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O HEDONISMO EPICURISTA

Nome: Diego Barbosa de Oliveira


Disciplina: Tópicos de história da filosofia antiga. FCF828

RESUMO:
É característica idiossincrática da ética helenística a preocupação com duas questões
fundamentais: qual o mais alto bem e como obtê-lo. O mais alto bem é aquilo que é
buscado por si mesmo, e não como meio para algo mais. Epicuro declara que o mais
alto bem é o prazer, aqui entendido principalmente como a ausência de dor física
(ἀπονία) e ausência de perturbação (Ἀταραξία). As vias que ele aponta para obtenção do
prazer, entretanto, passam longe de uma incitação à devassidão, à gula ou à luxuria. Em
vez disso, Epicuro instiga seus seguidores a uma vida simples, comedida e austera,
guiada por uma visão materialista do cosmos, onde os preconceitos sobre os deuses e a
morte, que são as grandes fontes de perturbações, são desmistificados. Com intuito de
compreender o hedonismo epicurista, analisaremos a sua noção de prazer. Para isso
dividimos o trabalho em três partes: na primeira buscamos explicitar o que Epicuro
entende por prazer; na segunda apresentaremos os argumentos em favor da tese que o
prazer é princípio supremo da ética. Por fim, tencionaremos um pouco essa tese
apresentando algumas objeções aos argumentos principais.

1 O PRINCÍPIO DO PRAZER E A VIDA FELIZ

No livro I da Ética a Nicômaco, Aristóteles inicia uma discussão acerca daquilo


que constitui um bem. Sua reflexão parte de uma visão teleológica da realidade, onde
tudo o que existe atende a um fim especifico. Desde as ações e escolhas humanas, até as
artes, ciências e saberes em geral. Nesse sentido, o bem de cada coisa é o resultado a
que se almeja ao fim do processo, a razão de ser de cada coisa, aquilo que representa
sua finalidade (τέλος).
Aristóteles aponta que alguns fins são instrumentais enquanto bens que são
buscados em função de outra coisa, enquanto outros são intrínsecos, e são bens
almejados por si mesmo. Ele admite a existência de vários desses bens intrínsecos,
como o prazer, a honra, a virtude e a amizade. Cada qual possuindo um valor intrínseco
que faz com que os busquemos mesmo que, aparentemente, deles não advenha
quaisquer resultados. Digo aparentemente porque, para Aristóteles, todos esses bens
intrínsecos se subordinam a um fim maior: a busca pela felicidade. Para ele, o prazer, a
honra e a virtude só são desejadas porque em sua busca subjaz à ideia de que na posse
deles seremos felizes. Consequentemente, ele declara que o mais alto bem, o fim último
ao qual se dirige toda a ação humana, é a felicidade (εὐδαιμονία). Quanto a isso, diz
Aristóteles, todos os homens estão de acordo. Desde o vulgo até o filósofo. A
discordância nasce no modo como cada um julga poder alcança-la.
Aristóteles chega a mencionar três vias como candidatas para a obtenção da
felicidade: a vida dedicada aos prazeres, a vida dedicada à política e a vida dedicada à
contemplação. A primeira é descartada sem muita consideração e até mesmo com um
certo desprezo. A segunda aparece como uma candidata razoável, mas também logo é
descartada, restando à última, à vida contemplativa, o papel de conduzir o homem à
felicidade.
Epicuro segue, em grande parte, esse framework apresentado por Aristóteles. Ele
concordaria que grande parte daquilo que chamamos bens são apenas instrumentos para
outros fins e que a felicidade ocupa o centro do debate ético. Entretanto, contra o
peripatético, que aponta para a vida contemplativa como a maneira de alcançar a vida
feliz, Epicuro aposta no prazer como o sumo bem capaz de conduzir o homem para a
felicidade.
Aristóteles descarta a vida dedicada aos prazeres porque a identifica com uma
vida animalesca, imoderada e totalmente entregue a devassidão. Sustentar que um sábio
obterá uma vida feliz dessa maneira é, no mínimo, questionável. Como então um
filósofo do quilate de Epicuro foi capaz de sustentar que o prazer é o princípio supremo
da vida feliz? Para respondermos a essa pergunta é preciso esclarecermos como Epicuro
compreende conceito de prazer. O prazer que Epicuro advoga não é o das bebedeiras,
banquetes e orgias. É o prazer de uma vida serena, sem dores físicas ou espirituais.
Embora Epicuro declare que o fim último é o prazer, ele não identifica esse
prazer ao que usualmente as pessoas pensam. O prazer que ele advoga não é dos gozos
dos sentidos, mas sim um estado no qual não há sofrimentos físicos ou perturbações na
alma.
Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos
prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos,
como acreditam certas pessoas que ignoram o nosso pensamento, ou não
concordam com ele, ou o interpretam erroneamente, mas ao prazer que é
ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma. Não são, pois,
bebidas nem banquetes contínuos, nem a posse de mulheres e rapazes, nem
o sabor dos peixes ou das outras iguarias de uma mesa farta que tornam
doce uma vida, mas um exame cuidadoso que investigue as causas de toda
escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões falsas em virtude das
quais uma imensa perturbação toma conta dos espíritos. (DL, X, 132)

