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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

DOCENTE: HELDER MACHADO PASSOS

DISCENTE: LUÍS FILIPE, ARTHUR VENÂNCIO, IGOR DIAS, ANA THAYZA

EPICURO, PLOTINO E SANTO AGOSTINHO

EPICURO

Igor Dias

Ao longo de séculos, recorrentemente a filosofia epicurista foi associada ou entendida


como uma vertente do hedonismo, algo não factível, dado que, segundo essa filosofia os
prazeres devem ser aproveitados sem preocupações com as possíveis consequências que
um prazer passageiro pode ocasionar. De outro modo, Epicuro em sua filosofia não
visava o usufruto desenfreado do prazer, tendo em vista que um de seus ensinamentos
mais marcantes é aprender a viver com o que há de mais simples, e se abster das coisas
que são difíceis de obter. Epicuro e seus discípulos em seu jardim se alimentavam de
pão e água, tendo a presença eventual do queijo.

Por vezes, Epicuro foi apontado como um imitador de Demócrito, por conta de aspectos
atomistas e por se atentar aos prazeres. Karl Marx, em sua tese de doutorado, Diferença
entre a filosofia da natureza de Demócrito e a de Epicuro, em que Marx explora a
relação entre os dois filósofos. Como dito na introdução da editora Unesp de carta sobre
a felicidade, de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore, “Epicuro não deixa de preservar
a vontade humana e a liberdade individual, incluindo em seu sistema a sociedade e a
consciência moral”, o que enfatiza que Epicuro se contrapõe a Demócrito por este ser
entenido como fatalista ou determinista, o oposto de Epicuro.

Ana Thayza

Embora as especulações sobre o termo liberdade sejam evidentemente discutidas no


campo filosófico, foi por volta do século IV a.C. que, fundada a escola filosófica
epicurista, surge uma visão particular para a expressão. Baseado na ideia de que o
homem deve atentar-se apenas ao que lhe é natural e necessário, o filósofo Epicuro
inaugura uma nova vertente do prazer.
A possibilidade do ser humano distanciar-se dos prazeres momentâneos, que
consequentemente lhe causaria dores desnecessárias, aparece mediado pelo
conhecimento e pela sabedoria. Desse modo, a liberdade estaria intrinsecamente
coligada à busca da filosofia, pois, seria essa capaz de oferecer ao indivíduo a distinção
do que é realmente importante para a vida.
Para Epicuro, o homem que deseja tornar-se livre, deve possuir clareza sobre suas
prioridades e objetivos de vida. Pois, é necessário desprender-se das perturbações
mentais, ansiedades e preocupações, que surgem pela incansável busca de realizações
dos desejos excessivos. O filósofo argumenta que gastar a vida depreciando-se no que
se deseja fervorosamente, como luxo, poder e riqueza, não seria a felicidade real, pois,
os padrões nunca seriam alcançados por aqueles que anseiam pelo inalcançável, estes,
por vez tramitariam ao indivíduo apenas consequências, como ansiedade e
preocupações.
Dessarte, ao fazer-se servo da filosofia, o ser humano vive moderadamente, nada em
excesso, mais na contemplação da simplicidade dos prazeres naturais que a vida
proporciona. A Epicuro, cabe à liberdade o real sentido da felicidade, é viver
sobriamente e de forma equilibrada. A companhia de bons amigos, a contemplação da
natureza e a busca pelo conhecimento, seriam a receita para uma vida livre e feliz.
Nesse sentido, aos epicuristas não cabe, em hipótese alguma, o homem prender-se em
motivações, sejam elas externas ou internas. Ou seja, o ser humano não deve abdicar-se
da liberdade ao ceder às pressões sociais, religiosas e psicológicas.
Em sua obra, enfatiza Epicuro os tetrafármacos como meio ao fim da felicidade: ¹ a
desnecessidade de temer aos deuses, ao ponto de supliciar a vida em torno do medo. ²
analogamente, cabe ao ser humano vencer o medo da morte, pois, não vale a pena viver
eternamente, sim, viver com qualidade. ³ assim como, não haver necessidade da
depreciação que a procura da satisfação dos prazeres ocasiona, no entanto, o bem pode
ser adquirido com facilidade, pois, está na simplicidade que nos cerca. 4 e por fim, a
relação que há entre o homem e a dor, enfatizando que essa pode ser suprimida a partir
da compressão que obtemos de sua natureza, assim como pelo evitar aquelas dores de
caráter desnecessário.
Em síntese, a liberdade para Epicuro está no cultivo do bem estar e na aprimoração
constante do conhecimento, visto que na vida não estamos isentos da dor e do
conformismo às patologias psíquicas. No entanto, pela luz da filosofia encontramos
felicidade. Dessa maneira, ser livre é viver de acordo com nossos valores e não de
acordo as expectativas alheias, é olhar afinco às características subjetivas ao homem.

