faz, mas o que se deveria fazer. Esta postura de
Platão está baseada naquilo que ficou conhecido como Teoria das Ideais.
Sobre essa teoria, como podemos defini-la?

R:_____________________________________________________________
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5. Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos: “Este


objeto que estou vendo agora tem tendência para assemelhar-se a um outro
ser, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal como o ser em questão, e lhe
é, pelo contrário, inferior”. Assim, para podermos fazer estas reflexões, é
necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se
aproxima o dito objeto, ainda que imperfeitamente.

PLATÃO. Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972

O texto faz referência ao processo de formação de conhecimento de acordo


com Platão, tal processo ainda leva em conta quais elementos?

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