Os sofrimentos que mais causam perturbações de ordem mental são aqueles


advindos do temor aos deuses e do medo da morte. Mas, contra esses males Epicuro tem
um fármaco eficiente: uma concepção esclarecida acerca da natureza das divindades e
da morte. Quanto aos Deuses, Epicuro declara que eles existem, são imortais e bem a
aventurados. Portanto não os devemos temer. Todo o medo de sermos castigados ou
recompensados pelas divindades assenta em um juízo errôneo pelo qual atribuímo-las
características que lhes são incompatíveis. Não se trata, portanto, de uma filosofia ateia
que nega a existências de Deus, mas uma espécie de Teísmo totalmente livre de
antropomorfizarão.
A morte é o outro grande fantasma que assombra as mentes humanas. Mas
quanto a ela Epicuro é categórico: ela não representa nada, portanto não deve ser
temida. O raciocínio por trás dessa conclusão é bastante simples. Uma vez que todo bem
e todo mal reside nas sensações, e a morte consiste justamente na privação das
sensações e, consequentemente, não há sofrimento na morte propriamente dita. Quando
estamos vivos e sujeitos às adversidades da fortuna, ela não existe. Quando ela chega,
somos nós quem já não somos.
Assim como tudo no universo, nossa alma é feita de átomos em constante
movimento. A visão materialista do universo perpassa toda estrutura da realidade, e
mesmo essa parte que é tão cara aos filósofos, a vida consciente, é reduzida a uma
organização atômica. Essa visão materialista permite a Epicuro uma visão sóbria e
comedida do nosso lugar no cosmo. Essa visão, evidentemente, tem grandes
consequências para a vida prática. Uma vez que as visões transcendentes são
abandonadas, com elas somem todas as esperanças ou medos em uma vida futura,
restando ao sábio direcionar seus esforços para uma vida terrena agradável, cheia de
prazeres e guiada por um juízo esclarecido sobre a natureza. Ao abandonar a esperança
da imortalidade na transcendência o sábio epicurista encontra sentido para a vida na
imanência e nas manifestações mais básicas de prazeres.