Arthur Venâncio
Tomamos como referência, para compreender o Neo-Platonismo, o “mundo
inteligível” de Platão. A que Plotino compreende agora, não só como um mundo que
permanece o “Belo”, mas associa este “Belo” a um Deus Supremo, ao qual é chamado
de Uno (Deus), e tudo que é ou que existe deriva subitamente do Uno que é intocável. O
Uno deriva o Logos ou Nous, a inteligência. Esta última compõe todos os seres, e
emana a alma do mundo, na qual é dada em superior e inferior. A superioridade da alma
está na sua aproximação do Uno, assim como a inferioridade está nas alma mais
distantes do Uno. Os seres divinos estão num grau superior, já os animais compostos de
matéria estão num grau inferior. Todavia, almas inferiores podem alcançar o divino,
dito de uma melhor forma, assemelhar-se aos deuses, onde só é suscetível por meio da
intelecção, da razão e da virtude.

Plotino toma como base a ideia platônica de “fuga do mal”, pois não há outra
habitação para o mal que não seja a matéria, dado que a alma é proveniente do Uno, e o
Uno é perfeito, ou seja, a alma não engendra o mal, mas sim o mundo sensível, o corpo.
Mesmo a alma não possuindo o mal em si, ela se contamina com o corpo e se corrompe
com os desejos e vícios provindos dessa relação. Vale lembrar que para o neo-
platonismo a alma é anterior ao corpo, sendo assim o corpo é a prisão da alma, a alma
seria boa e teria a virtude se não estivesse presa ao corpo, onde agiria o Nous e o corpo
não agisse contrário a Razão. Mas como fugir do mal? A ideia central de Plotino
provém dessa questão. Como dito, a fuga do mal está em assemelhar-se ao Uno,
assemelhar-se a Deus pela virtude.

Entretanto, essa assimilação não é tornar-se deus, é somente imitá-lo, não no


quesito poder e soberania, e sim em sabedoria e bondade mais precisamente, a sua
virtude. A “virtude” como é entendida para nós, dado que o princípio que emana de lá,
do Uno, do mundo inteligível não é para eles virtude. Visto que os deuses não
necessitam da virtude, os deuses são imutáveis, então não há porque da virtude, os
deuses são completos em si mesmo, não carecem, não desejam e não possuem
vicissitudes. Do contrário, o homem sim precisa da virtude, pois é o que o impede da
corrupção da alma, quando esta por sua vezes está aprisionada ao corpo.

Portanto, a assemelhação é por imitação aos deuses, que se dá pela virtude, a


qual possui dois tipos, a virtude superior e a virtude cívica. No entanto, se Deus não
necessita de virtude, como nos aproximar dele, por quais virtudes? Ambas devem ser
possuídas pela alma, mas a assemelhação se dá precisamente pelas virtudes cívicas, que
nos pertencem, como a temperança, a sabedoria pela racionalidade, a justiça e a
coragem, são exemplos. Não é necessário que o Uno possua esta virtude, pois quem
deseja assemelhar-se é a alma. O Uno para a alma é a própria virtude. Se o Uno a
possuísse seriam a mesma coisa, mas não o são, um está no mundo inteligível e outro no
sensível. O que esclarece a impossibilidade da alma se tornar da mesma propriedade do
Uno, logo ela só pode se assemelhar aos deuses de modo diferente. Quando o
movimento de conversão da alma acontece para o Nous, ela se desprende do corpo e
comanda as sensações, os prazeres e desejos, se permitindo só o necessário, no sentido
da ética aristotélica. Tornar-se-á pura e purificará a matéria, a razão se sobrepõe e não
haverá opção para o corpo a não ser se submeter a ela.

LUÍS FILIPE

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