2 OS TIPOS DE PRAZER

Para entendermos o modo como os prazeres são postos como a base da vida
epicurista, é preciso fazer algumas distinções para evitar mal-entendidos. Os prazeres
podem ser divididos em dois grupos: há prazeres naturais e prazeres não naturais. Os
prazeres naturais, por sua vez, são necessários ou não necessários. Os prazeres naturais
e necessários, tal como o nome sugere, são originados na nossa própria natureza e sua
satisfação é necessária não apenas para a nossa felicidade, mas também para a nossa
própria subsistência. Esses prazeres estão diretamente relacionados às funções básicas
de um organismo animal: é o prazer de comer quando se tem fome, de se beber quando
tem sede e dormir quando se está cansado. Esses prazeres são os mais básicos e os
buscamos com o intuito de afastar as dores que advém de sua ausência.
Ainda entre os prazeres naturais, há aqueles que não são necessários.
Todavia, Epicuro não se preocupa em elencar quais prazeres seriam esses. Foi sugerido
que eles consistiriam no prazer sexual e na fruição de banquetes, bebidas e leitos
luxuosos. É natural que queiramos comer quando estamos com fome, entretanto, não é
necessário que saciemos a fome com pizza. A dor causada pela fome pode ser
igualmente saciada por alimentos mais simples que sejam mais benéficos para a saúde.
Como é de se esperar, a fruição de prazeres naturais e não necessários não possui um
papel relevante para o alcance da felicidade.
Além dos prazeres naturais mencionados acima, há aqueles que são alheios
à nossa natureza e nos foram encucados por preconceitos adquiridos de uma sociedade
corrompida. São os prazeres envolvendo a fama, a glória e as riquezas. Em uma
perspectiva atual, poderíamos dizer que a popularidade nas redes sociais, o número de
likes e comentários nas fotos do Instagram e etc. Esses prazeres em nada contribuem
para a felicidade do ponto de vista epicurista. Pode-se até dizer que são empecilhos, pois
partem de uma concepção errônea da natureza humana e apostam que a satisfação
pessoal pode ser obtida com meio artificiais.
Essas distinções básicas nos permitem perceber que embora Epicuro declare
que o prazer o bem supremo, ele reconhece que há prazeres que não devem escolhidos.
Da mesma forma que há dores que não devem ser evitadas. Não porque há prazeres que
são em si ruins, ou dores que sejam em si boas, mas sim porque há prazeres que geram
mais efeitos desagradáveis do que os agradáveis que, da mesma forma que há dores que
geram maiores benefícios do que os malefícios que custam.
Imaginem, por exemplo, uma pessoa que durante toda a vida comeu de
maneira desregrada e acabou adquirindo diabetes tipo 2. Essa pessoa, naturalmente, ama
comer doces e sente um grande prazer em devorar uma barra de Diamante negro.
Todavia, por recomendação médica, ela deve se abster de consumir tais doces e deve
também começar a se exercitar. O que um epicurista diria nessa situação? Ora, se comer
chocolate gera prazer e se exercitar gera dor, seria natural pensar que o epicurista
sugeriria a nosso amigo ignorar o médico e buscar a fruição dos prazeres e o
distanciamento das dores. Entretanto, não isso que deduzimos da teoria. Na verdade, em
casos assim segundo Epicuro é mais conveniente “avaliar todos os prazeres e
sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos”. Um diabético,
embora possa obter um prazer momentâneo ao comer o chocolate, terá que arcar com
sofrimentos muito maiores como consequência desse pequeno prazer. Da mesma forma
que a dor temporária causada pelo exercício físico renderá como frutos prazeres muito
maiores do que os causado por ela, como o de desfrutar de um corpo saudável e
funcional.
Esses esclarecimentos são suficientes para afastar os mal entendidos em
torno do hedonismo epicurista. Todavia, por que haveríamos de aceitar que o prazer é
primeiro e supremo bem da vida humana? Embora a escassez de textos de Epicuro que
chegaram até nós dificulte uma discussão mais detalhada, há dois argumentos principais
que costumeiramente são invocados na causa epicurista. São o argumento da infância e
o argumento das experiências imediatas.

3 ARGUMENTOS EM TORNO DO PRAZER

Epicuro defende que o comportamento de bebês oferece uma evidência do


nosso desejo primeiro e, portanto, o primeiro bem que buscamos alcançar é o prazer.
Crianças desde o início da vida choram e ficam perturbadas quando sentem qualquer
necessidade natural, como a fome ou o sono, e logo se acalmam quando esses desejos
são saciados. Uma criança em tal estado inicial de vida é incapaz de ter adquirido
qualquer preconceito ou opiniões falsas vindas da cultura ou sociedade. Por essa razão
seu comportamento expressa uma pura manifestação do desejo primeiro e mais
fundamental que um ser humano possui: o de obter prazer ao saciar necessidades
naturais e necessárias que causam dor.
Outro argumento que pode ser invocado em favor da tese epicurista é a
nossa experiência imediata. Mesmo no nosso cotidiano podemos observar o valor do
prazer para a busca da felicidade. Isso se manifesta nos prazeres de almoçar depois de
uma manhã exaustiva, ou de poder dormir depois de um dia inteiro de trabalho etc.
Há duas formas de se fazer objeções a tese hedonista de Epicuro. A primeira
consiste em mostrar que os poucos argumentos usados para estabelecer a supremacia do
prazer são incorretos. A segunda consiste em mostrar que ainda que os argumentos
sejam corretos, eles são insuficientes para se estabelecer que o prazer é o princípio
supremo e bem primeiro.
Com relação ao argumento da infância, pode-se objetar contra a tese
epicurista que não é busca pelo prazer que move à criança em seus estágios iniciais de
vida, mas sim a o instinto de autopreservação. Nesse sentido, o prazer deixa de figurar
como o fim e passa a se tornar o meio. Além disso, pode-se observar nas crianças
algumas ações que inicialmente causam dor, mas que ainda assim são praticadas, como
quando ela está dando os primeiros passos precisa esforçar-se e submeter-se ao
incomodo se pôr de pé e usar os seus músculos pouco desenvolvidos, o que certamente
causa um desconforto. Isso evidencia que o prazer não é sempre buscado por crianças e,
portanto o argumento da infância seria pouco conclusivo em relação ao prazer.
Todavia ainda que fosse verdade que nas crianças se manifestem
predisposições naturais para a satisfação das necessidades e obtenção de prazeres, isso
não significa uma manifestação da natureza humana em sua plena pureza, como poderia
advogar um epicurista. Um filósofo como Aristóteles, que considera que o traço
distintivo da natureza humana é a sua razão, dificilmente aceitaria que crianças, cujo
estágio de desenvolvimento é tão imaturo que ainda não demonstram quaisquer traços
de racionalidade, poderiam revelar algo sobre a natureza humana e seu princípio
fundamental.
Entretanto, embora seja intuitivamente claro que buscamos o prazer e que
ele por si só é desejável, isso não significa que ele é primeiro e sumo bem que
buscamos. Pelo menos é isso que alguns críticos do epicurismo levantaram. Um
kantiano, por exemplo, poderia apontar que o prazer não pode ocupar o centro de uma
teoria ética pois é impossível que ele sirva de guia universal para ação. Na verdade, a
noção de prazer não apenas seria dispensável, mas até mesmo altamente maléfica para
servir de princípio moral. Se o tomarmos como guia perceberemos que muitas ações
justas e corretas causam dor enquanto ações vis podem causar grande prazer.
Essa objeção, entretanto, parece não ser decisiva. De fato, Epicuro
reconhece que, embora sua doutrina filosófica declare que o prazer é o supremo bem,
isso não significa que sempre devemos buscá-lo, da mesma forma que, embora a dor
seja em si considerada um mal, isso não significa que ela deve ser sempre evitada. Há
situações nas quais é mais benéfico abster de algum prazer ou se submeter a uma dor do
que não o fazer. Quanto a isso, Epicuro declara que o que deve ser levado em
consideração é um cálculo acerca dos males e benefícios. Imagine, por exemplo, uma
pessoa que sofre de intolerância à Lactose, mas que ama sorvete. Evidentemente que se
ela optar por saborear um saboroso banana split ela sentirá um prazer momentâneo,
entretanto logo ela sofrerá alguns problemas incômodos como resultado de sua escolha
combinada à sua intolerância. Nesse caso, faz total sentido se abster de um prazer
momentâneo com vista a evitar dores futuras. Pensemos também em um caso
corriqueiro: ir ao dentista. Algumas pessoas tem pavor só de ouvir esse nome. Isso é
devido ao fato que alguns procedimentos odontológicos são dolorosos ou, no mínimo,
incômodos. Mas só uma pessoa que sofreu com uma dor de dente aguda sabe que vale a
pena estar com saúde bocal em dias. Nesse caso, o epicurista poderia conceder de bom
grado se submeter a dor gerada pelo procedimento odontológico para não sofrer com
dores futuras.
Quando Epicuro fala que às vezes é melhor se submeter à dores e se abster
de certos prazeres parece que ele tem em mente casos assim. Essa concepção utilitarista
por si só já seria o suficiente para mostrar que o prazer não deve ser reconhecido como
o princípio supremo do agir, mas no máximo como um móbile subjetivo que nos inclina
a fazer ou deixar de fazer certas coisas. Se há situações em que devemos escolher nos
abstermos do prazer e nos submetermos à dor, então isso deve ser feito mediante um
critério. Se esse critério é o próprio prazer, ou melhor, um cálculo sobre o prazer, tal
como um agiota que, embora muito apegado a seu dinheiro, se desfaz dele
temporariamente com intuito de ganhar ainda mais dinheiro sobre os juros do
empréstimo, poderíamos apontar situações onde o cálculo nos levaria a ações
manifestamente imorais. Se o critério então for algum outro princípio, como algum
imperativo da razão, ficaria evidente que o prazer não é sumo bem da ação humana, mas
que deve se submeter a um princípio mais elevado.
CONCLUSÃO

Concluímos afirmando que, embora do ponto de filosófico seja possível


apontar alguns problemas nas bases do epicurismo, isso não significa que sua doutrina
ética seja inócua. Pelo contrário, quando comparamos a ética epicurista com outros
sistemas antigos, como os cínicos e o estoicos, salta aos olhos a sinceridade e modesta
filosófica frente ao mundo. O sábio estoico é um ideal: um homem imperturbável que
por seguir o logos universal reconhece aquilo que lhe cabe e contenta-se com o que lhe
aparece. Por ser ideal ele é, para a maioria, inalcançável. O sábio epicurista é algo mais
real, mais palpável. Ele não é asceta, mas tampouco um devasso: sua conduta é guiada
pela prudência e por uma visão desmistificada da natureza. Reconhece-se como um ser
material em um mundo material com necessidades básicas e a felicidade como algo
exequível.

REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim,


da
versão inglesa de W. D. Ross. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

DIÔGENES LAÊRTIOS. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Trad. do grego,


introdução e notas de Mario da Gama Kury. 2a ed. Brasília: Ed. Universidade de
Brasília, 1977.

WOOLF, R. Pleasure and desire. In: WARREN, J. (Ed.). . The Cambridge Companion
to Epicureanism. New York: University of Cambridge, 2009. p. 158–178.

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